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ESCOLA DE ENFERMAGEM CATARINA DE SIENA LTDA

FUNDADA EM 18/10/97 – RECREDENCIADA NA FORMA PRESENCIAL E


CREDENCIADA NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD),
COMO INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO BÁSICA PELA PORTARIA – SEI Nº
217 DE 11 DE ABRIL DE 2022.
CNPJ: 02.101.472/0001-66 – RUA SÃO JOÃO, 553 – SÃO BENEDITO – PAU
DOS FERROS – CEP: 59.900-000 – FONE: (84) 3351-2108

ASSISTÊNCIA À CLIENTES
QUEIMADOS

PAU DOS FERROS-RN


2023
CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM

ASSISTÊNCIA À CLIENTES QUEIMADOS


MODULO III – CARGA HORÁRIA 20 HORAS

PROFº ENFº JOSE WILKINSON DE QUEIROZ LEITE


PROFº ENFº LUPICINO PEIXOTO SOARES JUNIOR
PROFº ENFº BRENDA DIAS DE ARAUJO
PROFº ENFº IZAEL GOMES DA SILVA

PAU DOS FERROS-RN


2023
 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE

 Antes de falarmos propriamente de


queimaduras vamos entender primeiramente a
anatomia e fisiologia da pele, compreendendo
sua relação com as queimaduras. A pele
funciona como um tecido, e é o maior órgão
do corpo humano, pois reveste toda superfície
externa do corpo. Em um único centímetro de
pele existem: 70 receptores do calor, 15
receptores do frio, 100 glândulas sebáceas,
mais de 500 glândulas sudoríparas, dezenas de
milhões de células, a nossa pele mede quase 2
m2 e pesa aproximadamente 4 a 9 kg.
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 NOSSA PELE É COMPOSTA DE CAMADAS:
 EPIDERME: Camada mais externa, destituída de vasos sanguíneos, funciona como
uma barreira de proteção contra o meio ambiente. Protegendo contra danos externos e
dificultando a saída de água (do organismo) e a entrada de substâncias e de micróbios
no organismo. É constantemente renovada pela descamação das células. Os
queratinócitos, as principais células da epiderme, tem a função de revestimento. Estão
em constante renovação, sendo as células exteriores mais “velhas” continuamente
eliminadas, de forma imperceptível. Na epiderme estão os melanócitos, as células que
produzem melanina, o pigmento que dá cor à pele. A epiderme também origina os
anexos da pele: unhas, pelos, glândulas sudoríparas e glândulas sebáceas.
 DERME: É a camada intermediária da pele, formada por fibras de colágeno e elastina
dão tonicidade, elasticidade e equilíbrio à pele. Camada mais interna, que relativamente
compõem-se de tecido conectivo fibroso. Contém uma rede de pequenos vasos
sanguíneos, linfáticos e fibras nervosas os acessórios da epiderme incluindo as
glândulas sudoríparas, as glândulas sebáceas e os folículos pilosos estão ancorados aqui.
As glândulas sudoríparas e as glândulas sebáceas são, respectivamente, responsáveis por
regular a temperatura corporal (através da eliminação de substâncias que dão origem ao
suor) e por produzir e excretar a oleosidade ou sebo na pele. O número de terminações
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nervosas, glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas, folículos pilosos e vasos
sanguíneos varia nas diferentes regiões do corpo. A parte superior da cabeça, por
exemplo, tem uma grande quantidade de folículos pilosos, ao contrário da palma das
mãos e da planta dos pés.
 HIPODERME: Constituído por tecido adiposo (gordura), que protege contra o frio. É
um tecido conjuntivo frouxo ou adiposo que faz conexão entre a derme e a
fáscia muscular e a camada de tecido adiposo é variável à pessoa e localização.
Funções: Reservatório energético, isolante térmico, modela superfície corporal,
absorção de choque e fixação dos órgãos.
 PRINCIPAIS FUNÇÕES DA PELE: Barreira protetora contra qualquer tipo de agente
(proteção contra infecção, prevenção da perda de liquido corporal). Regulação da
temperatura corporal e Sensibilidade (contato sensorial com o ambiente). Social e
interativa (Produz a imagem e identidade corporal). Além dessas funções, a pele
também tem função Imunológica (Auxilia na resposta a antígenos para imunidade
celular. O sebo possui propriedades antibacterianas e ajuda a desprender bactérias
tópicas por meio da descamação natural). Metabólica (Produz vitamina D).

