Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 11

II – sujeição a tratamento ambulatorial.

Direitos do internado
Parágrafo único. Extinta a punibilidade, não
se impõe medida de segurança nem subsiste a Art. 99. O internado será recolhido a estabele-
que tenha sido imposta. cimento dotado de características hospitalares
e será submetido a tratamento.
Imposição da medida de segurança para
inimputável
TÍTULO VII – Da Ação Penal
Art. 97. Se o agente for inimputável, o juiz
determinará sua internação (art. 26). Se, toda- Ação pública e de iniciativa privada
via, o fato previsto como crime for punível com
detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento Art. 100. A ação penal é pública, salvo quan-
ambulatorial. do a lei expressamente a declara privativa do
ofendido.
Prazo § 1o A ação pública é promovida pelo Minis-
§ 1o A internação, ou tratamento ambulato- tério Público, dependendo, quando a lei o exige,
rial, será por tempo indeterminado, perdurando de representação do ofendido ou de requisição
enquanto não for averiguada, mediante perícia do Ministro da Justiça.
médica, a cessação de periculosidade. O prazo § 2o A ação de iniciativa privada é promovida
mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos. mediante queixa do ofendido ou de quem tenha
qualidade para representá-lo.
Perícia médica § 3o A ação de iniciativa privada pode inten-
§ 2o A perícia médica realizar-se-á ao termo tar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério
do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida Público não oferece denúncia no prazo legal.
de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o de- § 4o No caso de morte do ofendido ou de ter
terminar o juiz da execução. sido declarado ausente por decisão judicial, o
direito de oferecer queixa ou de prosseguir na
Desinternação ou liberação condicional ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente
§ 3o A desinternação, ou a liberação, será ou irmão.
sempre condicional devendo ser restabelecida
a situação anterior se o agente, antes do decurso A ação penal no crime complexo
de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persis-
tência de sua periculosidade. Art. 101. Quando a lei considera como ele-
§ 4o Em qualquer fase do tratamento ambu- mento ou circunstâncias do tipo legal fatos que,
latorial, poderá o juiz determinar a internação por si mesmos, constituem crimes, cabe ação
do agente, se essa providência for necessária pública em relação àquele, desde que, em relação
para fins curativos. a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa
do Ministério Público.
Substituição da pena por medida de
segurança para o semi-imputável Irretratabilidade da representação

Art. 98. Na hipótese do parágrafo único do Art. 102. A representação será irretratável
Coletânea básica penal

art. 26 deste Código e necessitando o conde- depois de oferecida a denúncia.


nado de especial tratamento curativo, a pena
privativa de liberdade pode ser substituída pela Decadência do direito de queixa ou de
internação, ou tratamento ambulatorial, pelo representação
prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos
termos do artigo anterior e respectivos §§ 1o a 4o. Art. 103. Salvo disposição expressa em contrá-
rio, o ofendido decai do direito de queixa ou de
50 representação se não o exerce dentro do prazo
de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a V – pela renúncia do direito de queixa ou
saber quem é o autor do crime, ou, no caso do pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
§ 3o do art. 100 deste Código, do dia em que se VI – pela retratação do agente, nos casos em
esgota o prazo para oferecimento da denúncia. que a lei a admite;
VII – (Revogado);
Renúncia expressa ou tácita do direito de VIII – (Revogado);
queixa IX – pelo perdão judicial, nos casos previstos
em lei.
Art. 104. O direito de queixa não pode ser
exercido quando renunciado expressa ou ta- Art. 108. A extinção da punibilidade de crime
citamente. que é pressuposto, elemento constitutivo ou
Parágrafo único. Importa renúncia tácita ao circunstância agravante de outro não se esten-
direito de queixa a prática de ato incompatível de a este. Nos crimes conexos, a extinção da
com a vontade de exercê-lo; não a implica, toda- punibilidade de um deles não impede, quanto
via, o fato de receber o ofendido a indenização aos outros, a agravação da pena resultante da
do dano causado pelo crime. conexão.

