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«A música não é aenas uma arte, mas também uma ciência. Por isso, tem
não só de ser apreciada de modo emocional como ainda deve ser compreendida
intelectualmente – e, como qualquer arte ou ciência, não pode haver pequenas
lacunas no que respeito à proficiência ou ao conhecimento. O amador de música
que aprecia ouvir música mas não a compreende a sua linguagem é como o turista
que sai para o estrangeiro no gozo de umas férias: aprecia a paisagem, a
gesticulação dos naturais e o som das suas vozes, mas não percebe uma palavra do
que dizem.»
Ottó Károlyi
A criança e a música
Desde muito cedo a criança é sensível aos estímulos sonoros. Mas, dado que
esses estímulos lhe chegam misturados com outros de ordem visual – gestos,
movimentos – e ainda de ordem afectiva – sorrisos, contactos, beijos – há que julgar
cuidadosamente para discriminar quais as respostas motivadas especificamente por
estímulos sonoros. Apesar de, logicamente, não podermos esquecer que a simples
percepção passiva do som tem de ser anterior a qualquer resposta concreta da criança.
A criança, no próprio momento do nascimento, começa a gritar. O grito é a sua
primeira manifestação sonora, nem linguística nem musical. Os sons que produzem são
indiscriminados e não intencionais. Durante semanas o grito é a sua única manifestação
sonora. A criança encontra-se naquilo a que se convencionou chamar o período do grito.
Antes de ter superado totalmente o grito, aparece o balbuciar, que dá início a
uma etapa mais demorada: é o período da lalação. Ela entrega-se a um jogo em que
produz constantemente, incluindo nos momentos de repouso, uma espécie de cantarolar
(auàuà, apapá…) que pouco a pouco se vai articulando. A lalação constitui um exercício
de preparação da expressão verbal que irá declinar quando a criança comece a
pronunciar as primeiras palavras, ou seja, já cerca dos doze meses de idade. Entre os
doze e os dezoito meses a criança começa já a imitar a linguagem do adulto.
Nem o grito, nem o balbuciar se podem considerar musicais. Mas se o balbuciar
próprio do período da lalação foi considerado um período pré-linguístico, pelas mesmas
razões pode ser considerado um período pré-musical. Principalmente se tivermos em
conta que nos segmentos sonoros, gorgeios, que a criança emite de forma constante,
podemos fazer o rastreio da presença, tanto de elementos rítmicos, claríssimos na
repetição de sons, como de elementos melódicos, na sua incipiente entoação.
Sem risco de exagerar, pode-se dizer que estamos perante as primeiras
manifestações de cantarolar. A criança faz tudo isto de forma espontânea, mas também
de maneira insistente, entregando-se a um jogo que lhe agrada muito e que todos os
psico-linguistas concordam em valorizar como exercício dos órgãos da fonação, sem
esquecer o seu potencial valor comunicativo. Consequentemente, há que admitir que o
que contém de preparação para a linguagem oral, também o é para a futura expressão
musical da criança.
As crianças, a partir dos primeiros anos de vida, experimentam vivências
efectivas relacionadas com a música; por exemplo:
Aspecto psicológico
As respostas da criança
O ritmo
Modulação da voz
principalmente a partir dos cinco anos. Neste período, com notável maturidade
linguística e psicomotora, a criança tem grande capacidade de coordenação do ritmo e
da melodia. É, por isso, o momento propício para apoiar as brincadeiras dramáticas ou
paradrámaticas e de iniciar a criança nas danças a partir das próprias canções. Tudo isso
contribuirá para o progresso de afirmação e clarificação da entoação, ao mesmo tempo
que dará maior sentido às palavras.
É impossível saber de cor todas as músicas que existem, por isso o homem
inventou uma forma especial para escrevê-las:
Para ler e escrever palavras, precisamos conhecer as letras do alfabeto. Para ler e
escrever música, precisamos conhecer as figuras musicais
As figuras têm diferentes formatos. Cada uma delas indica quanto tempo o som
deve durar.
Dó – ré – fá – sol – lá – si.
A forma das notas musicais é oval (O) e são escritas na pauta musical, que é um
conjunto de 5 linhas e 4 espaços.
• A estrutura das canções, seja pelo texto seja pela melodia ou pelo ritmo, tem
que propiciar o jogo.
• O tema das canções tem de responder às necessidades e interesses psicológicos
das crianças. O texto tem de ser atraente, muito claro e fácil de recordar.
• A utilização pedagógica das canções deve ser presidida pelo princípio da
globalização: música, palavra, expressão corporal, psicomotricidade… devem constituir
um conjunto.
• A brevidade é fundamental para evitar o cansaço e a dispersão da criança.
• Os gestos, movimentos e dramatização deverão apoiar a aprendizagem da
canção e a compreensão do texto.
• O acompanhamento deverá ser muito simples e, quando for corporal, deve
favorecer o desenvolvimento do jogo, inserindo nele palmas, assobios, passos, etc.
• O acompanhamento instrumental, igualmente simples, decorrerá
preferencialmente a cargo de outras crianças, diferentes das que cantam ou do educador.
