Você está na página 1de 21

UNIVERSIDADE POLITÉCNICA – APOLITÉCNICA

Instituto Superior de Estudos Universitários de Nampula – ISEUNA

Efeito da taxa de deformação sobre o comportamento mecânico

Hedmiro Manuel
Renata Rui Boaventura
Sérgio Vasco Marcizar

Nampula, Junho de 2023


Hedmiro Manuel

Renta Rui Boaventura

Sérgio Vasco Marcizar

Efeito da taxa de deformação sobre o comportamento mecânico dos materiais

Projecto científico apresentado à


Universidade Politécnica, Instituto
Superior de Estudos Universitários,
apresentado na cadeira de Resistência
de Materiais 1, da 9ª edição lecionado
pelo docente

Lic.: Manuel Alfredo

Nampula, Junho de 2023


Epigrafe

“É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer”

(Aristóteles)

iii
Resumo

A taxa de deformação é um parâmetro importante que influencia o comportamento mecânico dos materiais. Ela
se refere à taxa na qual um material é submetido a uma deformação, ou seja, a velocidade com que ocorre a
mudança de forma ou tamanho do material. O efeito da taxa de deformação pode ser observado em diferentes
fenômenos e propriedades mecânicas dos materiais. Um dos principais efeitos da taxa de deformação é a
influência na resistência dos materiais. Em materiais metálicos, por exemplo, altas taxas de deformação podem
resultar em um aumento da resistência mecânica, fenômeno conhecido como endurecimento por deformação.
Isso ocorre devido à maior dificuldade dos átomos de se movimentarem e se rearranjarem em estruturas
cristalinas mais compactas durante a deformação. Por outro lado, em taxas de deformação muito elevadas, pode
ocorrer uma diminuição da resistência devido a fenômenos como a formação de microtrincas ou o aumento da
temperatura por deformação plástica intensa. A taxa de deformação também afeta a tenacidade dos materiais,
que é a capacidade de absorver energia antes de fraturar. Em alguns materiais, como polímeros, a taxa de
deformação pode levar a diferentes mecanismos de fratura, como fratura frágil ou fratura dúctil. Taxas de
deformação mais altas geralmente levam a uma fratura mais frágil, com pouca deformação plástica antes da
fratura, enquanto taxas mais baixas podem permitir maior deformação plástica e, portanto, maior tenacidade.

Palavras-chave: taxa de deformação, comportamento mecânico, resistência, ductilidade.

iv
Abstract

The deformation rate is an important parameter that influences the mechanical behavior of materials. It refers to
the rate in which a material is subjected to a deformation, that is, the speed with which the shape or size of the
material occurs. The effect of the deformation rate can be observed in different phenomena and mechanical
properties of the materials. One of the main effects of the deformation rate is the influence on material
resistance. In metal materials, for example, high deformation rates may result in an increase in mechanical
strength, phenomenon known as hardening by deformation. This is due to the greater difficulty of the atoms to
move and rearrange in more compact crystalline structures during deformation. On the other hand, in very high
deformation rates, a decrease in resistance may occur due to phenomena such as microtrinkes formation or
increased temperature by intense plastic deformation. The deformation rate also affects the tenacity of materials,
which is the ability to absorb energy before fracturing. In some materials such as polymers, the deformation rate
can lead to different fracture mechanisms, such as fragile fracture or ductile fracture. Higher deformation rates
usually lead to a fragile fracture, with little plastic deformation before fracture, while lower rates can allow
greater plastic deformation and therefore greater tenacity.

Keywords: Deformation rate, mechanical behavior, resistance, ductility.


