Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Por algum tempo, chego a preponderar na prática o entendimento de que a multa por
descumprimento de ordem judicial não poderia superar o valor da obrigação principal objeto
da causa, sob pena de gerar enriquecimento indevido da parte favorecida com a multa. Em
recente entendi mento da 3ª Turma do Supremo Tribunal de Justiça, ficou clara a
posição da Corte Superior, no sentido de que a multa por descumprimento de ordem
judicial pode sim, conforme as circunstâncias do caso concreto, superar o valor da
obrigação principal objeto da causa. No caso em tela, podendo, portanto, a empresa
Diamond, executar a Empresa XISTO visando o pagamento da multa cominatória
totalizando o valor de R$ 15.000.000,00 (quinze milhões de reias).
4. Em que momento processual a multa pode ser cobrada? Em favor de quem deve
ser revertida? Você concorda com essa destinação?
Pelo fato de as astreintes possuírem natureza pecuniária, a sua cobrança é feita pelo rito do
cumprimento de sentença por quantia certa previsto nos art. 523 e seguintes, estando
a parte devedora sujeita a todas as penalidades pelo não pagamento (multa de 10%
+ honorários advocatórios de 10%), e, caso seja contra a Fazenda Pública, seguirá o rito do
art. 534/535. Podendo serem cobradas a qualquer tempo, não guardando qualquer relação
com a sentença final prolatada. Conforme expressa o parágrafo 2º do art. 537, o titular das
astreintes será o exequente, por esta razão é importante que o magistrado ao definir o seu
valor, o faça de forma que se cumpra o caráter coercitivo do instituto a fim de ver o
adimplemento da obrigação Ao meu singelo sentir acredito que a destinação correta seria
para o exequente, tendo em vista que a parte exequente é a maior interessada no sentido
de ter para si destinado o valor da multa referente ao cumprimento de uma obrigação que
guarda relação direta com um contrato firmado entre ela e a empresa Xisto.
5. Considerando-se que o contrato totaliza R$ 12.000.000,00 (doze milhões de reais) e
que a multa cominatória soma R$ 15.000.000,00 (quinze milhões de reais), pergunta-
se: deve haver um limite para o estabelecimento da multa cominatória? Pode ela
superar o próprio valor da condenação?
7. Se o contrato tivesse sido firmado exclusivamente com poder público, e não com a
empresa XISTO, faria sentido impor multa cominatória ao Estado? Ela poderia ser
cobrada de forma imediata? Por quê?
Pela regra no cumprimento de sentença contra a fazenda pública, não incide a multa
prevista no §1º do art. 523, nos termos do §2º do art. 534 do CPC. Sendo o executado a
Fazenda Pública, não se aplicam as regras próprias da execução por quantia certa, não
havendo a adoção de medidas expropriatórias para a satisfação do crédito. Os pagamentos
feitos pela Fazenda Pública são despendidos pelo erário, merecendo tratamento
específico a execução intentada contra as pessoas jurídicas de direito público, a fim
de adaptar as regras pertinentes à sistemática do precatório. Não há expropriação na
execução intentada contra a Fazenda Pública, devendo o pagamento submeter-se ao
regime jurídico do precatório (ou da Requisição de Pequeno Valor, se o valor for inferior aos
limites legais. De acordo com a súmula 410 do STJ a prévia intimação pessoal do devedor
constitui condição necessária para a cobrança de multa pelo descumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer, não podendo, portanto, ser cobrada de forma imediata.