Perdão do ofendido Prescrição antes de transitar em julgado a


sentença
Art. 105. O perdão do ofendido, nos crimes
em que somente se procede mediante queixa, Art. 109. A prescrição, antes de transitar em
obsta ao prosseguimento da ação. julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o
do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo
Art. 106. O perdão, no processo ou fora dele, da pena privativa de liberdade cominada ao
expresso ou tácito: crime, verificando-se:
I – se concedido a qualquer dos querelados, I – em vinte anos, se o máximo da pena é
a todos aproveita; superior a doze;
II – se concedido por um dos ofendidos, não II – em dezesseis anos, se o máximo da pena
prejudica o direito dos outros; é superior a oito anos e não excede a doze;
III – se o querelado o recusa, não produz III – em doze anos, se o máximo da pena
efeito. é superior a quatro anos e não excede a oito;
§ 1o Perdão tácito é o que resulta da prática IV – em oito anos, se o máximo da pena
de ato incompatível com a vontade de prosse- é superior a dois anos e não excede a quatro;
guir na ação. V – em quatro anos, se o máximo da pena é
§ 2o Não é admissível o perdão depois que igual a um ano ou, sendo superior, não excede
passa em julgado a sentença condenatória. a dois;
VI – em 3 (três) anos, se o máximo da pena
é inferior a 1 (um) ano.
TÍTULO VIII – Da Extinção da Punibilidade
Prescrição das penas restritivas de direito
Extinção da punibilidade Parágrafo único. Aplicam-se às penas res-
tritivas de direito os mesmos prazos previstos
Art. 107. Extingue-se a punibilidade: para as privativas de liberdade.
I – pela morte do agente;
II – pela anistia, graça ou indulto; Prescrição depois de transitar em julgado
Código Penal

III – pela retroatividade de lei que não mais sentença final condenatória
considera o fato como criminoso;
IV – pela prescrição, decadência ou peremp- Art. 110. A prescrição depois de transitar em
ção; julgado a sentença condenatória regula-se pela
pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados 51
no artigo anterior, os quais se aumentam de um Prescrição da multa
terço, se o condenado é reincidente.
§ 1o A prescrição, depois da sentença conde- Art. 114. A prescrição da pena de multa ocor-
natória com trânsito em julgado para a acusação rerá:
ou depois de improvido seu recurso, regula-se I – em 2 (dois) anos, quando a multa for a
pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma única cominada ou aplicada;
hipótese, ter por termo inicial data anterior à II – no mesmo prazo estabelecido para pres-
da denúncia ou queixa. crição da pena privativa de liberdade, quando
§ 2o (Revogado) a multa for alternativa ou cumulativamente
cominada ou cumulativamente aplicada.
Termo inicial da prescrição antes de
transitar em julgado a sentença final Redução dos prazos de prescrição

Art. 111. A prescrição, antes de transitar em Art. 115. São reduzidos de metade os prazos
julgado a sentença final, começa a correr: de prescrição quando o criminoso era, ao tempo
I – do dia em que o crime se consumou; do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou,
II – no caso de tentativa, do dia em que cessou na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.
a atividade criminosa;
III – nos crimes permanentes, do dia em que Causas impeditivas da prescrição
cessou a permanência;
IV – nos de bigamia e nos de falsificação ou Art. 116. Antes de passar em julgado a sen-
alteração de assentamento do registro civil, da tença final, a prescrição não corre:
data em que o fato se tornou conhecido; I – enquanto não resolvida, em outro proces-
V – nos crimes contra a dignidade sexual de so, questão de que dependa o reconhecimento
crianças e adolescentes, previstos neste Código da existência do crime;
ou em legislação especial, da data em que a II – enquanto o agente cumpre pena no ex-
vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a terior;
esse tempo já houver sido proposta a ação penal. III – na pendência de embargos de declaração
ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando
Termo inicial da prescrição após a sentença inadmissíveis; e
condenatória irrecorrível IV – enquanto não cumprido ou não rescin-
dido o acordo de não persecução penal.
Art. 112. No caso do art. 110 deste Código, a Parágrafo único. Depois de passada em jul-
prescrição começa a correr: gado a sentença condenatória, a prescrição não
I – do dia em que transita em julgado a sen- corre durante o tempo em que o condenado está
tença condenatória, para a acusação, ou a que preso por outro motivo.
revoga a suspensão condicional da pena ou o
livramento condicional; Causas interruptivas da prescrição
II – do dia em que se interrompe a execu-
ção, salvo quando o tempo da interrupção deva Art. 117. O curso da prescrição interrompe-se:
computar-se na pena. I – pelo recebimento da denúncia ou da
queixa;
Coletânea básica penal