 QUEIMADURA

 Queimaduras são lesões no tecido do revestimento do corpo, causada por agentes


térmicos, químicos ou elétricos, podendo destruir total ou parcialmente a pele e seus
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anexos, e até atingir camadas mais profundas (músculos, tendões e ossos). A
queimadura danifica basicamente a pele, causando destruição dos vasos sanguíneos da
área afetada.

 ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA: As causas mais frequentes das queimaduras são


a chama de fogo, o contato com água fervente ou outros líquidos quentes. Queimadura
química é denominação dada às lesões cáusticas provocadas por agentes químicos. As
queimaduras em crianças, na maioria dos casos, acontecem no ambiente doméstico e
são provocadas pelo derramamento de líquidos quentes sobre o corpo, como água
fervente na cozinha, água quente de banho, bebidas e outros líquidos quentes, como
óleo de cozinha.
 Segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras, no Brasil acontecem um milhão de
casos de queimaduras a cada ano, 200 mil são atendidos em serviços de emergência, e
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40 mil demandam hospitalização. As queimaduras estão entre as principais causas
externas de morte registradas no Brasil, perdendo apenas para acidentes de transporte e
homicídios. As injúrias elétricas podem ser causadas pela passagem da corrente elétrica
através do corpo ou pela exposição ao calor gerado pelo arco de corrente de alta tensão.
 No primeiro caso, além do dano térmico, há risco de alteração na condução elétrica
cardíaca, que deve ser devidamente monitorada. Ainda é causa comum de queimaduras,
no Brasil, a chama de fogo pela manipulação de álcool etílico líquido. Sendo
responsável pela maioria dos casos em adolescentes e pela segunda maior causa em
crianças atendidas em hospital de referência em urgência de Minas Gerais. Cerca de
40% das queimaduras de crianças entre sete e 11 anos de idade em um hospital-escola
no Estado de São Paulo. Nesses casos costumam ser mais superficiais, porém mais
extensas.
 FISIOPATOLOGIA DA QUEIMADURA: A
queimadura compromete a integridade
funcional da pele, responsável pela
homeostase hidroeletrolítica, controle da
temperatura interna, flexibilidade e
lubrificação da superfície corporal. Portando,
a magnitude do comprometimento dessas
funções depende da extensão e profundidade
da queimadura.

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 O organismo reage de forma local e sistêmica a queimadura. A resposta local tem


origem na lesão direta do tecido e as principais alterações fisiológicas que ocorrem num
processo de queimadura são aumento da permeabilidade capilar e edema. Nas grandes
queimaduras, além da resposta local, o dano térmico desencadeia ainda uma reação
sistêmica do organismo, em consequência da liberação de mediadores pelo
tecido lesado.
 Ocorre extenso dano à integridade capilar, com perda acelerada de fluidos
pela evaporação através da ferida que é agravada por subprodutos da colonização
bacteriana. Além disso, nas queimaduras extensas, superiores a 40% da área corporal, o

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sistema imune é incapaz de delimitar a infecção, que, sistematizando-se, torna rara a
sobrevida nesses casos.
 A queimadura é toda lesão provocada pelo contato direto com alguma fonte de calor ou
frio, produtos químicos, corrente elétrica, radiação, ou mesmo alguns animais e plantas
(como larvas, água-viva, urtiga), entre outros.

 A QUEIMADURA SE CLASSIFICA DE ACORDO COM

 AGENTE CAUSADOR: Queimadura térmica: causadas por chamas, água quente ou


vapor, outros líquidos quentes (água é o mais comum) superfícies quentes, temperatura
extremamente alta.
 Queimadura elétrica: causadas por passagem de corrente elétrica pelo corpo. Os danos
internos podem ser bem maiores do que mostra a aparência da pele. Tais queimaduras
também podem estar associadas a lesões térmicas.

