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Direito do Consumidor:

ELEMENTOS SUBJETIVOS
FORNECEDOR
Artigo 3º - Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços
CONSUMIDOR
1) DESTINÁTARIO FINAL
Artigo 2º - Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final
2) POR EQUIPARAÇÃO
Artigo 2º - Parágrafo Único – Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo
3) VÍTIMAS DE ACIDENTE DE CONSUMO
Artigo 17 – Para efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento
Exemplo – Súmula 479 STJ - A instituição financeira responde pelo defeito na prestação de
serviço consistente no tratamento indevido de dados pessoais bancários, quando tais
informações são utilizadas por estelionatário para facilitar a aplicação de golpe em desfavor do
consumidor.
4) PESSOAS EXPOSTAS A PRÁTICAS COMERCIAIS
Artigo 29 – Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores toda as
pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas

ELEMENTOS OBJETIVOS

PRODUTO
Artigo 3 § 1º - Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial
SERVIÇO
Artigo 3 § 2º - Serviço é qualquer atividade, fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as
decorrentes das relações de caráter trabalhista.
DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR
Artigo 6º - São direitos básicos do consumidor:
I – A proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no
fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos.
II – A educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a
liberdade de escolha e a igualdade nas contratações.
III – A informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação
correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem
como sobre os riscos que o apresentem.

Resumo – Vídeos Cintia Brunelli


O direito do consumidor é o ramo do direito que atende as relações de consumo ou seja aquelas
que acontecem entre fornecedores (disponibilizam produtos ou serviços ao mercado) e
consumidores (quem consome produtos ou serviços como destinatário final - CDC artº2).
Tem como sua principal lei o Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078 de 1990).
O CDC tem como função resguardar a parte vulnerável desta relação (consumidor).

No que consiste a vulnerabilidade do consumidor?


Todo consumidor é considerado vulnerável em uma relação de consumo, por ser considerado a
parte mais frágil dessa relação, a vulnerabilidade pode ser técnica, jurídica, informacional ou
outra forma de vulnerabilidade.
Não confundir VULNERABILIDADE com HIPOSSUFICIÊNCIA
A hipossuficiência se refere a questão econômica, todo consumidor é vulnerável, mas nem todo
consumidor é hipossuficiente.
A hipossuficiência é um dos aspectos que devem ser considerado pelo juiz ao conceder a
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA e através da inversão do ônus da prova, o juiz pode
determinar que o fornecedor tem o dever de demonstrar que o consumidor não tem razão em sua
reclamação. Invés de o consumidor ter que trazer provas de suas alegações, o que muitas vezes
não é possível, o juiz pode requerer que o fornecedor faça a prova contrária ou seja, prove que
está incorreto aquilo que o consumidor está alegando.

CONSUMIDOR – Não recoloca o produto ou serviço no mercado


Atenção – Quando se trata de consumidor que é pessoa jurídica, existe uma discussão quanto
aos limites para se aplicar a legislação de proteção ao consumidor – Ocorre quando a pessoa
jurídica utiliza o produto ou serviço no exercício de sua atividade.
Exemplo: um taxista, que compra um carro para poder exercer sua atividade profissional será
considerado um consumidor? Neste exemplo o STJ decidiu que sim.
Também é considerado consumidor aquele que embora não tenha comprado o produto ou
serviço, tem de alguma forma, contato com uma oferta, uma venda ou outra prática de um
fornecedor, é o caso, por exemplo da PUBLICIDADE ENGANOSA que faz que o consumidor
acredite que determinado produto tem qualidades ou funções que na verdade não tem.
O consumidor pode ser ainda aquela pessoa que mesmo sem ter comprado um produto ou
contratado um serviço for vítima de um acidente causado por um problema de fabricação ou de
projeto naquele produto ou serviço.
Exemplo: alguém que foi atropelado por um carro fabricado com defeito nos freios.