A Expressão Musical assenta num trabalho de exploração de sons e ritmos, que a
criança produz e explora espontaneamente e que vai aprendendo a identificar e a
produzir, com base num trabalho sobre os diversos aspectos que caracterizam os sons:
intensidade (fortes e fracos), altura (graves e agudos), timbre (modo de produção),
duração (sons longos e curtos), chegando depois à audição interior, ou seja, a
capacidade de reproduzir mentalmente fragmentos sonoros.
A expressão musical está intimamente relacionada com a educação musical que
se desenvolve, na educação pré-escolar, em torno de cinco eixos fundamentais: escutar,
cantar, dançar, tocar e criar, e em cinco grandes blocos ou unidades fundamentais:
ritmos, educação auditiva, educação da voz, instrumentos e audição musical;
ESCUTAR
A exploração das características dos sons pode passar, também, por escutar,
identificar e reproduzir sons e ruídos da natureza - água a correr, vento, "vozes" dos
animais, etc., e da vida corrente como o tic-tac do relógio, a campainha do telefone ou
motor do automóvel, etc. O trabalho com o som tem como referência o silêncio, que
nunca é absoluto, mas que permite ouvir e identificar o fundo sonoro que nos rodeia.
Saber fazer silêncio para poder escutar e identificar esses sons faz parte da educação
musical.
CANTAR
A relação entre a música e a palavra é uma outra forma de expressão musical.
Cantar é uma actividade habitual na educação pré-escolar que pode ser enriquecida pela
produção de diferentes formas de ritmo.
Trabalhar as letras das canções relaciona o domínio da expressão musical com o
da linguagem, que passa por compreender o sentido do que se diz, por tirar partido das
rimas para discriminar os sons, por explorar o carácter lúdico das palavras e criar
variações da letra original.
DANÇAR
A música pode constituir uma oportunidade para as crianças dançarem. A dança
como forma de ritmo produzido pelo corpo liga-se à expressão motora e permite que as
crianças exprimam a forma como sentem a música, criem formas de movimento ou
aprendam a movimentar-se, seguindo a música. A dança pode também apelar para o
trabalho de grupo que se organiza com uma finalidade comum.
O acompanhamento musical do canto e da dança permite enriquecer e
diversificar a expressão musical. Este acompanhamento pode ser realizado pelas
crianças, pelo educador ou recorrer a música gravada.
CRIAR
Se instrumentos de percussão simples podem ser construídos pelas crianças
relacionando-se com o domínio da actividade plástica, estas poderão também utilizar
instrumentos musicais mais complexos e com outras possibilidades - jogos de sinos,
triângulos, pandeiretas, xilofones, etc., que deverão ter grande qualidade. Outros
instrumentos poderão ser usados pelo educador como a flauta, a guitarra, o gravador... A
utilização de um gravador permite registar e reproduzir vários tipos de sons e músicas
que, podendo ser um suporte para o trabalho de expressão, possibilita ainda que as
crianças alarguem a sua cultura musical, desenvolvendo a sensibilidade estética neste
domínio.
Ritmo
Pode definir-se ritmo como a proporção estabelecida entre os tempos dos
diversos movimentos provocados pela música. O ritmo estabelece, por conseguinte,
uma relação entre o espaço e o tempo. Para Willems (1960) o ritmo é o movimento
ordenado mais do que a ordenação do movimento, como, tradicionalmente, se costuma
dizer. A esta ordenação (entre outras possíveis) corresponderia o compasso.
A criança é tão sensível ao ritmo, que mal ouve uma pequena música, se põe a
movimentar consequentemente. Por isso Willems (1966) pensa que o ritmo está mais
vinculado ao corpo humano do que melodia.
O cultivo do ritmo deve ser iniciado na primeira infância. Embora pareça
paradoxal, a espontaneidade e a liberdade de expressão da criança favorecem a cultura
do ritmo. À medida que os anos vão passando aumentam as dificuldades de aceitação do
ritmo e cresce a resistência à sua incorporação.
Sugestões Metodológicas
Os jogos das crianças têm muitas vezes uma componente rítmica que o educador
deve saber detectar a tempo e aproveitar adequadamente. Encontra-se nas canções para
saltar à corda, nos jogos que se praticam no solo ou em algumas canções infantis que se
articulam acompanhadas de palmas e também em canções de trabalho e outras.
O educador deve canalizar estes jogos para ritmo mais preciso e para um
som mais musical. Por vezes, terá a oportunidade de realizar alguns exercícios a partir
dos jogos das crianças ou de outros que lhes pode ensinar. A educação do ritmo deve
partir do corpo, e a capacidade de expressar sonoramente diversos ritmos depende muito
directamente da maturação motriz do aluno.
Educação auditiva
_ Sons vocais, nesta categoria incluem-se os sons produzidos pela nossa voz,
língua, boca. os que correspondem a actos fisiológicos do corpo (bocejar, espirrar,
tossir...); os onomatopaicos (ribombar do travão, o galope do cavalo); e por último os
que têm uma finalidade de expressão/comunicação (as interjeições, o
chamamento/incitamento, o riso, a fala, o beijo...).
