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NÁNÁ
NÁNÁ
Nàná (nãnã) é uma das primeiras òrìsàs femininas ligadas ao momento da criação da
terra. Senhora que faz parte da família fúnfún (òrìsàs que vestem branco), tem nos detalhes
em lilás os seus sinais de ligação com o mundo dos mortos. Sua origem remete a formação do
mundo e dos primeiros seres humanos através do barro dominado por ela.
Quando Orúnmilà resolveu criar o mundo, deu a cada divindade o seu elemento da
natureza para cuidar na terra. A esta sábia senhora, Nàná, lhe foi concedido o domínio sobre o
barro, o terreno massapê próprio para o plantio, onde tudo dá e prospera. Assim como
Yemanjá, Náná é uma Iyaba antiga, que teve um papel muito importante da formação dos
seres humanos na terra.
Existe um itan que conta esta passagem. Òbátàlá e Àjálà receberam de Orúnmilà a
tarefa de fazer cabeças que se tornariam seres humanos e o corpo seria esculpido com o barro
dominado por Náná. Ao chegar na Terra com as cabeças, Òbátàlà passou a retirar vastas
porções de barro sem ao menos pedir licença, mas o choro da velha senhora era grande.
Àjálà pediu licença, conversou com a nobre senhora e recebeu dela a permissão para a
retirada do barro. No entanto, ela impôs uma condição: Do barro os seres serão formados, mas
para o barro devem voltar quando forem chamados por Ikú para que eu receba de volta aquilo
que está sendo dado. Assim foi combinado e os corpos humanos pôde ser formado.
Existe uma outra lenda que se conta sobre Náná, que é o fato dela não ter conseguido
criar os seus filhos. No entanto, quando se busca informações africanas sobre as suas
possíveis crias, conta-se que em tempos antigos nos territórios africanos, crianças que
nascessem com alguma deficiência ou doença era um sinal de mal presságio e traria má sorte
para a comunidade.
Antigamente, muitas dessas crianças eram sacrificadas nos rios devido o mito do mal
presságio, sendo modificado depois com o passar dos anos. Nos candomblés do Brasil, conta-
se que Náná gerou dois filhos que foram Obalúwàiyé e Osúmarè. O primeiro nasceu com o
corpo coberto de chagas e o segundo nasceu com o corpo e rosto de uma serpente. Ambos
foram colocados ao rio, como contam as fontes orais, para muita tristeza de Náná. Assim
Yemanjá acabou sendo a mãe criadeira de ambos.
Na região de Osogbo, no Benin, Náná é reconhecida por todos como a semente da
vida. Para o povo de culto dos voduns, ela é uma senhora que permitiu a formação dos seres e
de toda uma cidade. Independente de sua relação com os outros òrìsàs e sua dificuldade em
ser mãe, ela é a fonte da vida e permitiu de nascimento de todos aqueles que se encontram na
terra.
Seus instrumentos não são de metal como os outros òrìsàs. Sua ferramenta é a base de
palha da costa e sisal. Ela usa em sua mão um Ibiri, instrumento a base de palha da costa, sisal
e búzio que funciona para controlar os eguns que ela entrega para Oya. O fato dela não usar
ferramenta de metal traz para os terreiros de candomblé um itan que mostra o motivo dela não
usar o metal oferecido por Ogún.
Diz os contos que Ogun sempre foi o homem responsável por produzir as armas de
todas as divindades, assim como todos os obes responsáveis pelos sacrifícios de animais. Mas
Náná disse a Ogun que não usaria seus instrumentos de metais e sim de madeira. Ogun a
desafiou e perguntou como ela iria cortar os animais sem o metal. Náná aceitou o desafio.
Ogún disse que tomaria o seu reino em uma batalha, Náná não se sentiu ameaçada e
disse a Ogún que ele não conseguiria passar pelo seu terreno. Ogún tentou por três dias e três
noites, mas sempre que ele pisava no solo de Náná ele começava a afundar e a ficar preso no
seu barro. Apesar de toda a teimosia de Ogún ele percebeu que não conseguiria caminhar pelo
solo massapê e decidiu desistir de sua empreitada. Satisfeita com a desistência de Ogún, ela se
viu vitoriosa e disse a todos que nunca utilizaria metais como instrumentos de corte, mas sim
o poder do seu barro para copar animais através da cerâmica.
Ogun, acostumado a ser sempre solicitado, sentiu-se incomodado com a falta de
atenção de Náná para com seus serviços e torcia para que ela sentisse dificuldade em cortar
seus bichos, mas assim seguiu ela sem os metais até o fim. Sendo assim, nenhum instrumento
de Náná é de metal, sendo apenas de madeira ou cerâmica.