Lista de figuras

Figura 1- Ilustração do efeito da taxa de deformação na resistência à tração do


cobre……………………………………………………………………………………,.12

Figura 2 – Representação do equipamento usado no ensaio de tração………………….14

Figura 3 – Ilustração do pêndulo de impacto……………………………………………16

Figura 4 – Representação do princípio de ensaio do pêndulo de impacto………………17

Figura 5 – Representação da transição dúctil-frágil…………………………………......18

v
Lista de símbolos

έ taxa de deformação (𝑆 −1 )

dε derivada da deformação especifica

dt derivada do tempo

𝑊𝑓 trabalho de fractura em joule (J)

𝑚𝑝 massa do pêndulo em kg

𝑔 aceleração de gravidade em m/𝑠 2

h altura em m (metros)

CFC Cúbica de Face Centrada

CCC Cúbica de Corpo Centrado

HC Hexagonal Compacta

vii
Índice

1. Introdução ............................................................................................................................................. 9
1.1. Caracterização do Objecto de Estudo ..................................................................................................... 9
1.2. Problema ................................................................................................................................................. 9
1.3. Hipóteses ................................................................................................................................................ 9
1.4. Objectivos............................................................................................................................................. 10
1.4.1. Objectivo geral .................................................................................................................................. 10
1.4.2. Objectivos específicos ....................................................................................................................... 10
1.5. Justificativa ........................................................................................................................................... 10
2. Revisão da Literatura............................................................................................................................ 11
2.1. Fundamentos da taxa de deformação................................................................................................... 11
2.1.1 Efeito da taxa de deformação sobre a resistência dos materiais ......................................................... 11
2.1.2. Efeito da taxa de deformação sobre a ductilidade do material .......................................................... 13
2.2. Ensaio de tração.................................................................................................................................... 13
2.3. Esforços de impacto ............................................................................................................................. 15
2.3.1. Ensaio de Pêndulo de Impacto .......................................................................................................... 15
2.4. Transição dúctil-frágil .......................................................................................................................... 17
3. Metodologia ......................................................................................................................................... 19
3.1. Cronograma .......................................................................................................................................... 19
4. Conclusão ............................................................................................................................................... 20
5. Referencias bibliográficas .................................................................................................................. 21
1. Introdução

O comportamento mecânico de um material é a relação entre sua resposta ou deformação


de uma carga, ou força que esta sendo aplicada. Variando de material para material devido
as suas propriedades mecânicas, tais como, resistência, dureza e rigidez.

O comportamento mecânico dos materiais é influenciado por vários factores, incluindo a


taxa de deformação aplicada durante o processo da carga. A taxa de deformação apresenta
um papel crucial na determinação das propriedades mecânicas na resposta do material as
forças externas.

A metodologia empregada foi a pesquisa qualitativa descritiva realizada por meio da


revisão bibliográfica das fontes e referencias. Tendo como objectivo a explanação do
efeito da taxa ou velocidade da deformação sobre o comportamento mecânico dos
materiais.

1.1. Caracterização do Objecto de Estudo

A pesquisa terá como objecto de estudo o efeito da taxa de deformação sobre o


comportamento mecânico dos materiais em particular na resistência e ductilidade dos
materiais.

1.2. Problema

Ao ser submetido a uma certa pressão, os materiais se deformam de acordo com a forca
imposta sobre eles e da sua estrutura afectando as suas propriedades mecânicas, podendo
ser tal deformação permanente ou não. Assim sendo, surge a questão, qual o impacto da
taxa de deformação sobre comportamento mecânico dos materiais?

1.3. Hipóteses

➢ Aumentar a taxa de deformação de um material pode levar a maior resistência;


➢ Os materiais com diferentes propriedades têm respostas diferentes à variação
da taxa de deformação;
➢ Aumentar a taxa de deformação de um material pode reduzir sua ductilidade.
9
1.4. Objectivos

1.4.1. Objectivo geral

Fornecer uma visão geral dos principais resultados e descobertas sobre a influência da
taxa de deformação sobre o comportamento mecânico dos materiais.

1.4.2. Objectivos específicos

Para alcançar o objectivo geral deste trabalho, foram delimitados três objectivos
específicos:

➢ Revisar a literatura científica e os estudos relevantes sobre a taxa de deformação e


suas implicações no comportamento mecânico dos materiais;
➢ Analisar os resultados dos ensaios experimentais para identificar as variações nas
propriedades mecânicas em função da taxa de deformação;
➢ Descrever os fundamentais da taxa de deformação.

1.5. Justificativa

A taxa de deformação ou de velocidade de deformação é um parâmetro fundamental que


influencia nas propriedades mecânicas dos materiais. Diversos estudos têm investigado os
efeitos da taxa de deformação em diferentes materiais, incluindo em metais, polímeros e
cerâmicas.