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 Queimadura química: causada por derramamento ou vazamento de ácidos fortes, ou outras


substancias corrosivas, são geralmente lesões industriais. Ocorre dano aos órgãos vitais se os
produtos químicos forem absorvidos pela corrente sanguínea.
 Queimadura solar: causada por radiação solar em excesso. Exposição prolongada ao sol em
horários críticos. Os sintomas podem incluir pele hiperemiada, cefaleia, tontura, entre outros.

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Neste caso deve-se proceder deixando o indivíduo com os membros inferiores elevados, pouca
vestimenta, dar-lhe bastante líquidos e deixa-lo em lugar fresco e arejado.

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 PROFUNDIDADE: 1° Grau: Camadas mais superficiais da epiderme. Quadro clínico:


rubor, dor ao toque, edema leve, sem bolhas. Cicatrização leva de 4 a 6 dias.
 2° Grau: Destruição da epiderme e lesões parciais da derme. Quadro clínico: muita dor
pela irritação das terminações nervosas, com presença de bolhas (barreira de proteção a
infecção). A cicatrização vai de 7 a 21 dias.

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 3° Grau: são profundas atingindo todas as camadas da pele. Fibras musculares


e tecidos ósseos subjacentes podem ser acometidos. Não apresentam
sintomatologia dolorosa e não reepitelizam, havendo perda dos anexos epidérmicos e
das terminações nervosas epidérmicas e dérmicas.
 4º Grau: Ocorre destruição completa de todos os tecidos. Carbonização. Tecido negro.

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 EXTENSÃO: Extensão é a porcentagem da área da superfície corporal queimada. É a


própria extensão da queimadura, determina a gravidade da lesão e a conduta a ser
tomada.
 A extensão da Queimadura é determinada pela mensuração da área de superfície da
parte afetada. Essa medida é descrita em termos de uma porcentagem do corpo todo, a
“Regra dos Nove” (o método mais rápido e mais fácil).
 É o Guia Universal para o cálculo de lesões por queimaduras) aonde o corpo é dividido
em seções cada qual medindo 9% ou múltiplos de nove, somando-se depois a
porcentagem da área afetada.

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 LOCALIZAÇÃO: Em razão dos riscos estéticos e funcionais, são desfavoráveis as


queimaduras que comprometem face, pescoço e mãos. Além disso, aquelas localizadas
em face e pescoço costumam estar mais frequentemente associadas à inalação de
fumaça, assim como podem causar edema considerável, prejudicando a permeabilidade
das vias respiratórias e levando à insuficiência respiratória. Por outro lado, as
queimaduras próximas a orifícios naturais apresentam maiores riscos de contaminação
séptica.

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 GRAVIDADE: A gravidade da queimadura está ligada a outros fatores como:


1. Profundidade;
2. Extensão;
3. Idade da Vítima. Idosos e crianças costumam ter repercussão sistêmica mais crítica,
os primeiros pela maior dificuldade de adaptação do organismo, e os últimos pela
desproporção da superfície corporal em relação ao peso. Nessas faixas etárias as
complicações são, portanto, mais comuns e mais graves.);
4. Doenças e condições associadas (São condições que pioram o prognóstico os traumas
concomitantes, principalmente neurológicos, ortopédicos e abdominais. Poli

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traumatismos, assim como a presença de doenças preexistentes, tais como insuficiência
cardíaca, insuficiência renal, hipertensão arterial.
5. Localização da Lesão (Envolvimento das áreas críticas): as seguintes áreas
são consideradas lesões graves. Mãos e pés: podem produzir incapacidade permanente
após o processo de cicatrização. Face: associa-se com queimaduras de vias aéreas,
inalação de fumaça e intoxicação por monóxido de carbono. Produzem desfiguração.
Olhos: pode causar a cegueira. Genital: tem alta incidência de infecção sendo de difícil
tratamento. Qualquer queimadura circunferencial profunda pode causar complicações
graves, especialmente no pescoço (obstrução de vias aéreas), tórax (restrição a
ventilação pulmonar) e extremidades (obstrução a circulação). Lesões associadas graves
(fraturas e outras). Pacientes com queimaduras elétricas. Lesão por inalação. Lesões em
mãos, pés, face, olhos e períneo.

