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MÓDULO Cristologia - A doutrina de Jesus Cristo

Aluno(a)_____________________________________________________________________________

Capítulo 1

Preparação para a vinda de Jesus

A preparação do mundo feita por Deus para a vinda de Jesus é uma preparação de sentido duplo, isto é,
há uma preparação negativa e uma preparação positiva.

Preparação negativa (história pagã) - É fato inegável que a mão poderosa de Deus tem guiado o destino
das nações pagãs desde o princípio do mundo. Até certos homens do paganismo, tais como Ciro, foram
escolhidos por Deus para adiantar o seu plano a respeito da vinda de seu Filho ao mundo ("No primeiro
ano de Ciro, rei da Pérsia (para que se cumprisse a palavra do Senhor; pela boca de Jeremias), despertou
o Senhor o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu reino, como também por
escrito, dizendo: Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor Deus dos céus me deu todos os reinos da terra, e
me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que está em Judá. Quem há entre vós, de todo o
seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jerusalém, que está em Judá, e edifique a casa do Senhor
Deus de Israel (ele é o Deus) que está em Jerusalém." - Ed 1.2-3).

Uma das particularidades mais interessantes a respeito destes povos pagãos é que sua religião se
esgotava cada vez mais de sorte que, quando Jesus veio, já tinham as religiões perdido completamente a
confiança de seus adeptos. As religiões pagãs não tinham mais nada para dar a seus adeptos — estavam
esgotadas. Por outro lado, Deus fez a raça humana compreender que, pela filosofia e pela arte, o homem
não poderia salvar-se.

Preparação positiva - Esta é a que se realizou entre o próprio povo de Israel. Deus usou três grandes
meios para isso:

a) A Lei - Dada por Deus ao seu povo, constitui-se um dos meios usados pelo Senhor a fim de ensinar ao
povo verdades preciosas, despertando-lhe a consciência em relação ao pecado

b) A Profecia - A segunda grande agência por Deus usada para ensinar seu povo foi a profecia, fosse
verbal ou escrita

c) O Cativeiro - Quando a nação judaica voltou do cativeiro, trouxe dois grandes e apreciáveis resultados
para sua vida: primeiramente, o estabelecimento firme (e para sempre) do monoteísmo e, em segundo
lugar, a transformação de Israel de um povo agrícola em uma nação mercantil comercial. Assim, fica claro
que Deus trabalhava não só entre os israelitas, mas também entre as demais nações, servindo-se delas
para a realização deste grande evento - a vinda de Jesus ao mundo. Mas, desde Gênesis estava
profetizada a vinda de Jesus. Quando Adão e Eva pecaram, enganados por Satanás no corpo da serpente,
o Senhor disse: "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá
a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" Desde aquele dia, Satanás nunca mais teve sossego: afinal, quem
seria aquele que nasceria e lhe esmagaria a cabeça? Jesus Cristo! "E o Deus de paz em breve esmagará
a Satanás debaixo dos vossos pés.", escreveu Paulo aos Romanos (16:20).

Capítulo 2

A Pessoa de Jesus

A redenção da raça havia de realizar-se por um Mediador que, em si mesmo, reunisse duas naturezas: a
divina e a humana. Isto porque o seu trabalho seria o de reconciliar o homem com Deus ("Isto é, Deus
estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a
palavra da reconciliação." — II Co 5:19).
E, para que o Mediador estivesse entre ambos, era necessário que ele não somente conhecesse
perfeitamente o homem, mas também a Deus. Tal Mediador ideal existe em Cristo Jesus, pois possuía as
duas naturezas: era Deus-Homem. Vamos, agora, estudar esta personalidade extraordinária de dois
pontos de vista: histórico e bíblico.

Veja como alguns grupos cristãos (como estudado em Heresiologia) viam Jesus:

Os ebionitas - Apareceram no ano 107 d.C. e negavam a realidade da natureza divina de Cristo. Segundo
seus ensinos, Cristo era somente homem. O ebionismo era o judaísmo dentro da Igreja Cristã. Como se
sabe, era difícil aos judeus crer na doutrina da Trindade. Até admitiam que Jesus fosse um profeta, mas
não Deus.

Os docetas - Esta palavra vem do grego "doketes", de "dokein", que significa "parecer", crer numa
aparência etc. Os docetas apareceram no ano 70 da era cristã, e existiram, aproximadamente, até o ano
170. Eles negavam a humanidade de Cristo. Segundo sua filosofia, as coisas materiais eram, por natureza,
más. O mal residia na matéria, e visto que Jesus não tinha pecado, logo não tinha também corpo material.
Julgavam, por isso, que o corpo de Jesus era aparente, não-real.

O arianismo - O arianismo surgiu no ano 325. Ário, seu fundador, negava a integridade e a perfeição da
natureza de Cristo. O Verbo, que se fez carne, segundo o Evangelho de João, não era Deus — senão um
dos seres mais altos do Criador. O Verbo não era, afinal, mais do que uma criatura de Deus.

O apolinarismo - Esta teoria apareceu no ano 381, negando a integridade da natureza humana de Cristo.
Segundo os ensinos de Apolinário, Cristo não tinha mente humana. O que Ele tinha de humano era o
corpo e o espírito. O Verbo que se fez carne tomou o lugar da mente, e por isso Cristo não era homem
perfeito. Cristo era, segundo essa teoria, constituído de corpo, de Verbo e de espírito.

O nestorianismo - Nestório, seu fundador, criou a teoria (em 431) que negava a união verdadeira entre as
duas naturezas de Cristo. Ele atribuía a Cristo duas partes, ou divisões: uma humana e outra divina.
Quando Jesus estava dormindo, por exemplo, era a parte humana que dormia. Mas, quando acordava e
repreendia os ventos, era a parte divina que entrava em ação. Esta idéia, logo se vê, é errônea: Jesus não
se divide em duas partes. Não é que ele agisse ora por meio da natureza humana, ora por meio da sua
natureza divina. Quando agia, fazia-o com toda a sua personalidade, e não só com a natureza divina ou
com a humana.

A teoria de Eutiques - Segundo esta teoria, as duas naturezas de Cristo fundiram-se de maneira que
formavam uma terceira natureza, que não era divina nem humana. Assim, Jesus não era humano e
tampouco divino. Entre tantas teorias, qual a verdadeira? Nenhuma.

O ensino da Bíblia - Segundo os ensinos da Bíblia, há uma só personalidade em Cristo, mas duas
naturezas: a humana e a divina, cada qual perfeita. Mas estas duas naturezas eram de tal modo unidas e
relacionadas que formavam uma única personalidade. O Novo Testamento revela, com toda clareza, que
Jesus era uma unidade. Havia uma dualidade quanto à sua natureza, porém, quanto à personalidade,
havia uma unidade.
Capítulo 3

As duas naturezas de Cristo

Neste estudo, queremos provar, pelas Escrituras, que Jesus não só tinha duas naturezas, divina e
humana, mas também que cada uma destas era real e perfeita.

A humanidade de Cristo

A realidade da humanidade de Cristo

a) Jesus chamou-se e foi chamado homem. "Porém agora procurais matar-me, a mim, um homem, que vos
tenho falado a verdade que de Deus tenho ouvido; Abraão não fez isto "(Jo 8.40). Veja também: At 2.22
("Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com
maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis"); Rm
5.15 ("E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações
pelo Espírito Santo que nos foi dado.";1 Tm 2.5 ("Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e
os homens, Jesus Cristo homem.").

b) Jesus possui os elementos essenciais da natureza humana, isto é, um corpo natural e uma alma
racional: "Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo" (Mt
26.38). "Jesus, pois, vendo-a chorar; e os judeus que com ela vinham também chorando, moveu-se muito
em espírito, e perturbou-se" (Jo 11.33); "E, porquanto os filhos participam da carne e do sangue, também
ele participou dos mesmos, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo"
(Hb 2.14).

c) Jesus tinha poderes e características que pertenciam à natureza humana. Ele sentia fome ("E, tendo
jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome" - Mt 4.2) e cansaço ("E eis que no mar se
levantou uma tempestade tão grande que o barco era coberto pelas ondas; ele, porém, estava dormindo." -
Mt 8.24).

d) Jesus tinha uma mente humana, pensava e conhecia: "Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas
estavam acabadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede." (Jo 19.28). Jesus sentia amor:
"E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos
pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me." (Mc 10.21). Jesus sentia indignação: "E, olhando
para eles em redor com indignação, condoendo-se da dureza do seu coração, disse ao homem: Estende a
tua mão. E ele a estendeu, e foi-lhe restituída a sua mão, sã como a outra." (Mc 3.5).

e) Jesus estava sujeito às leis de desenvolvimento: "E o menino crescia, e se fortalecia em espírito, cheio
de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele. "E aconteceu que, passados três dias, o acharam no
templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os" (Lc 2.20,46). "Porque naquilo que
ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados"(Hb 2.18). "Ainda que era Filho,
todavia aprendeu a obediência pelas coisas que padeceu" (Hb 5.8).

A perfeição da natureza humana de Cristo

a) A natureza humana de Cristo foi sobrenaturalmente concebida: "E disse Maria ao anjo: Como se fará
isto? pois não conheço varão. E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a
virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer; será
chamado Filho de Deus"(Lc 1.34,35).
b) A natureza humana de Cristo sempre se revela livre de depravação. "Quem dentre vós me convence de
pecado? E, se digo a verdade, por que não credes?" (Jo 8.46). "Porque não temos um sumo sacerdote que
não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas uni que, como nós, em tudo foi tentado, exceto no
pecado" (Hb 4.15). "Aquele que não conheceu pecado, fê-lo pecado por nós; para que nele fôssemos
feitos justiça de Deus." (2 Co 5.21).

c) A natureza humana de Cristo cresceu juntamente com a natureza divina. E por causa disso não há um
paralelo entre Ele e nós, neste sentido. Jesus é o único neste mundo.
A deidade de Cristo

O Novo Testamento estabelece claramente a deidade de Jesus Cristo pelo seguintes modos:

• Mostrando que Jesus tinha conhecimento da sua própria deidade: "Se vos falei das coisas terrestres, e
não crestes, como crereis se vos falar das celestiais? E ninguém subiu ao céu, se não o que desceu do
céu, a saber, o Filho do homem, que está no céu" (Jo 3.12-13); "Disse-lhes Jesus: Em verdade, em
verdade vos digo que antes que Abraão fosse feito, eu sou." (Jo 8.58); "Respondeu-lhe Jesus: Há tanto
tempo que estou convosco, e ainda não me conheces, Felipe? Quem me viu a mim, viu o Pai; como dizes
tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu, vos
digo, não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é quem faz as suas obras." (Jo
14.9-10).

