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CRISTOLOGIA – Doutrina de Jesus Cristo Página 1

UMA PALAVRA DO REITOR

O homem não age diretamente sobre as coisas. Sempre


há um intermediário, um instrumento entre ele e seus
atos. Isto também acontece quando faz ciência, quando
investiga cientificamente. Ora, não é possível fazer um
trabalho científico, sem conhecer os instrumentos.
E estes se constituem de uma série de termos e conceitos que devem ser
claramente distinguidos, de conhecimentos a respeito das atividades cognoscivas
que nem sempre entram na constituição da ciência, de processos metodológicos
que devem ser seguidos, a fim de chegar a resultados de cunho científico e,
finalmente, é preciso imbuir-se de espírito científico.
Pr. Marcos Cavalcante

BREVE CURRÍCULUM
BACHAREL E LICENCIADO EM LETRAS - pela Universidade Guarulhos/SP
PÓS-GRADUADO em Gestão Educacional – Universidade de Maringá/Pr
PÓS-GRADUADO em Docência p/Ensino Superior – Universidade Nove de Julho/SP
BACHARELANDO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS – Unimes/SP
LICENCIANDO EM HISTÓRIA – Faculdade ACADEMUS/SP
BACHAREL EM TEOLOGIA – Faculdade Ibetel
Mestre em Ciências da Religião – Faculdade Ibetel
MESTRE em Antigo Testamento – Faculdade Logos
DOUTOR em Antigo Testamento – Faculdade Logos
 O Pastor Marcos é Pastor há mais de 20 anos. Serve a Deus na Igreja
Assembleia de Deus.

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ÍNDICE

UMA PALAVRA, PG 5
AS DUAS NATUREZAS DE CRISTO, PG 5
O CARÁTER DE CRISTO, PG 17
A OBRA DE CRISTO, PG 21
HERESIAS SOBRE A PESSOA DE CRISTO, PG 34
O CARÁTER MESSIÂNICO DE CRISTO, PG 42

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UMA PALAVRA

Toda a discussão cristológica parte da resposta que se dá à pergunta do


próprio Cristo: “Quem diz o povo ser o Filho do homem?” e da crença na
declaração bíblica: “...e Verbo era Deus.”
Cristo foi para os seus contemporâneos o que poderíamos chamar um ser
controverso. Dificilmente duas pessoas pensavam e diziam a respeito dele a
mesma coisa. Muitos daqueles que o viam comendo, diziam: “Ele é um glutão”
(Mt 11.19). E eram esses mesmos que, ao saberem que Ele se abstivera de
comer, diziam: “Este tem demônios. “Muitos daqueles que testemunhavam a
operação dos seus milagres, diziam: “Ele engana o povo”, ou “Ele opera sinais
pelo poder dos demônios.”
Quanto ao seu ministério, aqueles que o viam citando a Lei, diziam: “Este é
Moisés.” Aqueles que viam o seu zelo em despertar nos homens fé no verdadeiro
Deus, diziam: “Este é Elias.” Aqueles que o viam chorando enquanto consolava os
infelizes e abandonados, diziam: “Este é Jeremias.” Aqueles que o viam pregar o
arrependimento como meio único do homem alcançar o perdão divino, diziam:
“Este é João Batista.” Ninguém contudo, exceto os seus discípulos, conhecia a sua
verdadeira identidade.

I.AS DUAS NATUREZAS

I.1. A HUMANIDADE DE CRISTO

A PESSOA DE CRISTO

Como Jesus pode ser Plenamente Deus e plenamente homem, e ainda


assim uma pessoa? Podemos resumir da seguinte maneira o ensino bíblico acerca
da pessoa de Cristo: Jesus Cristo foi plenamente Deus e plenamente homem em
uma só pessoa.
O material bíblico que sustenta essa definição é extenso. Discutiremos
primeiro a humanidade de Cristo, depois sua divindade e, em seguida,
tentaremos mostrar como a divindade e a humanidade de Jesus, unem-se na
única pessoa de Cristo.
O Nascimento Virginal – Quando falamos na humanidade de Cristo,
convém iniciar com uma consideração do nascimento virginal de Cristo. As
Escrituras afirmam claramente que Jesus foi concebido no ventre de sua mãe,
Maria, por obra miraculosa do Espírito Santo e sem um pai humano.
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“Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe,
desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo
Espírito Santo (Mt 1.18). Logo depois, um anjo do Senhor [Gabriel?] disse a José,
que havia desposado Maria: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua
mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo” (Mt 1.20). Então,
lemos que: “José fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua mulher.
Contudo, não a conheceu, enquanto ela não deu à luz um filho, a quem pôs o
nome de Jesus” (Mt 1.24,25).
A importância doutrinária do nascimento virginal é vista em pelo menos
três áreas:

1.Mostra que a salvação em última análise deve vir do Senhor -


Exatamente como Deus havia prometido que a “Semente” da mulher (Gn 3.15)
acabaria por destruir a serpente, Deus torna isso em realidade pelo seu poder,
não por meros esforços humanos. O nascimento virginal de Cristo é um lembrete
inequívoco de que a salvação jamais pode vir por meio do esforço humano, mas
deve ser obra do próprio DEUS. (Gl 4.4,5).
2.O Nascimento virginal possibilitou a união da plena divindade e da
plena humanidade em uma só pessoa - Esse foi o meio empregado por Deus
para enviar seu Filho (Jo3.16; Gl 4.4) ao mundo como homem. Se pensarmos por
um momento em outros meios possíveis, pelos quais Cristo poderia ter vindo ao
mundo, nenhum deles uniria com tamanha clareza a humanidade e a divindade
em uma pessoa. É provável que Deus pudesse criar Jesus no céu como um ser
completamente humano e enviá-lo para que descesse do céu à terra sem o
benefício de nenhum genitor humano. Mas nesse caso ser-nos-ia muito difícil
ver como Jesus poderia ser plenamente humano como somos, e ele não faria
parte da raça humana que descende fisicamente de Adão. Por outro lado, é
provável que fosse bem possível para Deus fazer Jesus entrar no mundo por
meio de genitores humanos, pai e mãe, e com sua plena natureza divina
miraculosamente unida à sua natureza humana em algum momento no início
de sua vida. Mas então ser-nos-ia difícil compreender como Jesus seria
plenamente Deus, uma vez que sua origem seria como a nossa em todos os
sentidos. Quando pensamos nessas duas outras possibilidades, isso nos ajuda a
compreender como Deus, em sua sabedoria, ordenou uma combinação de
influência humana e divina no nascimento de Cristo, de modo que sua plena
humanidade nos seria evidente pelo seu nascimento humano comum por meio de
uma mulher, e sua plena divindade seria evidente por sua concepção no ventre de
Maria pela obra poderosa do Espírito Santo.
3.O nascimento virginal também torna possível a verdadeira humanidade
de Cristo sem a herança do pecado - Os seres humanos herdaram a culpa legal e

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uma natureza moral corrupta do primeiro ancestral, Adão (ao que às vezes dá-se
o nome “pecado herdado” ou “pecado original”). Mas o fato de Jesus não ter tido
um pai humano significa que a linha de descendência de Adão é parcialmente
interrompida.
Jesus não descendeu de Adão da maneira exata pela qual todos os outros
seres humanos descendem de Adão. E isso nos ajuda a compreender por que a
culpa legal e a corrupção moral que pertencem a todos os outros seres humanos
não pertencem a Cristo.
Essa ideia parece estar implícita na declaração do anjo Gabriel a Maria, em
que ele lhe diz: O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá
com a sua sombra. Assim, aquele que nascer será chamado santo, Filho de Deus
(Lc 1.35 NVI).
Mas por que Jesus não herdou uma natureza pecaminosa de Maria? [A
Igreja Católica Romana responde a essa pergunta dizendo que a própria Maria
era isenta de pecado], porém as Escrituras não ensinam isso em parte alguma, e
de qualquer maneira isso não resolveria o problema (pois como, então, Maria
não herdou o pecado da mãe?). Solução melhor é dizer que a obra do Espírito
Santo em Maria deve ter evitado não só a transmissão do {pecado?} de José (pois
Jesus não teve pai humano), mas também, de maneira miraculosa, a transmissão
do pecado de Maria: “Descerá sobre ti o Espírito Santo *...+ por isso, também o
ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus” (Lc 1.35).

IMPORTANTE:
Tertuliano, um ministro da Igreja cristã primitiva, mostrou aos
pagãos de seus dias que seus mitos serviam apenas de objeto do ridículo
público, e que não havia termo de comparação entre suas fábulas
revoltantes e os registros evangélicos do Nascimento Virginal de Cristo.
Nossos oponentes replicam que Buda e Zoroastro, além de outros,
segundo afirmavam seus seguidores, teriam nascido de virgens. A isso
retruca o Dr. Orr: “Nenhum escritor pagão de nomeada, pelo menos
durante duzentos ( 200 ) anos depois de Buda, afirmou que ele tivesse
nascido de uma virgem. Todo estudante da história sabe que nunca se
pôde encontrar coisa alguma, nas vidas desses antigos personagens, capaz
de convencer qualquer pessoa de são juízo de que eles tivessem nascido
sobrenaturalmente, e as pessoas inteligentes daqueles tempos não
aceitaram tais contos como verdadeiros. Acresce, ainda, que as predições
messiânicas, encontradas no Antigo Testamento e cumpridas na vida de
Cristo, constituem evidência adicional. Nada semelhante pode ser dito a
respeito de Buda, de Maomé ou de qualquer outro fundador de religião
pagã. Os profetas, séculos antes de Cristo, predisseram o lugar de Seu

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nascimento, os Seus sofrimentos e Sua expiação do pecado. Portanto, o
argumento baseado em mitos pagãos, apresentado para derrubar o
nascimento miraculoso de Cristo, CAI POR TERRA.