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 TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR

 Primeiramente tente apagar o fogo abafando com cobertor ou rolando com a vítima no
chão. Em caso de queimaduras elétricas, desligue a fonte de energia antes de tocar na
vítima. Exame primário - CABD da vida. Remova as roupas da vítima e faça uma
estimativa da SCQ pela regra dos nove. Com base nestes parâmetros encaminhe ao
hospital. Resfrie a lesão, irrigando-a com água na temperatura ambiente.
 Em caso de hipotermia envolva a vítima em lençóis limpos para reduzir a perda de calor
e a contaminação bacteriana. Não rompa bolhas íntegras e não use gelo no local. Retire
relógio, anéis e braceletes. Observe sinais vitais e sinais de choque. Não ofereça
medicamentos ou alimentação oral até que o paciente tenha sido avaliado.
 Não aplique na queimadura: manteiga, pasta de dente, água sanitária, pomadas ou óleos.
Observe as vias respiratórias em vítimas com queimadura facial. Trate o choque e
traumas associados, e contenha hemorragias externas e imobilize fraturas. OBS:
Queimaduras elétricas são difíceis de avaliar. Leve a vítima ao hospital mesmo que a
lesão pareça superficial. A eletricidade pode provocar PCR.
 PROCEDIMENTOS QUE DEVEM SER EVITADOS: Não dar líquidos para a vítima
ingerir caso esteja inconsciente. Não ultrapassar o tempo de 10 minutos lavando a área
queimada, pois pode provocar hipotermia. Se houver “bolhas”, não perfurar, pois o risco
de infecção pode aumentar. Não aplicar nenhum tipo de loção, creme, infusão caseira,
pasta de dente, pó de café, gelo, produtos gordurosos (como graxa e óleo), pois só
complica e interfere no tratamento. Não remover roupas ou acessórios que aderiram ao
tecido cutâneo lesado.
 PROCEDIMENTOS NA HOSPITALIZAÇÃO: Manter o paciente em maca própria.
Inalar O2 se for necessário, sob cateter nasal, até 3 litros/minuto, ou sob máscara facial.
Verificar sinais vitais. Lavar as áreas queimadas com Soro fisiológico 0,9% e mantê-las
cobertas com gaze ou compressa úmida. Retirar as vestimentas que estejam aderidas,
com orientação médica, pois às vezes é necessária a administração de analgésicos
anteriormente. Puncionar acesso venoso de grosso calibre, colher amostras de sangue e
manter a hidratação conforme orientação medica.

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 Fazer uma análise da extensão queimadura. Fazer controle do débito urinário. Manter o
material de intubação de fácil acesso, assim como o respirador. Providenciar
transferência do paciente da sala de emergência para outro lugar predestinado.
 MEDIDAS PREVENTIVAS PARA EVITAR QUEIMADURAS: As medidas
educativas de prevenção consistem em orientar desde cedo as crianças a evitar situações
de risco para queimaduras no ambiente doméstico. Incluir nos currículos escolares o
ensino de prevenção de acidentes, entre eles as queimaduras, além de campanhas
preventivas gerais voltadas para toda a população. Campanhas educativas particulares,
para serem mais eficazes, devem basear-se em dados epidemiológicos confiáveis que
identifiquem causas específicas de queimaduras e respectivas populações de risco, às
quais devem ser periodicamente dirigidas.
 INCLUSÃO SOCIAL: Um trauma térmico, independentemente de sua extensão, é uma
agressão que pode causar danos físicos e psicológicos ao paciente. Para o paciente que
sofreu queimaduras e necessita de internação hospitalar, essa é uma fase complicada,
pois ele será atingido por uma variedade de estressores físicos tais como: Perda de
fluidos, alterações no equilíbrio endócrino, potencial para infecção, dor, além dos
estressores psicológicos decorrentes de situações como: Separação da família,
afastamento do trabalho, mudanças corporais, despersonalização, dependência de
cuidados, perda da autonomia e tensão constante.
 No momento em que são prestados os primeiros cuidados ao paciente, os profissionais
de saúde preocupam-se em reanimar o estado fisiológico a fim de estabelecer um
quadro estável para que, posteriormente, ele possa ser avaliado considerando-se também
o estado psicológico.
 Durante o período de hospitalização, a pessoa que sofre uma queimadura passa a
perceber a extensão de seu problema e a pensar como poderão ficar as cicatrizes, se
haverá sequelas mais graves que possam comprometer, de alguma forma, a estrutura ou
função do corpo. Limitando atividades importantes como as atividades de vida diária, o
autocuidado, a higiene corporal e o trabalho.
 Considera-se que, ao sofrer uma queimadura, o paciente passará por três fases distintas
que se relacionam tanto com a recuperação física quanto com a psicológica.
 A primeira fase, é o estágio crítico: de ressuscitação ou de estabilização, corresponde às
primeiras 72 horas após a ocorrência do acidente e se caracteriza pela instabilidade do
paciente.