O comportamento mecânico refere-se ao estudo do comportamento dos materiais sob a


acção de forcas externas, incluindo a respostas a deformações, tensões, fraturas e outras
formas de carga. Esse estudo é essencial para a compreensão do desempenho e da
integridade estrutural de materiais e componentes em várias aplicações.

O estudo desses conceitos é fundamental para o projecto e a análise de estruturas,


máquinas e sistemas mecânicos, bem como para a selecção adequada de materiais em
diversas aplacações.

10
2. Revisão da Literatura

Para a realização da revisão da literatura foi essencial a assimilação inicial de bibliografias


relacionadas ao tema proposto. Assim como o conhecimento e reconhecimento de palavras e
conceitos que nos remetam ao entendimento ao texto e a ideia dos pesquisadores.

Para o autor Júnior, F (2014) ‘toda produção científica deve partir de um pressuposto, ou seja,
toda pesquisa deve ter um embasamento teórico de trabalhos realizados anteriormente, sejam
eles de carácter exploratório, explicativos ou regional’, assim a presente pesquisa partirá de
ideias e conceitos já apresentadas na literatura existente sobre os temas a que se referem na
pesquisa.

Desta forma a revisão teórica foi dividida em quatro tópicos distintos como se apresentarão a
seguir:

2.1. Fundamentos da taxa de deformação

A taxa de deformação ou velocidade é definida como a taxa da variação da deformação ao


longo do tempo e é expressa como derivada da deformação em relação ao tempo.

𝒅𝜺
έ = 𝒅𝒕

onde ε é a deformação especifica normal. Como ε é adimensional, a unidade da taxa de


deformação será convencionalmente expressa em unidades de “por segundo” (𝑠 −1 ).

O efeito da taxa de deformação sobre o comportamento mecânico dos materiais refere-se às


mudanças nas propriedades mecânicas e nas respostas do material quando submetido a
diferentes velocidades de aplicação da carga ou deformação. A taxa de deformação afecta
duas características principais no comportamento mecânico dos materiais: a resistência e a
ductilidade.

2.1.1 Efeito da taxa de deformação sobre a resistência dos materiais

A taxa de deformação influencia a resistência do material, que é a capacidade de resistir à


deformação e à falha sob carga. Geralmente, um aumento na taxa de deformação resulta em

11
um aumento na resistência do material. Isso ocorre porque a deformação rápida impede a
movimentação das discordâncias (defeitos cristalinos) dentro do material, dificultando a
deformação plástica. Materiais como metais, que exibem um comportamento plástico,
tendem a mostrar um aumento na resistência com o aumento da taxa de deformação.

A Figura 1 mostra que o aumento da taxa de deformação aumenta a resistência à tração.


Além disso, a dependência da resistência à tração com a taxa de deformação aumenta com o
aumento da temperatura. Para pequenas deformações, a tensão limite de escoamento e a
tensão de escoamento são mais dependentes da taxa de deformação do que da resistência à
tração.

Figura 1 - Efeito da taxa de deformação na resistência à tração do cobre testado a


várias temperaturas.

Fonte: Dieter (1961)

O aumento da taxa de deformação é acompanhado de um aumento da resistência


mecânica do componente. Matematicamente este incremento de resistência mecânica (σ)
pode ser descrito em função do incremento de taxa de deformação (έ) por:

σ = C έ𝒎

onde C é uma constante de resistência de que depende da deformação, da temperatura, e


do material e m é a sensibilidade à taxa de deformação da tensão de escoamento. Para a
maioria dos metais na temperatura ambiente, a magnitude de m é bastante baixa (entre 0 e
0, 03).

12
2.1.2. Efeito da taxa de deformação sobre a ductilidade do material

A taxa de deformação é um fator importante que afeta a ductilidade de um material. A


ductilidade é definida como a capacidade de um material se deformar plasticamente antes de
fraturar. Em outras palavras, é a capacidade do material de sofrer deformação permanente
sem quebrar. A taxa de deformação se refere à taxa ou velocidade com que a deformação é
aplicada ao material.