Prescrição no caso de evasão do condenado II – pela pronúncia;


ou de revogação do livramento condicional III – pela decisão confirmatória da pronún-
cia;
Art. 113. No caso de evadir-se o condenado ou IV – pela publicação da sentença ou acórdão
de revogar-se o livramento condicional, a pres- condenatórios recorríveis;
crição é regulada pelo tempo que resta da pena. V – pelo início ou continuação do cumpri-
mento da pena;
52 VI – pela reincidência.
§ 1o Excetuados os casos dos incisos V e VI IV – à traição, de emboscada, ou mediante
deste artigo, a interrupção da prescrição pro- dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
duz efeitos relativamente a todos os autores do torne impossível a defesa do ofendido;
crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto V – para assegurar a execução, a ocultação,
do mesmo processo, estende-se aos demais a a impunidade ou vantagem de outro crime:
interrupção relativa a qualquer deles. Pena – reclusão, de doze a trinta anos;
§ 2o Interrompida a prescrição, salvo a hipó-
tese do inciso V deste artigo, todo o prazo come- Feminicídio
ça a correr, novamente, do dia da interrupção. VI – contra a mulher por razões da condição
de sexo feminino;
Art. 118. As penas mais leves prescrevem com VII – contra autoridade ou agente descrito
as mais graves. nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Na-
Art. 119. No caso de concurso de crimes, a cional de Segurança Pública, no exercício da
extinção da punibilidade incidirá sobre a pena função ou em decorrência dela, ou contra seu
de cada um, isoladamente. cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
até terceiro grau, em razão dessa condição;
Perdão judicial VIII – (Vetado):
Pena – reclusão, de doze a trinta anos.
Art. 120. A sentença que conceder perdão § 2o-A. Considera-se que há razões de con-
judicial não será considerada para efeitos de dição de sexo feminino quando o crime envolve:
reincidência. I – violência doméstica e familiar;
II – menosprezo ou discriminação à condição
de mulher.
PARTE ESPECIAL
TÍTULO I – Dos Crimes contra a Pessoa Homicídio culposo
CAPÍTULO I – Dos Crimes contra a Vida § 3o Se o homicídio é culposo:
Pena – detenção, de um a três anos.
Homicídio simples
Aumento de pena
Art. 121. Matar alguém: § 4o No homicídio culposo, a pena é au-
Pena – reclusão, de seis a vinte anos. mentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta
de inobservância de regra técnica de profissão,
Caso de diminuição de pena arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
§ 1o Se o agente comete o crime impelido imediato socorro à vítima, não procura diminuir
por motivo de relevante valor social ou moral, as consequências do seu ato, ou foge para evitar
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a
seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é
pode reduzir a pena de um sexto a um terço. praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze)
ou maior de 60 (sessenta) anos.
Homicídio qualificado § 5o Na hipótese de homicídio culposo, o
§ 2o Se o homicídio é cometido: juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conse-
I – mediante paga ou promessa de recom- quências da infração atingiram o próprio agente
pensa, ou por outro motivo torpe; de forma tão grave que a sanção penal se torne
II – por motivo fútil; desnecessária.
Código Penal