_ Sons produzidos pelas coisas;
_ Sons produzidos por instrumentos musicais.
A análise dos sons, de acordo com as suas características, permite-nos falar de:
_ Ruído e som;
_ Sons longos e breves (duração);
_ Sons graves e agudos (altura);
_ Sons suaves e fortes (intensidade), e
_ Sons segundo o instrumento produtor (timbre).
O simples facto de classificar e analisar os sons incita a produzi-los de acordo
com modelos propostos, mas além disso procurando outros intermédios, ou que
apresentem matizes distintas. É interessante iniciar as crianças nestas gradações.
A diferença entre som e ruído é clara para os físicos, mas não é tão fácil ser
captada pelo ouvido humano e, muito menos, para as crianças, pelo que é necessário
fazer exercícios para trabalhar esta distinção. Por outro lado, não se trata só de um
problema de percepção, mas sim de aplicação de conceitos.
Em geral, qualquer som é composto por uma sobreposição de muitas ondas
sonoras, vibrações, com diferentes frequências. Mas a acústica esclarece que as ondas
sonoras do ruído não são periódicas, ao passo que as do som musical o são.
Os ruídos costumam ser manifestações sonoras da natureza. Assim, falamos do
ruído do vento, das ondas. Também provêm de animais, como os rugidos ou os
grasnidos. Ou de pancadas, como o martelo, o teclado da máquina de escrever, partir
uma noz, rasgar papel, etc.
Pelo contrário, os sons têm significado mais rico e intencional. Naturalmente que
os sons musicais partem de ruído, mas de ruídos organizados no tempo e no espaço. São
fundamentais a sua determinação pela entoação e pelo ritmo.
Qualidade do som
Organização da sala
Educação da voz
A educação da voz é talvez uma das tarefas mais descuidadas nos programas
educativos em geral, e mais concretamente na educação musical.
Como já se indicou anteriormente, o grito é a primeira manifestação sonora da
criança recém-nascida. A partir do segundo mês, a actividade sonora mais frequente na
criança é o que denominamos gorgeio, balbuceio ou lalação. Esta capacidade vocal
permite-lhe emitir segmentos sonoros em que repetem sons de forma desconexa que vão
sendo cada vez mais perfeitos. Nestes balbuceios, dotados de certa entoação, há que
procurar os primeiros assomos ou vislumbres musicais.
Antes de completar um ano de existência, a criança é capaz de pronunciar
algumas palavras – água, papá, mamã - A partir deste momento desenvolve a sua grande
capacidade de imitação da linguagem do adulto, em especial da mãe e das outras
pessoas com quem mantêm vínculos afectivos íntimos.
A imitação leva-o fixar a sua voz em formas que podem ter maior ou menor
correcção, consoante os modelos. Todo o educador deveria cuidar da sua voz como
precioso instrumento de trabalho. Assim se garantiria que seriam positivos os modelos
postos ao alcance da criança, desde a sua primeira escolarização.
Na criança vai-se operar uma mudança fundamental: da voz falada que passar à
voz cantada. Antes de ir para a escola a criança canta espontaneamente ou motivada
pelos pais e familiares. Frequentemente, os modelos de que dispõem, estão carregados
de defeitos: voz pouco clara e mal colocada e frequentes alterações da melodia original.
O educador deve ter preparação e bom gosto suficientes para que nada disto aconteça.
Procurará conseguir que a voz da criança seja ligeira e tenha ressonância; que cada som
tenha nitidez e afinação adequadas, que a voz seja flexível; que evite gritar… Só assim
se consegue a afinação.
Sugestões Metodológicas
Para o treino progressivo da entoação da voz, o educador tem que deitar mão a
exercícios individuais, a exercícios com pequenos grupos e a exercícios com grupos
mais numerosos que poderíamos qualificar como corais. A alternância destes
procedimentos vai permitir-lhes actuar com frequência sobre todas e cada uma das
crianças e acompanhar o progresso evolutivo de cada uma delas. Felizmente, a
aprendizagem de canções, e os vários tipos de jogos e actividades a que elas se prestam,
irá facilitar-lhe muito este trabalho, mais complexo na aparência do que na realidade.
Para induzir as crianças a adquirir ressoadores faciais e exercitá-los – boca, nariz
– podem-se usar actividades tais como a imitação do zumbido das abelhas e vibração
das consoantes nasais – m, n – alongadas indefinidamente. Para isso vão servir-lhe
oportunamente as canções que fazem referencia a sinos («Din, don»). Isto obriga as
crianças a terem em conta as vibrações do som e a praticá-las.
É preciso acostumar a criança desde o princípio a cantar suavemente para poder
ouvir-se a si própria e assim aprender a dominar a voz. Estas precauções têm o resultado
de fortalecer o diafragma, facilitar a respiração e o desenvolvimento da voz tanto em
altura como em intensidade.