FRAQUEZAS E LIMITAÇÕES HUMANAS

1.Jesus possuía um CORPO Humano – O fato de que Jesus possuía um


corpo humano exatamente como o nosso é visto em muitas passagens das
Escrituras. Ele nasceu assim como nascem todos os bebês humanos (Lc 2.7). Ele
passou da infância para a maturidade assim como crescem todas as outras
crianças (Lc 2.40). Ale, disso, Lucas diz que “crescia Jesus em sabedoria, estatura
e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2.52).
Jesus ficava cansado exatamente como nós (Jo 4.6). Ele tinha sede
(Jo19.28). Teve fome (Mt 4.2). Quando Jesus estava caminhando para a
crucificação, os soldados forçaram Simão Cireneu a carregar sua cruz (Lc 23.26),
mais provavelmente porque Jesus estava tão fraco depois dos açoites que havia
recebido, que não tinha forças suficientes para carregá-la por si. O auge das
limitações de Jesus quanto ao seu corpo humano quando ele morreu sobre a cruz
(Lc 23.46). Seu corpo humano deixou de conter a vida e parou de funcionar,
assim como acontece com o nosso quando morremos.
Jesus também ressuscitou dos mortos num corpo humano, físico, ainda
que aperfeiçoado e já não sujeito à fraqueza, enfermidade ou morte. Ele
demonstra várias vezes aos discípulos que possui de fato um corpo real (Lc
24.39,42; Jo 20.17,20,27; 21.9,13). Todos esses versículos juntos mostram que,
no que diz respeito ao corpo humano, Jesus era COMO NÓS em todos os
aspectos antes da ressurreição, e após a ressurreição ainda era um corpo
humano com “carne e ossos”, mas tornado perfeito, o tipo de corpo que teremos
quando Cristo voltar e formos também ressuscitados. Jesus continua existindo
nesse corpo humano no céu, conforme a ascensão tem o propósito de ensinar.
2. Jesus possuía uma MENTE Humana – O fato de Jesus ter crescido em
sabedoria (Lc 2.52), significa que ele passou por um processo de aprendizado
assim como acontece com todas as outras crianças – ele aprendeu a comer, a
falar, a ler e a escrever, e a ser obediente a seus pais (Hb 5.8). Esse processo
normal de aprendizado fazia parte da genuína humanidade de Cristo.
Também vemos que Jesus possuía uma mente humana como a nossa
quando ele fala do dia em que retornará à terra: “Mas a respeito daquele dia ou
da hora ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o Pai” (Mc
13.32).
3. Jesus possuía Alma Humana e Emoções humanas – Vemos várias
indicações de que Jesus possuía alma humana. Logo antes de sua crucificação

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(Jo12.27). Neste versículo a palavra angustiar representa o termo grego tarassõ,
palavra muitas vezes empregada em referência a pessoas ansiosas ou que de
repente são surpreendidas por um perigo. Além disso, antes da crucificação,
percebendo o sofrimento que enfrentaria, Jesus disse: “A minha alma está
profundamente triste até a morte” (Mt 26.38), tamanha aflição que sentia, a
ponto de parecer que, caso se intensificasse um pouco mais, lhe roubaria a vida.
Veja outros casos:

Ele “admirou-se” (Mt 8.10)


Ele “chorou” (Jo 11.35)
Ele “suplicou com lágrimas” (Hb 5.7)
Impecabilidade – Ainda que o Novo Testamento seja claro em afirmar que
Jesus era plenamente humano exatamente como nós, também afirma que Jesus
era diferente em um aspecto importante: Ele era isento de pecado e jamais
cometeu um pecado durante sua vida. Alguns objetam que se Jesus não pecou,
então não era verdadeiramente humano, pois todos os humanos pecam. Mas os
que fazem tal objeção simplesmente não percebem que os seres humanos estão
agora numa situação anormal. Deus não nos criou pecaminosos, mas santos e
justos.
Adão e Eva no jardim eram verdadeiramente humanos antes de pecar, e
nós agora, apesar de humanos, não nos conformamos ao padrão que Deus deseja
que preenchamos quando nossa humanidade plena, impecável, for restaurada.
As declarações a respeito da impecabilidade de Jesus são mais explícitas no
evangelho de João. Jesus fez a surpreendente proclamação: “Eu sou a luz do
mundo” (Jo8.12). Se compreendermos que a luz representa tanto a fidedignidade
como a pureza moral, então aqui Jesus está alegando ser a fonte da verdade e a
fonte da pureza moral e da santidade no mundo - uma alegação estarrecedora
que poderia ser feita só por alguém isento de pecado. Além disso, com respeito à
obediência a seu Pai no céu, ele disse: “eu faço sempre o que lhe agrada” (Jo8.29;
o tempo presente dá o sentido de atividade contínua: “estou sempre fazendo o
que lhe agrada”). Ao final da vida Jesus pôde dizer: “...eu tenho guardado os
mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço” (Jo15.10). É significativo
que quando Jesus foi julgado diante de Pilatos, apesar das acusações dos judeus,
Pilatos só pôde concluir: “Eu não acho nele crime algum” (Jo 18.38).
Por que era necessário que Jesus fosse plenamente humano? – Quando
João escreveu sua primeira epístola, circulava na igreja um ensino herético,
segundo o qual Jesus não era homem. Essa heresia tornou-se conhecida como
DOCETISMO. Essa negação da verdade acerca de Cristo era tão séria que João
podia dizer que tratava de uma doutrina do anticristo: “Nisto reconheceis o
Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de

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Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo
contrário, este é o espírito do anticristo” (I Jo 4.2,3). O apóstolo João entendia
que negar a verdadeira humanidade de Jesus era negar um fato bem central do
cristianismo, de modo que ninguém que negasse que Jesus veio em carne era
enviado por Deus. Quando examinamos o Novo Testamento, vemos vários
motivos pelos quais Jesus tinha de ser plenamente humano para ser o Messias e
obter nossa salvação. Podemos alistar aqui algumas razões:
 Para possibilitar uma obediência representativa – Conforme observamos
nos ensinamentos acima sobre as alianças entre Deus e o homem, Jesus
era nosso representante e obedeceu em nosso lugar naquilo que Adão
falhou e desobedeceu. Vemos isso nos paralelos entre a tentação de nosso
Senhor (Lc 4.1-13) e a ocasião da prova de Adão e Eva no Jardim (Gn 2.15-
3.7). Também reflete-se claramente na discussão de Paulo sobre os
paralelos entre Adão e Cristo, na desobediência de Adão e na obediência
de Cristo: Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os
homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a
graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque,
como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram
pecadores, assim também, por meio da obediência de um só muitos se
tornarão justos. (Rm 5.18-19). É esse o motivo pelo qual Paulo chama
Cristo “o último Adão” (I Co 15.45) e pode chamar adão “o primeiro
homem”, e Cristo, “o segundo homem” (I Co 15.47). Jesus tinha de ser
homem para ser nosso representante e obedecer em nosso lugar.
 Para ser um sacrifício substitutivo – Se Jesus não tivesse sido homem, não
poderia ter morrido em nosso lugar e pago a penalidade que nos cabia (Hb
2.16,16; cf v. 14). Ele tinha de se tornar homem, não um anjo, porque
Deus estava interessado em salvar homens, não anjos. Mas para isso
“convinha” que fosse como nós em todos os sentidos, de modo que
pudesse ser a “propiciação” para nós, o sacrifício substitutivo aceitável em
nosso lugar. É importante aqui perceber que a menos que Cristo fosse
plenamente homem, ele não poderia ter morrido para pagar a pena dos
pecados do homem. Ele não poderia ter sido um sacrifício substitutivo por
nós.
 Para ser o único mediador entre Deus e os homens – Porque estávamos
alienados de Deus por causa do pecado, necessitávamos de alguém que se
colocasse entre Deus e nós e nos levasse de volta a Ele. Precisávamos de
um mediador que pudesse representar-nos diante de Deus e que pudesse
representar Deus para nós. Só há uma pessoa que preencheu esse
requisito: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os
homens, Cristo Jesus, homem” (I Tm 2.5).

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 Para cumprir o propósito original do homem de dominar a criação – Deus
colocou o ser humano sobre a terra para subjugá-la e dominá-la como
representante divino. Mas o homem não cumpriu esse propósito, pois caiu
em pecado. Então, quando Jesus veio como homem, foi capaz de obedecer
a Deus e, assim, teve o direito de dominar a criação como homem
cumprindo o propósito original de Deus ao colocar o homem sobre a terra
(Hb 2.9. Jesus (após ter ressuscitado) de fato recebeu “toda a autoridade
no céu e na terra” (Mt 28.18), e Deus lhe “pôs todas as coisas debaixo dos
pés, e para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja” (Ef 1.22).
Aliás, um dia reinaremos com ele em seu trono (Ap 3.21) e
experimentaremos , em sujeição a Cristo nosso Senhor, o cumprimento do
propósito de Deus de reinarmos sobre a terra (Lc 19.17, 19; I Co 6.3). Jesus
tinha de ser homem para cumprir o propósito original de Deus de que o
homem dominasse sobre sua criação.
 Para ser nosso exemplo e Padrão na vida – João nos diz: “...aquele que diz
que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou” (I
Jo2.6), e nos lembra que “quando ele se manifestar, seremos semelhantes
a ele” e que essa esperança de futura conformidade com o caráter de
Cristo confere mesmo agora pureza moral cada vez maior à nossa vida (I
Jo3.2,3). Paulo nos diz que estamos continuamente sendo “transformados
*...+ na sua própria imagem” (II Co 3.18), avançando, assim, para o alvo
para o qual Deus nos salvou: sermos “conformes à imagem de seu Filho”
(Rm 8.29) Pedro nos diz que, especialmente no sofrimento, temos de
considerar o exemplo de Cristo: “pois que também Cristo sofreu em vosso
lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos” (I Pe 2.21). Em
Toda nossa vida cristã, devemos correr a carreira colocada diante de nós
“olhando firmemente para o Autor e Consumador da Fé, JESUS” (Hb
12.2).
 Para compadecer-se como Sumo Sacerdote – Se Jesus não tivesse existido
na condição de homem, não teria sido capaz de conhecer por experiência o
que sofremos em nossas tentações e lutas nesta vida. Mas porque viveu
como homem, ele é capaz de compadecer-se mais plenamente de nós em
nossas experiências (Hb 2.18; 4.15,16).
4. O Auto-Esvaziamento de Cristo – “Tende em vós o mesmo sentimento
que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não
julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou,
assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e,
reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente
até à morte, e morte de cruz” (Fp 2.5-8).

