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CID F90.

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UM OLHAR PARA O TDAH

NATHALIA SILVA
CID F90.0
Um olhar para o TDAH
NATHALIA SILVA

Copyright © 2024 Nathalia Silva - Todos os direitos


reservados.

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eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outro,
sem a permissão expressa por escrito da autora.
Sobre o autora

Nathalia Silva é escritora e psicopedagoga clínica e


institucional, atuando na área da educação há 10 anos. Destacou-
se como pedagoga nos anos de 2017 a 2019 em uma importante
holding de educação no Rio de Janeiro. Nesses 10 anos, suas
atividades na área da educação inclusiva geraram uma sólida
experiência com pessoas neuroatípicas.

Além da formação em Psicopedagogia, Nathalia Silva possui


diversas especializações na área do comportamento humano,
como por exemplo: Neurociência e Psicopatologias, Psicanálise
Clínica, Método de Avaliação Comportamental DISC,
Desenvolvimento Mental da Criança e Adolescente e uma
extensão em Psiquiatria Positiva e Saúde Mental.

Seu propósito é ajudar a comunidade a alcançar uma educação


plena e contribuir para a melhoria da saúde mental das pessoas,
facilitando o acesso à informação e difundindo conteúdos com
base em seus estudos e experiências.

"O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele"
.
Immanuel Kan

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Índice
1. O que é TDAH? ..................................................................................................................................................................05

1.1. CID (Classificação Internacional de Doenças) ...............................................................................06

2. Causas do TDAH ..............................................................................................................................................................07

2.2. Fatores genéticos ........................................................................................................................................................08

2.3. Fatores neurobiológicos ........................................................................................................................................09

2.4. Fatores ambientais .....................................................................................................................................................11

3. Os Sintomas do TDAH ................................................................................................................................................12

3.1. Desatenção no TDAH ...............................................................................................................................................13

3.2. Hiperatividade no TDAH ......................................................................................................................................15

3.3. Impulsividade no TDAH ........................................................................................................................................16

4. Processo de Diagnóstico do TDAH .................................................................................................................17

4.1. Papel dos Profissionais Envolvidos ............................................................................................................19

4.2. Neuropediatra/Neurologista .............................................................................................................................20

4.3. Psiquiatra ............................................................................................................................................................................20

4.4. Psicólogo ..............................................................................................................................................................................20

4.5. Psicopedagogo/Neuropsicopedagogo .......................................................................................................21

4.6. Fonoaudiólogo .................................................................................................................................................................21

4.7. Terapeuta Ocupacional ..........................................................................................................................................21

5. O tratamento do TDAH .............................................................................................................................................22

6. Estratégias de manejo do TDAH ......................................................................................................................23

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1. O que é TDAH?

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade


(TDAH) é um transtorno neurobiológico complexo que
afeta o funcionamento do cérebro, influenciando a
capacidade de uma pessoa prestar atenção, controlar
impulsos e regular o comportamento. É caracterizado por
padrões persistentes de desatenção, hiperatividade e
impulsividade que podem impactar significativamente o
funcionamento diário e a qualidade de vida. Geralmente se
manifesta na infância, com muitos casos sendo
diagnosticados antes dos 12 anos de idade. Os sintomas
podem ser evidentes desde tenra idade, mas podem se
tornar mais aparentes à medida que a criança entra na
escola e enfrenta demandas acadêmicas mais rigorosas.

Embora o TDAH não possa ser detectado por


ultrassonografia ou qualquer exame físico, os sinais de
alerta podem ser observados pelos pais e cuidadores. Os
profissionais de saúde geralmente realizam diagnósticos
com base em uma avaliação clínica detalhada, que inclui a
observação dos sintomas relatados pela criança e pela
família, bem como a avaliação do comportamento em
diferentes ambientes, como em casa e na escola.
Atualmente, não há cura conhecida para o TDAH. No
entanto, com intervenções adequadas, incluindo
tratamento médico, terapia comportamental e apoio
educacional, muitas pessoas com TDAH podem aprender a
gerenciar seus sintomas e alcançar sucesso em suas vidas.