Há que ter desde o princípio a preocupação de que a criança compreenda os
textos das canções. Assim consegue-se que o canto seja uma actividade duplamente
agradável e que a criança se preocupe em pronunciar bem. As associações de sílabas
sem sentido, repetidas e absurdas que se fazem nalgumas canções infantis, em especial
nos estribilhos, têm que se destacar sempre pela sua convocatória lúdica. O educador
pode reforçar isto com palmas, assobios, gestos, etc., tanto na interpretação individual
como colectiva.
O aspecto da afinação é especialmente importante. Se não se cuida desde o
princípio da afinação das crianças, não só cantarão mal, mas também se acostumarão a
isso. Para conseguir a afinação o educador procurará que as crianças estejam
descontraídas, que evitem a contracção dos músculos faciais, e que emitam a voz
suavemente.
A noção de silêncio
Ao passo que o som agrada à criança, o silêncio é por ela rejeitado. Por isso é
conveniente educá-la desde muito tenra idade a poder entender o valor do silêncio
dentro das produções sonoras, dado que o som e o silêncio se combinam na música.
Neste sentido tem que ficar muito claro que na música o silêncio deve ser
interpretado, mais do que como ausência de som, como separação ou cessação de
ruídos, que assim ficam ligados pelo silêncio. Outra coisa é o silêncio ambiental, que
em nada necessita da música e tem maior relação com o ruído.
Um tipo de exercícios muito úteis para valorizar o silêncio é os que associam o
som com o movimento e o silêncio com o repouso ou a interrupção do movimento. Por
exemplo, as crianças estão a marchar ao compasso de batidas dadas pelo educador no
pandeiro. A cada batida corresponde um passo. Mas quando cessam as batidas, as
crianças interrompem a marcha.
Os exercícios de memória musical ou interiorização da melodia, pelo contrário,
costumam conseguir-se melhor interpretando canções em que se vão suprimindo
palavras. O ritmo mantêm-se porque se faz silêncio de cada vez que se teria que cantar
essas palavras, mas o seu vazio fica ocupado com o correspondente movimento dos
lábios. Este tipo de exercícios dá à criança a função do silêncio dentro do compasso.
Educar para o silêncio é mais uma forma de completar a formação auditiva.
Instrumentos musicais
A psicomotricidade;
A produção de sons, destinados principalmente ao acompanhamento, e
O carácter lúdico da música, já que todos os gestos e movimentos
utilizados no manejo de instrumentos de todo o tipo se incorporam ao jogo.
a) Família de madeira
_ Claves, com bocados de cabo de vassoura
_ Caixa chinesa, com um taco de desperdício de carpintaria, pau ou ramo.
_ Maracas, conseguem-se fazer com cascas de nozes vazias, com um bocado de
areia, e fechadas com cordel a enrolar. Também se podem fazer com copos de papel ou
de plástico, com sementes, com arroz ou feijões, conforme se pretenda som grave ou
agudo.
Técnicos de Acção Educativa (Nível III)
UFCD 19 Técnicas de Animação _Expressão e comunicação Verbal Expressão
Musical/Dramática
Formadora: Maria da Graça Henriques Bernardo
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A produção de sons no uso dos instrumentos passa pró matizes tão distantes
como:
A batida seca, por exemplo, quando se bate com uma maceta no bombo,
e com as baquetas no tambor;
A sucessão de pequenas batidas múltiplas, como se se trata-se de chuva,
quando se usa a escovilha nos pratos, e
O som prolongado, com uma batida aberta no prato; ou o som apagado
pela mão, ao cortar as vibrações do mesmo agarrando aborda com os dedos.
O acompanhamento musical
Audição musical
Mas a consecução destes objectivos pede, por sua vez, estratégias peculiares
distintas das que podem usar-se nas audições propostas para outros períodos.
A estratégia fundamental consiste em não considerar a audição como uma
actividade em si com finalidade própria, mas sim como motivação para actividades que
dimanem dela de maneira natural e por sua vez desemboquem na música.
Salta à vista que estes objectivos – escutar, reconhecer e reproduzir – também se
perseguem e se conseguem em qualquer dos jogos, exercícios e actividades. Assim, por
exemplo, ao aprender uma canção, a criança teve que escutar o professor; ao repetir as
suas frases para as fixar, reconhece-as; e ao cantá-la, quando já a sabe, reproduz a
canção.
Não se deve esquecer que a audição corre o perigo de se converter numa
actividade excessiva para a criança. Por isso, a única diferença possível entre os
exercícios habituais, a que acabamos de aludir, e os especiais, que propomos em nome
da audição, baseia-se em que nesta os objectivos se vão tentar através, de uma realidade
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Musical/Dramática
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mais complexa, como pode ser uma canção com acompanhamento ou um conto
gravado.
Sugestões Metodológicas
Música e linguagem
A música e a expressão corporal são dois tipos de expressão distintos que podem
ter interessantes pontos de coincidência e inter-relação.
O seu contributo num âmbito altamente coordenado e motivador como é a
dramatização faz com que a sua colaboração não só seja fácil, mas também espontânea
de uma série de objectivos musicais:
- Para a estruturação do ritmo, mediante canções dançadas e dramatizadas.
- Para o embelezamento e revitalização do texto mediante o gesto expressivo.