III – com emprego de veneno, fogo, explosi- § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço)
vo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou até a metade se o crime for praticado por milícia
cruel, ou de que possa resultar perigo comum; privada, sob o pretexto de prestação de serviço
de segurança, ou por grupo de extermínio.
53
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada para a prática do ato, ou que, por qualquer outra
de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for causa, não pode oferecer resistência, responde
praticado: o agente pelo crime descrito no § 2o do art. 129
I – durante a gestação ou nos 3 (três) meses deste Código.
posteriores ao parto; § 7o Se o crime de que trata o § 2o deste ar-
II – contra pessoa menor de 14 (catorze) tigo é cometido contra menor de 14 (quator-
anos, maior de 60 (sessenta) anos, com defi- ze) anos ou contra quem não tem o necessário
ciência ou portadora de doenças degenerativas discernimento para a prática do ato, ou que,
que acarretem condição limitante ou de vulne- por qualquer outra causa, não pode oferecer
rabilidade física ou mental; resistência, responde o agente pelo crime de
III – na presença física ou virtual de descen- homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.
dente ou de ascendente da vítima;
IV – em descumprimento das medidas pro- Infanticídio
tetivas de urgência previstas nos incisos I, II e
III do caput do art. 22 da Lei no 11.340, de 7 de Art. 123. Matar, sob a influência do estado
agosto de 2006. puerperal, o próprio filho, durante o parto ou
logo após:
Induzimento, instigação ou auxílio a Pena – detenção, de dois a seis anos.
suicídio ou a automutilação
Aborto provocado pela gestante ou com seu
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar- consentimento
-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe
auxílio material para que o faça: Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) consentir que outrem lho provoque:2
anos. Pena – detenção, de um a três anos.
§ 1o Se da automutilação ou da tentativa
de suicídio resulta lesão corporal de natureza Aborto provocado por terceiro
grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1o e 2o
do art. 129 deste Código: Art. 125. Provocar aborto, sem o consenti-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. mento da gestante:
§ 2o Se o suicídio se consuma ou se da au- Pena – reclusão, de três a dez anos.
tomutilação resulta morte:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. Art. 126. Provocar aborto com o consenti-
§ 3o A pena é duplicada: mento da gestante:3
I – se o crime é praticado por motivo egoís- Pena – reclusão, de um a quatro anos.
tico, torpe ou fútil; Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo
II – se a vítima é menor ou tem diminuída, anterior, se a gestante não é maior de quatorze
por qualquer causa, a capacidade de resistência. anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o
§ 4o A pena é aumentada até o dobro se a consentimento é obtido mediante fraude, grave
conduta é realizada por meio da rede de com- ameaça ou violência.
putadores, de rede social ou transmitida em
tempo real. Forma qualificada
Coletânea básica penal

§ 5o Aumenta-se a pena em metade se o


agente é líder ou coordenador de grupo ou de Art. 127. As penas cominadas nos dois artigos
rede virtual. anteriores são aumentadas de um terço, se, em
§ 6o Se o crime de que trata o § 1o deste artigo consequência do aborto ou dos meios empre-
resulta em lesão corporal de natureza gravíssima
e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos
ou contra quem, por enfermidade ou deficiência
2
NE: ver ADPF no 54.
54 mental, não tem o necessário discernimento 3
NE: ver ADPF no 54.
gados para provocá-lo, a gestante sofre lesão Lesão corporal seguida de morte
corporal de natureza grave; e são duplicadas, § 3o Se resulta morte e as circunstâncias
se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém evidenciam que o agente não quis o resultado,
a morte. nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena – reclusão, de quatro a doze anos.
Art. 128. Não se pune o aborto praticado por
médico:4 Diminuição de pena
§ 4o Se o agente comete o crime impelido
Aborto necessário por motivo de relevante valor social ou moral
I – se não há outro meio de salvar a vida da ou sob o domínio de violenta emoção, logo em
gestante; seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Aborto no caso de gravidez resultante de
estupro Substituição da pena
II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto § 5o O juiz, não sendo graves as lesões,
é precedido de consentimento da gestante ou, pode ainda substituir a pena de detenção pela
quando incapaz, de seu representante legal. de multa5:
I – se ocorre qualquer das hipóteses do pa-
rágrafo anterior;
CAPÍTULO II – Das Lesões Corporais II – se as lesões são recíprocas.