Apesar de Ogún sentir-se incomodado, ele reconhece a importância de Náná para os
seres humanos e para a terra. A sua antiguidade é sinônimo de sabedoria e por isso,
dificilmente costuma ser contestada. Ela é uma ancestral. Náná é uma ancestral que está
ligada ao culto das Iyamis, as senhoras da jaqueira.
Há um outro itan que mostra a ligação de Náná com Òsáàlà. Náná era temida pelos
homens, pois diziam que ela usava os eguns para punir os homens quando as mulheres
reclamavam. Um dia, Ogún procurou por Ifá para falar da perseguição de Náná aos homens
através dos eguns e pediu ajuda para acabar com esta situação. Os òrìsàs pediram ajuda
também a Osalufan.
Osalufan foi até Náná, este foi bem servido por ela, mas, em sua sabedoria e buscando
acalmar o instinto de Náná contra os homens, pediu a ela que fizesse um suco de igbins e
tomasse com ele em homenagem a sua visita. O suco deixou Náná calma, mais tranquila e
aplacou a sua ira.
Desse dia em diante, Náná passou a ouvir sempre os dois lados, a esposa e o marido,
passando a ter calma nas suas decisões ao solicitar a ação dos eguns. Um dia, Náná saiu de
casa para uma diligência e Osalufan se vestiu de mulher. Imitando a voz mansa de Náná, ele
chamou os eguns e exigiu que Osalufan também fosse obedecido pelos eguns. Desta forma,
ele também passou a controlar os eguns junto com Náná.
Nàná Bùkúù
Qualidades de Nàná
Nanã Abenegi: Nasceu o Ibá Odu, cabaça que traz Oxumarê, Oxossi Olodé, Oya e
Yemanjá.
Nanã Adjaoci ou Ajàosi: É a guerreira e agressiva que veio de Ifé, às vezes
confundida com Obá. Mora nas águas doces e veste-se de azul.
Nanã Ajapá ou Dejapá: Vive no fundo dos pântanos, é um Orixá bastante temido,
ligado a lama, a morte, e a terra. Veio de Ajapá. Cuida dos velhos e dos doentes, toma conta
dos moribundos. Nela predomina a razão.
Nanã Buruku ou Búkùú: Também é chamada Olú aiye (senhora da terra), ou Olówo
(senhora do dinheiro) ou ainda Olusegbe. Este Orixá veio de Abomey; ligado à água doce dos
pântanos, usa um ibiri azul.
Nanã Obaia ou Obáíyá: É ligada a água e a lama. Mora nos pântanos; usa contas
cristal vestes lilás e veio do país Baribae.
Nanã Omilaré: É a mais velha. Associada aos pântanos profundos e ao fogo. É a dona
do universo, a verdadeira mãe de Omolu Intoto. Veste musgo e cristal.
Nanã Savè: Veste-se de azul e branco, e usa uma coroa de búzios.
Nanã Ybain: É a mais temida. Orixá da varíola. Usa cor vermelha, é a principal, come
direto na lagoa, dando origem a outros caminhos. Para chamá-la, a ekedi tem que ir batendo
com seus otás para fazê-la pegar suas filhas.
Nanã Oporá: Veio de Ketu, coberta de òsun vermelho. É a mãe de Obaluaiyê, ligada
a terra, temida, agressiva e irascível.
Nanã Xalá: Muito ligada ao Branco e a Oxalá.
Comida de Náná
A comida mais comum dedicada a Náná é o vatapá de pão na tigela de barro. Isso não
significa que ela não possa comer outros elementos ligado aos seus enredos com os outros
òrìsàs, no entanto, esse é o alimento mais comum.
Traduções
3 E Nàná olúwàyié e pa e pa
E Nàná olúwàyié e pa e pa
Nós podemos tomar outra direção para termos a alegria dos nascimento de filhos,
Nãnã Ólócó (aquela que chama um parente morto como egungun) faça-nos felizes,
Nós podemos tomar outra direção para termos a alegria do nascimento de filhos,
Nãnã Ólócó, faça-nos felizes
Ali ela caminha bem, mas para nós pode tornar-se cansativo
Pois não temos o seu conhecimento para nos mantermos de pé
Ali ela caminha bem, mas para nós pode torna-se cansativo
Nãnã é a senhora da terra
Senhora que sabe ser boa para os filhos dos caçadores, ela sabe ser boa
Ela é a mãe dos abicus, ela é a mãe dos abicus, senhora da sobrevivência dos abicus
REFÊRENCIAS