- Para a manifestação de sentimentos implícitos na canção, tanto no que se refere
ao texto como à música.
- Para a modelação gestual de imaginações e fantasias promovidas pelas
canções, pelas danças ou pelas melodias.
- Para a exteriorização de imitações de personagens, animais, seres animados
pela canção, etc.
- Para a caracterização de personagens ou situações propostas pela canção, pela
dança ou pela dramatização.
- Para a vivência do prazer gerado pelo movimento, pela interpretação e pela
comunicação compreendida.
Os jogos, representativos ou não, que podem montar-se em torno de canções, e
que solicitam o recurso da expressão corporal, têm evidentemente que respeitar e
aproveitar as condições da própria canção.
Por isso, em qualquer caso, o educador terá que estudar antecipadamente
a canção – texto e música – com o fim de aproveitar as suas características. Note-se que
a consideração de um só elemento, por exemplo, do texto, pode induzir uma valorização
unilateral da canção; não só conta o que se diz, mas também como se diz, e neste
aspecto ritmo tem peso decisivo.
Dramatização de canções
Para a dramatização de canções dançadas, procurar:
- Que as crianças dominem perfeitamente a canção (letra e música);
- Que o movimento seja simples e fechado, e
- Que mantenham um ritmo uniforme no princípio e no fim.
Partir do princípio que há canções muito dramatizáveis, visto que contêm na sua
estrutura os elementos dramáticos fundamentais, especialmente o conflito; no entanto,
outras canções mais simples, com estruturas perfeitamente narrativa, apesar de não
serem dramáticas, prestam-se excelentes encenações.
A EXPRESSÃO DRAMATICA
ou um animal ou uma coisa, ou actua como se estivesse fazendo coisas que na realidade
só está a fazer de conta que faz. Trata-se de um campo aberto à imaginação, à
criatividade e à espontaneidade de cada um.
O resultado observável da dramatização, como processo intelectual e afectivo de
criação e expressão infantil, é o chamado jogo dramático, que é o que a única e
exteriormente pode ser observado e contemplado pelo espectador a modo de produto
final. Este jogo dramático utiliza como recursos expressivos os mesmos que a criança
utiliza usualmente na sua vida quotidiana: a expressão linguística, a expressão rítmico-
musical e a expressão plástica. Todos estes recursos, coordenando-se em função da
criatividade da criança, adquirem a potencialidade de criar espectáculo para outros que,
como observadores e participantes do mesmo, são receptores activos das mensagens que
a dramatização veicula. O jogo dramático pode ser por sua vez objecto de interpretação
não só por pessoas, como no teatro infantil e na mímica, mas também através de
fantoches, marionetas, sombras chinesas, teatro negro, etc. que constituem outras
formas diferentes de plasmação do jogo dramático, com uma enorme participação
educativa.
PROCESSO DRAMÁTICO
JOGO
A partir deste estádio inicial, a criança chega ao chamado jogo livre, cujas
características são: ser prazenteiro, espontâneo, voluntário; ter um fim em si mesmo;
exigir a participação activa de quem joga e conservar certas relações com actividades
que não são propriamente jogos (criatividade, solução de problemas, explorações, etc.).
com o avanço da socialização infantil, este jogo livre, normalmente individual, é pouco
a pouco encaminhado e integrado em jogos de grupo (antecedentes dos jogos com
regras que aparecem a partir dos seis anos), nos quais o adulto desempenha um papel
activo, como suscitador e moderador de umas certas normas de participação.
MODALIDADES DE REPRESENTAÇÃO
MÍMICA
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Formadora: Maria da Graça Henriques Bernardo
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FANTOCHES E MARIONETAS
TEATRO DE SOMBRAS
TEATRO INFANTIL
ESPAÇO CÉNICO
Quando uma criança joga a imitar ou a mimar uma acção que viu concretizada
pelo pai ou pela mãe, fá-lo de forma espontânea, mas na maioria dos casos, sente-se
observada ou se ouve qualquer comentário a propósito, imediatamente deixará de jogar.
Por isso, não nos devemos preocupar quando às crianças, perante os seus companheiros
e perante nós, lhes custa jogar ou negam-se fazê-lo.
Nestes casos temos que motivá-las. Para isso contamos com diversos apoios que
estimulam muito a criança pequena. Através destes apoios conseguirá abstrair-se melhor
do ambiente e concentrar-se no jogo, o que nesta idade é ainda fácil.
Assim, podem acompanhar com mímica um canto infantil ou uma canção muito
familiar, cujas estrofes assinalam com clareza cada momento da acção.
Alguns contos rudimentares, fábulas simples, etc., podem também servir para
um jogo mímico.
Mas, fundamentalmente, o que mais estimula a criança é a palavra do adulto que
coordena esse grupo de jogo. Naturalmente que tem que ser usada com certo
conhecimento de dinâmica de grupos e, sobretudo, tendo em conta o nível de
maturidade da criança nesta idade.