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 Após a estabilização, o paciente passará por uma segunda etapa, fase aguda de
reabilitação: que envolve a realização de procedimentos bastante dolorosos e que,
frequentemente, começam a gerar expectativas, em relação aos seus resultados. Esses
procedimentos ocorrem em um momento de maior consciência de impacto físico e
psicológico do trauma.
 Finalmente, a terceira fase, que tem sido chamada de reabilitação de longa
duração: começa quando o paciente está para ter alta hospitalar.
 Estudos focados nos problemas emocionais que a pessoa queimada apresenta, observou-
se que, na fase aguda, o paciente que sofreu queimaduras apresenta também um choque
emocional, decorrente de fatores emocionais e orgânicos, que se manifesta por meio de
sintomas característicos como:
 Insônia, instabilidade emocional, estado de alarme e pesadelos com o traumatismo. O
medo da mutilação poderá aparecer em seguida. É importante conhecer as perspectivas
apresentadas por eles em relação aos fatos vivenciados nesse período e que foram
considerados como significantes por essas pessoas.
 TRATAMENTO DO PACIENTE COM LESÃO POR QUEIMADURA: O atendimento
da queimadura deve ser planejado de acordo com a profundidade da queimadura e
resposta local, extensão da lesão e presença de uma resposta sistêmica. Então o
atendimento da queimadura prossegue nas três fases:
 Fase de emergência/reanimação. Fase aguda. Fase de reabilitação.

 TRATAMENTO DO PACIENTE COM QUEIMADURA

 O atendimento da queimadura deve ser planejado de acordo com a profundidade da


queimadura e resposta local, extensão da lesão e presença de uma resposta sistêmica.
Então o atendimento da queimadura prossegue nas três fases: fase de
emergência/reanimação, fase aguda e fase de reabilitação.
 1°: FASE DE EMERGÊNCIA /REANIMAÇÃO DO CUIDADO DA QUEIMADURA:
A fase de reanimação do tratamento consiste no período de tempo necessário para
resolver os problemas imediatos resultantes das lesões provocadas pelas queimaduras.
As medidas imediatas objetivam tratar as alterações sistêmicas e as áreas que sofreram
queimadura. A primeira prioridade do atendimento local a uma vítima de queimadura
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consiste em evitar a lesão para o agente resgate, depois as prioridades iniciais na
emergência são com a via aérea, respiração e circulação.
 Caso o paciente tenha problemas pulmonares, o ar inspirado deve ser umidificado e o
paciente é encorajado a tossir, de modo que as secreções possam ser removidas por
meio de aspiração. Quando se desenvolve o edema de vias aéreas, pode ser necessária
intubação endotraqueal. É importante obter um relato do cenário da queimadura
fornecido pelo paciente.
 As informações precisam incluir horário da queimadura, fonte da queimadura, local
onde ocorreu, como a queimadura foi tratada no local e qualquer história de queda ou
lesão. Obter história das doenças pré-existentes, alergias, medicamentos, bem como o
uso de drogas, álcool e tabaco, visando planejar o cuidado.
 Deve-se avaliar a condição geral do paciente, examinar a queimadura. A avaliação da
área queimada e da profundidade da queimadura é concluída depois que a fuligem e os
resíduos foram delicadamente retirados da queimadura. Lençóis limpos são colocados
sob o paciente para proteger a área contra a contaminação, manter a temperatura
corporal e reduzir a dor.
 Uma sonda urinária de demora é inserida para possibilitar a monitorização mais exata
do controle hídrico e a função renal para os pacientes com queimaduras moderadas e
graves. Como as queimaduras são feridas contaminadas, administra-se a profilaxia
contra o tétano, caso o estado de imunização do paciente não esteja atualizado, ou seja,
desconhecido.
 Embora o principal foco do cuidado, durante a fase de emergência, seja a estabilização
física, a equipe de enfermagem também deve assistir as necessidades psicológicas do
paciente e da família.
 2°: FASE AGUDA OU INTERMEDIÁRIA DO CUIDADO DA QUEIMADURA: A
fase aguda do tratamento começa no final da fase de reanimação até a cicatrização das
lesões, sendo a sua duração variável. Se tratar de uma lesão de espessura parcial, a fase
aguda prolonga-se por 10 a 20 dias. Se a queimadura for uma lesão de espessura total,
numa grande percentagem do corpo, exigindo enxertos de pele, a fase aguda poderá
durar meses.
 Durante a fase aguda, há dois princípios orientadores a respeitar: 1. Tratamento das
lesões da queimadura. 2. Evitar, detectar e tratar as complicações.