Lesão corporal Lesão corporal culposa


§ 6o Se a lesão é culposa:
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou Pena – detenção, de dois meses a um ano.
a saúde de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano. Aumento de pena
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço)
Lesão corporal de natureza grave se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e
§ 1o Se resulta: 6o do art. 121 deste Código.
I – incapacidade para as ocupações habituais, § 8o Aplica-se à lesão culposa o disposto no
por mais de trinta dias; § 5o do art. 121.
II – perigo de vida;
III – debilidade permanente de membro, Violência doméstica
sentido ou função; § 9o Se a lesão for praticada contra ascenden-
IV – aceleração de parto: te, descendente, irmão, cônjuge ou companhei-
Pena – reclusão, de um a cinco anos. ro, ou com quem conviva ou tenha convivido,
§ 2o Se resulta: ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações
I – incapacidade permanente para o trabalho; domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
II – enfermidade incurável; Pena – detenção, de 3 (três) meses a 3 (três)
III – perda ou inutilização de membro, sen- anos.
tido ou função; § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste
IV – deformidade permanente; artigo, se as circunstâncias são as indicadas no
V – aborto: § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3
Pena – reclusão, de dois a oito anos. (um terço).
Código Penal

5
NE: conforme determinação do art. 2o da Lei
no 7.209/1984, em razão do cancelamento das refe-
rências a valores de multas, a expressão “multa de”
4
NE: ver ADPF no 54. foi substituída por “multa”. 55
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena em estabelecimentos de qualquer natureza, em
será aumentada de um terço se o crime for co- desacordo com as normas legais.
metido contra pessoa portadora de deficiência.
§ 12. Se a lesão for praticada contra autori- Abandono de incapaz
dade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
Constituição Federal, integrantes do sistema Art. 133. Abandonar pessoa que está sob seu
prisional e da Força Nacional de Segurança cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e,
Pública, no exercício da função ou em decor- por qualquer motivo, incapaz de defender-se
rência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro dos riscos resultantes do abandono:
ou parente consanguíneo até terceiro grau, em Pena – detenção, de seis meses a três anos.
razão dessa condição, a pena é aumentada de § 1o Se do abandono resulta lesão corporal
um a dois terços. de natureza grave:
Pena – reclusão, de um a cinco anos.
§ 2o Se resulta a morte:
CAPÍTULO III – Da Periclitação da Vida e Pena – reclusão, de quatro a doze anos.
da Saúde
Aumento de pena
Perigo de contágio venéreo § 3o As penas cominadas neste artigo au-
mentam-se de um terço:
Art. 130. Expor alguém, por meio de relações I – se o abandono ocorre em lugar ermo;
sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio II – se o agente é ascendente ou descendente,
de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima;
que está contaminado: III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.
Pena – detenção, de três meses a um ano,
ou multa. Exposição ou abandono de recém-nascido
§ 1o Se é intenção do agente transmitir a
moléstia: Art. 134. Expor ou abandonar recém-nascido,
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. para ocultar desonra própria:
§ 2o Somente se procede mediante repre- Pena – detenção, de seis meses a dois anos.
sentação. § 1o Se do fato resulta lesão corporal de na-
tureza grave:
Perigo de contágio de moléstia grave Pena – detenção, de um a três anos.
§ 2o Se resulta a morte:
Art. 131. Praticar, com o fim de transmitir a Pena – detenção, de dois a seis anos.
outrem moléstia grave de que está contaminado,
ato capaz de produzir o contágio: Omissão de socorro
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando
Perigo para a vida ou saúde de outrem possível fazê-lo sem risco pessoal, a criança
abandonada ou extraviada, ou a pessoa inválida
Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente
a perigo direto e iminente: perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da
Coletânea básica penal

Pena – detenção, de três meses a um ano, se autoridade pública:


o fato não constitui crime mais grave. Pena – detenção, de um a seis meses, ou
Parágrafo único. A pena é aumentada de multa.
um sexto a um terço se a exposição da vida ou Parágrafo único. A pena é aumentada de
da saúde de outrem a perigo decorre do trans- metade, se da omissão resulta lesão corporal de
porte de pessoas para a prestação de serviços natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.