• Mostrando que Jesus exercia poderes e prerrogativas divinas: "Mas o mesmo Jesus não confiava neles,
porque a todos conhecia, e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o
que havia no homem." (Jo 2.24-25). "Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre ele haviam de vir;
adiantou-se, e disse-lhes: A quem buscais?" (Jo 18.4). "E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho,
perdoados são os teus pecados. Ora, estavam ali sentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus
corações, dizendo: Por que fala assim este homem? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão um
só, que é Deus?" (Mc 2.5-7); "E ele, levantando-se, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te,
aquieta-te. E cessou o vento, e fez-se grande bonança." (Mc 4.39).

A união destas duas naturezas numa só Pessoa

As Escrituras representam Jesus Cristo como uma só Pessoa, em que se unem as duas naturezas, divina
e humana, e cada uma delas perfeita quanto à essência e aos seus atributos. Estas duas nature-zas,
inseparavelmente unidas numa só personalidade divino-humana, constituem um mistério. É impossível
para o ser humano explicar a união das duas naturezas numa só pessoa, mas as provas que encontramos
são tantas que não podemos duvidar desta verdade.

Provas da união das naturezas divina e humana

a) Jesus sempre falava de si mesmo e os outros também falavam a respeito Dele como de uma só pessoa.
"E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um." (Jo 17.22). "Nisto
conhecerei o Espírito de Deus: Todo espírito que confessa que Jesus veio em carne é de Deus." (1 Jo 4.2).
Ademais, todos os discursos de Jesus revelam que Ele se considerava uma personalidade só, e não duas.

b) Os atributos e os poderes de ambas as naturezas são consignados a uma só pessoa. "Acerca de seu
Filho, que foi gerado da descendência de Davi, segundo a carne." (Rm 1.13). E ainda: 1 Pe 3.18 ("Porque
também Cristo morreu uma só vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; sendo, na
verdade, morto na carne, mas vivificado no espírito"; Hb 1.2-3 ("Nestes últimos dias a nós nos falou pelo
Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por quem fez também o mundo; sendo ele o
resplendor da sua glória e a expressa imagem do seu Ser; e sustentando todas as coisas pela palavra do
seu poder; havendo ele mesmo feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade nas
alturas"); Ef 4.10 ("Aquele que desceu é também o mesmo que subiu muito acima de todos os céus, para
cumprir todas as coisas."); Mt 28.19-20 ("Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os
em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos
tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.").

c) As Escrituras reputam o valor da concordância feita por Jesus como dependente de uma união destas
duas naturezas. "E pela cruz reconciliar com Deus a ambos em um corpo, matando neles as inimizades. E,
vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto; porque por ele ambos
temos acesso em um mesmo Espírito ao Pai" (Ef 2.16-18).

A natureza da união

a) Devemos notar, em primeiro lugar, a grande importância da união das duas naturezas, divina e humana,
em Cristo Jesus. O cristianismo é a união espiritual entre Deus e o homem e, para que esta se realizasse,
Deus, na Pessoa de Jesus Cristo, uniu-se à humanidade. Assim, Cristo se tornou o coração do
cristianismo; e em sua própria Pessoa foram resolvidos todos os problemas religiosos. Sobre a importância
desta união, consideremos as seguintes passagens: "Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e
ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt 11.27); "Aos quais
Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em
vós, esperança da glória" (Cl 1.27); "Para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em
amor; e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus e Pai, e de
Cristo, Em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência." (Cl 2.2-3); "E a vida
eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste." (Jo
17.3).

b) Há dificuldades para entendermos, às vezes, como se dá esta união. Como pode haver duas naturezas
numa só personalidade? Como pode haver uma natureza humana sem personalidade? E como pode haver
uma natureza divina sem personalidade? Não é possível dar uma explicação satisfatória para isso, mas a
Bíblia ensina, com toda a clareza, que Jesus tinha duas naturezas, e era uma só Pessoa. Este fato
representa, por assim dizer, o coração da Encarnação. E a encarnação é a solução deste problema.

c) Abase da união - A possibilidade da união de Deus com a humanidade se acha em Deus ter criado o
homem à sua imagem e semelhança. O homem foi criado semelhante a Deus. Existe, por isso, a
possibilidade de Deus encarnar-se, isto é, de assumir também a humanidade.

d) Esta é a questão mais difícil: a união das duas naturezas numa só personalidade. Jesus não era duas
pessoas, e tampouco tinha uma personalidade dupla. Ele era uma Pessoa, mas dotada de duas naturezas:
uma divina, e outra humana. Como sabemos, o Verbo uniu-se com a humanidade pela encarnação. A
personalidade humana só começou a existir quando a natureza humana começou a ser uma pessoa. E
esta natureza humana crescia junto com a natureza divina. Nunca houve, portanto, duas personalidades
em Cristo Jesus.

e) Qual o efeito da natureza divina sobre a humana? A união da natureza divina com a humana fez com
que esta participasse dos poderes e da glória daquela. Isto é, quando Jesus estava aqui na Terra, tinha
poderes que não pertenciam aos homens. Convém notar, porém, que Ele nem sempre usou destes
poderes. A primeira tentação foi neste sentido, isto é, o tentador quis induzir Jesus a prevalecer-se desses
poderes sobre-humanos para o seu próprio proveito. Naquela ocasião, Jesus recusou-se a fazer tal coisa,
mas, quando tinha diante de si a multidão faminta, usou os seus poderes, multiplicando os pães e os
peixes para alimentá-la.

f) Quando a natureza divina uniu-se à humana, tornou-se possível a Jesus Cristo padecer, sofrer e até
morrer.
g) A encarnação era necessária para que se estabelecesse a reconciliação entre o homem e Deus. "Pelo
que convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas
coisas que são para com Deus, para expiar os pecados do povo. Porque naquilo que ele mesmo, sendo
tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados." (Hb 2.17,18).

h) A eternidade da união - Encontramos na Bíblia ensinos de que a união da natureza humana com a
divina é eterna e indissolúvel. Quando o Verbo uniu-se à carne, uniu-se de uma vez para sempre. ("Mas
este, porque permanece eternamente, tem um. sacerdócio perpétuo. Portanto, pode também salvar
perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. Porque nos
convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do
que os céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios,
primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez,
oferecendo-se a si mesmo. Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do
juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre." (Hb 7.24-28).

A queda do homem

Jesus Cristo teve de vir ao mundo para unir o homem a Deus. Entretanto, antes do pecado de Adão, esta
união já existia. Deus, no Éden, chamou por Adão: "Onde estás?" ("E ouviram a voz do Senhor Deus, que
passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor
Deus, entre as árvores do jardim. E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás?" —Gn 3:8-
9). Entretanto, em sua onisciência, o Senhor já conhecia o esconderijo do homem e a razão que o levou
até lá. Se Deus sabe de tudo, deve haver uma explicação a ser revelada pelo Espírito Santo para tal
indagação.
Quando o homem se afasta de Deus, cai em desgraça, deixando a luz e indo para as trevas, que o
esconde da presença do Senhor. Também perde a intimidade com Deus, não sendo mais "detectado" pelo
Senhor. Em Gênesis, houve a chance para o homem se redimir; confessando seus pecados. Se Adão
saísse do seu esconderijo e, antes de tudo, dissesse a Deus que pecara e se arrependesse, talvez a
continuação da história fosse outra. Entretanto, "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de
Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus." (Rm
3:23-24).
Mas, para quê o Senhor criou o homem? Antes de sua queda, Lúcifer era um anjo de luz. Mas ousou algo
impossível: ser maior que Deus Aquele que existe desde sempre, o "EU SOU". Lúcifer se transformou em
Satanás, perdendo para sempre o "cargo' mais importante das criações do Senhor: reger louvor Sim, pois
Deus quer apenas uma coisa: ser louvado.
Depois disso, não sabe quanto tempo, Deus começou a criar a terra, o céu e todos os seres que neles
habitam — inclusive o homem. O homem é a única criatura divina que tem dois elementos em sua
formação: terra e espírito, dado por Deus. O Senhor tirou de Lúcifer o dom de louvar e deu-o ao homem, a
maior de suas criações, pois somos feitos à Sua imagem e semelhança. Assim, qualquer crente, por mais
fraco que esteja, é mais forte que o diabo, pois Jesus Cristo resgatou um a um para sua honra e glória.
E este poder é maior para os crentes em Jesus, pois podem expulsar demônios e fazer maravilhas em Seu
nome. "Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais
acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em
serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os
enfermos, e estes serão curados." (Mc 16:16-18).
CAPÍTULO 4

Os dois estados de Jesus

A Bíblia mostra que Jesus Cristo teve dois estados enquanto na Terra: humilhação e exaltação.

Humilhação

A passagem mais importante sobre este assunto é a seguinte: "O qual, sendo em forma de Deus, não teve
por usurpação ser igual a Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se
semelhante aos homens; e, achado em forma como homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até
a morte, e morte de cruz." (Fp 2.6-8)

Caracterização
a) O Verbo preexistente fez-se homem, deixando a sua glória divina para tomar o lugar de servo: "E agora
glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse."
(Jo 17,5).

b) Constitui também na submissão do Verbo ao Espírito Santo: "Até o dia em que foi recebido em cima,
depois de ter dado mandamento pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera" (At 1.2); "Como Deus
ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a
todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele." (At 10.38); "Quanto mais o sangue de Cristo, que
pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das
obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?" (Hb 9.14); "Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao
deserto, para ser tentado pelo diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome"
(Mt 4.1-2).

c) A humilhação consistiu também em Jesus deixar de usar dos poderes que Lhe eram garantidos por sua
natureza divina: "E disse-lhe o diabo: Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em
pão. E Jesus lhe respondeu, dizendo: Escrito está que nem só de pão viverá o homem, mas de toda
palavra que sai da boca de Deus" (Lc 4.3,4); "Ou pensas tu que não poderia eu agora orar a meu Pai, e ele
não me daria mais de doze legiões. de anjos?" (Mt 26.53).