O TDAH é classificado na Classificação Estatística


Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a
Saúde (CID) sob o código F90. Este código é usado para
identificar os transtornos do déficit de atenção e
hiperatividade, bem como suas variantes, ele também pode
ser classificado utilizando o código 314.xx no Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM),
que é uma outra classificação amplamente utilizada em
diagnósticos psiquiátricos. No DSM-5 (quinta edição do
manual), lançado em 2013, o TDAH é classificado como
Transtorno do Neurodesenvolvimento, com três
apresentações principais: Predominantemente Desatento
(314.00), Predominantemente Hiperativo-Impulsivo
(314.01) e Combinado (314.01).

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1. 1 CID (Classificação Internacional de Doenças)

O CID (Classificação Internacional de Doenças) é um


sistema desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) para categorizar doenças, transtornos, lesões e
causas de morte, sendo amplamente utilizado como padrão
global para codificar e registrar informações de saúde. Seu
objetivo principal é fornecer uma base comum para a
coleta, análise e interpretação de dados de saúde em todo
o mundo, sendo aplicado em diversas áreas, como
epidemiologia, pesquisa clínica, gerenciamento de saúde
pública e formulação de políticas de saúde.

O TDAH está classificado dentro da categoria F90.0 no


CID, o que demanda compreendermos sua verdadeira
representação. De acordo com o Departamento de
Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), os
transtornos hipercinéticos englobam um grupo de
condições caracterizadas pelo início precoce (geralmente
durante os cinco primeiros anos de vida), falta de
perseverança em atividades cognitivamente exigentes e
tendência a alternar entre diferentes atividades sem
concluí-las, associadas a uma atividade global
desorganizada, incoordenada e excessiva.

Crianças com transtornos hipercinéticos frequentemente


apresentam impulsividade e imprudência, o que as torna
propensas a acidentes e problemas disciplinares
decorrentes de infrações não intencionais às regras
estabelecidas. Além disso, podem ter dificuldades nas
relações sociais, sendo menos populares entre seus pares e
podendo se tornar isoladas socialmente. Muitas vezes,
esses transtornos são acompanhados por déficits
cognitivos e atrasos específicos no desenvolvimento da
linguagem e motricidade.

É importante observar que o código F90.0, também


conhecido como Síndrome de Déficit de Atenção com
Hiperatividade, Transtorno de Déficit de Atenção com
Hiperatividade ou Transtorno de Hiperatividade e Déficit
de Atenção, exclui o transtorno hipercinético associado ao
transtorno de conduta (F90.1).

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2. Causas do TDAH

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade


(TDAH) é uma condição complexa e multifacetada, cujas
causas exatas ainda estão sendo amplamente estudadas.
Evidências sugerem que uma combinação de fatores
genéticos, neurobiológicos e ambientais desempenha um
papel importante no desenvolvimento do TDAH.

2.1. Fatores genéticos

Mãe com genes Pai sem os


de TDAH genes de TDAH

15% à 29% 0% à 14% de


de chances de chances de
possuir TDAH. possuir TDAH.

30% à 40% de
chances de
possuir TDAH.
Imagem ilustrativa.

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Estudos familiares têm consistentemente sugerido uma forte
influência dos fatores genéticos no TDAH. Por exemplo, pesquisas
mostraram que crianças com um dos pais afetados pelo TDAH têm
uma probabilidade significativamente maior de desenvolver o
transtorno em comparação com a população em geral. Esse padrão
é ainda mais pronunciado quando ambos os pais têm TDAH,
aumentando substancialmente o risco para a descendência.

Além disso, estudos de gêmeos têm sido fundamentais para


entender a contribuição genética para o TDAH. Gêmeos idênticos,
que compartilham 100% de seus genes, têm uma concordância
muito maior para o TDAH do que gêmeos não idênticos,
destacando a influência significativa dos fatores genéticos na
determinação do transtorno.

A identificação de variantes genéticas associadas ao TDAH


também tem sido um foco importante da pesquisa. Essas variantes
oferecem insights valiosos sobre os mecanismos biológicos
subjacentes ao TDAH e têm o potencial de transformar nossa
compreensão e abordagem terapêutica em relação a essa condição.