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 As complicações mais comuns são: infecção (septicemia e pneumonia), doença renal e
falência cardíaca. Durante essa fase, a atenção é direcionada no sentido da avaliação
continuada e da manutenção dos estados respiratório e circulatório, equilíbrio
hidroeletrolíticos e a função gastrointestinal. Apesar das precauções assépticas e do uso
de agentes antimicrobianos tópicos, a queimadura é um meio excelente para
o crescimento e proliferação bacteriana.
 A presença de infecção impede a cicatrização da queimadura, por isso a limpeza das
feridas é indispensável, com SF0,9% ou Água e sabão neutro. Depois que as
queimaduras são limpas, elas são secas suavemente com toalhas.
 A terapia antimicrobiana aplicada na queimadura é o melhor método de cuidado local
na queimadura extensa. A terapia antimicrobiana tópica não esteriliza a queimadura, ela
apenas reduz a quantidade de bactérias, ajudando o sistema imunológico do paciente.
 O desbridamento do tecido desvitalizado ajuda na cicatrização da lesão e a cobertura
das feridas protege contra infeções.
 3°: FASE DE REABILITAÇÃO DO CUIDADO DA QUEIMADURA: A reabilitação
como 3ª fase inicia-se quando a queimadura está reduzida a menos de 20% da área da
superfície corporal e o doente seja capaz de assumir uma parte dos cuidados. O paciente
queimado concentra-se cada vez mais nas alterações de autoimagem e do estilo devida
que podem acontecer. A cura da ferida, o apoio psicossocial e as restaurações da
atividade funcional máxima permanecem como prioridades. Prossegue o foco sobre a
manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e a melhoria do estado nutricional.
 As lesões por queimaduras podem ter um impacto importante sobre a qualidade de vida.
Podendo ocorrer alterações nas atividades físicas e sociais, psicológicas e a referência
para os grupos de apoio podem ser valiosos para promover a recuperação e a qualidade
de vida. Pode ser necessária a cirurgia reconstrutora para melhorar a aparência corporal
e a função.
 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: A assistência ao paciente com lesão por
queimadura precisa de um conhecimento profundo sobre as alterações anatômicas e
fisiológicas que ocorrem após a lesão. É necessário que a equipe de enfermagem
procure: Manter a oxigenação tecidual adequada. Incentivar o paciente a mudança de
decúbito. Observar sinais vitais e débito urinário. Manutenção da temperatura corporal
adequada. Usar escala de intensidade da dor para avaliar o nível da dor.

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 Elevar a cabeceira do leito do paciente e elevar os membros queimados. Observar se há
depressão respiratória no paciente. Avaliar resposta ao analgésico. Minimização da
ansiedade do paciente e da família. Explicar todos os procedimentos para o paciente e
para a família de forma simples.
 Verificar se na urina há presença de sangue. Examinar as fezes para detectar a presença
de sangue. Incentivar o sentar e a deambulação precoce. Avaliar e registrar quaisquer
alterações ou progresso na cicatrização da ferida. Manter todos os membros da equipe
de saúde informados das alterações na ferida ou no tratamento.
 CENTRO DE TRATAMENTO DE QUEIMADOS ROTINAS DE CURATIVOS: O
Atendimento inicial ao paciente queimado definirá a necessidade de internação
ou tratamento ambulatorial. O Atendimento inicial ao paciente queimado definirá a
necessidade de internação ou tratamento ambulatorial. Atendimento Inicial:
1. Examinar condições gerais do paciente.
2. Verificar a necessidade imediata de punção venosa (hidratação, sedação, analgesia).