Épocas de humilhação

a) A primeira foi quando o Verbo preexistente se fez carne: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava
com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus." (Jo 1:2)

b) A segunda foi durante o tempo da sua submissão ao Espírito e às leis humanas: "Não cuideis que vim
destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar; mas cumprir" (Mt 5:17)

c) A terceira foi por ocasião da sua morte no Calvário: "E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está
consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito." (Jo 19:30)

O estado de exaltação

Depois da sua morte, Jesus voltou para a destra do Pai, recebeu novamente a glória que tinha
antes que o mundo existisse, e entrou em pleno uso dos poderes que tivera antes do período da sua
humilhação: "E disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de
Deus." (At 7.55).
CAPÍTULO 5

Jesus, nomes e títulos de Deus

O argumento mais forte acerca da divindade de Cristo foi o que mais enraiveceu seus contemporâneos.
Ele conferiu para si os nomes e títulos dados a Deus no Antigo Testamento e também permitiu que outros
assim o chamassem. Quando Jesus reivindicou esses títulos divinos, os principais dos judeus ficaram tão
irados que tentaram matá-lo por blasfêmia. As autoridades judaicas não tinham dúvidas: aquele professor
galileu afirmava ser o Deus Todo-poderoso.

Pode-se objetar que o fato de Jesus reivindicar esses nomes e títulos divinos não o igualavam a Deus.
Muitas pessoas têm um mesmo nome e título: um indivíduo pode, ao mesmo tempo, ser homem, marido,
amigo e gerente de vendas. Alguns nomes e títulos, porém, são exclusivos e só podem ser usados por
uma única pessoa. Por exemplo, só pode haver um presidente do Brasil em cada mandato. Vários dos
nomes e títulos que a Bíblia usa para Jesus são dignos de uma única pessoa: Deus.

Iavé (Jeová)
Jesus reivindicou para si o nome de Deus mais respeitado pelos judeus, tido como tão sagrado que
eles nem sequer o pronunciavam: YHWH (hoje, freqüentemente pronunciado como Iavé ou Jeová). Deus
revelou pela primeira vez o significado deste nome ao seu povo em Êxodo 3, depois de Moisés haver lhe
perguntado por qual nome deveria chamá-lo: "Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos
de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome?
Que lhes direi? E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel:
EU SOU me enviou a vós." (Ex 3.13,14).

"Eu Sou" não é tradução de YHWH. Todavia, trata-se de um derivado do verbo "ser", do qual também
deriva o nome divino Iavé (YHWH) em Ex 3.15 ("E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de
Israel: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou
a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração.") Portanto, o título
"EU SOU O QUE SOU" indicado por Deus a Moisés é a expressão mais plena de seu ser eterno abreviada
no versículo 15 para um nome divino YHWH.

A Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento hebraico, traduziu o primeiro uso da expressão "EU
SOU" em Êxodo 3.14 por "EGO EIMI". (O grego era a língua falada nos dias de Jesus, sendo o idioma em
que o Novo Testamento foi escrito). Nos dias de Jesus, a forma enfática "Eu Sou" (Ego Eimi) em grego era
então o equivalente do hebraico Iavé. Dependendo do contexto, podia ser uma maneira imperiosa de dizer:
"Eu sou" (como em Jo 9.9: "Uns diziam: É este. E outros: Parece-se com ele. Ele dizia: Sou eu."), ou podia
designar o próprio Deus, o eterno EU SOU.

Em várias ocasiões, Jesus empregou a expressão "Ego Eimi" referindo-se a Si mesmo, na forma
unicamente usada para Deus. O exemplo mais nítido é aquele em que os judeus disseram a Jesus:
"Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se. Disseram-lhe, pois, os judeus: Ainda
não tens cinqüenta anos, e viste Abraão? Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes
que Abraão existisse, EU SOU ( Ego Eimi' ). Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus
ocultou-se, e saiu do templo, passando pelo meio deles, e assim se retirou." Os judeus quiseram matá-lo
pela sua presunção em declarar-se divino. O Antigo Testamento era claro. O castigo prescrito para a
blasfêmia era apedrejamento até a morte ("E aquele que blasfemar o nome do Senhor; certamente
morrerá; toda a congregação certamente o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural, blasfemando o
nome do Senhor; será morto." - Lv 24.16).
Os escritores do Novo Testamento, convencidos de que Jesus era Deus, não viram dificuldades em
atribuir-lhe passagens do Antigo Testamento que se referiam a YHWH (Jeová). Marcos, por exemplo, ao
citar Isaías 40.3 ("Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda
a nosso Deus. "; "Segundo o que está escrito no livro das palavras do profeta Isaías, que diz: Voz do que
clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; Endireitai as suas veredas." — Lc 3:4). Já Paulo citou
Joel 2.32 ("E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e
em Jerusalém haverá livramento, assim como disse o Senhor; e entre os sobreviventes, aqueles que o
Senhor chamar") em Rm 10.13 ("Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. "),
enquanto Pedro citou o mesmo versículo de Joel em Atos 2.21 ("E acontecerá que todo aquele que invocar
o nome do Senhor será salvo.").

Deus
A palavra grega traduzida centenas de vezes no Novo Testamento por "Deus" é "The-os",
correspondendo ao hebraico "Elohim" no Antigo Testamento. Jesus é chamado por este nome várias
vezes, para diferenciá-lo dos falsos deuses. Seguem-se onze exemplos do Novo Testamento onde Cristo é
chamado de Deus.

1- Em Hebreus 1:8, onde é apresentada a supremacia de Cristo sobre os Anjos e Profetas, o escritor diz:
"Mas, acerca do Filho: o teu trono, ó Deus (Theos) é para todo o sempre". Trata-se de uma menção direta
do Salmo 45.6-7, onde o termo "Deus" remete, de fato, a Deus: "O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo;
o cetro do teu reino é um cetro de eqüidade. Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus, o teu
Deus, te ungiu com óleo de alegria mais do que a teus companheiros."

2 - Pedro chamou Cristo de "Deus" (Theos). "Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo... na justiça
do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo." ( 2 Pe 1.1 ).

3 - A mesma construção foi usada também por Paulo ao instruir Tito para que esperasse "a manifestação
da glória do nosso Deus e Salvador Cristo" (Tt 2.13: "Aguardando a bem-aventurada esperança e o
aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo").

4 - Tomé, que duvidou da ressurreição: "Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele
disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não
puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei. E oito dias depois estavam outra vez os
seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no
meio, e disse: Paz seja convosco. Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e
chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. E Tomé respondeu, e
disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!" (Jo 20:25-28). Inexiste a possibilidade de se supor que as palavras
de Tomé não fossem dirigidas a Jesus. Tomé usou os dois títulos a fim de expressar sua compreensão da
divindade e soberania de Cristo. Jesus não o censurou por blasfêmia; pelo contrário, aceitou os títulos da
divindade.

5 - Atos 2.36-39 diz: "Saiba, pois, com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós
crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo. E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e
perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos? E disse-lhes Pedro:
Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e
recebereis o dom do Espírito Santo; Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos
os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar"

6 - Atos 16.31-34 se referem à crença no Senhor Jesus como fé em Deus: "E eles disseram: Crê no
Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa. E lhe pregavam a palavra do Senhor, e a todos os que
estavam em sua casa. E, tomando-os ele consigo naquela mesma hora da noite, lavou-lhes os vergões; e
logo foi batizado, ele e todos os seus. E, levando-os à sua casa, lhes pôs a mesa; e, na sua crença em
Deus, alegrou-se com toda a sua casa."
7 - Apocalipse 7.10-12 e 17 dizem: "E clamavam em grande voz, dizendo: Ao nosso Deus que se assenta
no trono, e ao Cordeiro, a salvação. Todos os anjos estavam de pé rodeando o trono, os anciãos e os
quatro seres viventes, e, ante o trono se prostraram sobre os seus rostos e adoraram a Deus, dizendo:
Amém. O louvor e a glória, e a sabedoria, e as ações de graça, e a honra, e o poder; e a força sejam ao
nosso Deus pelos séculos dos séculos. Amém. ". "Porque o Cordeiro que está no meio do trono os
apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a
lágrima." Note que no v.10 é Deus que está sentado no trono e, no v.17, é o Cordeiro (Jesus) que se
encontra no meio do trono.

8 - Em Atos 18:25-26: Este era instruído no caminho do Senhor e, fervoroso de espírito, falava e ensinava
diligentemente as coisas do SENHOR, conhecendo somente o batismo de João. Ele começou a falar
ousadamente na sinagoga; e, quando o ouviram Priscila e Áquila, o levaram consigo e lhe declararam mais
precisamente o caminho de Deus."

9 - Outro nome para o Messias era Emanuel ("Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a
virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel." - Is 7.14), que traduzido
literalmente significa "Deus conosco". Em Mateus 1.23, este título é claramente atribuído a Jesus: "Eis que
a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome Emanuel (que quer dizer Deus
conosco)."

10 - Isaías 9.6 contém a profecia: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu: o governo está
sobre seus ombros: e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe
da Paz". Esta profecia referente a Jesus, o Messias, indica que um de seus nomes seria "Deus Forte" ou
"El Gibbor" em hebraico.

11 - João 1.1-14 diz: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus (Theos)"
(...) "e o Verbo se fez carne, e habitou entre nós". Não existe passagem mais usada nem mais
controvertida sobre a divindade de Cristo do que esta de João 1.1. Há pouca dúvida de que "Verbo" se
refere a Jesus, já que o v. 14 diz: "e o Verbo se fez carne, e habitou entre nós". Os versículos 1 e 14
pregam literalmente a divindade de Cristo, declarando que o Verbo estava "com Deus", "era Deus" e "se
fez carne".

Alfa e Ômega, o Primeiro e Último


Os termos alfa e ômega constituem uma descrição bela e reverente de Deus. Muito antes de as
estrelas encherem os céus e o nosso universo existir, Deus era. Ele é eterno. Gênesis 1.1 diz: "No
princípio criou Deus os céus e a terra." Só Deus merece os títulos Alfa (o primeiro) e Ômega (o último).