FORNECEDOR – é toda pessoa física ou jurídica, que disponibiliza produtos ou serviços


destinados ao mercado, seja através da produção, montagem, distribuição, importação,
comercialização.
Devem ser REGULARES e HABITUAIS. Nem todos que produzem, vendem, distribuem um
produto ou serviço, podem ser considerados automaticamente fornecedores. Para que isso
ocorre é necessário que a atividade ocorra habitualmente e com regularidade.
Exemplo: não se aplica CDC ao vendedor de uma bicicleta que estava em sua posse, mas que
não produz, ou revende habitualmente, e sim se aplica o Código Civil.
As empresas prestadoras de serviços públicos, como água, luz, gás encanado, telefonia, entre
outras, também são fornecedoras.

DIFERENÇA ENTRE PRODUTOS E SERVIÇOS


Um produto é um bem que pode ser tanto móvel, quanto imóvel (exemplo: roupas, alimentos,
automóveis, apartamentos). Já o serviço é uma atividade (exemplo: corte de cabelo, conserto de
carros, serviço de seguros).

DURAÇÃO DOS PRODUTOS E SERVIÇOS


Os produtos e serviços podem ser duráveis e não duráveis
DURÁVEL – não desaparece com seu uso. (Exemplo: geladeira).
NÃO DURÁVEL – Acaba logo após o seu uso. (Exemplo: alimentos, sabonetes, pasta de
dente).
No caso dos serviços:
SERVIÇO DURÁVEL – Custa a desaparecer com o uso. (Exemplo: pintura de uma casa,
prótese dentária)
SERVIÇO NÃO DURÁVEL – Acaba depressa. (Exemplo: lavagem de uma roupa na
lavanderia, pois a roupa suja logo após o uso).

PRAZO PARA RECLAMAR VÍCIOS


É importante entender se um produto ou serviço é durável ou não durável, devido ao prazo para
reclamar vícios.
Se os vícios forem aparentes, ou de fácil constatação, esse prazo é de 30 dias para os produtos e
serviços não duráveis, e 90 dias para produtos e serviços duráveis. Este prazo se inicia a partir
da compra ou recebimento do produto, ou se for um serviço, o término do serviço.
Caso seja um problema difícil de notar (vício oculto), esses prazos para reclamar começam a
serem contados da data em que o problema apareceu (Exemplo: ferrugem dentro do forno de um
fogão)
Se você comprar um produto que venha apresentar defeito de fabricação dentro do prazo de
garantia, você pode procurar o fornecedor, indo ao local onde foi feito a compra ou até a
assistência técnica autorizada, e neste caso o fornecedor terá o prazo de 30 dias para resolver o
problema. Se o problema não for resolvido, você poderá escolher entre trocar o produto, ou
receber o valor que você pagou de volta, ou obter um desconto no preço, porém se o produto for
essencial, ou se não for aconselhado o reparo por diminuir a qualidade ou seu valor, é possível
pular os 30 dias de reparo e escolher uma das três opções anteriores.

PRINCÍPIOS DA POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO

De forma geral, o objetivo é atender as necessidades dos consumidores, garantindo dignidade,