A relação entre a taxa de deformação e a ductilidade pode ser explicada por meio do
fenômeno chamado de encruamento, que ocorre durante a deformação plástica. O
encruamento é o endurecimento progressivo do material devido à introdução de deslocações
(defeitos cristalinos) durante a deformação. Quanto maior a taxa de deformação, maior será a
resistência do material ao escoamento e, consequentemente, menor será a sua ductilidade.

Um estudo de referência sobre o efeito da taxa de deformação na ductilidade é o trabalho de


Hosford e Caddell (2005), eles discutem a influência da taxa de deformação na tensão de
escoamento e na ductilidade dos materiais. Eles explicam que a taxa de deformação rápida
resulta em uma maior resistência ao escoamento e menor ductilidade, enquanto a taxa de
deformação lenta permite uma maior deformação plástica antes da fratura.

Além disso, um estudo experimental de Zhang (2012), investigou a influência da taxa de


deformação na ductilidade de uma liga de alumínio. Os resultados mostraram que a
ductilidade diminuiu significativamente com o aumento da taxa de deformação.

Em resumo, a taxa de deformação afeta a ductilidade do material devido ao fenômeno de


encruamento. Taxas de deformação mais altas resultam em uma maior resistência ao
escoamento e menor capacidade de deformação plástica antes da fratura. É importante
considerar a taxa de deformação ao projetar processos de conformação de materiais para
garantir a ductilidade desejada

2.2. Ensaio de tração


A taxa de deformação ou velocidade de deformação é definida como sendo variação da
deformação por unidade de tempo e exerce influência no limite de escoamento. Segundo
Padilha, o limite de escoamento representa a tensão que separa o comportamento elástico do
plástico.

13
O ensaio de tração tem como objetivo o estudo da resistência de um determinado material e a
análise do seu comportamento quando submetido à tração. Com esse tipo de ensaio, a
máquina é projetada para alongar o corpo de prova em uma taxa constante, onde as
deformações promovidas no material são uniformemente distribuídas em todo o seu corpo, ao
mesmo tempo em que mede contínua e simultaneamente a carga que está sendo aplicada e a
deformação correspondente. O ensaio é realizado até o momento em que é atingida a carga
máxima suportada pelo material, quando acontece o fenômeno da estricção ou da diminuição
da secção do corpo de prova em caso de materiais com certa ductilidade. Esses fenômenos
geralmente ocorrem na região mais estreita do material.

Através do ensaio de tração, o material é submetido a um esforço axial que tende a alongá-lo
até a ruptura. Os esforços são medidos na própria máquina de ensaio e nos permitem
conhecer como os materiais reagem aos esforços de tração, indicando a deformação elástica,
limite de escoamento, deformação plástica, limite de resistência a tração e finalmente a
ruptura do corpo de prova.

Figura 2 – (a) Representação esquemática do equipamento utilizado para ensaios de


tração; (b) Corpo de prova padrão para ensaios de tração

(b)

(a)
Fonte: Callister (2001)

14
2.3. Esforços de impacto

Na engenharia encontramos, casos em que o esforço mecânico é aplicado na forma de altas


cargas em um intervalo de tempo muito curto. Estes esforços são ditos impacto. Exemplos de
solicitações de impacto encontradas na engenharia são quedas, colisões acelerações bruscas
entre outras. Disto já fica claro que esforços de impacto frequentemente estão associados a
acidentes de percurso.
As taxas de deformação observadas em ensaios de tração são tipicamente da ordem 10−5 a
10−1 (𝑆 −1 ). O último valor, típico do limite máximo que pode ser imposto ser imposto por
uma máquina de tração típica lá é relativamente elevado: 10% por segundo. Taxas de
deformação em esforços de impacto são ainda mais altas, da ordem de102 a 103 ( 𝑆 −1 ).
A resposta do material a esforços de impacto geralmente é muito diferente da resposta obtida
em ensaios quase-estáticos como o ensaio de tração. Desta forma necessitamos de uma
metodologia padronizada para avaliar estas respostas. Isso é feito como auxílio dos ensaios de
impacto.