56
Condicionamento de atendimento médico- CAPÍTULO V – Dos Crimes contra a Honra
hospitalar emergencial
Calúnia
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota pro-
missória ou qualquer garantia, bem como o Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe
preenchimento prévio de formulários admi- falsamente fato definido como crime:
nistrativos, como condição para o atendimento Pena – detenção, de seis meses a dois anos,
médico-hospitalar emergencial: e multa.
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) § 1o Na mesma pena incorre quem, sabendo
ano, e multa. falsa a imputação, a propala ou divulga.
Parágrafo único. A pena é aumentada até § 2o É punível a calúnia contra os mortos.
o dobro se da negativa de atendimento resulta
lesão corporal de natureza grave, e até o triplo Exceção da verdade
se resulta a morte. § 3o Admite-se a prova da verdade, salvo:
I – se, constituindo o fato imputado crime
Maus-tratos de ação privada, o ofendido não foi condenado
por sentença irrecorrível;
Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de II – se o fato é imputado a qualquer das pes-
pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, soas indicadas no no I do art. 141;
para fim de educação, ensino, tratamento ou III – se do crime imputado, embora de ação
custódia, quer privando-a de alimentação ou pública, o ofendido foi absolvido por sentença
cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a irrecorrível.
trabalho excessivo ou inadequado, quer abu-
sando de meios de correção ou disciplina: Difamação
Pena – detenção, de dois meses a um ano,
ou multa. Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato
§ 1o Se do fato resulta lesão corporal de na- ofensivo à sua reputação:
tureza grave: Pena – detenção, de três meses a um ano,
Pena – reclusão, de um a quatro anos. e multa.
§ 2o Se resulta a morte:
Pena – reclusão, de quatro a doze anos. Exceção da verdade
§ 3o Aumenta-se a pena de um terço, se o Parágrafo único. A exceção da verdade so-
crime é praticado contra pessoa menor de ca- mente se admite se o ofendido é funcionário
torze anos. público e a ofensa é relativa ao exercício de suas
funções.

CAPÍTULO IV – Da Rixa Injúria

Rixa Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a


dignidade ou o decoro:
Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar Pena – detenção, de um a seis meses, ou
os contendores: multa.
Pena – detenção, de quinze dias a dois meses, § 1o O juiz pode deixar de aplicar a pena:
ou multa. I – quando o ofendido, de forma reprovável,
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão provocou diretamente a injúria;
Código Penal

corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato II – no caso de retorsão imediata, que consista
da participação na rixa, a pena de detenção, de em outra injúria.
seis meses a dois anos. § 2o Se a injúria consiste em violência ou
vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio
empregado, se considerem aviltantes: 57
Pena – detenção, de três meses a um ano, e Parágrafo único. Nos casos em que o quere-
multa, além da pena correspondente à violência. lado tenha praticado a calúnia ou a difamação
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de utilizando-se de meios de comunicação, a retra-
elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, tação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos
origem ou a condição de pessoa idosa ou por- mesmos meios em que se praticou a ofensa.
tadora de deficiência:
Pena – reclusão de um a três anos e multa. Art. 144. Se, de referências, alusões ou frases,
se infere calúnia, difamação ou injúria, quem
Disposições comuns se julga ofendido pode pedir explicações em
juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a cri-
Art. 141. As penas cominadas neste Capítu- tério do juiz, não as dá satisfatórias, responde
lo aumentam-se de um terço, se qualquer dos pela ofensa.
crimes é cometido:
I – contra o Presidente da República, ou con- Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítu-
tra chefe de governo estrangeiro; lo somente se procede mediante queixa, salvo
II – contra funcionário público, em razão quando, no caso do art. 140, § 2o, da violência
de suas funções; resulta lesão corporal.
III – na presença de várias pessoas, ou por Parágrafo único. Procede-se mediante requi-
meio que facilite a divulgação da calúnia, da sição do Ministro da Justiça, no caso do inciso
difamação ou da injúria; I do caput do art. 141 deste Código, e mediante
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) representação do ofendido, no caso do inciso
anos ou portadora de deficiência, exceto no II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o
caso de injúria. do art. 140 deste Código.
§ 1o Se o crime é cometido mediante paga
ou promessa de recompensa, aplica-se a pena
em dobro. CAPÍTULO VI – Dos Crimes contra a
§ 2o (Vetado) Liberdade Individual
SEÇÃO I – Dos Crimes contra a Liberdade
Exclusão do crime Pessoal

