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“A música é uma linguagem criada pelo homem para expressar suas ideias e seus
sentimentos, por isso está tão próxima de todos nós”. (CRAIDY; KAERCHER, 2001, p.
130).
Até mesmo antes de nascer, no útero materno, uma criança já toma contato com elementos
fundamentais da música como o ritmo, através das vibrações e pulsações do coração da mãe.
Ao nascer, a relação de uma criança com a música é imediata, através do acalanto da mãe e
também através de objetos sonoros da casa e do mundo que a cerca.
Antes de começar a falar, um bebê canta, experimenta sons produzidos com a boca. Quando
dá os seus primeiros passos até o ponto de poder ficar em pé, o ritmo de uma música o leva
acompanhar com o corpo os movimentos cadenciados. E é a partir dessa relação entre o gesto
e o som que uma criança, ouvindo, cantando, imitando, dançando, constrói o seu
conhecimento musical.
Brincar, indiscutivelmente, é uma grande atração para uma criança. É sempre um momento
sério, onde a brincadeira é uma tarefa muito importante. Musicalizar Brincando é um
processo que completa o desenvolvimento da criança, que vai de encontro com seus
interesses e proporciona benefícios que ela própria não consegue avaliar, mas sentir.
Musicalizar, atualmente, é uma diversão, e através desta vivência sonora, rítmica realizadas
através de jogos e brincadeiras, que o aprendizado musical chega as crianças. Foi-se o tempo
em que uma aula de música era cansativa para as crianças, onde os símbolos musicais
apareciam como estranhos desenhos e nada representavam para elas.
Através da Musicalização Infantil atual, estes mesmos símbolos vão fazendo parte da vida da
criança, de uma maneira muito simples, alegre e agradável.
Musicalizar brincando é uma maneira inovadora de ensinar música para as crianças, que tem
sua à disposição jogos interativos e interessantes que estarão sendo utilizados de forma
prazerosa e consistente no próprio processo.
A maioria das crianças que estão tendo aula de música em suas escolas, na verdade a encara
como um momento de distração e entretenimento. Mesmo a escola que possui um
profissional competente para tal função, é comum encontrar nas crianças um distanciamento
com a realidade da cultura musical.
Infelizmente, em nosso país, não tem uma cultura musical infantil apropriada, que
proporcione à criança mergulhar no universo musical de forma condizente. A música que a
mídia evidencia para este público, ou atende a interesses comerciais ou tem o propósito de
imbecilizar a mente infantil, de tal forma que qualquer modismo que venha a surgir, a criança
rapidamente aprende e cantarola.
Existem alguns passos importantes para que uma aprendizagem musical seja eficiente:
1-A criança precisa aprender a ouvir, não ouvir por ouvir, mas saber ouvir corretamente. O
professor tem que elaborar de forma estratégica para que uma criança aprenda como ouvir
uma música com suas nuances, como: a melodia, o ritmo, sua duração, notas, o timbre dos
instrumentos e vozes, sua intensidade, altura notas, etc…
2-Ela precisa aprender a ver uma música, não apenas com os olhos carnais, mas com olhos
sensíveis aos detalhes da Música, uma forma que o instrumentista ou o cantor executa sua
música, sua performance, etc….
3-Ela precisa exercitar sua memória musical, absorvendo os conceitos primordiais da música,
como o ritmo, melodia, tonalidade, andamento, timbre, altura, intensidade, duração, etc ..
Lembrando que este processo é comprovadamente eficaz, pois trabalha de forma inteligível
os passos necessários para que uma criança possa adentrar no mundo da música.
O QUE É MUSICALIZAÇÃO ?
Para Bréscia (2003) a musicalização é um processo de construção do conhecimento, que tem
como objetivo despertar e desenvolver o gosto musical, favorecendo o desenvolvimento da
sensibilidade, criatividade, senso rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação,
memória, concentração, atenção, autodisciplina, do respeito ao próximo, da socialização e
afetividade, também contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de movimentação.