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O auto-esvaziamento (kenosis) de Cristo, que foi um ato voluntário,
consistiu na desistência do exercício independente dos atributos divinos. Para
ilustrar: os seres finitos têm o poder, até certo grau, de restringir os limites da
consciência. Por ato da vontade, podemos excluir muitas coisas de nossas
mentes. Esforçamo-nos por esquecer algo, e até certo ponto somos bem
sucedidos. Quando Mary Reed foi para a colônia de leprosos para viver e morrer,
não pôs ela uma espécie de “kenosis” em sua consciência? Não renunciou ela
voluntariamente muito do conhecimento dos prazeres do movimento mundo
exterior? Não se pode dizer outro tanto de David Livingstone e Dan Crawford,
que se dirigiram para a mais escura África a fim de trabalhar entre os africanos?
São ilustrações inadequadas, mas nos fornecem alguma indicação das
possibilidades de auto-renúncia por parte do Filho de Deus.
Como podia ser renunciado o exercício independente dos atributos divinos,
ainda que por um breve período, seria inconcebível, se estivéssemos considerando
o Logos ou Palavra de Deus conforme Ele é em Si mesmo, assentado sobre o trono
do universo. A questão torna-se um tanto mais fácil quando nos relembramos que
não foi o Logos como tal, mas antes, o Deus-homem, Jesus Cristo, em quem o
Logos se submeteu a essa humilhação, possibilitando assim a auto-limitação.
South diz: “Uma fonte pode estar quase transbordando de cheia; mas se
extravasa apenas por um cano pequeno diâmetro, a corrente pode ser pequena e
desprezível, igual à medida de seu condutor”.
IMPORTANTE
Foi a união do humano com o divino que limitou o Logos. O sentido
geral é que Ele se despiu daquele modo de existência que Lhe era peculiar
como idêntico a Deus. Mas ele pôs de lado a forma de Deus. Contudo, ao
fazê-lo, não se despiu de Sua natureza divina. A alteração foi uma mudança
de estado: forma de servo em lugar de forma de Deus. Sua Personalidade
continuou a mesma. Seu auto-esvaziamento não foi auto-extinção, nem o
Ser Divino foi transformando em mero homem.
Em sua humanidade Ele reteve a consciência de ser Deus, e em Seu
estado encarnado continuou a possuir a mente que O animava antes de
Sua encarnação. Ele não era incapaz de asseverar igualdade, mas foi capaz
de não asseverá-la. E assim, sem tentar evitar sua força, podemos aceitar a
declaração inspirada de que Cristo verdadeiramente esvaziou a Si mesmo.

CONCLUSÃO
A Divindade, no sentido distintivo, podia encarnar-se em forma humana
porque a personalidade humana contém os elementos essenciais a toda a
personalidade, que são: autoconsciência, inteligência, sentimento, natureza
moral e vontade. A personalidade é o ponto em que a criação ascendente

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retorna a Deus. O homem ostenta a imagem divina. O auto-esvaziamento de
Cristo, na encarnação, foi a suspensão voluntária do pleno exercício dos atributos
divinos, ainda que, potencialmente, todos os recursos divinos estivessem
presentes. É-nos impossível entender completamente o processo pelo qual teve
lugar esse auto-esvaziamento.

I.2. A DIVINDADE DE CRISTO

A divindade de Cristo é comprovada pelos nomes divinos a ele aplicados,


conforme consta da Bíblia Sagrada.
1.chamado de Deus – Jesus é chamado “Deus” em vários trechos bíblicos.
Na primeira lição deste livro, vimos como o termo [o Verbo] se refere sempre a
Jesus. João 1.1 declara abertamente: “O Verbo era Deus”. Hebreus 1.8 lemos a
declaração do Pai que diz acerca do Filho: “O teu trono, ó Deus, é para todo o
sempre.” E, em João 20.28, Tomé afirma sua fé, dizendo a Jesus: “Senhor meu e
Deus meu”.
Muitas vezes no Novo Testamento, Cristo é chamado “Senhor”, num uso
específico da palavra grega Kurios, que é usada na primeira versão grega do
Antigo Testamento somente com referência a [Jeová]. Tanto os judeus quanto os
cristãos do Primeiro Século se recusaram a usar este título honorífico com
referência aos imperadores romanos, os quais também se consideravam divinos
e queriam ser chamados de “Senhor” (Kurios).
2.Chamado “O Senhor” – Cristo é chamado “Senhor Jesus” vinte e uma (
21 ) vezes no texto do Novo Testamento. Em Atos 9.17, lemos as palavras de
Ananias: “Saulo, irmão, O Senhor me enviou, a saber, o próprio Jesus que te
apareceu no caminho por onde vinhas ...” E em Atos 16.31, Paulo e Silas
proclamavam ao carcereiro: “Crê no Senhor Jesus, e serás salvo, tu e tua casa”.
Jesus também, identifica-se como o Senhor soberano do Antigo
Testamento quando pergunta aos fariseus acerca de Salmos 110.1: “Disse o
Senhor (Deus) ao meu Senhor (Cristo); Assenta-te à minha direita, até que eu
ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés” (Mt 22.44). O significado dessa
frase é que “Deus, o Pai, disse à Deus (Cristo e Senhor de Davi): Assenta-te à
minha direita...” Os fariseus sabem que ele está falando de si mesmo e se
identificando como alguém digno do título vetero-testamentário Kyrios,
“Senhor”.
Tal uso é visto com frequência nas epístolas, onde “o Senhor” é nome
comumente empregado em referência a Cristo. Paulo diz: “... há um só Deus, o
Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus
Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele” (I Co 8.6; cf 12.3 e
muitas outras passagens nas epístolas paulinas).

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Uma passagem especialmente CLARA encontra-se em Hebreus 1 (já
comentado), em que o autor cita o salmo 102, que fala sobre a obra do Senhor
na criação e aplica a Cristo. Veja:
“No princípio, Senhor, lançaste os fundamentos da terra, e os céus
são obra das tuas mãos; eles perecerão; tu, porém, permaneces; sim,
todos eles envelhecerão qual veste; também, qual manto, os
enrolarás, e, como vestes, serão igualmente mudados; tu, porém, és
o mesmo, e os teus anos jamais terão fim” Hb 1.10-12).

3.Chamado “O Filho de Deus” – Jesus Cristo é chamado repetidas vezes


“Filho de Deus”. Quando ele perguntou aos seus discípulos, “Quem dizeis que eu
sou?”, Pedro prontamente lhe respondeu [por inspiração divina+: “Tu és o Cristo,
o Filho do Deus vivo”. (Mt 16.16)
 Em Mateus 14.33, após presenciarem o milagre da calmaria no Mar da
Galileia por Jesus, os discípulos adoraram-no dizendo:
“Verdadeiramente és Filho de Deus”.
 Em Mateus 8.29, até os demônios reconheceram a divindade de Jesus,
gritando: “Que temos nós contigo, ó Filho de Deus?”.
 Jesus se chamou claramente “Filho de Deus”. Ele declara em João
10.30: “Eu e o Pai somos um”, e, ao ouvirem isto, os judeus pegaram em
pedras para lhe atirarem por haver proferido aparente blasfêmia. No
versículo 36 do mesmo capítulo, Jesus lhes perguntou: “Então daquele a
quem o Pai santificou e enviou ao mundo, dizeis: Tu blasfemas, porque
declarei: Sou Filho de Deus?”.

4.Declarações a respeito de [Jeová] no A.T. – Muitas declarações a


respeito de [Jeová] no Antigo Testamento, são afirmadas e interpretadas no
Novo Testamento, referindo-se profeticamente a Cristo. Compare as citações
bíblicas:

Is 40.3,4 ................ Lc 1.68,69,76


Êx 3.14 ................ Jo 8.56-58
Jr 17.10 ……………. Ap 2.23
Is 60.19 ................. Lc 2.32
Is 6.10 ……………. Jo 12.37-41
Is 8.13,14 ……………. I Pe 2.7,8
Is 8.12,13 ……………. I Pe 3.14,15
Nm 21.6,7 …………….. I Co 10.9
Sl 23.1 …………….. Jo 10.11; II Pe 5.4
Ez 31.11,12 .................. Lc 19.10

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Dt 6.16 .................. Mt 4.10