Esses nomes expressam, portanto, a natureza externa de Deus. Ele é a fonte e o destino de toda criação.
Nenhum ser criado teria o direito de afirmar ser o primeiro e último de tudo que existe. Jesus e Deus são
chamados de Alfa e Ômega, o primeiro e último, na Bíblia. As passagens abaixo reivindicam claramente a
divindade de Cristo. Não pode haver dois primeiros e dois últimos, dois alfas e dois ômegas.

- Isaías 41.4: "Eu sou, o Senhor; o primeiro, e com os últimos eu mesmo." - Isaías 48.12: "Eu sou o
mesmo, sou o primeiro, e também o último."
- Apocalipse 1.8: "Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o
todo-poderoso".
- Apocalipse 21.6-7: "Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, Eu, a quem tem sede darei de graça da
fonte da água da vida. O vencedor herdará estas coisas, e lhe serei Deus e ele me será filho."
- Apocalipse 1.17-18: "Tinha ele na sua destra sete estrelas; e da .sua boca saía uma aguda espada de
dois gumes; e o seu rosto era como o sol, quando resplandece na sua força. Quando o vi, caí a seus pés
como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último."
- Apocalipse 2.8: "Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto e
reviveu."
- Apocalipse 22.12-16: "Eis que cedo venho e está comigo a minha recompensa, para retribuir a cada um
segundo a sua obra. Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o derradeiro, o princípio e o fim.
Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestes [no sangue do Cordeiro] para que tenham direito à
árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas. Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os
adúlteros, os homicidas, os idólatras, e todo o que ama e pratica a mentira. Eu, Jesus, enviei o meu anjo
para vos testificar estas coisas a favor das igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente
estrela da manhã."

Senhor
O título Senhor é usado livremente em ambos os Testamentos referindo-se a Deus e a Jesus. No
Antigo Testamento, a palavra hebraica para Senhor é "Adonai". Na Septuaginta e no Novo Testamento, o
termo traduzido por "Senhor" é "Kúrios". Tanto Adonai como Kúrios eram usados para Deus pelos judeus.

Kúrios tinha dois sentidos no Novo Testamento, um comum e outro sagrado. O uso comum ocorria numa
saudação amável significando "senhor" ou "mestre". O sentido sagrado implicava divindade. Existem
diversos exemplos bíblicos em que Jesus é nitidamente chamado de "Senhor" no sentido sagrado. Paulo,
por exemplo, escreveu: "Portanto vos quero fazer compreender que ninguém, falando pelo Espírito de
Deus, diz: Jesus é anátema! e ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor! senão pelo Espírito Santo."

Exemplos de orações feitas a Jesus no céu como Senhor:


• Em Atos 7.59-60, Estevão invoca a Jesus como Senhor: "Apedrejavam, pois, a Estêvão que orando,
dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não
lhes imputes este pecado. Tendo dito isto, adormeceu. E Saulo consentia na sua morte."

• Em I Co 1.2, Paulo escreve aos "santos": "À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em
Cristo Jesus, chamados para serem santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso
Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso."

• I Jo 5.13-15: "Estas coisas vos escrevo, a vós que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais
que tendes a vida eterna. E esta é a confiança que temos nele, que se pedirmos alguma coisa segundo a
sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que já
alcançamos as coisas que lhe temos pedido."

• II Co 4.4-5: "...nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus. Pois não nos pregamos a
nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor; e a nós mesmos como vossos servos por amor de Jesus."

• At 8.24: "Respondendo, porém, Simão, disse: Rogai vós por mim ao Senhor; para que nada do que
haveis dito venha sobre mim."

Os apóstolos Pedro e Paulo, cada um por sua vez, declaram que Jesus é o Senhor de todos ( "A palavra
que ele enviou aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo (este é o Senhor de todos)" At
10.36; "Porquanto não há distinção entre judeu e grego; porque o mesmo Senhor o é de todos, rico para
com todos os que o invocam." - Rm 10.12). Paulo disse ainda: "Na verdade, entre os perfeitos falamos
sabedoria, não porém a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que estão sendo
reduzidos a nada; mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, que esteve oculta, a qual Deus
preordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo compreendeu;
porque se a tivessem compreendido, não teriam crucificado o Senhor da glória." (I Co 2.6-8).

Quem é o Senhor da glória? O Salmo 24.10 afirma: "Quem é esse Rei da Glória? O Senhor (YHWH) dos
exércitos; ele é o Rei da Glória." Veja também o Salmo 96.7-8: "Tributai ao Senhor; ó famílias dos povos,
tributai ao Senhor glória e força. Tributai ao Senhor a glória devida ao seu nome; trazei oferendas, e entrai
nos seus átrios." Compare-se ainda Is 42.22-24 ("Mas este é um povo roubado e saqueado; todos estão
enlaçados em cavernas, e escondidos nas casas dos cárceres; são postos por presa, e ninguém há que os
livre; por despojo, e ninguém diz: Restitui. Quem há entre vós que a isso dará ouvidos? que atenderá e
ouvirá doravante? Quem entregou Jacó por despojo, e Israel aos roubadores? porventura não foi o Senhor;
aquele contra quem pecamos, e em cujos caminhos eles não queriam andar; e cuja lei não queriam
observar?"' com Fp 2.10-11 ("Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é
sobre todo nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e
debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor; para glória de Deus Pai.") e Ex
31.13-17 ("Falarás também aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis os meus sábados;
porquanto isso é um sinal entre mim e vós pelas vossas gerações; para que saibais que eu sou o Senhor;
que vos santifica. Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós; aquele que o profanar
certamente será morto; porque qualquer que nele fizer algum trabalho, aquela alma será exterminada do
meio do seu povo. Seis dias se trabalhará, mas o sétimo dia será o sábado de descanso solene, santo ao
Senhor; qualquer que no dia do sábado fizer algum trabalho, certamente será morto. Guardarão, pois, o
sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações como pacto perpétuo. Entre mim e os filhos de
Israel será ele um sinal para sempre; porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, e ao sétimo dia
descansou, e achou refrigério") com Mt 12.8 ("Porque o Filho do homem até do sábado é o Senhor").

Salvador
Deus, no Antigo Testamento, afirmou indiscutivelmente que só Ele é o salvador. "Eu, eu sou o
Senhor (Iavé) e fora de mim não há salvador:" (Is 43.11). As Escrituras, porém, declaram explicitamente
que Jesus também é salvador. Compare os versículos e análise:

• Is 43.3: "Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; por teu resgate dei o Egito,
e em teu lugar a Etiópia e Seba."

• Mt 1.20,21: "E, projetando ele isso, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor; dizendo: José,
filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher; pois o que nela se gerou é do Espírito Santo; ela
dará à luz um filho, a quem chamarás JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados."

• I Tm 4.10: "Pois para isto é que trabalhamos e lutamos, porque temos posto a nossa esperança no Deus
vivo, que é o Salvador de todos os homens, especialmente dos que crêem."

• Jo 4.42: "E muitos mais creram por causa da palavra dele; e diziam à mulher: Já não é pela tua palavra
que nós cremos; pois agora nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador
do mundo."

• Lc 1.47: "Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito exulta em Deus meu
Salvador:"

• Lc 2.11: "É que vos nasceu hoje, na cidade de Davi, o Salvador; que é Cristo, o Senhor:" Paulo disse a
Tito para aguardar a bendita esperança, "Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a
todos os homens, ensinando-nos, para que, renunciando à impiedade e às paixões mundanas, vivamos no
presente mundo sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento
da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus." (Tt 2.11-13). O contexto deste versículo é
importante. Num espaço de doze versículos, Paulo emprega os nomes: "Deus, nosso Salvador" e "Jesus,
nosso Salvador" quatro vezes, alternadamente ("Mas quando apareceu a bondade de Deus, nosso
Salvador e o seu amor para com os homens, não em virtude de obras de justiça que nós houvéssemos
feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou mediante o lavar da regeneração e renovação pelo
Espírito Santo, que ele derramou abundantemente sobre nós por Jesus Cristo, nosso Salvador." Tt 3.4-6).

Rei
"Rei" é um título que expressa a majestade de Deus. O salmista escreveu: "Porque o Senhor é o
Deus supremo, e o grande Rei acima de todos os deuses." (Sl 95.3). Deus disse: "Eu sou o Senhor; vosso
Santo, o Criador de Israel, vosso Rei." (Is 43.15). Há mais de trinta ocorrências nos livros de Salmos,
Isaías, Jeremias, Daniel, Zacarias e Malaquias, em que Deus é chamado de "Rei", "Rei de Israel" e "O
Grande Rei".

Embora seja verdade que o termo "rei" é muitas vezes um título humano, o Novo Testamento não só fala
de Cristo como Rei no mesmo sentido que o Antigo Testamento, como também o chama o "Rei dos reis":
"Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei
dos reis; vencerão também os que estão com ele, os chamados, e eleitos, e fiéis." (Ap 17.14). Na segunda
vinda de Cristo, as palavras: "Rei dos reis" e "Senhor dos senhores" estarão escritas em seu manto ("No
manto, sobre a sua coxa tem escrito o nome: Rei dos reis e Senhor dos senhores." - Ap 19.16). No Antigo
Testamento, Iavé é chamado de "Deus dos deuses e o Senhor dos senhores" ("Pois o Senhor vosso Deus,
é o Deus dos deuses, e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção
de pessoas, nem recebe recompensas" - Dt 10.17).

A passagem de 1 Timóteo 6.13-16 carrega um significado especial. Nela lemos: "Diante de Deus, que
todas as coisas vivifica, e de Cristo Jesus, que perante Pôncio Pilatos deu o testemunho da boa confissão,
exorto-te a que guardes este mandamento sem mácula e irrepreensível até a vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo; a qual, no tempo próprio, manifestará o bem-aventurado e único soberano, Rei dos reis e Senhor
dos senhores; aquele que possui, ele só, a imortalidade, e habita em luz inacessível; a quem nenhum dos
homens tem visto nem pode ver; ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém."