Art. 142. Não constituem injúria ou difamação Constrangimento ilegal


punível:
I – a ofensa irrogada em juízo, na discussão Art. 146. Constranger alguém, mediante vio-
da causa, pela parte ou por seu procurador; lência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver
II – a opinião desfavorável da crítica literária, reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade
artística ou científica, salvo quando inequívoca de resistência, a não fazer o que a lei permite,
a intenção de injuriar ou difamar; ou a fazer o que ela não manda:
III – o conceito desfavorável emitido por fun- Pena – detenção, de três meses a um ano,
cionário público, em apreciação ou informação ou multa.
que preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único. Nos casos dos nos I e III, Aumento de pena
responde pela injúria ou pela difamação quem § 1o As penas aplicam-se cumulativamente
Coletânea básica penal

lhe dá publicidade. e em dobro, quando, para a execução do crime,


se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego
Retratação de armas.
§ 2o Além das penas cominadas, aplicam-se
Art. 143. O querelado que, antes da sentença, as correspondentes à violência.
se retrata cabalmente da calúnia ou da difama- § 3o Não se compreendem na disposição
ção, fica isento de pena. deste artigo:
58
I – a intervenção médica ou cirúrgica, sem o Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa,
consentimento do paciente ou de seu represen- além da pena correspondente à violência.
tante legal, se justificada por iminente perigo § 1o Nas mesmas penas incorre quem:
de vida; I – cerceia o uso de qualquer meio de trans-
II – a coação exercida para impedir suicídio. porte por parte do trabalhador, com o fim de
retê-lo no local de trabalho;
Ameaça II – mantém vigilância ostensiva no local
de trabalho ou se apodera de documentos ou
Art. 147. Ameaçar alguém, por palavra, escrito objetos pessoais do trabalhador, com o fim de
ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de retê-lo no local de trabalho.
causar-lhe mal injusto e grave: § 2o A pena é aumentada de metade, se o
Pena – detenção, de um a seis meses, ou crime é cometido:
multa. I – contra criança ou adolescente;
Parágrafo único. Somente se procede me- II – por motivo de preconceito de raça, cor,
diante representação. etnia, religião ou origem.

Sequestro e cárcere privado Tráfico de pessoas

Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, me- Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, trans-
diante sequestro ou cárcere privado: portar, transferir, comprar, alojar ou acolher pes-
Pena – reclusão, de um a três anos. soa, mediante grave ameaça, violência, coação,
§ 1o A pena é de reclusão, de dois a cinco fraude ou abuso, com a finalidade de:
anos: I – remover-lhe órgãos, tecidos ou partes
I – se a vítima é ascendente, descendente, do corpo;
cônjuge ou companheiro do agente ou maior II – submetê-la a trabalho em condições
de 60 (sessenta) anos; análogas à de escravo;
II – se o crime é praticado mediante inter- III – submetê-la a qualquer tipo de servidão;
nação da vítima em casa de saúde ou hospital; IV – adoção ilegal; ou
III – se a privação da liberdade dura mais V – exploração sexual:
de quinze dias; Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos,
IV – se o crime é praticado contra menor de e multa.
18 (dezoito) anos; § 1o A pena é aumentada de um terço até
V – se o crime é praticado com fins libidi- a metade se:
nosos. I – o crime for cometido por funcionário
§ 2o Se resulta à vítima, em razão de maus- público no exercício de suas funções ou a pre-
-tratos ou da natureza da detenção, grave so- texto de exercê-las;
frimento físico ou moral: II – o crime for cometido contra criança,
Pena – reclusão, de dois a oito anos. adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência;
III – o agente se prevalecer de relações de
Redução a condição análoga à de escravo parentesco, domésticas, de coabitação, de hos-
pitalidade, de dependência econômica, de auto-
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga ridade ou de superioridade hierárquica inerente
à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos ao exercício de emprego, cargo ou função; ou
forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitan- IV – a vítima do tráfico de pessoas for reti-
do-o a condições degradantes de trabalho, quer rada do território nacional.
Código Penal