Uma das áreas mais estudadas no campo da genética do TDAH é o


sistema dopaminérgico. A dopamina é um neurotransmissor crucial
que desempenha um papel fundamental na regulação do humor,
motivação e atenção. Vários estudos identificaram genes que
codificam proteínas envolvidas na sinalização da dopamina como
candidatos importantes para o TDAH.

Por exemplo, o gene DRD4, que codifica o receptor de dopamina


D4, tem sido objeto de muitas investigações. Variantes específicas
neste gene foram associadas ao risco de desenvolvimento do
TDAH. Além disso, o gene DRD5, outro receptor de dopamina,
também mostrou uma associação com o TDAH em estudos
genéticos.

Outro gene de interesse é o DAT1, que codifica o transportador de


dopamina. Este gene desempenha um papel crucial na regulação
dos níveis de dopamina no cérebro, e variantes específicas neste
gene têm sido implicadas no desenvolvimento do TDAH.

Além disso, estudos recentes têm explorado o papel de genes


envolvidos em outros sistemas neurotransmissores, como o sistema
serotoninérgico e noradrenérgico, no TDAH. Essas investigações
têm revelado novas pistas sobre os mecanismos biológicos
subjacentes ao transtorno e podem abrir caminho para o
desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas.

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2.2. Fatores Neurobiológicos

Imagem ilustrativa.

Nos últimos anos, estudos neurobiológicos têm revelado


importantes insights sobre as alterações cerebrais
associadas a essa condição, fornecendo uma compreensão
mais profunda de seus mecanismos subjacentes.

Um dos achados mais consistentes em pesquisas de


neuroimagem é a presença de alterações em várias regiões
do cérebro em indivíduos com TDAH. Estudos utilizando
ressonância magnética estrutural e funcional têm
demonstrado diferenças na morfologia cerebral e na
atividade cerebral em comparação com controles
saudáveis.

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Por exemplo, meta-análises identificaram anomalias na região
do córtex pré-frontal dorsolateral em indivíduos com TDAH
(Friedman & Rapoport, 2015). Essa área do cérebro
desempenha um papel crucial no controle executivo e na
regulação da atenção. As alterações nessa região podem
contribuir para os déficits observados em funções executivas,
como planejamento, organização, inibição de respostas
impulsivas e flexibilidade cognitiva, que são características do
TDAH.

Além disso, estudos têm relatado diferenças na conectividade


funcional entre diferentes áreas cerebrais em indivíduos com
TDAH. Por exemplo, uma redução na conectividade entre o
córtex pré-frontal e outras regiões cerebrais envolvidas no
controle da atenção e do comportamento foi observada em
estudos de neuroimagem funcional.

Outras anomalias cerebrais também foram relatadas em


pesquisas sobre TDAH, incluindo alterações na estrutura e
função do córtex cingulado anterior, no corpo estriado e no
cerebelo, áreas do cérebro envolvidas no controle motor e na
regulação emocional.

Embora a natureza exata dessas alterações cerebrais e sua


relação com os sintomas do TDAH ainda não sejam totalmente
compreendidas, as evidências sugerem uma base
neurobiológica subjacente ao transtorno. Compreender essas
alterações pode abrir caminho para o desenvolvimento de
novas abordagens para o tratamento do TDAH.

10
2.3. Fatores Ambientais

Imagem ilustrativa.

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade


(TDAH) é influenciado por uma interação complexa entre
fatores genéticos e ambientais. Embora a predisposição
genética desempenhe um papel significativo, diversos
estudos sugerem que fatores ambientais também podem
contribuir para o desenvolvimento e expressão deste
transtorno.

A exposição pré-natal a certas toxinas ambientais pode


aumentar o risco de TDAH em crianças. Por exemplo,
estudos mostraram que a exposição ao chumbo durante a
gravidez está associada a um maior risco de TDAH e TEA
(transtorno do espectro autista) em crianças, fonte:
Medical Express. Além disso, a exposição a poluentes
atmosféricos, como o dióxido de nitrogênio e material
particulado, tem sido correlacionada com um aumento na
prevalência de TDAH em crianças.