Os pronomes relativos (que, a quem), cujo termo antecedente é "Rei dos reis e Senhor dos senhores",
podem referir-se a Cristo ou a Deus. Se o texto fala de Cristo em estado glorificado, então ele é o único
soberano, Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único a possuir imortalidade e aquele que habita na luz
inacessível dono de todos os títulos da divindade. "E voltei-me para ver quem falava comigo. E, ao
voltar-me, vi sete candeeiros de ouro, e no meio dos candeeiros um semelhante a filho de homem, vestido
de uma roupa talar; e cingido à altura do peito com um cinto de ouro; e a sua cabeça e cabelos eram
brancos como lã branca, como a neve; e os seus olhos como chama de fogo; e os seus pés, semelhantes
a latão reluzente que fora refinado numa fornalha; e a sua voz como a voz de muitas águas. Tinha ele na
sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois gumes; e o seu rosto era como o
sol, quando resplandece na sua força. Quando o vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua
destra, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último, e o que vivo; fui morto, mas eis aqui estou vivo
pelos séculos dos séculos; e tenho as chaves da morte-e do hades." (Ap 1.12-18).

Por outro lado, se esta passagem fala de Deus, então tanto Cristo como Deus compartilham títulos
idênticos, "Rei dos reis e Senhor dos senhores", como demonstram outras passagens já mencionadas (Ap
17.14). De qualquer modo, todas elas defendem a divindade de Cristo.

Juiz
O Antigo Testamento não deixa dúvidas de que Deus é o juiz de cada alma. "Ele intima os altos
céus e a terra, para o julgamento do seu povo: Congregai os meus santos, aqueles que fizeram comigo um
pacto por meio de sacrifícios. Os céus proclamam a justiça dele, pois Deus mesmo é Juiz." (Sl 50.4-6).
Existem muitas referências a Iavé (Jeová) como juiz (Gn 18.25: "Longe de ti que faças tal coisa, que mates
o justo com o ímpio, de modo que o justo seja como o ímpio; esteja isto longe de ti. Não fará justiça o juiz
de toda a terra?" ; Sl 96.13: "Exulte o campo, e tudo o que nele há; então cantarão de júbilo todas as
árvores do bosque diante do Senhor; porque ele vem, porque vem julgar a terra: julgará o mundo com
justiça e os povos com a sua fidelidade."; Hb 12.22-24: "Mas tendes chegado ao Monte Sião, e à cidade do
Deus vivo, à Jerusalém celestial, a miríades de anjos; à universal assembléia e igreja dos primogênitos
inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados; e a Jesus, o
mediador de um novo pacto, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel."; 1 Pe 1.17: "E,
se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em
temor durante o tempo da vossa peregrinação").

A passagem de João 5.17-30 constitui uma das declarações mais consistentes sobre a divindade de Cristo
em toda a Bíblia. Jesus é aquele que irá "julgar os vivos e os mortos". Assim sendo, Jesus e Iavé
apresentam-se com um único Juiz. ("Mas Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho
também. Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só violava o sábado, mas
também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus. Disse-lhes, pois, Jesus: Em verdade,
em verdade vos digo que o Filho de si mesmo nada pode fazei; senão o que vir o Pai fazer; porque tudo
quanto ele faz, o Filho o faz igualmente. Porque o Pai ama ao Filho, e mostra-lhe tudo o que ele mesmo
faz; e maiores obras do que estas lhe mostrará, para que vos maravilheis. Pois, assim como o Pai levanta
os mortos e lhes dá vida, assim também o Filho dá vida a quem ele quer Porque o Pai a ninguém julga,
mas deu ao Filho todo o julgamento, para que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai. Quem não
honra o Filho, não honra o Pai que o enviou. Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha
palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte
para a vida. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz
do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão. Pois assim como o Pai tem vicia em si mesmo, assim
também deu ao Filho ter vida em si mesmos; e deu-lhe autoridade para julgar, porque é o Filho do homem.
Não vos admireis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e
sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o mal, para a
ressurreição do juízo. Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; como ouço, assim julgo; e o meu
prejuízo é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. )
Luz
Luz é uma figura usada com freqüência para designar metaforicamente Deus e sua presença ou revelação.
Deus é "Luz", "Luz perpétua", "Luz das nações" e "aquele que ilumina nossos caminhos", "ilumina as
trevas" ("O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida;
de quem me recearei?" - Sl 27.1; "Eu o Senhor te chamei em justiça; tomei-te pela mão, e te guardei; e te
dei por pacto ao povo, e para luz das nações." - Is 42.6; "Não te servirá mais o sol para luz do dia, nem
com o seu resplendor a lua te alumiará; mas o Senhor será a tua luz perpétua, e o teu Deus a tua glória."
- Is 60.19; "Porque tu, Senhor és a minha candeia; e o Senhor alumiará as minhas trevas." - II Sm 22.29).

Rocha
Rocha, como nome para Deus, simboliza "consolo, solidez e a força divina". No cântico de Moisés antes de
sua morte, ele empregou dois nomes para Deus: Iavé ê Rocha ("Porque proclamarei o nome do Senhor;
engrandecei o nosso Deus. Ele é a Rocha; suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são
justos; Deus é fiel e sem iniqüidade; justo e reto é ele." - Dt 32.3-4; "E Jesurum, engordando, recalcitrou (tu
engordaste, tu te engrossaste e te cevaste); então abandonou a Deus, que o fez, e desprezou a Rocha da
sua salvação. Com deuses estranhos o moveram a zelos; com abominações o provocaram à ira:
Ofereceram sacrifícios aos demônios, não a Deus, a deuses que não haviam conhecido, deuses novos que
apareceram há pouco, aos quais os vossos pais não temeram. Olvidaste a Rocha que te gerou, e te
esqueceste do Deus que te formou." - Dt 32.15-18; "Como poderia UM só perseguir mil, e dois fazer rugir
dez mil, se a sua Rocha não os vendera, e o Senhor não os entregara? Porque a sua rocha não é como a
nossa Rocha, sendo até os nossos inimigos juízes disso." - Dt 32.30-31). Davi adorou a Deus como
"Rocha de Israel" ("Senhor é o meu rochedo, a minha fortaleza e o meu libertador É meu Deus, a minha
rocha, nele confiarei; é o meu escudo, e a força da minha salvação, o meu alto retiro, e o meu refúgio.
O meu Salvador; da violência tu. me livras." - II Sm 22.2-3; "O Senhor vive; bendita seja a minha rocha, e
exaltado seja Deus, a rocha da minha salvação." - II Sm 22.47; "Falou o Deus de Israel, a Rocha de Israel
me disse: Quando um justo governa sobre os homens, quando governa no temor de Deus" - II Sm 23.3).
Em II Sm 22.32, lança-se uma pergunta retórica: "Pois quem é Deus senão o Senhor? E quem é rochedo
senão o nosso Deus?".
No novo Testamento, Jesus também recebe o título de "Rocha" ("Pois não quem, irmãos, que
ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar; e, na nuvem e
no mar todos foram batizados em Moisés, e todos comeram do mesmo alimento espiritual; e beberam
todos da mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os acompanhava; e a pedra era
Cristo." - I Co 10.1-4). Veja também Êxodo 17.6 ("Eis que eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em
Horebe; ferirás a rocha, e dela sairá água para que o povo possa beber: Assim, pois fez Moisés à vista dos
anciãos de Israel.") e Neemias 9.15 ("Do céu lhes deste pão quando tiveram fome, e da rocha fizeste
brotar água quando tiveram sede; e lhes ordenaste que entrassem para possuir a terra que com juramento
lhes havias prometido dar").
Paulo também identifica Jesus com uma "Rocha de escândalo" ("Por que? Porque não a buscavam
pela fé, mas como que pelas obras; e tropeçaram na pedra de tropeço; como está escrito: Eis que eu
ponho em Sião uma pedra de tropeço; e uma rocha de escândalo; e quem nela crer não será confundido."
- Rm 9.32-33). Pedro, por sua vez, descreve Jesus como a "pedra que vive", "a pedra que os construtores
rejeitaram" ("E, chegando-vos para ele, pedra viva, rejeitada, na verdade, pelos homens, mas, para com
Deus eleita e preciosa, vós também, quais pedras vivas, sois edificados como casa espiritual para serdes
sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus por Jesus Cristo. Por isso,
na Escritura se diz: Eis que ponho em Sião uma principal pedra angular; eleita e preciosa; e quem nela crer
não será confundido. E assim para vós, os que credes, é a preciosidade; mas para os descrentes, a pedra
que os edificadores rejeitaram, esta foi posta como a principal da esquina, e: Como uma pedra de tropeço
e rocha de escândalo; porque tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram
destinados." - I Pe 2.4-8).
Redentor
A palavra "redentor" denota aquele que compra ou resgata. Quando a humanidade se achava
espiritualmente falida, incapaz de salvar-se, Deus Pai, voluntariamente e por predeterminação ("Varões
israelitas, escutai estas palavras: A Jesus, o nazareno, varão aprovado por Deus entre vós com milagres,
prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; a este, que foi
entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, vós matastes, crucificando-o pelas mãos de
iníquos" - At 2.22-23), sacrificou seu Filho para a redenção ("Espera, ó Israel, no Senhor! pois com o
Senhor há benignidade, e com ele há copiosa redenção; e ele remirá a Israel de todas as suas
iniqüidades." - S1130.7-8).
"O Redentor" é aquele que da "cova redime" nossas vidas ("Assim diz o Senhor; o teu Redentor; o
Santo de Israel: Eu sou o Senhor; o teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que
deves andar" - Is 48.17; "Pois o teu Criador é o teu marido; o Senhor dos exércitos é o seu nome; e o
Santo de Israel é o teu Redentor.; que é chamado o Deus de toda a terra." - Is 54.5; "Em toda a angústia
deles foi ele angustiado, e o anjo da sua presença os salvou; no seu amor; e na sua compaixão ele os
remiu; e os tomou, e os carregou todos os dias da antigüidade." - Is 63.9; "E ele quem perdoa todas as
tuas iniqüidades, quem sara todas as tuas enfermidades, quem redime a tua vida da cova, quem te coroa
de benignidade e de misericórdia" - Si 103.4). Jesus Cristo é o nosso redentor do pecado. "O qual nos tirou
da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor; Em quem temos a redenção
pelo seu sangue, a saber; a remissão dos pecados; O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de
toda a criação." — Cl 1:13-15)

Senhor, justiça nossa


Diante da necessidade humana de justiça e sua incapacidade de satisfazer o padrão de justiça de
Deus ("Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus." - Rm 3.23), o Antigo Testamento
profetizou que, um dia, Iavé levantaria um "renovo de justiça" da raiz de Davi, o qual receberia o nome de
"Senhor (Iavé) Justiça nossa" ("Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este é o nome
de que será chamado: O Senhor Justiça Nossa." - Jr 23.6; "Naqueles dias e naquele tempo farei que brote
a Davi um Renovo de justiça; ele executará juízo e justiça na terra. Naqueles dias Judá será salvo e
Jerusalém habitará em segurança; e este é o nome que lhe chamarão: O Senhor é Justiça nossa." - Jr
33.15-16). Segundo o ensino do Antigo Testamento, esse renovo, ou "broto", refere-se ao Messias, ou
Cristo (compare com Lucas 1.32: "Este será grande e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe
dará o trono de Davi seu pai"). Um dos nomes de Jesus é, portanto, "Senhor, Justiça nossa". Isaías 45.24
revela que "tão somente no Senhor há justiça e força" ("De mim se dirá: Tão somente no senhor há justiça
e força. A ele virão, envergonhados, todos os que se irritarem contra ele.").