5.Cristo é Eterno – No versículo 13 do último capítulo do Apocalipse, estão


registradas as seguintes palavras de Jesus: “Eu sou o Alfa e o Omega, o primeiro e
o último, o princípio e o fim”. “Alfa” e “Omega”, são o “A” e o “Z” do alfabeto
grego. É evidente que quando Cristo se apresenta como a primeira e a última
letra do alfabeto, estava dando uma das mais evidentes provas da sua
eternidade. Com isto ele dizia que antes que qualquer coisa existisse, ele já
existia, e que após o fim de todas as coisas ele continuará a existir. Isto fala da
sua eternidade “passada” e “futura”.
A respeito de Cristo, eis o que diz Deus, O Pai: “...tu, porém, és o mesmo e
os teus anos jamais terão fim”. (Hb 1.12) Ele (Jesus) afirma sua eternidade
quando diz: “Antes que Abraão existisse, EU Sou” (Jo 8.58).
6.Cristo é Todo-poderoso – Após cumprir finalmente a profecia de Oséias
13.14, “...onde estão, ó morte, as tuas pragas? Onde está, ó inferno, a tua
destruição?...”, após ressuscitar bradou Jesus: Toda a autoridade me foi dada no
céu e na terra”. (Mt 28.18).
 Para entender-se que Cristo é onipotente, necessário se faz que se
tenha certeza de que ele tem todo o poder no céu e na terra.
 Como onipotente, Cristo é: Senhor dos senhores (Ap 17.14); Criador
(Jo 1.3); Rei dos reis (Ap 1.5); Cabeça da Igreja (Ef 1.22); Preservador
de tudo (Hb 1.3); e Salvador (Tt 3.4-6).
7.Cristo é Onisciente – “Onisciência” é a capacidade de conhecer todos os
fatos e pensamentos no tempo e no espaço, mesmo antes que eles tenham se
consumado. Só as pessoas da Trindade têm esta capacidade. Muitos são os
testemunhos dados pelas Escrituras, de que Cristo é onisciente.
 Pedro disse: “Senhor, tu sabes todas as coisas...” (Jo 21.17);
 Às sete ( 7 ) igrejas da Ásia, Jesus declara: “Conheço as tuas obras...” (Ap
2.2,19; 3.1, 8, 15)
 Veja outra declaração de Jesus: “É me dado todo o poder...” (Mt 28.18).
8.Cristo é Onipresente – “Onipresença” é a capacidade de existir e estar
simultaneamente em toda a parte. Esta capacidade é característica a Cristo como
Deus que é.
 Durante o seu ministério terreno, Cristo não podia bilocar-se, isto é, não
podia estar em dois lugares ao mesmo tempo, isto dado às suas limitações
humanas, mas, após levantar-se dentre os mortos, ele disse: “E eis que
estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos.” (Mt 28.20b);
 O apóstolo Paulo, falando sobre a onipresença de Cristo, escreveu que
Deus “...pôs todas as coisas debaixo dos seus pés e, para ser o cabeça sobre

CRISTOLOGIA – Doutrina de Jesus Cristo Página 15


todas as coisas, o deu à igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele
que a tudo enche em toda as coisas.” (Ef 1.22, 23).
9.Cristo é Perdoador de Pecados – O Perdão de pecados é prerrogativa
divina. Até mesmo os fariseus notaram que Cristo, sem titubear, assumiu esse
direito. Ele não só declarava perdoados os pecados; Ele mesmo os perdoava. Os
judeus reconheciam nisso a presunção de Sua divindade, pois diziam: “Quem
pode perdoar pecados, senão um, que é Deus?”.
O perdoar pecados é prerrogativa exclusiva de Deus. Ao assumi-la, Jesus
Cristo fez asserção prática de Sua Divindade. Veja,
-“Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão
perdoados... Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra
autoridade para perdoar pecados – disse ao paralítico: Eu te mando: Levanta-te,
toma o teu leito, e vai para tua casa”. (Mc 2.5,10,11), veja ainda Mc 2.5-11;
comparar com Sl 51.4; Lc 7.48-50.
10.Cristo é preservador de tudo – Este universo nem se sustenta sozinho
nem foi abandonado por Deus, conforme os deístas nos querem fazer acreditar.
Cristo preserva ou sustenta todas as coisas em existência. Sua Palavra é o fulcro
sobre o qual se firma o eixo do universo e sobre o qual gira, ‘sustentando todas
as coisas pela palavra do Seu poder’. A pulsação da vida universal é regulada e
controlada pela pulsação do poderoso coração de Cristo. O que nós chamamos
leis da natureza são as ações voluntárias do Filho de Deus. A preservação de
todas as coisas é uma função divina atribuída a Cristo, o que comprova a sua
Divindade. Veja,
-“Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando
todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos
pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas”. (Hb 1.3), veja ainda Cl
1.17.
11.Ele é Juiz de vivos e mortos – No Novo Testamento, o julgamento
futuro é atribuído a Deus. É também atribuído a Jesus Cristo. A conclusão lógica é
que Cristo é o Deus que executará todo julgamento futuro. (Jo 5.22)
O homem da Cruz deverá ser o Homem do trono. Ele que é o atual
Salvador do homem será seu futuro juiz. As questões do juízo estão todas em
Suas mãos. A execução do julgamento, função divina, tendo sido atribuída a
Cristo, fornece ampla prova de Sua Divindade. Veja,
-“Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus que há de julgar vivos e mortos, pela sua
manifestação e pelo seu reino...” (II Tm 4.1), veja ainda At 17.31; Mt 25.31-33.
12.Doador da vida imortal e da vida pela ressurreição – Muitos poderão
perguntar se Elias e Eliseu não ressuscitaram aos mortos. Respondemos que Deus
ressuscitou mortos em resposta à oração deles, mediante poder delegado; ao

CRISTOLOGIA – Doutrina de Jesus Cristo Página 16


passo que Jesus Cristo ressuscitou mortos e ainda os ressuscitará por Sua própria
palavra e poder. Transmitir vida pertence exclusivamente a Deus.
Quando o rei da Síria enviou Naamã para que o rei Jeorão o curasse de sua
lepra, este clamou: “Acaso sou Deus com poder de tirar a vida, ou dá-la, para que
este envie a mim um homem para eu curá-lo de sua lepra?” Portanto, a
capacidade de Jesus Cristo e Sua autoridade para levantar os mortos
estabelecem firmemente Sua Divindade. Veja,
-“O qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da
sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas
as coisas.” (Fp 3.21), veja ainda Jo 5.28, 29; 6.39, 44.
13.Ele é Doador da Vida Eterna – Somente um Ser que possui
inerentemente a vida eterna é que pode proporcioná-la, e somente Deus possui
a vida eterna no sentido absoluto; por conseguinte, Jesus Cristo, para ser Doador
da vida eterna, necessariamente há de se Deus. Ofícios e funções que pertencem
distintamente a Deus, são atribuídas a ELE. Veja,
-“Assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele
conceda a vida eterna a todos os que lhe deste.” (Jo 17.2), veja ainda Jo 10.28.

II.O CARÁTER DE CRISTO

Jesus Cristo, em Seu caráter, tem recebido a aprovação e a recomendação


de Deus, dos homens, dos anjos e até dos demônios.
 O caráter de Jesus dá tremenda força às Suas crenças... Sua vida foi tudo
quanto uma vida deve ser, quando julgada segundo os padrões mais
elevados;
 Ainda que algo do caráter de Cristo se tenha desdobrado em uma era e
algo mais em outra, a própria eternidade, todavia, não é suficiente para
desdobrá-lo inteiramente;
 Seu caráter saiu aprovado dos assaltos maliciosos de dois mil ( 2000 ) anos,
e hoje perante o mundo apresenta-se impecável em todos os sentidos...
Ele foi uma revelação de grandiosa e vigorosa varonilidade. Seu nome é
sinônimo de Deus sobre a terra.

II.1. A SANTIDADE DE JESUS

1.Ele era isento de pecado – No Antigo Testamento Deus [Jeová] é Quem é


chamado o Santo. Ele é chamado o Santo de Israel cerca de trinta ( 30 ) vezes por
Isaías. No Novo Testamento é Jesus Cristo Quem é chamado o Santo. Portanto, a
Santidade de Cristo significa a mesma coisa que a Santidade de Deus; e, pelo lado

CRISTOLOGIA – Doutrina de Jesus Cristo Página 17


negativo, significa separação entre Ele e toda contaminação, ou seja, isenção de
todo o pecado.
-“Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nEle não existe
pecado.” (I Jo 3.5), veja ainda Hb 9.14; IPÊ 1.19; IICo 5.21; Hb 4.15.

2.Alguns testemunhos de sua Santidade – Vejamos agora alguns


testemunhos registrados no Livro do Eterno:
 O testemunho do espírito imundo “...Vieste destruir-nos? Bem sei quem és:
o Santo de Deus!” (Mc 1.24);
 O testemunho de Judas Iscariotes “Então Judá, o que o traiu, vendo que
Jesus fora condenado, tocado de remorso, devolveu as trinta ( 30 ) moedas
de prata aos principais sacerdotes e aos anciãos, dizendo: Pequei, traindo
sangue inocente.” (Mt 27.3,4);
 O testemunho de Pilatos “Perguntou-lhe Pilatos: Que é a verdade? Tendo
dito isto, voltou aos judeus e lhes disse: Eu não acho nele crime algum” (Jo
18.38);
 O testemunho da esposa de Pilatos “E, estando ele no tribunal, sua mulher
mandou dizer-lhe: Não te envolvas com esse justo; porque hoje, em sonho,
muito sofri por seu respeito” (Jo 19.4-6);
 O testemunho do malfeitor moribundo “Nós na verdade com justiça,
porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este
nenhum mal fez” ( Lc 23.41);
 O testemunho do centurião romano “Vendo o centurião o que tinha
acontecido, deu glória a Deus, dizendo: Verdadeiramente este homem era
justo” (Lc 23.47);
 O testemunho do apóstolo Pedro “Vós, porém, negastes o Santo e o Justo,
e pedistes que vos concedessem um homicida” (At 3.14);
 O testemunho do apóstolo João “Sabeis também que ele se manifestou
para tirar os pecados, e nele não existe pecado” (I Jo 3.5);
 O testemunho de todo o grupo apostólico “Porque verdadeiramente se
ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Filho Jesus, ao qual ungiste,
Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e povos de Israel” (At 4.27);
 O testemunho do apóstolo Paulo “Àquele que não conheceu pecado, ele o
fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (II Co
5.21);
 O testemunho do próprio Jesus “Quem dentre vós me convence de
pecado? Se vos digo a verdade, por que razão não me credes?” (Jo 8.46);
 O testemunho do Pai “Mas, acerca do filho: O teu trono, ó Deus, é para
todo o sempre e: Cetro de equidade é o cetro do seu reino. Amaste a justiça