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Outro fator que deve ser considerado é a desnutrição durante
a gravidez e a infância, esta pode afetar o desenvolvimento
cerebral da criança e aumentar o risco de TDAH. Da mesma
forma, a privação crônica de sono na infância pode interferir
no funcionamento cognitivo e aumentar a probabilidade de
desenvolvimento de TDAH.

Segundo Claudia Lee, da BBC Future, a contaminação da água


por substâncias químicas como pesticidas e metais pesados
pode representar um risco para o desenvolvimento do TDAH e
mal de Parkinson. Atualmente, não há evidências suficientes
para afirmar que a contração de vírus como o da gripe ou
COVID-19 durante a gravidez esteja diretamente associada ao
TDAH em crianças.

3. Os Sintomas do Transtorno do Déficit de


Atenção e Hiperatividade (TDAH)
No contexto dos transtornos mentais, um dos quadros mais
estudados e discutidos é o Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade, comumente abreviado como TDAH. Desde os
primeiros relatos sobre crianças inquietas e incapazes de
manter a atenção nas tarefas escolares, até a sua classificação
como um transtorno mental reconhecido pela comunidade
científica, a jornada para entender e lidar com os sintomas do
TDAH tem sido longa e complexa.

Os primeiros passos na compreensão dos sintomas do TDAH


remontam ao final do século XIX, quando médicos e
psiquiatras começaram a observar padrões de comportamento
em crianças que diferiam significativamente da norma. No
entanto, foi somente no século XX que o TDAH começou a ser
estudado de forma mais sistemática e a receber a atenção
merecida por parte da comunidade científica

Um marco importante nesse processo foi a identificação e


classificação dos sintomas do TDAH. A primeira pessoa
conhecida por realizar estudos significativos sobre os sintomas
do TDAH foi o médico britânico Sir George Still, que, em 1902,
publicou uma série de artigos descrevendo um grupo de
crianças que apresentavam dificuldades de atenção,
hiperatividade e impulsividade. Suas observações e análises
clínicas foram fundamentais para a compreensão inicial desse
transtorno e pavimentaram o caminho para pesquisas
posteriores.

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A partir das contribuições de Still e de outros pioneiros no
campo da psiquiatria infantil, os sintomas do TDAH foram
sendo progressivamente catalogados e classificados. Com o
avanço da ciência e o desenvolvimento de métodos de
avaliação mais precisos, tornou-se possível identificar os
principais sinais e sintomas que caracterizam o TDAH,
permitindo uma melhor compreensão e abordagem clínica
desse transtorno.

3.1. Desatenção no Transtorno do Déficit de


Atenção e Hiperatividade (TDAH)

Imagem ilustrativa.

A desatenção é um dos principais sintomas do Transtorno do


Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Refere-se à
dificuldade persistente em manter a atenção e concentrar-se
em tarefas, atividades ou conversas por um período
prolongado. Para uma pessoa com TDAH, a desatenção vai
além do simples esquecimento ocasional ou distração comum a
todos. É uma característica persistente e debilitante que afeta
significativamente o funcionamento diário.

Ela deve ser investigada quando interfere de forma


significativa nas atividades diárias da pessoa, especialmente
nas áreas acadêmica, profissional e social. Se alguém está
constantemente perdendo prazos, cometendo erros por
descuido ou tendo dificuldade em concluir tarefas simples
devido à falta de atenção, pode ser um sinal de TDAH.

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Os primeiros sinais de desatenção no TDAH podem ser
observados desde a infância. Por exemplo, uma criança pode
ter dificuldade em prestar atenção em aulas na escola, parecer
sempre distraída ou com dificuldade em seguir instruções. Na
vida adulta, os sintomas de desatenção podem se manifestar
como dificuldade em se organizar, perder objetos importantes
com frequência ou ter problemas para manter o foco em
projetos no trabalho.