Pastor
Um termo belíssimo para Deus, que descreve o seu cuidado para com os seres humanos, é
"pastor". "O Senhor é o meu pastor e nada me faltará.", cantou Davi (S123.1). Embora o uso da palavra
"pastor" não prove a divindade de Cristo, Pedro e o desconhecido autor de Hebreus chegaram ao ponto de
chamá-lo de "Supremo Pastor", "o grande Pastor das ovelhas" e "Pastor e Bispo das vossas almas" ("E,
quando se manifestar o sumo Pastor; recebereis a imarcescível coroa da glória." -1 Pe 5.4; "Pois não
tendes chegado ao monte palpável, aceso em fogo, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, e ao
sonido da trombeta, e à voz das palavras, a qual os que a ouviram rogaram que não se lhes falasse mais;
porque não podiam suportar o que se lhes mandava: Se até um animal tocar o monte, será apedrejado." -
Hb 13.18-20; "Porque éreis desgarrados, como ovelhas; mas agora tendes voltado ao Pastor e Bispo das
vossas almas." - I Pe 2.25).

Criador
O primeiro versículo da Bíblia relata: "No princípio criou Deus os céus e a terra." (Gn 1.1). Deus é
claramente identificado como Criador. Declarar algo diferente era blasfêmia para os judeus. Repetidas
vezes afirma-se que Deus criou o mundo ( "O Espírito de Deus me fez, e o sopro do Todo-Poderoso me dá
vida." - Jó 33.4; "Seu é o mar, pois ele o fez, e as suas mãos formaram a. terra seca. Oh, vinde, adoremos
e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor; que nos criou." - SI 95.5-6; "Desde a antigüidade fundaste
a terra; e os céus são obra das tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás; todos eles, como um
vestido, envelhecerão; como roupa os mudarás, e ficarão mudados." - S1102.25-26; "Lembra-te também
do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos em que
dirás: Não tenho prazer neles." Ec 12.1; "Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor; o Criador
dos confins da terra, não se cansa nem se fatiga? E inescrutável o seu entendimento." - Is 40.28).
O Novo Testamento afirma a divindade de Cristo, atribuindo-lhe o nome de Criador. ("Ele estava no
princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se
fez." - Jo 1.2-3; "Estava ele no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, e o mundo não o conheceu."
- Jo 1:10).
Paulo expressou o mesmo sentimento: "Porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na
terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades;
tudo foi criado por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele subsistem todas as coisas;
também ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio, o primogênito dentre os mortos, para que em
tudo tenha a preeminência." ( Cl 1.16-18).

Doador da vida
O momento da criação foi quando Deus "formou ao homem do pó da terra, e lhe soprou nas
narinas o fôlego de vida, e o homem tornou-se alma vivente" (Gn 2.7). Dt 33.39 diz: "Vede agora que eu,
eu o sou, e mais nenhum deus há além de mim; eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro, e ninguém há
que escape da minha mão." Depois de dizer "(não há) nenhum deus além de mim", Ele acrescenta que é
quem "dá vida" (compare com Salmo 36.8-9: "Eles se fartarão da gordura da tua casa, e os farás beber da
corrente das tuas delícias; pois em ti está o manancial da vida; na tua luz vemos a luz."). Jesus disse:
"Pois, assim como o Pai levanta os mortos e lhes dá vida, assim também o Filho dá vida a quem ele quer:"
(Jo 5.21). Antes de ressuscitar Lázaro, Jesus declarou: "Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a
vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá." (Jo 11.25).

Perdoador dos pecados


Deus é quem perdoa iniqüidade, transgressão e pecados ("Tendo o Senhor passado perante
Moisés, proclamou: Jeová, Jeová, Deus misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em
beneficência e verdade; que usa de beneficência com milhares; que perdoa a iniqüidade, a transgressão e
o pecado; que de maneira alguma terá por inocente o culpado; que visita a iniqüidade dos pais sobre os
filhos e sobre os filhos dos filhos até a terceira e quarta geração." - Ex 34.6-7). Veja também: Ne 9.17 ("Tu
és o Senhor; o Deus que elegeste a Abrão, e o tiraste de Ur dos caldeus, e lhe puseste por nome Abraão.
"), Dn 9.9-10 ("Ao Senhor; nosso Deus, pertencem a misericórdia e o perdão; pois nos rebelamos contra
ele, e não temos obedecido à voz do Senhor, nosso Deus, para andarmos nas suas leis, que nos deu por
intermédio de seus servos, os profetas."), Jn 4.2 ("E orou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor! não foi isso o
que eu disse, estando ainda na minha terra? Por isso é que me apressei a fugir para Tá•sis, pois eu sabia
que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do
mal."), Is 55.7 ("Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos; volte-se ao
Senhor; que se compadecerá dele; e para o nosso Deus, porque é generoso em perdoar:"), Jr 31.34 ("E
não ensinarão mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor;
porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior; diz o Senhor; pois lhes perdoarei a sua
iniqüidade, e não me lembrarei mais dos seus pecados.").

Jesus, o Filho de Deus, também tem o poder de perdoar pecados. Os trechos de Colossenses 2.13
("E a vós, quando estáveis mortos nos vossos delitos e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou
juntamente com ele, perdoando-nos todos os delitos") e 3.12- 13 ("Revestí-vos, pois, como eleitos de
Deus, santos e amados, de coração compassivo, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade,
suportando-vos e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como o
Senhor vos perdoou, assim fazei vós também.") falam de Jesus como Aquele que perdoa a transgressão.
Jesus revelou a Paulo que, para receber perdão de pecados, é preciso ter fé em Nele ("Disse eu: Quem
és, Senhor? Respondeu o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues; mas levanta-te e põe-te em pé;
pois para isto te apareci, para te fazer ministro e testemunha tanto das coisas em que me tens visto como
daquelas em que te hei de aparecer; livrando-te deste povo e dos gentios, aos quais te envio, para lhes
abrir os olhos a fim de que se convertam das trevas à luz, e do poder de Satanás a Deus, para que
recebam remissão de pecados e herança entre aqueles que são santificados pela fé em mim." - At
26.15-18).
Em certa ocasião, alguns homens foram procurar o Senhor para que curasse um amigo paralítico
(Mc 2.1-12). Enquanto Jesus ensinava numa casa, eles desceram o homem através de um buraco no teto,
a fim de que este alcançasse os pés de Jesus. Comovido pela fé daqueles homens, Jesus disse ao
paralítico: "Filho, os teus pecados estão perdoados". "Que arrogância! Que presunção!", teriam pensado
alguns da multidão. Como Jesus podia conhecer os pecados do paralítico, e ainda oferecer-lhe perdão?
Desta forma, estaria igualando-se a Deus, pois os pecados teriam sido cometidos contra Ele. A resposta
de Jesus foi clara. Ele não estava sendo arrogante — simplesmente dizia a verdade. Eis a prova: "Ora,
para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados (disse ao
paralítico), a ti te digo, levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa.". O homem obedeceu e todos
ficaram admirados, dando glória a Deus. Leia a íntegra do texto:
"Alguns dias depois entrou Jesus outra vez em Cafarnaum, e soube-se que ele estava em casa.
Ajuntaram-se, pois, muitos, a ponto de não caberem nem mesmo diante da porta; e ele lhes anunciava a
palavra. Nisso vieram alguns a trazer-lhe um paralítico, carregado por quatro; e não podendo aproximar-se
dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito
em que jazia o paralítico. E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados são os teus
pecados. Ora, estavam ali sentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações, dizendo: Por
que fala assim este homem? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão um só, que é Deus? Mas
Jesus logo percebeu em seu espírito que eles assim arrazoavam dentro de si, e perguntou-lhes: Por que
arrazoais desse modo em vossos corações? Qual é mais fácil? dizer ao paralítico: Perdoados são os teus
pecados; ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito, e anda? Ora, para que saibais que o Filho do homem tem
sobre a terra autoridade para perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti te digo, levanta-te, toma o teu leito,
e vai para tua casa. Então ele se levantou e, tomando logo o leito, saiu à vista de todos; de modo que
todos pasmavam e glorificavam a Deus, dizendo: Nunca vimos coisa semelhante."

O gramático da língua grega A. T. Robertson comenta esta passagem de Marcos 2.7 em particular:
"Para eles era blasfêmia Jesus assumir essa prerrogativa divina." O raciocínio deles estava certo; a única
falha residida na possibilidade de Jesus manter uma relação peculiar com Deus que justificasse essa
reivindicação. As duas forças colidem aqui, como acontece hoje, à divindade de Cristo Jesus. Sabendo
perfeitamente que exercera a prerrogativa de Deus ao perdoar os pecados ao homem, Ele passa a
justificar sua atitude realizando a cura.

Capítulo 6

Jesus possui os atributos de Deus

Deus é único. Apenas Ele não foi criado, mas é Criador e Sustentador de todo o universo - a origem
da criação, e não parte dela. Podemos ver a obra das mãos de Deus ou sua impressão nas coisas criadas,
mas essa obra não é parte dele. Agora, veremos que Jesus Cristo possui esses atributos.