CRISTOLOGIA – Doutrina de Jesus Cristo Página 18


e odiaste a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de
alegria como a nenhum dos teus companheiros” (Hb 1.8,9).
3.A Mansidão de Jesus Cristo – Por “mansidão” nos referimos àquela
atitude de espírito que é o contrário da aspereza, da disposição contenciosa, e
que se evidencia na brandura e na ternura, no trato com as pessoas. (II Tm
2.24,25).
O vocábulo “mansidão”, embora nunca fosse usado em mau sentido, foi,
contudo elevado pelo cristianismo para um plano superior, tornando-se símbolo
de um bem superior ao daquele considerado no seu uso pagão. Seu sentido
principal é “brandura”, “delicadeza”. Era aplicado as coisas inanimadas, como a
luz, o vento, o som e a enfermidade. É aplicado aos animais; assim, falamos em
“cavalo manso”.
IMPORTANTE:
Como “atributo” humano, Aristóteles define-o como o meio termo
entre a ira obstinada e aquele negativismo de caráter que é incapaz de ao
menos indignar-se contra a injustiça. De conformidade com esta definição,
seria equivalente à equanimidade. Platão o contrastava com a ferocidade
ou a crueldade, e usava-o para indicar a humanidade para com os
condenados; mas também empregava-o para indicar a conduta
conciliatória dos demagogos que buscavam popularidade ou poder.
Píndaro aplica-o ao rei que é brando ou bondoso para com os cidadãos, e
Heródoto aplicava-o como contrário à ira.
No Cristianismo, porém, descreve uma qualidade interior, e essa
relacionada primariamente com Deus. A equanimidade, a brandura e a
bondade representa pela palavra clássica, baseiam-se no autocontrole ou
na disposição natural. A mansidão cristã na humildade que não é uma
qualidade natural, mas fruto da natureza renovada, exceto no caso de
Cristo, onde é a expressão e a manifestação de Sua natureza santa.

Observe:
 Na longanimidade e tolerância para com os fracos e faltosos (Mt 12.20; Is
42.3). Ele cuida dos mais pobres, dos mais fracos, dos mais dolorosamente
esmagados, com sua mão bondosa. Ele encoraja ‘a mais fraca centelha de
sentimento de arrependimento’, o mais débil desejo de retornar a Deus;
 Na concessão do perdão e da paz a quem merecia censura e condenação
(Lc 7.38,48,50). A magnetita não atrai nem ouro nem pérolas, mas atrai o
ferro, que é considerado um metal inferior. Assim, Cristo deixou os anjos,
aqueles nobres espíritos não-caídos – o ouro e a pérola – e veio ao pobre e
pecaminoso homem, atraindo-o para Sua comunhão;

CRISTOLOGIA – Doutrina de Jesus Cristo Página 19


 No proporcionar cura a quem procurava obtê-la de modo “indigno” (Mc
5.33,34). Jesus prestou atenção antes ao motivo que impelia a mulher, do
que a seu método de ação. Eram motivos de fé e esperança, pelo que
encontraram reação favorável no grande coração de Cristo;
 No repreender mansamente a incredulidade renitente (Jo 20.24,25,29). A
repreensão de Jesus não era daquela espécie que provoca o desespero
desencorajador, mas antes, da espécie que encoraja motivos legítimos. Foi
uma repreensão positiva e não negativa, construtiva e não destrutiva;
 No corrigir de modo terno a autoconfiança, a infidelidade e a tríplice e
flagrante negação a seu Senhor por parte de Pedro (Jo 21.15-17). No trato
de Jesus com Pedro, vemos o Grande Pastor a restaurar Sua ovelha
desviada. Sua disciplina sempre tinha o propósito de corrigir;
 No repreender mansamente àquele que O traiu (Mt 26.48-50). Judas havia
cometido talvez a maior ofensa que é possível em relação a um amigo – a
da perfídia ou traição. Não obstante, Jesus exerceu para com ele uma
tolerância verdadeiramente maravilhosa;
 Na compassiva oração a favor de Seus assassinos (Lc 23.34). A mansidão de
Jesus Cristo foi demonstrada pelo modo brando com que tratou os
pecadores e errados.
4.A Humildade de Jesus Cristo – Por humildade referimo-nos àquela
atitude de mente e coração oposta ao orgulho, à arrogância e à autoconfiança,
revelando-se na submissão a Deus e na dependência dEle.
IMPORTANTE:
A palavra grega “tapeinos” traduzida por humilde, tem uma bela
história. No período clássico era empregada comumente em sentido mau e
degradante, indicando vileza de condição, baixeza de classe, abjeção
bajuladora e torpeza de caráter. Não obstante, no grego clássico, não era
esse seu sentido universal. Ocasionalmente era usada de modo a prever
seu sentido superior, Platão, por exemplo, diz: “Seria feliz aquele que se
apega àquela lei (de Deus), com toda humildade e ordem; porém, aquele
que se exalta por causa de orgulho, dinheiro, honra ou beleza, cuja alma
está abrasada de insensatez, de juventude e de insolência, e que pensa não
precisar de guia ou governante, mas se sente capaz de ser o guia dos
outros, o tal, repito, é abandonado por Deus”. E Aristóteles disse: “Aquele
que é digno das pequenas coisas, e assim se considera, é sábio”. Quando
muito, todavia, o conceito clássico não passa da moléstia, da ausência de
presunção. A humildade era considerada elemento de sabedoria, e de
modo algum oposta à justiça própria. A palavra, com o sentido da virtude
de humildade cristã, nunca foi usada antes da era cristã, e é,
distintamente, um subproduto do Evangelho.

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Observe:
 Ao assumir a forma e posição de servo (Jo 13.4,5). Cristo nos mostra, por
Seu exemplo, o caminho único para a autêntica grandeza. A maioria dos
homens reconhece que ninguém pode ser verdadeiramente grande sem
esse amor desinteressado e que, por maior que pareça um homem, o
egoísmo sempre faz diminuir ou remover sua coroa e seu trono;
 Por não buscar Sua própria glória (Jo 8.50). De tal modo absorto estava Ele
pelo desejo de glorificar ao Pai que não ficava lugar disponível para
qualquer disposição de honrar ou exaltar a Si mesmo;
 Ao evitar a notoriedade e o louvor (Is 42.2). Muitos professores seguidores
de Jesus Cristo cortejam a notoriedade, a fama. Mas Ele a evitava. Dava
ordem terminante aos que por Ele eram beneficiados, que nada
propagassem a Seu respeito. Não tinha escritório de publicidade;
 Ao associar-se aos desprezados e rejeitados (Lc 15.1,2). Por que motivo
Jesus escolheu um publicano para ser um dos doze? Talvez para dar uma
lição objetiva de esperança para os mais desprezados entre os pecadores,
para aqueles que eram prisioneiros das algemas mais fortes de pecado.
Ninguém estava longe demais para que o Seu Evangelho o alcançasse e o
salvasse; ninguém estava tão profundamente atolado no lodaçal do
pecado que não pudesse ser erguido daqueles abismos até aos píncaros da
glória;
 Por Sua paciente submissão e silêncio em vista de injúrias, ultrajes e
injustiça (I Pe 2.23). Jesus Cristo mostrou humildade ao procurar a glória de
Deus e os melhores interesses dos homens, e não Sua própria glória ou
interesse, e isso a custo de grande sacrifício, sofrimento e vergonha.

III. A OBRA DE JESUS CRISTO

Referimo-nos aqui à obra de Jesus Cristo em relação à nossa redenção, e


não em relação a Seu ministério pessoal de ensino, pregação e cura.

III.1. A MORTE DE CRISTO

Lembremo-nos de que a principal missão de Cristo, ao se tornar homem


quando veio à terra, não era a de ensinar, nem realizar milagres. É verdade que
ele fez ambas as coisas, mas Deus poderia haver ungido profetas (como no
Antigo Testamento) para tais fins. A principal missão de Cristo foi de morrer
pelos pecados do mundo, tarefa que nenhum profeta poderia cumprir. Eis o
motivo da encarnação de Jesus Cristo: a restauração do homem à perfeita

CRISTOLOGIA – Doutrina de Jesus Cristo Página 21


comunhão com Deus Pai, através do perfeito sacrifício do seu Filho. Cristo
mesmo declarou: “O próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para
servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. (Mc 10.45); Veja ainda Hb 2.9.
IMPORTANTE:
O cristianismo é, distintamente, uma religião de expiação. Dá à
morte de Cristo o primeiro lugar em sua mensagem evangélica. Dessa
forma, o cristianismo assume uma posição sem paralelo entre todas as
religiões do mundo. É uma religião redentora.
Anos atrás, foi realizado um Parlamento de Religiões em Chicago,
Estados Unidos do Norte, em conexão com a Feira Mundial ali realizada.
Por ocasião do parlamento, as grandes crenças étnicas do mundo se
fizeram representar.
Um a um seus líderes se levantaram e falaram a favor do budismo,
do confucionismo, do hinduísmo e do maometismo. Então o Dr. Joseph
Cook, de Boston, que havia sido escolhido para representar o cristianismo,
levantou-se para falar. “Eis a mão de Lady Macbeth”, disse ele, “manchada
pelo horrendo assassínio do rei Duncan. Vede-a a perambular pelos salões
e corredores de seu palácio, fazendo alto para clamar: Sai, mancha
maldita! Sai, repito! Jamais hão de ficar limpas estas mãos?’’ Voltando-se
então para os que estavam assentados na tribuna, disse o orador: “Pode
algum de vós, ansiosos como estais de propagar vossos sistemas religiosos,
oferecer qualquer purificação eficaz para o pecado e a culpa do crime de
Lady Macbeth?” Pesado silêncio mantiveram todos eles, e com razão, pois
nenhuma das religiões que representavam, nem qualquer outra religião
humana sobre a terra, pode oferecer purificação eficaz para a culpa do
pecado. Somente o sangue de Cristo, que pelo Espírito Eterno se ofereceu
a Si mesmo sem mancha a Deus, pode purificar a consciência das obras
mortas a fim de servirmos ao Deus vivo.