Para contextualizar: uma criança com TDAH do tipo desatento


pode passar despercebida na sala de aula, parecendo estar no
"mundo da lua" enquanto o professor está ensinando; um
adulto com TDAH do tipo desatento pode ter dificuldade em
completar tarefas domésticas simples, como pagar contas ou
fazer compras, devido à sua falta de organização e atenção aos
detalhes ou uma pessoa com TDAH do tipo desatento pode ter
dificuldade em manter relacionamentos interpessoais, pois
pode parecer distante ou desinteressada devido à sua
incapacidade de prestar atenção nas conversas ou atividades
compartilhadas. Os exemplos mencionados são para melhorar
a compreensão de como um indivíduo com desatenção tem sua
qualidade de vida impactada pelo TDAH.

3.2. Hiperatividade no Transtorno do Déficit de


Atenção e Hiperatividade (TDAH)

Imagem ilustrativa.

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A hiperatividade é outro sintoma principal do Transtorno do
Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Refere-se a um
padrão persistente de agitação, inquietude e dificuldade em
ficar parado, especialmente em situações que exigem calma ou
concentração. Para uma pessoa com TDAH, a hiperatividade
vai além do comportamento típico de crianças ou adultos
enérgicos. É uma característica que interfere
significativamente no funcionamento diário e nas relações
interpessoais.

A hiperatividade deve ser investigada quando é excessiva e


interfere no funcionamento diário da pessoa, especialmente
nas áreas acadêmica, profissional e social. Se alguém está
constantemente agitado, incapaz de permanecer sentado por
longos períodos ou sempre em movimento, mesmo em
situações em que isso é inapropriado, pode ser um sinal de
hiperatividade associada ao TDAH.

Os primeiros sinais de hiperatividade no TDAH podem ser


observados desde a infância. Por exemplo, uma criança pode
ser incapaz de brincar calmamente ou participar de atividades
tranquilas, constantemente em movimento ou correndo pela
casa. Na vida adulta, os sintomas de hiperatividade podem se
manifestar como dificuldade em relaxar, sensação de
inquietação constante ou tendência a se envolver em
atividades físicas ou mentais excessivas.

Para contextualizar: Uma criança com TDAH do tipo


hiperativo pode ter dificuldade em se concentrar em aulas na
escola devido à sua inquietação constante, levando a
problemas acadêmicos e comportamentais; um adulto com
TDAH do tipo hiperativo pode ter dificuldade em manter
empregos que exigem longos períodos de concentração ou
trabalho sedentário, devido à sua necessidade de movimento e
atividade constante; uma pessoa com TDAH do tipo hiperativo
pode ter dificuldade em relaxar ou desacelerar, encontrando-se
constantemente em busca de estímulos ou atividades que os
mantenham ocupados.

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3.3. Impulsividade no Transtorno do Déficit de
Atenção e Hiperatividade (TDAH)

Imagem ilustrativa.

A impulsividade é um dos sintomas-chave do Transtorno


do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Refere-se
a um padrão de comportamento caracterizado pela
dificuldade em controlar impulsos ou inibir respostas
imediatas. Pessoas com TDAH podem agir sem pensar nas
consequências, tomar decisões precipitadas ou interromper
constantemente os outros durante conversas ou atividades.

A impulsividade deve ser investigada quando é persistente


e interfere no funcionamento diário da pessoa,
especialmente em suas relações sociais, acadêmicas ou
profissionais. Se alguém demonstra um padrão consistente
de comportamento impulsivo, como tomar decisões sem
considerar as consequências ou interromper outras pessoas
de forma excessiva, pode ser um sinal de impulsividade
associada ao TDAH.

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Os primeiros sinais de impulsividade no TDAH podem ser
observados desde a infância. Por exemplo, uma criança com
TDAH do tipo impulsivo pode ter dificuldade em esperar a sua
vez durante jogos ou atividades em grupo, frequentemente
interrompendo os outros ou agindo sem pensar. Na vida adulta,
os sintomas de impulsividade podem se manifestar como
dificuldade em controlar as finanças, tomar decisões
precipitadas ou envolver-se em comportamentos de risco,
como abuso de substâncias ou condução imprudente.