As atividades de musicalização permitem que a criança conheça melhor a si mesma,
desenvolvendo sua noção de esquema corporal, e também permitem a comunicação com o
outro. Weigel (1988) e Barreto (2000) afirmam que atividades podem contribuir de maneira
indelével como reforço no desenvolvimento cognitivo/ linguístico, psicomotor e sócio-afetivo
da criança, da seguinte forma:
Sensório-motor (até os dois anos): São atividades que relacionam o som e o gesto. A criança
pode fazer gestos para produzir sons e expressar-se corporalmente para representar o que
ouve ou canta. Favorecem o desenvolvimento da motricidade.
Simbólico (a partir dos dois anos): Aqui se busca representar o significado da música, o
sentimento, a expressão. O som tem função de ilustração, de sonoplastia. Contribuem para o
desenvolvimento da linguagem.
Analítico ou de Regras (a partir dos quatro anos): São jogos que envolvem a estrutura da
música, onde são necessárias a socialização e organização. Ela precisa escutar a si mesma e
aos outros, esperando sua vez de cantar ou tocar. Ajudam no desenvolvimento do sentido de
organização e disciplina.
A duração das atividades deve variar conforme a idade da criança, dependendo de sua
atenção e interesse. Além disso, vale lembrar que é preciso respeitar a forma de expressão de
cada um, mesmo que venha a parecer repetitivo ou sem sentido. É importante que a criança
sinta-se livre para se expressar e criar.
Beyer (1988) faz uma crítica á visão inatista para uma construção de uma teoria cognitiva em
música, pois segundo ela a teoria de educação musical deveria ser construída sobre o “fazer
musical, decorrente da necessidade epistemológica em que o sujeito se encontra”.
Abordagem essa onde, qualquer sujeito pode aprender música, desde que se interesse por ela,
pois através do conflito cognitivo, como explica a teoria piagetiana o desenvolvimento
musical pode ser desencadeado. O sujeito, usando os esquemas que possui, busca assimilar os
objetos através do mecanismo da assimilação. Ao se deparar com um objeto novo, o sujeito é
levado a modificar seus esquemas para adaptá-los ao novo objeto num mecanismo adaptativo
chamado acomodação. Sendo assim é extremamente relevante trabalhar a linguagem musical
com as crianças independentemente se elas reagem prontamente ou não ás primeiras
invertidas musicais.
A musicalização deve ser trabalhada de maneira lúdica, não pode ser nada imposto e nem
exigente.
A criança deve sentir prazer em participar das aulas, mas é preciso que o professor tenha
bastante cautela ao aplicar brincadeiras e jogos em excesso, pois as crianças vão começar a
pensar que a aula serve apenas para um divertimento.
REFERÊNCIAS
BARRETO, Sidirley de Jesus. Psicomotricidade: educação e reeducação. 2. ed. Blumenau:
Acadêmica, 2000.
BARRETO, Sidirley de Jesus; SILVA, Carlos Alberto da. Contato: Sentir os sentidos e a
alma: saúde e lazer para o dia-a dia. Blumenau: Acadêmica, 2004.
BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva.
São Paulo: Átomo, 2003.
CAMPBELL, Linda; CAMPBELL, Bruce; DICKINSON, Dee . Ensino e Aprendizagem
por meio das Inteligências Múltiplas. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
GAINZA, Violeta Hemsy de. Estudos de Psicopedagogia Musical. 3. ed. São Paulo:
Summus, 1988.
GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1995.
GREGORI, Maria Lúcia P. Música e Yoga Transformando sua Vida. Rio de Janeiro:
DP&A, 1997.
MÁRSICO, Leda Osório. A criança e a música: um estudo de como se processa o
desenvolvimento musical da criança. Rio de Janeiro: Globo, 1982.
SNYDERS, Georges. A escola pode ensinar as alegrias da música? 2. ed. São Paulo:
Cortez, 1994.
WEIGEL, Anna Maria Gonçalves. Brincando de Música: Experiências com Sons, Ritmos,
Música e Movimentos na Pré-Escola. Porto Alegre: Kuarup, 1988.
http://musicaplena.com/o-que-e-a-musicalizacao-infantil/
http://www.iacat.com/revista/recrearte/recrearte03/musicoterapia.htm
http://periodicos.pucminas.br/index.php/pedagogiacao/article/viewFile/9227/7680
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