3. Iniciar banho com água corrente e sabão neutro.

4. História objetiva.

5. Avaliar a necessidade de internação.

6. Quantificar a superfície corporal queimada (SCQ), extensão e profundidade.

 PACIENTES QUE NÃO NECESSITEM DE HOSPITALIZAÇÃO: Banho e Curativo.


Lavar com água corrente, sabão neutro, creme de Sulfadiazina de prata a 1%. Em
queimaduras de 2º e 3º graus (curativo oclusivo). Em queimadura de 1º grau, não cobrir
usar (hidratante e protetor solar). Retorno para tratamento ambulatorial.
 NO ATO DA INTERNAÇÃO DE PACIENTES QUEIMADOS REALIZA-SE
INICIALMENTE: Analgesia realizada pelo médico anestesista. Rompimento das
bolhas. Limpeza das áreas queimadas com água corrente, sabão neutro e sabão líquido
degermante. Desbridamento das áreas de necrose cutânea com lâmina de bisturi.
Higienização do paciente. Curativo com sulfadiazina de prata a 1%, compressas e
ataduras.
 ROTINA PARA CURATIVO EM PACIENTES AMBULATORIAIS: 1 - Queimaduras
de 1º Grau: Banho com água corrente abundante e sabão neutro. Aplicar vaselina. Evitar
exposição solar.

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 2 - Queimadura de 2º Grau: Banho com água corrente abundante e sabão neutro.
Ruptura de flictenas seguidas da lavagem com água corrente abundante. Curativo com
sulfadiazina de prata a 1% em gazes e atadura para oclusão.
 3 - Queimadura de 3º Grau: Banho com água corrente abundante e sabão neutro.
Limpeza da queimadura com retirada de necrose cutânea (se possível). Lavagem com
água corrente e sabão neutro. Curativo com sulfadiazina de prata a 1% em gazes e
atadura para oclusão.
 CONDUTAS INICIAIS A PACIENTES COM QUEIMADURAS ESPECIAIS: 1 -
Queimaduras elétricas: Avaliação cardiológica precoce. Atentar para os riscos de lesões
de estruturas profundas. 2 - Queimaduras químicas: Lavagem abundante com água
corrente, durante pelo menos 30 minutos. Lesões por substância nos olhos - irrigação
continua (mínimo de 08 horas). 3 - Queimaduras de vias aéreas e face: Limpar as vias
áreas superiores. Verificar e providenciar a permeabilidade das vias áreas. Pesquisar
edema. Manter cabeceira elevada (aproximadamente 30º graus). 4 - Queimadura de
pálpebra e olhos: Irrigação frequente com SF 0,9% resfriado. Manter a região
orbitária/palpebral coberta com compressas e gazes úmidas com SF 0,9%. Receber
orientação do oftalmologista. 5 - Queimaduras circulares/circunferenciais: Na presença
de edema e sinais constritivos, está indicada a escarotomia e a fasciotomia (liberação e
afrouxamento dos tecidos), normalizando a circulatória do local.
 PRINCIPAIS PRODUTOS USADOS EM CURATIVOS DE QUEIMADURAS:
 SULFADIAZINA DE PRATA 1%:
Possui ação antisséptica local. O íon prata
causa destruição de proteínas da parede
celular das bactérias. Exercendo ação
bactericida imediata e ação bacteriostática
residual pela liberação de pequenas
quantidades de prata iônica. A sulfadiazina
de prata, prende e destrói as bactérias.
Fonte Google imagens
 ACIDOS GRAXOS ESSENCIAIS (AGE):
Mantém a umidade da ferida, promove
quimiotaxia (atração de leucócitos) estimula a
angiogênese (formação de novos vasos

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sanguíneos). Acelera o processo de granulação
tecidual (formação de novo tecido). A troca do
curativo será a cada 24/h. Não é indicado para
tratar ferida infectada com excesso de exudato.