Para contextualizar: Uma criança com TDAH do tipo impulsivo


pode ter dificuldade em seguir as regras da sala de aula,
frequentemente interrompendo o professor ou colegas e agindo
sem considerar as consequências; um adulto com TDAH do
tipo impulsivo pode ter dificuldade em manter
relacionamentos interpessoais saudáveis devido ao seu
comportamento impulsivo, como interromper constantemente
o parceiro durante conversas ou tomar decisões precipitadas
que afetam o relacionamento; uma pessoa com TDAH do tipo
impulsivo pode ter dificuldade em controlar impulsos de
consumo, resultando em gastos excessivos ou endividamento.

4. Processo de Diagnóstico do TDAH

O diagnóstico do Transtorno do Déficit de Atenção e


Hiperatividade (TDAH) é um processo complexo que
envolve uma avaliação clínica abrangente realizada por
uma equipe multidisciplinar de profissionais de saúde.
Nesta seção, vamos explorar os diferentes aspectos desse
processo e o papel de cada profissional envolvido.

O processo de diagnóstico geralmente começa com uma


avaliação inicial realizada por um médico generalista,
pediatra ou clínico geral. Essa avaliação pode ser
solicitada pelos pais, professores ou profissionais de saúde
que observam comportamentos consistentes com os
sintomas do TDAH. Durante essa fase inicial, o médico irá
coletar informações sobre a história clínica do paciente,
incluindo histórico médico, desenvolvimento cognitivo e
comportamental, histórico familiar de transtornos mentais,
e contexto ambiental e social.

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Com base na avaliação inicial, o médico pode encaminhar o
paciente para uma equipe multidisciplinar composta por
diferentes profissionais de saúde especializados no diagnóstico
e tratamento do TDAH. Essa equipe pode incluir
neuropediatras, neurologistas, psiquiatras, fonoaudiólogos,
psicólogos, psicopedagogos, neuropsicopedagogos e terapeutas
ocupacionais. Cada profissional trará uma expertise única para
a avaliação e oferecerá uma perspectiva holística sobre o
funcionamento do paciente.

A avaliação clínica envolve uma série de entrevistas e testes


realizados pelos profissionais de saúde para avaliar os
sintomas do paciente e seu impacto nas diferentes áreas da
vida, como escola, trabalho e relacionamentos. Durante essa
fase, são utilizados instrumentos padronizados de avaliação,
como questionários de autorrelato, escalas de avaliação de
sintomas e testes neuropsicológicos, para coletar informações
objetivas sobre o funcionamento cognitivo e comportamental
do paciente.

Embora não exista um exame específico para diagnosticar o


TDAH, alguns exames complementares podem ser solicitados
para descartar outras condições médicas que apresentam
sintomas semelhantes, como problemas de visão, audição,
distúrbios do sono, distúrbios metabólicos ou neurológicos.
Esses exames podem incluir exames de sangue, exames de
imagem cerebral (como ressonância magnética ou tomografia
computadorizada) e avaliação auditiva e visual.

A avaliação do TDAH pode ser realizada em crianças a partir


dos 6 anos de idade, uma vez que os sintomas geralmente se
manifestam durante a infância. No entanto, o diagnóstico
também pode ser feito em adolescentes e adultos, desde que os
sintomas tenham sido presentes desde a infância e causem
prejuízos significativos no funcionamento diário.

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4.1. Papel dos Profissionais Envolvidos

Imagem ilustrativa.

O diagnóstico preciso do TDAH exige expertise clínica e


conhecimento aprofundado dos critérios diagnósticos,
sintomas e comorbidades. Profissionais como psiquiatras,
neurologistas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais,
neuropsicopedagogos, psicopedagogos e psicólogos, por
meio de sua formação e experiência, estão aptos a realizar
uma avaliação completa e individualizada.

Se você ou alguém que você conhece apresenta sintomas


de TDAH, não hesite em procurar ajuda profissional. O
diagnóstico preciso e o tratamento adequado são
essenciais para uma vida plena e com qualidade.