A forma de se dirigir às crianças tem que ser sugestiva e como «base» para a
acção. Isto é, podemos dizer a estas crianças ao que vamos jogar e a maneira como
vamos realizar o jogo. Pode-se dizer-lhes que vamos jogar ao «mudo», e de imediato
passar a expor o motivo, põe exemplo: Um pai que pendurar um quadro. De início o
jogo tem que ser realizado por todos: ou seja, todos fazem de pai que pendura um
quadro. Muito embora todos desempenhem a mesma acção e o mesmo personagem,
veremos como nunca são iguais estes elementos para as diversas crianças. Depois
acrescentaremos uma mãe que o ajuda a fazê-lo; um ou vários filhos a olhar, etc. pode-
se repetir o mesmo motivo, mas de forma que todos tenham oportunidade de participar.
Tentaremos que não só actuem uns quantos, os que primeiro se oferecerem para o fazer.
O interesse destes jogos é que as crianças se atrevam a jogar diante dos outros e dos
adultos. Se, como educadores, não estimulamos os mais atrasados ou tímidos a que
actuem ou joguem, não estaremos sendo coerentes com o nosso trabalho.
A partir do momento em que todo o grupo participe e desenvolva vários papéis,
poderemos passas aos jogos mais planificados. Trata-se de dar um motivo para que não
só apareçam o personagem e a acção que realiza, ou os personagens que o rodeiam, mas
que desenvolvam uma sequência de acções.
EXPRESSÃO CORPORAL
O educador tem que ter presente que em expressão corporal não se trata de
ensinar à criança estereótipos de movimentos; não tem que impor, porque o que se
pretende é que a criança se ponha em contacto com o seu próprio corpo e que, com a
prática, aprenda a concretizar as suas experiencias e vivências em movimentos.
A expressão corporal utiliza os movimentos e exercícios aprendidos na área da
Expressão psicomotora e potencia-lhes o seu carácter expressivo para que, desta forma,
passem a ter um significado claro e possam ser compreendidos por outras pessoas que
os observem.
Através da expressão corporal a criança poderá conhecer o significado dos
gestos e posturas adoptados por outras pessoas, assim como comunicar com os outros
utilizando como linguagem os movimentos realizados com o seu próprio corpo.
A diferença entre expressão psicomotora e expressão corporal é que, enquanto a
primeira tem como objectivo fundamental potenciar as possibilidades de movimento do
corpo, na segunda todos os movimentos que se realizam devem, desde o princípio, estar
dotados de um significado.
Por exemplo, se no primeiro caso a criança levanta a perna para melhorar o
equilíbrio, no segundo fá-lo porque é um futebolista.
Através dos processos de observação e imitação a criança aprende a comportar-
se como se fosse outra pessoa ou a exprimir sentimentos como se sentisse de uma
determinada maneira.
O educador deverá realizar actividades psicomotoras prévias que necessita
realizar antes de iniciar o trabalho na Expressão Dramática.
Essas actividades estão relacionadas com:
1. Imitação isolada de gestos codificados com várias partes do corpo: cara, mãos,
ombros, pescoço, etc. Ensinamos a criança, em primeiro lugar, que alguns dos
gestos que realizamos com o nosso corpo podem ter um significado para outras
pessoas que o observam. Pretende-se que conheça e realize os gestos corporais
que têm um significado na nossa sociedade.
Se, por exemplo, estamos tristes, a nossa cara exprime tristeza, mas, por sua vez,
o corpo adopta uma postura diferente se estamos alegres.
É este último sector que depois faz a ligação com as actividades do processo
dramático e da pantomima.
PROCESSO DRAMÁTICO
JOGO SENSÓRIO-MOTOR
JOGO SIMBÓLICO
3. Quanto a ambientação
Na encenação: pode haver encenação sem ambientação musical. Pode dar-se
uma simples expressão gestual que substitua todas as outras.
Na dramatização: é necessário ajustar o lugar em que decorre a história, para
marcar os seus vários momentos.
4. Quanto ao conflito
5. Quanto à história
Na encenação: não é necessária uma história. Trata-se da descrição cénica de
um facto isolado.
Na dramatização: a história tem que ter uma situação, um nó e um desenlace.
Pode ser adaptada de um texto literário, improvisado entre todos pelo
educador. A história, em muitas ocasiões, é unicamente um pretexto para
relacionar uns personagens com outros, e pode, durante muito tempo do
jogo, não chegar a nenhum nó que exija um desenlace.
Desta forma, através do jogo livre a criança vai desenvolver objectivos tão
essenciais como:
1. o tema deve ficar determinado (seja pelas crianças, seja pelo educador) antes da
representação. O conhecimento prévio do tema pode dever-se a que:
o tema responda a um facto da vida real e conhecido da criança,
o educador proponha um tema e posteriormente o analise e explique a
sua representação,
o tema tenha sido elaborado pelo educador juntamente com as crianças a
partir de: um objecto, um espaço cénico, uma sequência temporal, etc.
O MOMENTO DE PREPARAÇÃO
É a fase mais criativa. A primeira coisa que faz o grupo de crianças é situar-se
perante um tema concreto ou aceitar um determinado ponto de partida que lhe interesse.