2.3.1. Ensaio de Pêndulo de Impacto

O princípio do ensaio de pêndulo é razoavelmente simples. O pêndulo, que possui uma massa
𝑚𝑝 é elevado até uma altura ℎ1 adquirindo energia potencial 𝐸1 = 𝑚𝑝 𝑔ℎ1 (onde 𝑔 é a
aceleração da gravidade). O pêndulo então é liberto e colide com o corpo de prova no ponto
mais baixo de sua trajetória (onde toda a energia potencial se transforma em energia cinética).
Como resultado do impacto resultante o corpo de prova se fractura. Parte da energia do
pêndulo é consumida neste processo na forma de trabalho necessário para fracturar o corpo
de prova, desta forma o pêndulo não retorna mais a altura original, mas sim a uma altura mais
baixa, ℎ2 . O trabalho realizado sobre o sistema (corpo de prova) para fractura 𝑊𝑓 pode então
ser calculado como:
𝑾𝒇 = 𝒎𝒑 𝒈(𝒉𝟏 - 𝒉𝟐 )
O trabalho de fractura corresponde fundamentalmente ao trabalho gasto na deformação
plástica da amostra, análogo, portanto ao conceito de tenacidade discutido durante a análise
da curva tensão-deformação. A identificação das duas quantidades, entretanto, não é
conveniente por dois motivos principais:

15
1. O ensaio de impacto envolve taxas de deformação muito maiores (pelo menos quatro
ordens de grandeza maiores) que no caso dos ensaios quase-estáticos (ensaio de tração).
A resposta mecânica do componente é, portanto, muito diferente;
2. Existe uma outa propriedade mecânica usada na engenharia e que recebe o nome de
tenacidade à fractura e é medida por um procedimento totalmente diferente (não
trataremos dela ao longo desta pesquisa). Usualmente denominar o trabalho de fractura
“tenacidade” gera confusão.

Figura 3 – Exemplos de pêndulos de impacto – (1) Pêndulo de menor capacidade


para polímeros com leitura digital, (2) Pêndulo de maior capacidade para ensaio
de materiais metálicos com leitura analógica.

1 2

Fonte: G. Schon (2001)

16
Figura 4 – Representação esquemática do princípio do ensaio do pêndulo de impacto

Fonte: G. Schon (2001)


Desta forma adota-se nesta pesquisa o termo trabalho de fractura para a quantidade 𝑊𝑓 . Além
da “tenacidade” a literatura também se refere como “energia de fractura”. Este último termo é
aceitável (no sentido de que todo o trabalho realizado sobre o sistema corresponde a uma
energia consumida).

2.4. Transição dúctil-frágil

A transição dúctil-frágil é um fenómeno observado em alguns materiais (polímeros,


cerâmicos) especialmente em metais, quando eles mudam seu comportamento de deformação
de dúctil (maleável) para frágil (quebradiço) em temperaturas mais baixas. Durante essa
transição, o material perde sua capacidade de deformação plástica significativa e passa a
falhar de forma catastrófica sem uma deformação previa significativa, ou seja. Uma transição
entre um comportamento frágil de baixas temperaturas, associado a baixos valores do
trabalho de fractura, e um comportamento dúctil de altas temperaturas, associado a altos
valores de trabalho de fractura. Ela pode ser medida por uma série de ensaios de pêndulo de
impacto variando-se a temperatura do corpo de prova. No caso de materiais metálicos e
poliméricos a transição dúctil-frágil é alguma temperatura por volta da temperatura ambiente,
no caso dos materiais cerâmicos a temperatura é alta e ocorre devido à activação de processos
de deformação plástica vinculados, entre outras coisas, à fluência.

17
Existem algumas teorias que explicam a transição dúctil-frágil, sendo a mais comum a teoria
do cisalhamento do emaranhamento de discórdias (ou teoria de Griffith-Irwin). Essa sugere
que a mudança no comportamento do material está relacionada à propagação de trincas
microscópicas em sua estrutura. Em altas temperaturas, a deformação ocorre
predominantemente por meio do deslizamento de discordâncias (defeitos lineares na estrutura
cristalina do material que se movem e deslizam facilmente em altas temperaturas, permitindo
que o material se deforme plasticamente sem que ocorra falha.
Nos metais a transição dúctil-frágil é observada em materiais com estruturas CCC e HC.
Materiais com estrutura CFC apresentam geralmente elevada ductilidade mesmo a baixas
temperaturas e não se observa uma transição dúctil-frágil nestes casos.