O diagnóstico correto abre as portas para o tratamento


adequado, que pode incluir terapia, medicação e mudanças
no estilo de vida. O profissional habilitado irá traçar um
plano terapêutico personalizado, levando em consideração
as necessidades e características de cada indivíduo.

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4.2. Neuropediatra/Neurologista:

Avalia o desenvolvimento neurológico da criança, incluindo


exame neurológico e investigação de possíveis causas
orgânicas dos sintomas. Pode solicitar exames de imagem
cerebral, como ressonância magnética ou
eletroencefalograma, para avaliar a estrutura e a função
cerebral. Identifica condições neurológicas que podem
estar contribuindo para os sintomas do TDAH, como
epilepsia, lesões cerebrais ou outras anomalias estruturais.

4.3. Psiquiatra:

Realiza uma avaliação psiquiátrica abrangente para


diagnosticar o TDAH e descartar outras condições
psiquiátricas com sintomas semelhantes. Coleta
informações sobre o histórico médico e familiar, história de
desenvolvimento, sintomas atuais e impacto funcional.
Pode prescrever medicamentos para tratar os sintomas do
TDAH, como estimulantes (por exemplo, metilfenidato) ou
não estimulantes (por exemplo, atomoxetina), quando
indicado.

4.4. Psicólogo:

Realiza avaliações psicológicas detalhadas, incluindo


entrevistas clínicas, testes psicométricos e observação do
comportamento. Avalia as funções cognitivas do paciente,
como atenção, memória, funções executivas e habilidades
sociais. Fornece psicoterapia individual ou em grupo para
ajudar o paciente a desenvolver habilidades de
enfrentamento, autocontrole e estratégias de manejo dos
sintomas do TDAH.

20
4.5. Psicopedagogo/Neuropsicopedagogo:

Avalia as dificuldades de aprendizagem associadas ao


TDAH, como dificuldades de concentração, organização,
memória e planejamento. Realiza avaliações
psicopedagógicas para identificar as necessidades
educacionais do paciente e desenvolver estratégias
educacionais adaptadas. Colabora com professores e outros
profissionais da escola para implementar adaptações
curriculares e programas de intervenção para apoiar o
sucesso acadêmico do paciente.

4.6. Fonoaudiólogo:

Avalia as habilidades de linguagem, comunicação e


processamento auditivo do paciente. Identifica dificuldades
na articulação, fluência, compreensão auditiva e expressão
verbal que podem estar associadas ao TDAH. Desenvolve
estratégias de intervenção para melhorar as habilidades de
comunicação, incluindo terapia da fala, treinamento
auditivo e técnicas de modulação vocal. Colabora com
outros profissionais da equipe multidisciplinar para
garantir uma abordagem integrada no manejo do TDAH e
suas comorbidades.

4.7. Terapeuta Ocupacional:

Avalia as habilidades motoras, sensoriais e de integração


sensorial do paciente. Desenvolve planos de intervenção
para melhorar a coordenação motora, a regulação sensorial
e a autonomia nas atividades da vida diária. Utiliza
técnicas terapêuticas, como atividades sensoriais, jogos e
exercícios físicos, para promover o desenvolvimento de
habilidades motoras e sensoriais.

21
5. O tratamento do TDAH

Imagem ilustrativa.

O tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção e


Hiperatividade (TDAH) é complexo e multifacetado,
geralmente requerendo uma abordagem multimodal que
integra diferentes intervenções farmacológicas e não
farmacológicas. Essa abordagem visa não apenas
controlar os sintomas do TDAH, mas também promover
o desenvolvimento de habilidades adaptativas e
melhorar a qualidade de vida do paciente.

Nas intervenções farmacológicas o tratamento


medicamentoso é muitas vezes a primeira linha de
abordagem para o TDAH. Medicamentos como o
metilfenidato e as anfetaminas são comumente
prescritos para ajudar a controlar os sintomas. Os
ajustes na dosagem e o monitoramento dos efeitos
colaterais são parte integrante desse processo, realizado
por profissionais como neuropediatras e psiquiatras.