Para isso deve ter-se em conta a idade das crianças e os seus interesses de
grupo. Uma ordem possível para a escolha dos temas do jogo é:
Inventadas pela própria criança. Estimulando-a por meio de temas que lhe
interessam, de factos quotidianos próximos dela, etc.
Inventadas pelo educador. Estas podem ser extraídas dos temas ou centros de
interesse que nesse momento se estejam a pôr. Relativamente aos objectivos, as
histórias têm que permitir a libertação de conflitos internos, que ajudem a
exteriorizar sentimentos e emoções latentes (medos, rejeições, …)
Os contos tradicionais podem ser, nesta idade, ou mais oportunos para criar um
jogo dramático a partir deles.
O ritmo tem que ser rápido, procurando que não baixe o interesse das crianças.
Técnicos de Acção Educativa (Nível III)
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Musical/Dramática
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Se foi o educador que a escolheu, a história deve ter também interesse para si, de
maneira a poder ter prazer ao contá-la, transmitindo evocação e fantasia.
Ser bem conhecida do narrador. É conveniente conhecer a narrativa de memória.
O narrador tem que usar termos que a criança conheça.
Narrar com fluidez, espontaneidade e riqueza de expressão.
Juntar à narração oral as expressões gestuais que a acompanham, exagerando-as.
Usar o gesto do rosto, das mãos e do corpo em geral, de maneira a ser todo o
corpo a exprimir o que se está a dizer com palavras.
O momento da narração deve ser um momento sereno sem pressas. As crianças
devem estar muito atentas. A melhor disposição é estarem em círculo.
3. Análise da história
O MOMENTO DA REALIZAÇÃO
Para que o jogo dramático chegue a ser realizado adequadamente, há que ter
em conta:
Uma vez decidida a realização do jogo há que cumprir dois requisitos para
começar:
Primeiro há que estruturar a obra em cenas, as quais devem ser claras e concretas.
Para isso, o educador pode decompor a obra em tantas cenas quantos movimentos
diversos haja no jogo. Entre estas cenas pode-se detectar qual é o conflito. Este
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UFCD 19 Técnicas de Animação _Expressão e comunicação Verbal Expressão
Musical/Dramática
Formadora: Maria da Graça Henriques Bernardo
Centro de Emprego e Formação Profissional da Guarda
momento supõe sempre ser o momento de maior interesse e intriga da história. Não
deve estar separado da realidade, e ainda que se trata de histórias, há que ter presentes as
inquietações infantis. O conflito resolve-se com o desenlace. Este põe termo à história.
O final pode ser feliz ou infeliz. Pode-se propor às crianças que procurem outros
desenlaces do conflito, diferentes do proposto inicialmente.
ANÁLISE CRITICA
MODALIDADES DE REPRESENTAÇÃO
1. Pantomima.
2. Teatro de fantoches e marionetas.
3. Teatro de sombras.
4. Teatro infantil.
1. PANTOMIMA
Cenário. Deve ser muito simples. Basta a presença do objecto motivador que
ajude os espectadores a centrarem a atenção, por exemplo: uma tela branca, uma
cadeira, uma mesa, etc.
Vestuário. O mais adequado para representar uma pantomima é roupa de malha.
No caso de as crianças não as terem, podem usar um casaco e uma blusa. Deve-
se evitar o vestuário clássico. Quanto menos ornamentos se utilizem, melhor.
Querendo-se, pode-se juntar qualquer elemento que sirva para caracterizar o
personagem que se representa, por exemplo, um lenço na cabeça ou uma faixa
de cor à cintura, uma flor, um copo, uma máscara, etc.
Calçado. Deve ser flexível, por exemplo, sapatilhas de ginástica. Se as condições
do local o permitirem, é preferível que as crianças estejam descalças.
Maquilhagem. Usa-se para salientar os traços do rosto e apreciar melhor as
atitudes que o mimo toma. Geralmente pinta-se a cara de branco e marcam-se as
sobrancelhas a negro. Alguns pintam a boca de vermelho.
Luzes. Pode-se utilizar um ou vários focos de luz que sigam os mimos enquanto
actuam.
Música. Qualquer pantomima pode ser acompanhada com música adequada ao
tema. O educador pode preparar ritmos produzidos por um grupo de crianças.
a. O fantoche
O fantoche é o boneco que se move directamente por meio das nossas mãos.
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b. A marioneta
a. Vantagens:
Os fantoches fomentam a concentração. Graças a eles podem ter lugar
longos períodos de jogo construtivo.
Pela sua semelhança com brinquedos, são atractivos e motivadores para as
crianças. Mediante o jogo com eles devem obter-se muitos ensaios de
conduta.
Proporcionam um valioso incentivo para representar de forma projectiva
temas que dizem respeito a temores, preocupações ou desejos pessoais.
Mostram uma inegável relação com o artesanato nas suas múltiplas facetas.
Estimulam a imaginação e convertem-se em fonte inventiva.
