Você está na página 1de 2

PROVA DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV – AV3

1. Qual o juízo competente para processar a ação e execução do julgado ?


A Justiça Federal, é o órgão do 1-Poder Judiciário competente para julgar as causas em
que a União, autarquias e empresas públicas federais sejam interessadas, na condição de
autoras, rés, assistentes ou oponentes. De acordo com o Código de Processo Civil o
cumprimento da sentença efetuar-se-á perante o juízo que decidiu a causa, portanto, a
justiça federal.

2. Qual é a finalidade específica da astreinte neste caso?

O preceito cominatório (ou astreintes) consiste em multa judicialmente fixada de modo a


estabelecer uma constrição em face do devedor de modo a fazê-lo cumprir determinada
obrigação de dar, fazer ou de não fazer. A finalidade específica nesse caso é de fazer com
que a empresa cumpra o mais rápido possível a decisão judicial visando inibir o
comportamento de que esta continuasse a vender as pedras preciosas parando de explorar
a jazida XXA.

3. Diante da inobservância da ordem judicial, os advogados da empresa DIAMOND


poderiam executar a multa cominatória, totalizando o valor de R$ 15.000.000,00
(quinze milhões de reais)?

Por algum tempo, chego a preponderar na prática o entendimento de que a multa por
descumprimento de ordem judicial não poderia superar o valor da obrigação principal objeto
da causa, sob pena de gerar enriquecimento indevido da parte favorecida com a multa. Em
recente entendi mento da 3ª Turma do Supremo Tribunal de Justiça, ficou clara a
posição da Corte Superior, no sentido de que a multa por descumprimento de ordem
judicial pode sim, conforme as circunstâncias do caso concreto, superar o valor da
obrigação principal objeto da causa. No caso em tela, podendo, portanto, a empresa
Diamond, executar a Empresa XISTO visando o pagamento da multa cominatória
totalizando o valor de R$ 15.000.000,00 (quinze milhões de reias).

4. Em que momento processual a multa pode ser cobrada? Em favor de quem deve
ser revertida? Você concorda com essa destinação?

Pelo fato de as astreintes possuírem natureza pecuniária, a sua cobrança é feita pelo rito do
cumprimento de sentença por quantia certa previsto nos art. 523 e seguintes, estando
a parte devedora sujeita a todas as penalidades pelo não pagamento (multa de 10%
+ honorários advocatórios de 10%), e, caso seja contra a Fazenda Pública, seguirá o rito do
art. 534/535. Podendo serem cobradas a qualquer tempo, não guardando qualquer relação
com a sentença final prolatada. Conforme expressa o parágrafo 2º do art. 537, o titular das
astreintes será o exequente, por esta razão é importante que o magistrado ao definir o seu
valor, o faça de forma que se cumpra o caráter coercitivo do instituto a fim de ver o
adimplemento da obrigação Ao meu singelo sentir acredito que a destinação correta seria
para o exequente, tendo em vista que a parte exequente é a maior interessada no sentido
de ter para si destinado o valor da multa referente ao cumprimento de uma obrigação que
guarda relação direta com um contrato firmado entre ela e a empresa Xisto.
5. Considerando-se que o contrato totaliza R$ 12.000.000,00 (doze milhões de reais) e
que a multa cominatória soma R$ 15.000.000,00 (quinze milhões de reais), pergunta-
se: deve haver um limite para o estabelecimento da multa cominatória? Pode ela
superar o próprio valor da condenação?

O limite para o estabelecimento da multa cominatória deve existir a medida em que


supra ao objetivo que justifique a sua imposição, pois ao final não é o valor fixado em multa
que importa, e sim, se ele foi suficientemente capaz de compelir a empresa a
cumprir com a obrigação que lhe foi imposta. Podendo ela a depender do caso concreto
superar o valor da condenação pois esta não tem carater indenizatório e nem punitivo, e sim
carater coercitivo, a jurisprudência já estabeleceu que não há nenhuma vinculação entre o
valor da multa com e o valor da obrigação principal, podendo, portanto, ultrapassá-lo

6- Supondo que, em sede de apelação, o Tribunal tivesse entendido que


a empresa XISTO tinha direito de explorar a jazida por mais dois meses, já
que esta exploração estava contida no valor do contrato, e tenha revertido a
decisão de 1º grau. Ainda assim, o pagamento da multa cominatória
seria devido? Ou a astreinte subordina-se ao resultado final do
processo? Fundamente.
Assim a multa processual pode ser exigida a qualquer tempo, não havendo
qualquer relação com a sentença final prolatada pelo órgão julgador. Desse modo, o credor
poderá optar por sua exigência, desde o momento de sua fixação, valendo –se do
procedimento de execução por quantia certa, salvaguardado no CPC. É possível até
mesmo fazer o cumprimento provisório destes valores, os quais deverão ser depositados
em juízo, só podendo ser levantados após trânsito em julgado da sentença favorável.
Tal medida visa resguardar o direito do executado, evitando-se, assim, que dano irreparável
caso o mesmo consiga uma sentença favorável que diverge da decisão anterior que fixou a
multa. Decisão liminar (interlocutória ou sentença) que fixa multa cominatória (astreinte) é
título executivo judicial, cuja exigibilidade não depende da sentença final transitada em
julgado

7. Se o contrato tivesse sido firmado exclusivamente com poder público, e não com a
empresa XISTO, faria sentido impor multa cominatória ao Estado? Ela poderia ser
cobrada de forma imediata? Por quê?

Pela regra no cumprimento de sentença contra a fazenda pública, não incide a multa
prevista no §1º do art. 523, nos termos do §2º do art. 534 do CPC. Sendo o executado a
Fazenda Pública, não se aplicam as regras próprias da execução por quantia certa, não
havendo a adoção de medidas expropriatórias para a satisfação do crédito. Os pagamentos
feitos pela Fazenda Pública são despendidos pelo erário, merecendo tratamento
específico a execução intentada contra as pessoas jurídicas de direito público, a fim
de adaptar as regras pertinentes à sistemática do precatório. Não há expropriação na
execução intentada contra a Fazenda Pública, devendo o pagamento submeter-se ao
regime jurídico do precatório (ou da Requisição de Pequeno Valor, se o valor for inferior aos
limites legais. De acordo com a súmula 410 do STJ a prévia intimação pessoal do devedor
constitui condição necessária para a cobrança de multa pelo descumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer, não podendo, portanto, ser cobrada de forma imediata.

Você também pode gostar