Já as terapias comportamentais atuam além dos


medicamentos, elas desempenham ativamente um papel
fundamental no tratamento do TDAH. A terapia
cognitivo-comportamental é frequentemente utilizada
para ajudar os pacientes a desenvolver habilidades de
autocontrole, gerenciamento do tempo e organização.
Essas estratégias são ensinadas por terapeutas
especializados e podem ser aplicadas em sessões
individuais ou em grupo.

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Além das intervenções clínicas, o suporte psicossocial
desempenha um papel crucial no tratamento do TDAH.
Grupos de apoio, aconselhamento familiar e educação
sobre o transtorno podem fornecer uma rede de suporte
emocional para pacientes e suas famílias. Esses recursos
ajudam a enfrentar os desafios diários associados ao
TDAH e promovem uma melhor qualidade de vida.

Cada paciente é único, e o tratamento do TDAH deve ser


adaptado às necessidades individuais de cada pessoa.
Isso requer uma abordagem personalizada, onde as
intervenções são ajustadas com base na resposta do
paciente e nas circunstâncias específicas de sua vida. A
personalização do tratamento é essencial para garantir
resultados positivos a longo prazo.

6. Estratégias de manejo do TDAH

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade


(TDAH) apresenta desafios significativos no dia a dia
daqueles que convivem com essa condição. No entanto,
há uma série de estratégias de manejo que podem ser
adotadas para ajudar a gerenciar os sintomas e
melhorar a qualidade de vida das pessoas com TDAH.

Uma dessas estratégias é a organização do ambiente.


Manter um espaço de trabalho ou estudo organizado e
livre de distrações pode facilitar a concentração e
reduzir a sobrecarga sensorial. Ferramentas como
agendas, listas de tarefas e sistemas de organização
física e digital são recursos úteis para manter as
responsabilidades em ordem e minimizar o esquecimento
de compromissos.

Além disso, estabelecer rotinas consistentes pode


proporcionar previsibilidade e estrutura ao dia,
reduzindo a ansiedade e o estresse. Definir horários
regulares para atividades como dormir, comer, estudar e
se exercitar pode ajudar a regular os padrões de sono,
alimentação e atividade física, o que pode ter um
impacto positivo nos sintomas do TDAH.

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Outra estratégia importante é o uso de sistemas de
recompensa e feedback positivo. Estabelecer metas
realistas e tangíveis e recompensar o progresso
alcançado pode aumentar a autoestima e a motivação
intrínseca para alcançar objetivos futuros. Além disso,
técnicas de autocontrole, como a técnica de parar-
pensar-agir, podem ajudar a pessoa com TDAH a
desenvolver a capacidade de pausar, refletir sobre suas
ações e tomar decisões conscientes.

A busca de apoio emocional e prático também


desempenha um papel fundamental no manejo do TDAH.
O suporte de amigos, familiares e profissionais de saúde
mental pode fornecer um suporte valioso para enfrentar
os desafios do TDAH. Participar de grupos de apoio ou
terapia em grupo pode oferecer um espaço seguro para
compartilhar experiências, obter orientação e se
conectar com outras pessoas que enfrentam desafios
semelhantes.

Em suma, ao implementar essas estratégias de manejo,


as pessoas com TDAH podem melhorar sua qualidade de
vida, maximizar seu potencial e enfrentar os desafios do
dia a dia com mais eficácia. Ao adotar uma abordagem
multifacetada e personalizada para o manejo do TDAH,
é possível promover um maior bem-estar e
funcionamento global.

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@nathalia_psi

AGRADECIMENTOS

Este livro é dedicado primeiramente a Deus, a


minha família e aos meus pacientes. Que esta
leitura tenha sido amigável e significativa para
todos. Os objetivos desse material era familiarizar
pais, professores, acadêmicos e pacientes sobre as
principais questões que envolvem o diagnóstico
de TDAH. Esse material não deve ser utilizado de
maneira exclusiva para dar diagnóstico, como
mencionado acima é necessária uma avaliação
multidisciplinar.

www.dranathaliasilva.com.br
CID: F90.0
UM OLHAR
PARA O TDAH
NATHALIA SILVA

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