Onipresença
Deus está "em" tudo: Deus está inteiramente presente em toda parte, em cada ponto do universo. É
esse o significado de onipre-sente. Acreditar que Deus está em toda parte ao mesmo tempo não tem nada
a ver com o sentido hindu de que toda a criação é, de alguma forma, parte de Deus. Por exemplo: embora
Deus tenha feito as árvores, elas não são parte de Deus.
Da mesma maneira que Deus é onipresente em sentido pessoal ("Para onde me irei do teu
espírito, ou para onde fugirei da tua face?" - Si 139.7; "Os olhos do Senhor estão em todo lugar;
contemplando os maus e os bons." - Pv 15.3), sendo, portanto, capaz de ajudar, salvar, amar, defender e
satisfazer os anseios e necessidades mais profundas do seu povo. O Novo Testamento também descreve
Cristo como um ser onipresente. Paulo disse: "Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de
todos os céus, para encher todas as coisas." (Ef 4.10). Cristo garantiu a seus discípulos: "Porque onde
estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles." (Mt 18.20).

Onisciência
Quando dizemos que Deus é onisciente, estamos reconhecendo que sua capacidade intelectual é
ilimitada. Ele sabe tudo o que pode ser conhecido, real ou latente por toda a eternidade. O Novo
Testamento descreve Cristo como um ser pleno de onisciência e conhecimento de tudo - passado,
presente e futuro. Em João 2.2-25 lemos que Jesus "conhecia a todos" e "sabia o que era a natureza
humana". Os discípulos deram este testemunho: "Agora vemos que sabes todas as coisas." (Jo 21.17).
Ratificando sua onisciência, a Bíblia diz que Cristo sabia de antemão "quem o havia de trair" ("Mas há
alguns de vós que não crêem. Porque bem sabia Jesus, desde o princípio, quem eram os que não criam, e
quem era o que o havia de entregar:" - Jo 6.64).

Primeiro milagre de Jesus nas bodas de Cafarnaum


"E foi também convidado Jesus e os seus discípulos para as bodas. E, faltando vinho, a mãe de Jesus lhe
disse: Não têm. vinho. Disse-lhe Jesus: Mulher; que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora.
Sua mãe disse aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser: E estavam ali postas seis talhas de pedra,
para as purificações dos judeus, e em cada uma cabiam dois ou três almudes. Disse-lhes Jesus: Enchei de
água essas talhas. E encheram-nas até em cima. E disse-lhes: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E
levaram. E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (não sabendo de onde viera, se bem que o
sabiam os serventes que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao esposo, e disse-lhe: Todo o
homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até
agora o bom vinho. Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galiléia, e manifestou a sua glória; e
os seus discípulos creram nele. Depois disto desceu a Cafarnaum, ele, e sua mãe, e seus irmãos, e seus
discípulos; e ficaram ali não muitos dias. E estava próxima a páscoa dos judeus, e Jesus subiu a
Jerusalém.. E achou no templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambiadores assentados.
E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, também os bois e ovelhas; e espalhou
o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas; e disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes, e
não façais da casa de meu Pai casa de venda. E os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O
zelo da tua casa me devorará. Responderam, pois, os judeus, e disseram-lhe: Que sinal nos mostras para
fazeres isto? Jesus respondeu, e disse-lhes: Derribai este templo, e em três dias o levantarei. Disseram,
pois, os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu o levantarás em três dias? Mas ele
falava do templo do seu corpo. Quando, pois, ressuscitou dentre os mortos, os seus discípulos
lembraram-se de que lhes dissera isto; e creram na Escritura, e na palavra que Jesus tinha dito. E, estando
ele em Jerusalém pela páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome.
Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia; e não necessitava de que alguém
testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem." (Jo 2.2-25)

Onipotência
As palavras hebraicas "El-Shaddai" podem ser traduzidas por "Deus Todo-Poderoso". Deus é onipotente
ou todo-poderoso. Os milagres de Cristo testificam Seu poder sobre o mundo material, mas Suas palavras
e sua ressurreição proclamam autoridade e poder sobre toda a criação. Vejamos alguns exemplos da
onipotência de Cristo:

• Poder para perdoar pecados ("Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será
derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem." - Mt 9.6)
• Todo poder nos céus e na terra ("E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no
céu e na terra." - Mt 28.18)

• Poder sobre a natureza ("E disse-lhes: Onde está a vossa fé? E eles, temendo, maravilharam-se, dizendo
uns aos outros: Quem é este, que até aos ventos e à água manda, e lhe obedecem?" - Lc 8.25)

• Poder sobre a sua própria vida ("Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder
para a dar; e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai." - Jo 10.18)

• Poder para conceder vida eterna a outros ("Assim. como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê
a vida eterna a todos quantos lhe deste." - Jo 17.2)

Preexistência
Outro atributo que Jesus e Deus compartilham é a preexistência. Muitas passagens bíblicas apóiam a
existência de Jesus antes de seu nascimento na Terra, não como uma simples noção da presciência de
Deus, mas como realidade.

Jesus disse: "Vim do Pai e entrei no mundo; todavia deixo o mundo e vou para o Pai." (Jo 16.28). Muitas
vezes Jesus afirmou que fora enviado ao mundo, deixando implicita sua origem extraterrena ("E aquilo que
ele viu e ouviu isso testifica; e ninguém aceita o seu testemunho. Aquele que aceitou o seu testemunho,
esse confirmou que Deus é verdadeiro. Porque aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; pois não
lhe dá Deus o Espírito por medida." - Jo 3.32-34; "Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade
daquele que me enviou, e realizar a sua obra." - Jo 4.34; "Para que todos honrem o Filho, como honram o
Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou." - Jo 5.23; "Jesus respondeu, e disse-lhes: A
obra de Deus é esta: Que creiais naquele que Ele enviou." - Jo 6.29).

Jesus disse a Nicodemos : "Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem,
que está no céu. " (Jo 3.13). E ainda: o autor de Hebreus confirmou a preexistência de Cristo quando
escreveu que Moisés considera "o opróbrio de Cristo por riquezas do que os tesouros do Egito." ("Tendo
por maiores riquezas o opróbrio de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a
recompensa." (Hb 11.26).

Eternidade
O Deus da Bíblia é eterno. Ele não teve um "começo", como os Testemunhas de Jeová, entre outros
adeptos de heresias afirmam (incluindo-se, em certo sentido, também os mórmons). Ao predizer o
nascimento de Jesus, o Messias, o profeta Miquéias disse: "E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre
os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos
antigos, desde os dias da eternidade." (Mq 5.2). Isaías, falando também do nascimento de Cristo, declarou
que, entre outras designações, a criança seria chamada "Pai da eternidade" ("Porque um menino nos
nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome:
Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz." - Is 9.6). Jesus disse: "
"Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão fosse feito eu sou." (Jo 8.58).

Imutabilidade
A maioria dos dicionários define imutável como "não sujeito a mudança". Deus é imutável na sua pessoa.
Embora Ele aja no tempo, e mude e estabeleça relacionamentos no tempo, Sua essência, que inclui
atributos, jamais muda ("Porque eu, o Senhor; não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois
consumidos." - Ml 3.6; "Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes,
em quem não há mudança nem sombra de variação." - Tg 1.17; "O conselho do SENHOR permanece para
sempre; os intentos do seu coração de geração em geração." - Si 33.11; "Lembrai-vos das coisas
passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim.
Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo:
O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade." -Is 46.9-10).

Podemos confiar que Ele nos amará eternamente e manterá Suas promessas. Jesus atravessou
evidentemente as fases do desenvolvimento humano, mas manteve-se imutável no que diz respeito à Sua
natureza divina. As Escrituras declaram que "Jesus Cristo ontem e hoje é o mesmo, e o será para sempre."
(Hb 13.8). Jesus e o Pai são imutavelmente um só em essência.

Capítulo 7
Jesus possui a autoridade de Deus

A autoridade de Deus em Jesus é vista quando Cristo reivindica o direito de ser adorado. Ele também
proclamou autoridade para ressuscitar a si mesmo, e falou com imensa autoridade, como o próprio Deus.

Adoração
Poucos assuntos são tratados na Bíblia com mais clareza que o tema da adoração. Tanto o Antigo como o
Novo Testamento enfatizam que só Deus deve receber culto. ("E Jesus, respondendo, disse-lhe: Vai-te
para trás de mim, Satanás; porque está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás." - Lc 4.8).
Nenhum homem ou anjo deve ser adorado ( " "Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito:
Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás." - Mt 4.10). Deus não dá sua "glória" a outrem ("Eu sou
o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de
escultura." - Is 42.8).

O Novo Testamento emprega uma palavra especial para o ato de adorar, o termo grego "proskuneo". Foi
essa palavra usada por Jesus ao ordenar a Satanás que adoras-se só a Deus: ela é empregada mais do
que qualquer outro termo para se descrever a adoração prestada a Deus ( "Deus é Espírito, e importa que
os que o adoram o adorem em espírito e em verdade." - Jo 4.24; "E cantavam um novo cântico, dizendo:
Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste
para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação." - Ap 5.14; "E todos os anjos estavam ao
redor do trono, e dos anciãos, e dos quatro animais; e prostraram-se diante do trono sobre seus rostos, e
adoraram a Deus" - Ap 7.11; "E os vinte e quatro anciãos, que estão assentados em seus tronos diante de
Deus, prostraram-se sobre seus rostos e adoraram a Deus." - Ap 11.16).

Depois de Jesus ter curado um homem, este exclamou: "Creio, Senhor: E o adorou (pretérito perfeito de
`proskuneo'). " (Jo 9.38). A mesma palavra grega é usada em Mateus 14.33, quando os discípulos
adoraram Jesus depois de vê-lo andar por sobre a água ("Então aproximaram-se os que estavam no
barco, e adoraram-no, dizendo: És verdadeiramente o Filho de Deus."). Em outra ocasião, Jesus foi
adorado quando os discípulos O viram Jesus depois da ressurreição. Em todas essas circunstâncias, o
mesmo Jesus que censurava Satanás por tentá-lo a adorar erradamente, não se retraiu horrorizado porque
"só Deus deve receber culto". Em vez disso, Ele recebeu a adoração como um direito seu.

Ressuscitar a si mesmo
Embora Jesus estivesse sujeito à morte como homem, Ele reivindicou o poder e a autori-dade para
ressuscitar a si mesmo, os quais pertenciam exclusivamente a Deus. Alguns poderiam perguntar: "Se
Jesus Cristo é Deus, como Ele pôde ressuscitar a si mesmo? Em João 2.19, Jesus disse: "Jesus
respondeu, e disse-lhes: Derribai este templo, e em três dias o levantarei." Conforme o versículo 21: "Mas
ele falava do templo do seu corpo." Em relação à Sua vida, Ele disse: "Tenho autoridade para a entregar e
também para reavê-la." (Jo 10.18).

