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Temos livre-arbítrio?

Neste ensaio filosófico procurámos discutir o problema do livre-arbítrio, ver se o mesmo


se trata de uma ilusão ou se de facto existe. O problema do livre-arbítrio é uma das
questões mais discutidas na filosofia da atualidade, envolvendo debates filosóficos, éticos
e até mesmo científicos, pois ao longo dos anos continuam a existir respostas absolutas
sobre a sua existência ou não (Monteiro, s.d).

O problema surge essencialmente do conflito entre duas perspetivas que podemos ter de
nós próprios (Faria, 2021), a que diz que temos a capacidade de agir de forma livre ou
que somos governados por leis deterministas (Olimpíadas nacionais de filosofia, s.d). Este
problema tem uma grande importância filosófica, pois temos dificuldade em perceber o
que significa agir, de que modo podemos ser culpados pelas nossas ações e perceber se
certas pessoas merecem determinadas punições (Gama et al, 2021). Podemos então ver
que a sociedade é influenciada por este problema no seu dia a dia, daí a sua elevada
importância.

Primeiramente, gostaríamos de especificar os conceitos característicos do problema,


particularmente o conceito de livre-arbítrio ou da vontade livre e do compatibilismo. O
sentido nós atribuímos ao livre-arbítrio é que o mesmo é o termo designado
essencialmente à liberdade da vontade de tomar decisões e fazer escolher sem qualquer
condicionamento e com total consciência, e o compatibilismo é a tese no qual se diz que
o livre-arbítrio e o determinismo são compatíveis entre si, ou seja, existem ao mesmo
tempo ações livres e ações não livres.

Existem várias teses que servem de resposta para este problema filosófico e como a tese
que vai ser defendida será a do determinismo moderado, existem outras teses concorrentes
à mesma, nomeadamente o libertismo que diz o livre-arbítrio existe não havendo espaço
para qualquer determinismo, e que temos todas as condições para a nossa autonomia
existindo, portanto, uma responsabilização moral do indivíduo e o determinismo que é a
tese de que tudo o que acontece é determinado por acontecimentos ou circunstâncias
anteriores e pelas leis da natureza, não existindo, por isso, qualquer responsabilização
moral dos indivíduos.

Destra maneira, a resposta ao problema que o grupo tentará defender é a do determinismo


moderado. Esta resposta diz-nos que possuímos ações livres e não-livres, ou seja, ainda
que o determinismo seja de facto verdadeiro, temos possibilidades alternativas, o que
permite a existência de ações livres. Ter possibilidades alternativas é a ideia de “poder ter
agido de outra maneira”, ou seja, houve liberdade de vontade que se relaciona diretamente
com o livre-arbítrio. Nesta resposta ao nível da responsabilização do indivíduo, esta só
existe se existirem possibilidades alternativas na situação em causa. Sendo assim, somos
tanto livres como determinados e, por isso, somos também responsáveis, ou seja, o
determinismo é compatível com livre-arbítrio, fazendo desta tese uma tese compatibilista.

A primeira demonstração que nos deu uma evidência que a resposta ao problema seria o
determinismo moderado foi no contexto das predisposições genéticas ao nível da nossa
alimentação. Como é que seria possível escolher de forma totalmente livre e sem qualquer
condicionamento o que comemos, se nos nossos genes apresentamos certas restrições
para tal ato? Por exemplo, sermos intolerantes à lactose, termos o paladar sensível, ou até
mesmo doenças que nos impedem de comer certos alimentos, como a doença de cólon.

(1) Se sou totalmente livre de comer o que quiser, então não sou intolerante à lactose;
(2) Sou intolerante à lactose;
(3) Logo, não sou totalmente livre de comer o que quiser.

Outra iniciativa que achámos que comprova ainda mais esta resposta ao problema, é no
caso da escolha de profissões tendo em conta experiências profissionais passadas. Desde
o momento que o sujeito começa a considerar o passado, sem pensar só no presente nessa
toma de decisões, a sua escolha passa a estar de certo modo determinada, não dando uma
total liberdade de escolha e de vontade ao indivíduo em causa.

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