1.O que Cristo proclamou da Cruz? – Muitas vezes, no decorrer do seu


ministério, Jesus Cristo vaticinou sua própria morte, especialmente quando ele
previu que a sua hora se aproximava. Seus discípulos, porém, pareciam não
compreender, nem a realidade nem o significado da morte do seu Mestre. (Mc
9.31,32).
Estando no Calvário, Jesus declarou o significado de sua morte, tanto para
seus discípulos como para todos os ouvintes.
a) O perdão
Em primeiro lugar, ele falou de perdão. Em Lucas 23.34 temos suas
palavras: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem...” Por meio da sua morte, mesmo
aqueles que zombavam dele, que cuspiam no seu rosto, e que lhe cravavam as

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mãos e os pés, podiam obter o perdão ali mesmo, se arrependidos, nEle cressem
como Senhor e Salvador.
b) O Paraíso
Em segundo lugar, Jesus falando da cruz prometeu o Paraíso aos
arrependidos. Enquanto um dos malfeitores crucificados com ele, zombava,
outro, reconhecendo a inocência e a divindade de Cristo, lhe disse: “Jesus,
lembra-te de mim quando vieres no teu reino”. (Lc 23.43) Ao que Cristo
respondeu: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso”. (Lc 23.43)
A obra expiatória na cruz do Calvário proporciona a única entrada para o céu,
pois a Bíblia diz claramente que o pecado lá não pode entrar.
c) Deus não pode suportar Pecado
Em terceiro lugar, ouvimos as palavras angustiadas, proferidas por Jesus
após três horas de agonia na cruz: “Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?” (Mt 27.46). Jesus Cristo, ao tomar os nossos pecados e
iniquidades, sofreu a maior das angústias pois sentia que o seu Pai lhe virara as
costas por não admitir a presença do pecado em seu Filho. A mensagem fica bem
clara: o pecado não tem parte com Deus.
d) Vitória
Em quarto lugar, ouvimos II Jo 19.30, as triunfantes palavras do Salvador
agonizante, “Está consumado”. Estas palavras foram pronunciadas como
declaração de vitória sobre o pecado. Sua missão tinha se realizado
completamente; tudo estava cumprido! A morte não conseguiria vencer ao
Senhor Jesus, pois ele se submetera voluntariamente a ela como servo de Deus,
dizendo em alta voz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. (Lc 23.46).
Como ele já dissera aos seus discípulos (Jo 10.17,18), “... eu dou a minha vida
para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a
dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la...”
2.A Cruz trouxe Expiação – “Expiar implica cobrir as culpas, mediante um
sacrifício exigido. A palavra é empregada 77 vezes no VT, sendo usada pela
primeira vez em Ex 29.33 quando Moisés recebeu as instruções de Deus acerca
do sacrifício de animais, cujo sangue serviria como símbolo de expiação dos
pecados, satisfazendo temporariamente as exigências da Lei de Deus até o
momento do sacrifício perfeito que Cristo efetuaria na cruz do Calvário.
a) Exemplos de Expiação
Antes mesmo do uso bíblico da palavra “expiação”, o conceito já aparece
em Gn 3.21 onde temos o sacrifício de animais pelo próprio Deus, para vestir
Adão e Eva com suas peles; vemos também o sacrifício agradável feito por Abel
(Gn 4.4), e o sacrifício de animais limpos realizado por Noé após sair da arca com
sua família, (Gn 8.20,21).
b) Cristo é Nossa Expiação

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Veja o que diz em Is 53.6,7; o versículo 10 do mesmo capítulo esclarece ainda:
“Quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado”. Ainda no NT, João, o
Batista o chama “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. (Jo 1.29, 36)
Estava se referindo à sua missão expiatória.
-Veja estas referências: II Co 5.21; Ef 5.2; Isto nos diz que Cristo, o perfeito Filho
de Deus, que nunca cometeu pecado, de acordo com a vontade do Pai tomou
sobre si toda a nossa culpa para que nós (os pecadores) pudéssemos receber por
intermédio de Cristo a justiça de Deus, como se essa fosse a nossa própria justiça.
Este ato de reconciliação agradou em tudo ao Pai.
3.A Cruz trouxe Redenção – “Redimir” quer dizer “comprar de volta”,
“readquirir” uma pessoa ou coisa, mediante pagamento do preço exigido. Tal
conceito de redenção, ou resgate com relação a escravos foi decretado pela Lei
Mosaica:
“... e vender-se ao estrangeiro... depois de haver-se vendido, haverá ainda
resgate para ele: Um de seus irmãos poderá resgatá-lo.” (Lv 25.47, 48)
Toda a humanidade se encontra “vendida à escravidão do pecado” (Rm
7.14) e precisa de um Redentor que possa resgatá-la. O preço elevado de tal
redenção é a morte, como se lê em Ez 18.4, foi isso que para nos resgatar, Jesus
morreu em nosso lugar.
IMPORTANTE:
A quem é devido o preço da redenção? Evidentemente não é a
Satanás. Ele simplesmente escraviza aqueles que escolhem uma vida de
pecado. O preço do resgate é devido à santidade de Deus; a nossa dívida é
com Deus mesmo. E foi Deus, não Satanás quem aceitou o “pagamento”
mediante o sacrifício de Cristo. O resultado foi a derrota eterna de Satanás.
a) Cristo, Nosso Redentor
Jesus se declarou Redentor da humanidade quando disse que sua missão
era a de “dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt 20.28). Veja ainda I Tm 2.6.
A palavra “redimir” ou “resgatar” é usada muitas vezes na Bíblia, sendo
que muitos desses usos prefiguram a obra redentora de Cristo.
4.A Cruz trouxe Reconciliação – “Reconciliar” significa harmonizar as
relações interrompidas entre dois indivíduos, promovendo o mútuo
entendimento através da remoção de barreiras e restaurando a comunicação
entre ambos. O ato, ou o processo de reconciliação geralmente abrange três
pessoas: 1)o ofensor; 2) o ofendido; 3) o mediador.
No caso espiritual, o ofensor é toda a humanidade. A bíblia afirma
claramente, “Todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23). O ofendido
é o Deus Santo, que dado o estado pecaminoso de Adão e Eva os expulsou do
Jardim do Éden. A natureza santa e justa de Deus não tolera a comunhão com

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pecadores impenitentes, cujo salário do pecado é a morte, a separação eterna de
Deus (Rm 6.23), a menos que se arrependam e sigam a Cristo.
a) Cristo, Nosso Reconciliador
Glória a Deus! Há reconciliação agora! O reconciliador é Jesus Cristo, que
veio reconciliar com Deus não os justos, mas os pecadores!
-Veja esses versículos, com cuidado (Rm 5.8-11).
Vemos, neste trecho, que antes de aceitarmos a Cristo como nosso
Redentor, éramos chamados inimigos de Deus. Vemos também que o preço da
nossa reconciliação com Deus foi a morte de nosso Senhor Jesus. Por ser Cristo o
perfeito sacrifício, a morte não pôde retê-lo e ele ressuscitou dentre os mortos,
para continuar sua obra de reconciliação em favor dos crentes (I Jo2.1; I Jo1.7-9).
b) O Ministério da reconciliação
Não foi só a nossa própria reconciliação com Deus que a morte de Cristo
nos proveu, mas também o ministério da reconciliação entre os homens. Um
Cristão iracundo, dado a contendas, duro, intrigante e que não perdoa, é uma
anomalia e um escândalo para o reino de Deus, uma vez que fomos chamados
para ministrar a reconciliação da parte de Deus (II Co 5.18-21).
5.A Cruz trouxe Propiciação – Lemos em Êx 25.17-22, do propiciatório
construído por Moisés para cobrir a arca da Aliança. A posição do propiciatório,
como cobertura da Arca ressalta o fato de, em Cristo a misericórdia de Deus
sobrepor-se à maldição da Lei.
Cristo foi dado por Deus Pai como propiciação pelos pecados daqueles que
tivessem fé no seu sangue derramado (Rm 3.24-26).
-Meditemos na profundidade dessa revelação divina!
a) Cristo, Nossa Justificação
Ser justificado concernente a salvação, significa ser declarado justo, livre
de pecados cometidos. Nossas tentativas de esconder ou cobrir nossos próprios
pecados resultam tão inúteis como as folhas da figueira com que Adão e Eva
tentaram cobrir sua nudez. Vale a pena lembrarmos que o Senhor proporcionou a
Adão e Eva vestes de peles com que se cobrirem depois que eles lhe confessaram
seu pecado. Mais uma vez se nota o derramamento de sangue para satisfazer a
santidade de Deus, violentada que fora pelo pecado.
Quem nos justifica é Cristo, se tivermos fé no seu sangue, Deus vê ao olhar
para nós, não as leis violadas em nosso coração, mas a propiciação através do
sangue de seu Filho (Ef 2.13).
IMPORTANTE:
Quem é capaz de medir ou calcular a grande misericórdia de Deus?
Ela nos proporcionou o único agente digno de servir como propiciação de
nossos pecados – o sangue de Cristo. Ó maravilha do poder do sangue do

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Cordeiro! O sangue de Jesus tem poder de Justificar todo e qualquer
pecador (I Jo 2.2).

O FATO

6.O Fato Central - O fato central de toda a história humana é a morte de


Cristo. A cruz não apenas se eleva altaneira sobre as ruínas do tempo, mas se
sobrepõe a tudo quanto interessa ao homem. Todos os séculos que antecederam
à morte de Cristo no Calvário, ou inconscientemente ou com vaga esperança,
aguardavam esse evento, e todos os séculos desde então só podem ser
corretamente interpretados à luz da sua realização.
Assim sendo, seria inconcebível que alguma luz não fosse projetada com
antecedência sobre esse grande propósito de Deus de enviar um Salvador que
morresse pelos homens – luz, não somente para o encorajamento daqueles que,
sem seu concurso, estariam tateando nas trevas, mas também para fornecer
informações que possibilitassem a correta compreensão da Pessoa e da obra do
Messias quando chegasse.