Figura 5 – Representação esquemática da transição dúctil-frágil

Fonte: Callister (2001)

18
3. Metodologia

A metodologia adoptada neste trabalho, trata-se de revisão de literatura com o método de


revisão bibliográfica qualitativa, de carácter descritivo-exploratório, através da pesquisa
bibliográfica, baseado em livros de diversos autores como Callister (2001), Dieter (1961),
Hosford (2007). E quanto as técnicas de análise dos dados, no trabalho foi empregue a
técnica de análise de conteúdo.

Foram feitos, também um levantamento de informações sobre o tema como a Google


Acadêmico.

Os critérios de exclusão se basearam no descarte de artigos sem teor científico.

3.1. Cronograma

Actividades a Dias de actividades – 23 de Maio a 01 de Junho / 2023 Responsável


realizar
23 a 24 25 a 26 27 a 28 29 a 30 31 01
Pesquisa Estudantes
bibliográfica
Revisão da literatura Estudantes
Recolha dos dados Estudantes
Análise dos dados Estudantes
Interpretação dos Estudantes
dados
Submissão e Estudantes
apresentação

19
4. Conclusão

Em conclusão, o efeito da taxa de deformação sobre o comportamento mecânico dos


materiais desempenha um papel crucial na determinação de suas propriedades e desempenho
em uma ampla gama de aplicações. A taxa de deformação influencia directamente a resposta
mecânica dos materiais, afectando sua resistência, ductilidade, entre outras propriedades dos
materiais
À medida que a taxa de deformação aumenta, a resposta dos materiais pode variar
significativamente. Em baixas taxas de deformação, os materiais tendem a exibir um
comportamento elástico-linear, respondendo de forma previsível e retornando à sua forma
original após a aplicação de uma força. No aumento, os materiais podem mostrar um
comportamento viscoso, plástico ou mesmo frágil.
A taxa de deformação afecta a mobilidade dos defeitos cristalinos dos materiais, como
discordâncias e vazio. Em altas taxas de deformação, a capacidade dos materiais de se
rearranjarem e se adaptarem às mudanças impostas é reduzida, resultando em um
comportamento mais plástico. Por outro lado, em baixas taxas de deformação, os materiais
têm tempo suficiente para dissipar energia internamente, permitindo que sejam mais
resistentes.
Além disso, a taxa de deformação também influencia a propagação de trincas e falhas nos
materiais. Em altas taxas de deformação, a concentração de tensões pode ser mais
pronunciada, lavando a uma maior propagação de trincas e à falha frágil dos materiais. por
outro lado, em baixas taxas de deformação, as trincas podem ter uma propagação mais lenta,
permitindo que os materiais suportem cargas por um período mais longo antes da falha.
Portanto, entender e considerar a taxa de deformação é essencial para projectar materiais com
propriedades mecânicas desejadas para diversas aplicações. A selecção adequada da taxa de
deformação durante os testes e a consideração dos efeitos da taxa de deformação nas
simulações e modelagem de materiais são aspectos importantes para prever e melhorar o
comportamento mecânico dos materiais.

20
5. Referencias bibliográficas

Callister, Jr., W. D. (2001) Fundamentals of materials science and engineering. New York:
John Wiley & Songs [5ªedição];
Dieter, G.E. (1961) Metalurgia Mecânica. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan S.A [2ª
edição];
G. Schon (2001) Introdução ao comportamento mecânico dos materiais. São Paulo: s/e
Hosford, W.F., Caddell, R. M. (2007) Metal Forming. Mechanics and Metallurgy.
Cambridge: PTR Prentice Hall;
Júnior, V.F (2014) A pesquisa científica e tecnológica. Espacios. s/l;
Souza, S.A. (1982) Ensaios Mecânicos de Materiais Metálicos. Fundamentos teóricos e
práticos. São Paulo: E. Blucher [5ª edição];
Zhang, S.J., et al (2012) The influence of strain rate on the mechanical behavior and fracture
morphology of on Al-Zn-Mg. Materials Science and Engineering, s/l.

21

Você também pode gostar