Podem ser úteis para ajudar as crianças tímidas, que só começam a «viver»
ou a falar através deles, ou que falam e vivem quando se ocultam atrás de
fantoches ou dos seus cenários.
b. Inconvenientes:
Não devem ocupar demasiado tempo da programação, porque podem criar
aos mais tímidos e inibidos o hábito de procurar protecção no fantoche e
iludir as situações do jogo pessoal em que vão ter que utilizar todo o seu
corpo, falar tal e qual como são e mostrar-se como indivíduos diferentes dos
outros com toda a sua energia e personalidade.
Não convém fazer finca-pé excessivo no público e no espectáculo. Na
expressão dramática infantil o mais importante é a imensa concentração na
criação imediata e no desejo de participar, que com frequência torna o
público supérfluo. Apesar da concentração no fantoche e no seu papel,
quando se abusa das marionetas sobrevem uma dependência excessiva do
público na representação.
Por vezes cria nas crianças a consciência de espectáculo que os leva a
exibirem-se em demasia, e a procurarem aproveitar-se dos fantoches para
chamar a atenção. Com isso perdem-se vivências interiores, pensamentos,
emoções … e resulta prejudicada a elaboração individual dos personagens.
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Todas as crianças devem fazer parte de um grupo de trabalho, deixando que cada
criança escolha livremente o grupo a que quer pertencer.
Não estabelecer nenhum tipo de prémio para as crianças que, no entender do
educador, tenham feito melhor a actividade.
Deve evitar elogiar ou censurar os membros do grupo.
Dar igual importância a todas as actividades realizadas por cada membro do
grupo.
Recolher as sugestões que possam ser feitas pelas crianças.
Evitar impor o nosso critério, deixando à criança liberdade de criação.
a. Como se movem
Numa situação de diálogo entre dois ou mais personagens, o que está a falar é o
que se movimenta e evolui no cenário, enquanto os outros personagens permanecem
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b. Como é a voz
Não é muito importante que tipo de voz vai ter um determinado fantoche. Pode
ser a mesma da própria criança ou de outra que se aproxime das características do
personagem. Mas interessa efectivamente que esse fantoche se diferencie não só pelo
boneco, mas também pela voz.
Também é importante que, de cada vez que o fantoche actua, tenha o mesmo
tom ou peculiaridade da voz que tinha inicialmente. Quando, de repente, um boneco
muda de voz pede toda a personalidade.
Como dizíamos antes, quando um personagem fala, os outros ficam quietos. A
mesma regra pode aplicar-se à voz, quando actua um boneco, os outros ficam em
silêncio, não «pisam» a palavra do outro, excepto quando a situação teatral o exige.
Assim, para levar a efeito uma representação dramática com fantoches, além de
ter em conta tudo o que se expôs acerca da expressão dramática, basta, a esta
modalidade, adaptar os diversos elementos que intervêm numa representação. O boneco
será o principal elemento do teatro e este, por sua vez, condiciona o resto. Decoração,
vestuário, iluminação, etc., devem procurar evidenciar e potenciar a capacidade
expressiva do boneco.
3. TEATRO DE SOMBRAS(vivas/chinesas)
A criança actor aprende a escolher entre os seus gestos os que são mais
eloquentes, mais simbólicos. Adquire o domínio de si própria; tem que se mover pouco
e com lentidão, tratando de adoptar uma postura… A criança sabe que actua para os
outros, os quais devem compreender e ver o bem.
4. TEATRO INFANTIL
O primeiro dos casos não é objecto deste estudo, já que este tipo de teatro é o
que pensam, escrevem, interpretam e realizam os adultos para que a criança veja. Só se
assinala que, no caso do adulto realizar este tipo de teatro para crianças, deve criar a sua
obra de acordo com as características do grupo de crianças a que se dirige: idade, meio
social, tipos de centro escolar, nacionalidade, maturidade intelectual, etc.
O segundo tipo de teatro é o que se propõe desenvolver aqui, já que se trata de
teatro pensado, escrito, dirigido e interpretado pelas crianças. Portanto, são as próprias
crianças, na medida das suas possibilidades, os criadores da cenografia, da mímica, das
luzes, dos guarda-roupas, etc.
Todo o trabalho que se realize deve decorrer sempre sobre a orientação do
educador, que se deve limitar a orientar e enquadrar o trabalho das crianças, evitando a
todo o momento impor os seus critérios de uma forma inflexível.
Este tipo de teatro deve ser sempre proposto como um jogo em que podem
participar todas as crianças.
Devido à grande quantidade de factores que intervêm numa representação teatral
infantil, esta pode servir ao educador para conhecer diversos aspectos da personalidade
da criança (sociais, culturais, afectivos, etc.).
Como para outras modalidades de representação, as obras propostas devem estar
vinculadas aos centros de interesse infantil, dando a possibilidade de serem
modificadas, caso isso seja solicitado pelas crianças.
SUGESTÕES METODOLÓGICAS
Respeitando-o integralmente.
Respeitando unicamente a ideia do argumento.
Ampliando-o ou modificando-o em alguma das suas partes.
Representando só o que se considera mais interessante.
Suprimindo o diálogo falado e cingir-se à acção.
Servir-se unicamente dos personagens e com eles construir uma história
diferente, etc.