III.2.A RESSURREIÇÃO DE CRISTO

Era necessária a ressurreição de Cristo para que se pudesse confiar nEle


como Salvador. Um Deus moribundo e crucificado, um Salvador do mundo que
não pudesse salvar a SI MESMO, teria rejeitado pelo consenso universal da razão
como horrendo paradoxo e coisa absurda.
Se a ressurreição não tivesse seguido à crucificação, o desafio dos judeus
teria permanecido como argumento irretorquível contra Ele: “Salvou os outros, a
si mesmo não pode salvar-se; desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para
que vejamos e creiamos”. Doutro modo, certamente aquilo que era o exemplo
mais flagrante de fraqueza e mortalidade humana não poderia servir de
demonstração competente de que Ele era Deus verdadeiro.
A salvação é efeito de poder e de um poder tal que prevalece até à vitória
completa. Entretanto foi expressamente dito que Ele “foi crucificado em
fraqueza”. A morte foi por demais penosa para a Sua humanidade, e por algum
tempo arrebatou-lhe os despojos. Por isso mesmo, enquanto Cristo estava no
sepulcro, seria tão razoável esperar que um homem enforcado com cadeias de
ferro descesse da forca para chefiar um exército, quanto o seria imaginar que um
cadáver, assim permanecendo, pudesse triunfar sobre o pecado e a morte que
com tanto sucesso triunfam sobre os vivos. Ele – Jesus [ o Cristo ] RESSUSCITOU.
1.A Ressurreição de Jesus é o firme alicerce do Cristianismo – Sua
ressurreição é o firme alicerce da Igreja Cristã, sendo o elemento do qual se

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origina uma das principais diferenças da doutrina cristã, quando considerada
ante outras religiões. O apóstolo Paulo, escrevendo aos Coríntios sobre a
importância da ressurreição, disse: “... se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e
ainda permaneceis nos vossos pecados” (I CO 15.17).
a) A importância da ressurreição
Os mensageiros da ressurreição de Cristo foram ministros dotados de
grande poder. Um anjo do Senhor facilmente fez deslizar uma pedra maciça (Mt
28.2,3). Foi um anjo o portador da extraordinária mensagem de vitória sobre a
morte (Mt 28.5-7). A morte não é o fim da vida para aqueles que estão em Cristo
(Mt 16.18; Jo6.37-40; 19.25,26).
Jesus ressuscitou! Aleluia! Atravessou a matéria física, deixando vazio o
túmulo onde jazera. O anjo rolou a pedra que fechava a entrada do túmulo, para
que todos vissem que este, agora, estava vazio. Glória a Deus!
b) Os resultados da ressurreição
“Ele não está aqui, porque já ressuscitou!” (Mt 28.6). O que serve de
derrota para uns, foi a mensagem de gloriosa vitória e poder para outros. A
ressurreição de nosso Senhor trouxe aos crentes a garantia da vitória sobre a
morte e o inferno, e a certeza da vida eterna (I Co 15.20-23; 53-55).
O pavor da morte dissolve-se, por assim dizer, e o crente em Cristo pode
agora, enxergar para além das nuvens, até á glória dourada da vida eterna em
seu Salvador. Assim, a certeza da nossa futura ressurreição em Jesus é sempre
nova, baseada no que diz a Escritura:
-“Mas agora Cristo ressuscitou dos mortos, e foi feito as primícias dos que
dormem” (I Co 15.20).
Devemos, portanto, ter em mente este agora e, assim, proclamar a
ressurreição de nosso Senhor como um fato sempre novo! A ressurreição de
Cristo é, para sempre, a suprema e majestosa base do Evangelho e da nossa fé.
2.Cristo ressuscitou ao terceiro dia – O Senhor Jesus havia ensinado aos
seus discípulos que Ele ressuscitaria “ao terceiro dia” (Mt 16.21; Mc 9.31; Lc
9.22). após permanecer três dia e três noites no seio da terra (Mt 12.40). Para
que haja uma melhor compreensão do significado dos sofrimentos, morte e
ressurreição de Jesus, voltemos nossas atenções para a semana da sua
crucificação.
a) Cronologia dos acontecimentos
Cronologicamente falando, Jesus terminou seu discurso escatológico numa
terça-feira e, a partir daí, seguiu em direção à cruz, “como um cordeiro levado ao
matadouro”, para que se cumprisse a Escritura (Is 53.7). Acompanhemos então
os acontecimentos que se seguiram a esse dia:

CRISTOLOGIA – Doutrina de Jesus Cristo Página 27


 Domingo: Jesus é ungido em Betânia em casa de Marta, onde estavam seus
irmãos, Maria e Lázaro (Jô 12.1-7). João diz que este acontecimento deu-se
“seis dias antes da Páscoa”. Portanto, exatamente no domingo!
 Segunda-feira: Entra em Jerusalém e chora sobre ela (Lc 19.37-41).
Portanto, “no dia seguinte” (Jô 12.12);
 Terça-feira: Faz a purificação do templo (Mc 11.11,12,15), e após censurar
os escribas e fariseus (Mt 23) ele acrescenta: “Bem sabeis que daqui a dois
dias é a Páscoa” Mt 26.2);
 Quarta-feira: Os evangelistas não registram nenhuma atividade humana de
Jesus nesse dia;
 Quinta-feira: Come a Páscoa com seus discípulos à tarde, e à noite segue
para o Jardim do Getsêmani (Mt 26.20). De acordo com esta cronologia,
Jesus morreu na sexta-feira e, consequentemente, ressuscitou no
domingo. O testemunho deixado pelos Pais da Igreja Primitiva, até o
terceiro século, é unânime em afirmar que a crucificação teve lugar na
sexta-feira.
b) Parasceve ou Sexta-feira
Parasceve, significa “preparação para o sábado”. Na passagem de Marcos
15.42, fica terminantemente esclarecido que Jesus morreu numa sexta-feira: “E,
chegada a tarde, porquanto era o dia da “preparação”, isto é, a “véspera do
sábado”. Isso o autor deste evangelho registrou a fim de certificar-se de que seus
leitores, não judeus, entenderiam que ele apontava o dia da crucificação como o
dia imediatamente anterior ao sábado, pois leitores gentios talvez entendessem
a expressão “preparação” como designação para um dia particular da semana.
Nas fontes informativas judaicas também encontramos provas sobre o fato
de que o Senhor Jesus foi morto no dia da “preparação” ou em nossa linguagem
moderna – sexta-feira, o dia anterior ao sábado daquela semana da Páscoa.
3.Três dias e três noites no Seio da Terra
a) Expressões diversas com o mesmo sentido
“Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da ‘baleia’, assim
estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra” (Mt 12.40).
Muitas pessoas questionam a veracidade da afirmação de Jesus na passagem em
foco. Então perguntam: “Como pôde Jesus permanecer no túmulo três dias e três
noites se Ele foi crucificado na sexta-feira e levantado dos mortos no domingo
pela manhã?”.
A expressão usa-se em outras conexões das Escrituras como sendo idêntica
a “Depois de três dias” (Mt 27.63). Conforme o costume dos judeus e de outros
povos da antiguidade, parte de um dia, no começo e no fim de um período, era
contado, em casos especiais, como um dia completo (Et 4.16; 5.1). A expressão
“três dias e três noites”, na passagem bíblica supramencionada, equivale a dizer

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“três dias”. Do mesmo modo, as expressões “Depois de três dias” e “ao terceiro
dia” (Mc 8.31; 10.34; Jo 2.19), são frases que se usam uma pela outra para
significar o período de tempo que Jesus passou no “seio da terra”, desde a tarde
da sexta-feira à manhã do domingo.
b) Diferentes métodos de contagem do tempo
Conforme nosso costume ocidental, muitas vezes, usamos o mesmo
método de contagem do tempo. Por exemplo, muitos casais esperam que seus
filhos nasçam antes de meia-noite de 31 de dezembro. Se nascido às “23:59
horas” a criança será tratada, para efeito de imposto de renda, como tendo
nascido a 365 dias e 365 noites daquela data. Isto é verdade mesmo que 99,9%
do ano já se tenham passado!
De acordo com o ponto de vista dos maiores eruditos no assunto em
pauta, no período da Criação o primeiro dia começou com a escuridão, e daí em
diante, sucessivamente, cada período de 24 horas foi indicado como “a tarde e
manhã” (Gn 1.5). Ao considerarmos o período de tempo desde o sepultamento
até a ressurreição de Cristo, concluiremos que todos estes argumentos devem
estar presentes.
c) O cômputo abrangente
No cômputo abrangente do tempo, as noites são retrospectivas, isto é,
apontam para trás, porém os dias são prospectivos, apontam para a frente. Isso
se dá, devido ao sistema judaico de calcular o espaço de tempo entre as 18h do
dia anterior e as 18h do dia posterior. Conforme este sistema, o dia judaico
começa às 18h, ou seja, um período de tempo que irá terminar no dia seguinte às
mesmas horas. Assim a noite da sexta-feira é retroativa: vai das seis horas da
manhã desse dia até às 18h do dia anterior, isto é, da quinta-feira quando teve
início a noite de sexta. Do mesmo modo, a noite do sábado também é retroativa:
vai das 6h da manhã do sábado até às 18h da sexta-feira, quando teve início a
noite de sábado, e assim sucessivamente. Dessa maneira, não há dificuldade
alguma em compreendermos que qualquer período de tempo no domingo,
depois das 6h é contado como um todo daquele dia, segundo este cômputo.