Falar com Deus Jesus não só reivindicou nomes, títulos e atributos de Deus, recebeu adoração e alegou
possuir autoridade para ressuscitar a si mesmo, mas também disse coisas que cabiam somente a Deus (e
a Si, por conseguinte). Certa vez, quando os fariseus enviaram soldados para prendê-lo, estes voltaram de
mãos vazias. Quando lhes perguntaram por que não O haviam prendido, "Responderam os servidores:
Nunca homem algum falou assim como este homem." - (Jo 7.46).

Deus se tornou homem em Cristo


Na encarnação, Jesus decidiu voluntariamente colocar-se sob a autoridade do Pai. Ele não fez isso por
necessidade, mas por escolha, como parte do plano de Deus. Paulo explica em Filipenses 2.5-8: "Tende
em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus
não julgou por usurpação o ser igual a Deus: antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo,
tornando-se em semelhança de homens: e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou,
tornando-se obediente até à morte de cruz."

A declaração de que Jesus abriu mão de sua igualdade com Deus Pai supõe que Ele ocupava tal posição
(a palavra grega para "igual" deriva de `isos', o mesmo termo usado como prefixo do vocábulo isósceles,
que em geometria designa o triângulo que possui dois lados iguais).

Este trecho de Filipenses também ensina que Jesus "existia" em duas formas: como Deus (v.6) e depois
como servo (v. 7), "tornando-se em semelhança de homem". O fato de Paulo ter mencionado que Jesus foi
reconhecido em figura humana, indica tratar-se de algo inesperado - Deus tornou-se homem.
A palavra "usurpação" não implica que Jesus estava tentando igualar-se a Deus, mas sim que era igual.
Ele não se agarrou ou apegou-se às suas prerrogativas divinas enquanto se achava na terra.
Jesus viveu na Terra pelo poder do Pai. Deus Filho, em submissão (por ordem e não por natureza) a Deus
Pai, tornou-se homem; assumiu uma segunda natureza real, humana, e depois realizou voluntariamente o
ato supremo de submissão: o auto-sacrifício pelos pecados do mundo.
O fato de Jesus ter assumido a forma humana na encarnação permitiu que Deus fosse visto no sentido
mais pleno possível neste mundo. Em Jesus Cristo, contemplamos a "a glória como do unigênito do Pai"
(Jo 1.14). Outras passagens, porém, dizem:
"E disse mais: Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá." (Ex
33:20); "Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou." (Jo
1:18); "Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu
nem pode ver; ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém." (I Tm 6:16); "És tu maior do que o nosso
pai Jacó, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado?" (Jo 4.12)
Ninguém poderia ver a totalidade de Deus em todo o seu poder e esplendor e viver, isto é verdade. Só a
presença dos seres angelicais já fazia com que os indivíduos piedosos sentissem grande temor e
reverência, quando quase a ponto de morrerem ("E levantei os meus olhos, e olhei, e eis um homem
vestido de linho, e os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz; E o seu corpo era como berilo, e o seu
rosto parecia um relâmpago, e os seus olhos como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés
brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como a voz de uma multidão. E só eu,
Daniel, tive aquela visão. Os homens que estavam comigo não a viram; contudo caiu sobre eles um grande
temor; e fingiram, escondendo-se. Fiquei, pois, eu só, a contemplar esta grande visão, e não ficou força em
mim; transmudou-se o meu semblante em corrupção, e não tive força alguma. Contudo ouvi a voz das
suas palavras; e, ouvindo o som das suas palavras, eu caí sobre o meu rosto num profundo sono, com o
meu rosto em terra. E eis que certa mão me tocou, e fez com que me movesse sobre os meus joelhos e
sobre as palmas das minhas mãos. E me disse: Daniel, homem muito amado, entende as palavras que vou
te dizer; e levanta-te sobre os teus pés, porque a ti sou enviado. E, falando ele comigo esta palavra,
levantei-me tremendo." - Dn 10.5-11).
Deus, todavia, foi "visto". Quando Moisés pediu para ver a Deus, ouviu: "E disse mais: Não poderás ver a
minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá." (Ex 33:20). Mas prosseguiu dizendo
que colocaria Moisés na fenda da rocha e poria sobre ele a Sua mão. A seguir, a sua "glória" passaria.
Depois de passar a sua glória, disse Deus: "Em tirando eu a mão, tu me verás pelas costas; mas a minha
face não a verás ." (Ex 33.23). Moisés viu, então, embora apenas até onde era permissível.
Existem também outras ocasiões em que Deus foi "visto". Depois de Jacó ter lutado com um "homem",
uma manifestação física de Deus, pois a Bíblia diz que ele "lutara com Deus " ("E Jacó lhe perguntou, e
disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o
ali." - Gn 32.28, e compare com Os 12.3-4: "No ventre pegou do calcanhar de seu irmão, e na sua força
lutou com Deus. Lutou com o anjo, e prevaleceu; chorou, e lhe suplicou; em Betel o achou, e ali falou
conosco"). Jacó disse : "Vi a Deus face a face, e a minha vida está salva." (Gn 32.3).

Moisés, Arão, Nadabe e Abiú, juntamente com setenta anciãos de Israel, "viram o Deus de Israel" ("E
subiram Moisés e Arão, Nadabe e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel. E viram o Deus de Israel, e
debaixo de seus pés havia como que uma pavimentação de pedra de safira, que se parecia com o céu na
sua claridade. Porém não estendeu a sua mão sobre os escolhidos dos filhos de Israel, mas viram a Deus,
e comeram e beberam." - Ex 24.9-11). O pai de Sansão exclamou: "E disse Manoá à sua mulher:
Certamente morreremos, porquanto temos visto a Deus." (Jz 13.22). Leia sobre a visão celestial de Deus
por Isaías: "No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e
sublime trono; e o seu séquito enchia o templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas;
com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam. E clamavam uns
aos outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória. E
os umbrais das portas se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. Então disse eu:
Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de
impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos." (Is 6.1-5).

A Bíblia sugere, então, que seres humanos não podem ver a glória e o poder de Jesus Cristo. Jesus disse
que vê-Lo era o mesmo que ver a Deus ("E quem me vê a mim, vê aquele que me enviou." - Jo 12.45;
"Disse-lhe Tomé: Senhor; nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho? Disse-lhe
Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. Se vós me
conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto.
Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo
convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o
Pai" — Jo 14.5-9).

Colossenses 1.15 declara que Cristo é a "imagem do Deus invisível" ("O qual é imagem do Deus invisível,
o primogênito de toda a criação"). O escritor de Hebreus disse sobre Cristo: "O qual, sendo o resplendor da
sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder;
havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas
alturas." (Hb 1.3). No texto original grego, o sentido aqui é de "reprodução exata", um termo mais forte do
que o de Colossenses 1.15.

Jesus Cristo como filho


A palavra filho na Bíblia é usada de várias maneiras, genérica ou figuradamente. No grego, duas palavras
foram traduzidas por "filho": "teknon" e "Huios". "Teknon" veio de uma raiz ligada a parto e pode ser
traduzido por filho, filha ou criança. O outro termo grego, "huios", também pode ser empregado literalmente
mas, como indica a "Exaustive Concordance", de Strong, era "usado em grande parte para o parentesco
imediato ou figurado". A palavra filho foi empregada para Jesus em pelo menos quatro sentidos: filho de
Maria, filho de Davi, Filho do homem e Filho de Deus. Esses quatro termos descrevem a relação da
natureza de Jesus com o Pai e com a humanidade.

- Filho de Maria: segundo a natureza humana de Jesus — Maria era sua mãe.

- Filho de Davi: neste caso ("huios"), é geralmente interpretado como uma figura, por-que Jesus não
descendia diretamente da primeira geração de Davi ("Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os
profetas. E, estando reunidos os fariseus, interrogou-os Jesus, dizendo: Que pensais vós do Cristo? De
quem é filho? Eles disseram-lhe: De Davi. Disse-lhes ele: Como é então que Davi, em espírito, lhe chama
Senhor); dizendo: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, Até que eu ponha os teus
inimigos por escabelo de teus pés? Se Davi, pois, lhe chama Senha; como é seu filho? E ninguém podia
responder-lhe uma palavra; nem desde aquele dia ousou mais alguém interrogá-lo." - Mt 22.40-45).
Todavia, pode também significar que Jesus é um descendente e herdeiro de Davi.

- Filho do homem: a expressão é distintamente judaica: um indivíduo podia ser chamado de "filho do
homem". O profeta Ezequiel foi mencionado por esse título noventa e nove vezes. A expressão adquiriu
teor messiânico em Daniel 7.13-14: "Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas
nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele. E
foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu
domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído." O uso feito por
Cristo deste título percorre duas linhas de pensamento: primeiramente, "filho do homem" revela uma figura
divina["Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra. autoridade para perdoar pecados (disse
então ao paralítico): Levanta-te, toma a tua cama, e vai para tua casa." - Mt 9.6; "Ora, para que saibais que
o Filho do homem tem na terra poder para perdoar pecados (disse ao paralítico)." - Mc 2.10; "Ora, para
que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra poder de perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti te
digo: Levanta-te, toma a tua cama, e vai para tua casa." - Lc 5.24). Segundo, "filho do homem" revela uma
figura humana ("Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e
encontrareis descanso para as vossas almas." - Mt 11.29; "E começou a ensinar-lhes que importava que o
Filho do homem padecesse muito, e que fosse rejeitado pelos anciãos e príncipes dos sacerdotes, e pelos
escribas, e que fosse morto, mas que depois de três dias ressuscitaria." - Mc 8.31).

- Filho de Deus: o fato de Jesus Cristo ser o filho de Deus é essencial para a doutrina da encarnação.
Jesus é o filho de Deus na Escritura. O Pai não se tornou homem. O Espírito não se tornou homem. A
expressão 'filho ( 'huios ' ) de Deus" pode ser usada para inferir a plena divindade de Cristo, assim como
"filho do homem" implicava sua plena humanidade.

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