saúde, segurança, proteção de seus interesses econômicos, a melhoria de sua qualidade de vida,
além da transparência e harmonia das relações de consumo.
VULNERABILIBILIDADE DO CONSUMIDOR – O CDC reconhece a vulnerabilidade do
consumidor, e isso serve de base para todo o raciocínio em torno do direito do consumidor. O
consumidor sempre será presumido mais fraco em relação ao fornecedor.
DEFESA DO CONSUMIDOR PELO ESTADO (INTERVENÇÃO ESTATAL) – O Estado
deve agir nas relações de consumo, com o objetivo de proteger a parte mais vulnerável, o
consumidor, através da legislação e das medidas administrativas possíveis. Para isso o Estado
pode atuar diretamente, usando de seu poder de polícia, ou seja, através de ordens, proibições,
apreensões, sanções e fiscalizações. O Estado também pode atuar indiretamente, utilizando
políticas governamentais de educação para o consumo ou incentivando a criação de entidades
ou associações de proteção e defesa do consumidor.
BOA-FÉ OBJETIVA E EQUILÍBRIO NAS RELAÇÕES – Esse princípio busca harmonizar
os interesses que são intrínsecos nas relações de consumo, evitando que a proteção do
consumidor seja um fator que impeça o desenvolvimento econômico. Ao fazer que o
consumidor e o fornecedor hajam com boa-fé objetiva, se procura manter uma relação de
consumo, afastada de atitudes de má-fé.
INFORMAÇÃO E EDUCAÇÃO - Diz respeito a educar e informar os fornecedores e os
consumidores quanto aos direitos e deveres, com foco de melhorar o mercado de consumo.
CONFIANÇA – Criação pelos fornecedores de meios de controle de qualidade e segurança de
produtos e serviços, assim como mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo.
Busca incentivar os fornecedores a adquirirem um controle de qualidade eficaz garantindo a
segurança e satisfação dos consumidores, além de proporcionar meios de comunicação para
resolver problemas.
COMBATE AO ABUSO – Coibir e reprimir os abusos praticados no mercado de consumo,
inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais da
marcas comerciais e signos distintivos que possam causar prejuízos aos consumidores. Buscam
evitar que consumidores sejam enganados por abusos no mercado de consumo.
EFICIÊNCIA DOS SERVIÇOS PÚBLICOS – Tem a ver com a melhoria dos serviços
públicos. Necessidade de fornecimento de serviços públicos adequados, eficientes e seguros.
Enquanto aos serviços públicos essenciais sejam também contínuos.
ESTUDO CONSTANTE DAS MODIFICAÇÕES DO MERCADO DE CONSUMO –
Estudos sobre os pontos de conflito encontrados no mercado de consumo sejam constantes,
contribuindo para divulgação de informações verídicas e para o fornecimento de serviços e
produtos de qualidade.
EDUCAÇÃO FINANCEIRA – Fomento de ações destinadas a educação financeira dos
consumidores, assim como a prevenção e o tratamento do superendividamento, como forma de
evitar a exclusão social do consumidor.

RESUMO SLIDES GREICIANE

Introdução à disciplina

O ato de consumo é inerente da natureza humana, seja por desejo, ou por


necessidade:
Na antiguidade, os Códigos de Hamurabi, Código de Manu e a Grécia
Antiga trouxeram disposições sobre o consumo e proteção contra práticas
abusivas.
Com a revolução industrial e a desigualdade trazida pelo período
reforçaram-se as práticas abusivas

Em 1990 surge o Código de Defesa do Consumidor (Brasil) – Lei 8.078/90


com as seguintes finalidades:
 Reduzir a desigualdade entre o consumidor e o fornecedor
 Tutelar o sujeito consumidor frente ao fornecedor

DIREITO DO CONSUMIDOR
Conjunto de normas e princípios que regula a tutela de um sujeito especial
de direitos, a saber, o consumidor, como agente privado vulnerável nas
suas relações frente a fornecedores.

No Brasil, optou-se pela terminologia “direito do consumidor”, em vez de


“direito do consumo”, como adotado em outros países (França e Itália, por
exemplo), pois o CDC, seguindo mandamento constitucional (art. 5º,
XXXII da CF – O Estado proverá na forma de lei a defesa do consumidor)
é voltado a efetiva proteção do consumidor (enfoque subjetivo), enquanto
os outros sistemas regular mais o ato de consumo e a posição jurídica do
consumidor (enfoque objetivo).

Princípio da Ordem Econômica

Art. 170 da CF 88 diz “A ordem econômica, fundada na valorização do


trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios
(...) V – Defesa do consumidor

Princípio da Ação Política – Autoriza o Estado brasileiro (juiz,


administrador, legislador) a intervir nas relações jurídicas de consumo (no
mercado) para proteger o consumidor.

Caráter Conformador – Convive com outros princípios da ordem


econômica (livre iniciativa e livre concorrência); esses outros princípios
devem ser observados em consonância com a defesa do consumidor.

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