restringindo, por qualquer meio, sua locomoção § 2o A pena é reduzida de um a dois terços
em razão de dívida contraída com o empregador se o agente for primário e não integrar organi-
ou preposto: zação criminosa.

59
SEÇÃO II – Dos Crimes contra a Sonegação ou destruição de
Inviolabilidade do Domicílio correspondência
§ 1o Na mesma pena incorre:
Violação de domicílio I – quem se apossa indevidamente de cor-
respondência alheia, embora não fechada e, no
Art. 150. Entrar ou permanecer, clandestina ou todo ou em parte, a sonega ou destrói;
astuciosamente, ou contra a vontade expressa
ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou Violação de comunicação telegráfica,
em suas dependências: radioelétrica ou telefônica
Pena – detenção, de um a três meses, ou II – quem indevidamente divulga, transmite
multa. a outrem ou utiliza abusivamente comunicação
§ 1o Se o crime é cometido durante a noite, telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro,
ou em lugar ermo, ou com o emprego de vio- ou conversação telefônica entre outras pessoas;
lência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas: III – quem impede a comunicação ou a con-
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, versação referidas no número anterior;
além da pena correspondente à violência. IV – quem instala ou utiliza estação ou apa-
§ 2o (Revogado) relho radioelétrico, sem observância de dispo-
§ 3o Não constitui crime a entrada ou perma- sição legal.
nência em casa alheia ou em suas dependências: § 2o As penas aumentam-se de metade, se
I – durante o dia, com observância das for- há dano para outrem.
malidades legais, para efetuar prisão ou outra § 3o Se o agente comete o crime, com abuso
diligência; de função em serviço postal, telegráfico, radioe-
II – a qualquer hora do dia ou da noite, quan- létrico ou telefônico:
do algum crime está sendo ali praticado ou na Pena – detenção, de um a três anos.
iminência de o ser. § 4o Somente se procede mediante represen-
§ 4o A expressão “casa” compreende: tação, salvo nos casos do § 1o, no IV, e do § 3o.
I – qualquer compartimento habitado;
II – aposento ocupado de habitação coletiva; Correspondência comercial
III – compartimento não aberto ao público,
onde alguém exerce profissão ou atividade. Art. 152. Abusar da condição de sócio ou
§ 5o Não se compreendem na expressão empregado de estabelecimento comercial ou
“casa”: industrial para, no todo ou em parte, desviar,
I – hospedaria, estalagem ou qualquer outra sonegar, subtrair ou suprimir correspondência,
habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a ou revelar a estranho o seu conteúdo:
restrição do no II do parágrafo anterior; Pena – detenção, de três meses a dois anos.
II – taverna, casa de jogo e outras do mesmo Parágrafo único. Somente se procede me-
gênero. diante representação.

SEÇÃO III – Dos Crimes contra a SEÇÃO IV – Dos Crimes contra a


Inviolabilidade de Correspondência Inviolabilidade dos Segredos
Coletânea básica penal

Violação de correspondência Divulgação de segredo

Art. 151. Devassar indevidamente o conteúdo Art. 153. Divulgar alguém, sem justa causa,
de correspondência fechada, dirigida a outrem: conteúdo de documento particular ou de cor-
Pena – detenção, de um a seis meses, ou respondência confidencial, de que é destinatário
multa. ou detentor, e cuja divulgação possa produzir
dano a outrem:
60

Você também pode gostar