Fonte Google imagens

 HIDROCOLÓIDE: Promove o
desbridamento auto lítico (úmido), promove a
granulação das feridas. Indicado para
queimaduras de 1° e 2° grau, sem que sejam
muito exsudativas. Não é indicada em feridas
infectadas.

Fonte Google imagens

 PAPAÍNA: Deriva do mamão papaia, tem


como forma de ação o desbridamento químico
seletivo, de crostas necróticas por produzir
dissociação das moléculas de proteína.
Utilizado tanto em tecido de granulação como
em tecidos desvitalizado (esfacelos e
escaras). Resultando em desbridamento
químico seletivo, bactericida, bacteriostático,
anti-inflamatório e acelera o processo
cicatricial.

Fonte Google imagens

 PELE DA TILÁPIA: Desenvolvida no Brasil, utilizada no tratamento de queimaduras


de 2° e 3° grau, promove a diminuição da dor e a cicatrização mais rápida da lesão. A
pele de tilápia é um curativo biológico que possui uma maior quantidade de colágeno,
proteína que fornece elasticidade e resistência a pele.
 Fornece umidade adequada a lesão que ajuda na cicatrização. Por sua boa aderência, a
pele evita a contaminação externa e limita a perda de proteína e plasma, o que pode
gerar desidratação. A troca do curativo varia, podendo passar vários dias no paciente. A
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pele de tilápia é resistente e elástica, tendo duas vezes mais colágeno que a pele
humana.
 Tais características conferem vantagem em relação aos curativos/tratamentos
tradicionais, como a redução da dor sentida com a constante troca dos curativos, pois
são menos frequentes com essa técnica.
 No caso da pele da tilápia, a dor vai sendo gradativamente reduzida, já com o
tratamento convencional ela começa a diminuir apenas na segunda semana. Os médicos
também constataram uma considerável redução do tempo de cicatrização das lesões.
 Ao ser utilizada como tratamento nas queimaduras, a pele desse peixe adere à derme da
pele humana, ação que vai se ligar a terminações nervosas, aliviando instantaneamente a
dor. Além desses fatores, estudos revelam que há substâncias de ação antimicrobiana e
anti-inflamatória na pele da tilápia, explicando a eficiência desse tratamento, tanto em
questão de tempo de cicatrização diminuído, quanto no alívio da dor.
 As peles são retiradas e lavadas em água corrente e colocadas em caixas isotérmicas
para ser enviadas para bancos de pele, onde passam por um processo de esterilização
para serem enviadas ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN)da
Universidade de São Paulo (USP), em são Paulo.
 Ao chegar no IPEN as peles passam por uma rádio esterilização, com o intuito de
eliminar possíveis vírus e garantir a segurança do produto. Após isso, elas voltam aos
bancos de pele, após cerca de 20 dias são refrigeradas e podem ser usadas em até dois
anos.

Fonte Google imagens

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REFERÊNCIAS:

Disponível em: <https://www.promedmg.com.br/queimaduras-tipos-e-o-que-fazer/> Acesso


em: 03/02/2023.
Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/gestao-e-lideranca/
fisiologia-da-pele/26825> Acesso em: 03/02/2023.
Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2109-queimaduras> Acesso em:
03/02/2023.
Disponível em: <http://www.rbqueimaduras.com.br/details/309/pt-BR/apoio-social-e-
qualidade-de-vida-na-perspectiva-de-pessoas-que-sofreram-queimaduras#:~:text=O%20apoio
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Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-01092006-
161604/publico/MESTRADO_FERNANDA_LOUREIRO_DE_CARVALHO.pdf> Acesso
em: 03/02/2023.
Disponível em: <http://www.rbqueimaduras.com.br/details/458/pt-BR/protocolo-de-cuidados-
de-enfermagem-ao-paciente-queimado-na-emergencia--revisao-integrativa-da-
literatura#:~:text=As%20condutas%20iniciais%20ao%20paciente,da%20pele%20no%20caso
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Disponível em: <https://www.mdsaude.com/dermatologia/queimaduras/> Acesso em:
03/02/2023.

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