III.3.AS APARIÇÕES DO CRISTO RESSURRETO

“Mas agora Cristo ressuscitou dos mortos, e foi feito as


primícias dos que dormem” (I Co 15.20)

A passagem de Atos 1.3 afirma que Jesus “depois de ter padecido, se


apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas”. Essas provas são decorrentes
das aparições e palavras do Senhor aos seus discípulos pelo “espaço de quarenta

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dias”, testemunhas por várias pessoas e mencionadas por Paulo em sua primeira
epístola aos Coríntios (I Co 15.1-8).
 À Maria (como Consolador). Jo 20.16;
 Às mulheres (como concretização da alegria restaurada). Mt 28.5,8,9;
 A Simão Pedro (como Restaurador de almas). Lc 24.34 – Por que “e a
Pedro”? Não era Pedro um dos discípulos? Certamente que sim, pois era o
próprio primus inter pares [primeiro entre iguais] do grupo apostólico.
Então, por que e a Pedro? Nenhuma explicação nos é dada no texto, mas a
reflexão mostra que foi uma afirmação de amor para com aquele
desanimado e desesperado discípulo, que por três vezes havia negado seu
Senhor;
 Aos dois discípulos no caminho para Emaús (como o simpatizante
Instrutor). Lc 24.13,14,25-27,30-32 – Sem dúvida alguma Jesus desejava
consolá-los, e indubitavelmente conseguiu Seu intento. Ele tinha, porém,
ainda algo mais profundo e mais essencial a fazer. Aqueles homens
estavam tristes, não à semelhança de Maria Madalena, que se entristecera
pessoalmente por haver perdido seu Senhor, mas estavam tristes porque
lhes faltara a fé, julgando ter perdido seu Messias. “Esperávamos que fosse
ele quem havia de redimir a Israel; mas...” Para esses discípulos, a cura
seria a ternura pessoal, como no caso de Maria, mas dependia de melhor
compreensão das Escrituras.
 Aos discípulos, no cenáculo (como doador da Paz). Jo 20.19 – Jesus deixou
um testamento pouco antes de entregar-se à crucificação. Deixou um
legado para Seus discípulos – um legado de paz. Ele disse: “Deixo-vos a
paz, a minha paz vos dou”. Não podiam, porém, desfrutar dessa herança
senão após a morte do Testador, mas depois, eis que ele se levantou dos
mortos para ser o Seu próprio administrador! Por isso, a primeira coisa que
faz é entregar-lhes a possessão da herança, que Ele lhes tinha deixado: a
Sua paz;
 A Tomé (como Confirmador da fé). Jo 20.26-29 – Tomé era o discípulo
incrédulo; apesar disso, pela graça, o Senhor ressurreto dispôs-se a
satisfazer o próprio Tomé. Aquele discípulo sabia muito bem que era a
divindade de nosso Salvador que estava em jogo por ocasião de Sua morte,
pelo que, ao ficar convencido de Sua ressurreição, prestou-Lhe
imediatamente adoração que só a Deus se dá;
 A João e a Pedro (como Interessado nas atividades diárias da vida). Jo 21.5-
7 – A ressurreição de Cristo no-lO devolve para as atividades ordinárias da
vida, para os afazeres do ganha-pão. Ele ressuscitou a fim de ser nosso
Companheiro diário nos deveres mais prosaicos de nossa experiência
terrena;

CRISTOLOGIA – Doutrina de Jesus Cristo Página 30


 A todo o grupo dos discípulos (como concretização de chefia e autoridade).
I Co 15. 4-7 – Na qualidade de Senhor ressurreto, Ele toma Seu lugar na
chefia da Igreja à qual deu vida, investido de toda a autoridade para liderá-
la e controlá-la. Sua ressurreição fornece amplas provas de Sua autoridade
– “A este Jesus, Deus ressuscitou”;

TODOS ELES FORAM TESTEMUNHAS


Três coisas são necessárias para fazer com que um testemunho seja digno
de confiança:
1. As testemunhas têm que ser competentes, isto é, têm que ser testemunhas
oculares;
2. Têm que ser em número suficiente;
3. Tem que ser de boa reputação, se quisermos que seu testemunho seja
recebido com mérito completo.

-Os apóstolos e demais discípulos se qualificam em todos esses aspectos.


Referem-se repetidamente ao fato de terem sido testemunhas oculares (Lc
24.33-36; Jo 20.19, 26; At 1.3, 21, 22), isto é, não baseavam seus testemunhos
nos relatórios de outras pessoas.

III.4.PROVAS FINAIS DA RESSURREIÇÃO

1.A Grande comissão dada aos discípulos – Os versículos 16-20 de Mateus


28 narram a história do último aparecimento de Jesus, após a sua ressurreição,
aos onze apóstolos. Nesta altura o evangelho de Mateus atinge a sua conclusão,
como final apropriado de uma história de tal magnitude.
Este evangelho começa segundo o estilo do AT mencionado a genealogia
real do Messias, e termina afirmando que esse mesmo Jesus é o Salvador e
Senhor universal, tanto na Terra como no Céu. Uma das provas mais cabais era a
continuação da presença do Senhor entre seus discípulos. “Eis que eu estou
convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”.
Essa promessa tão majestosa é motivo suficiente para incentivar-nos a
obedecer incondicionalmente à grande comissão, dada por Jesus, de pregar o
Evangelho a toda a criatura (Mc 16.15). A presença real de nosso Senhor foi, de
fato, confirmada entre os apóstolos “pelos sinais que se seguiram” (Mc 16.20). E
entre nós, não tem sido diferente!
2. “Eis que estou convosco” – A preocupação divina para com todos os
seguidores de Cristo, é a de que não haja qualquer sombra de dúvida quanto à
ressurreição de Cristo em algum coração como aconteceu a princípio, conforme
vemos no texto de Mateus 28. 16-17, que diz “E os onze discípulos partiram para

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a Galileia, para o monte que Jesus lhes tinha designado. “E, quando o viram, o
adoraram; mas alguns duvidaram”. Muitas vezes, entre nós, acontece o mesmo.
Alguém que está um pouco longe do Senhor, pode ser tomado de improviso
pelas amarras da dúvida. Mas nosso Senhor em Sua eterna bondade, pode fazer
o mesmo que fez com seus discípulos, isto é, “...aproximando-se, falou-lhes,
dizendo: eis que estou convosco”.

III.5.A ASCENSÃO DE CRISTO

Cristo ressuscitou dentre os mortos para nunca mais morrer (Ap 1.18). Em
certo ponto de tempo, (cerca de 40 dias após sua ressurreição), deixou de ser
visto pelos homens. Fez a sua ascensão aos lugares celestiais, deixando a
convivência terrena com os seus discípulos, e entrou na augusta e santíssima
presença de Deus Pau, assentando-se à Sua destra, para interceder por nós (Hb
1.1-3; 7.22-25; 8.1-6).
1.A Ascensão do Senhor – A ascensão de nosso Senhor, após ter passado
quarenta dias com Seus discípulos depois da Sua ressurreição, foi o selo da
aprovação do Pai à sua missão na Terra. Comprovou-se que, de fato, Ele era e é o
Messias, o Salvador dos homens.
a) Selo de aprovação ao trabalho de Cristo
A ascensão de Cristo foi a grande evidência da aprovação final de Deus à
Sua missão terrena perfeitamente no Calvário. Jesus “havendo feito por si
mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas
alturas” (Hb 1.3). Deus, assim, confirma que aceitou o Seu sacrifício, aplicou a Sua
obra e continua a aplicá-la resgatando os homens da escravidão o pecado.
Por tudo isso, o Pai demonstrou o Seu apreço elevando a Jesus Cristo,
àquele lugar que lhe pertence por direito, á Sua mão direita.
b) Descrição da ascensão de Jesus
Os 4 (quatro) evangelistas são breves quando descrevem a ascensão de
nosso Senhor à presença do Pai. O testamento dos apóstolos, entretanto é
unânime em afirmar que Jesus “foi recebido em cima no céu”, e “assentou-se à
destra da majestade nas alturas” (Mc 16.19; Lc 24. 51; At 1. 9, 11; Hb 1.3; Ap
3.21).
2. Ao ausentar-se, Jesus prometeu enviar o Espírito Santo (Consolador) –
Ele disse que não os deixaria órfãos – e, cumpriu a sua palavra.
a) O Consolador é prometido
O evangelho de Lucas começa com a narrativa da encarnação de Cristo e
termina com a Sua ascensão. Este último evento era condição necessária para o
cumprimento da promessa da “vinda” do Espírito Santo, porque o Espírito de
Deus não poderia “vir” enquanto Jesus não ascendesse para o Pai (Jo 16.7). Dessa

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forma, Lucas deixou registrado como essa promessa teve cumprimento logo
depois da ascensão de Cristo (At 2.1-4). Entretanto, o retorno de Jesus ao Pai não
ocorreu enquanto não foram tomadas certas providências no sentido de dar
continuação à Sua obra de redenção da humanidade. Para tanto, Ele comissionou
seus apóstolos para a obra de evangelização, continuada pela Igreja por eles
representada, pois, para esse mister, seriam, brevemente, batizados com o
Espírito Santo, conforme lhes havia prometido (Lc 24.49).
b) A notícia da ascensão havia entristecido os discípulos
No capítulo 16.7, de João, Jesus falou para seus discípulos acerca de sua
partida. Ele encarecia a necessidade de ir, porque sua partida traria aos seus o
prometido Consolador, com a missão de convencer o mundo do pecado, da
justiça e do juízo. Jesus então observa que a declaração da sua volta ao Pai deixa
pesarosos os seus discípulos (Jo 16.16).
Ele, porém volta a afirmar que se ausentará fisicamente, até à Sua volta,
porém sua presença espiritual será constante e percebia através das obras do
Espírito Santo, que estará para sempre com a Igreja, fortalecendo-a e
consolando-a até que Ele volte (Mt 28.20; Jo 14.1-3; 16. 5-22; I Co 11.26).
-Leia ainda Fp 3.20, 21; I Ts 4.13-17.
c) A ascensão e a bênção do Senhor Jesus
Nosso Senhor não voltaria ao Pai sem que primeiro abençoasse os seus
discípulos, cumprindo assim o desejo de seus corações, conforme registrou Lucas
quando descreveu a ascensão de Jesus. “E levou-os fora, até Betânia; e,
levantando as mãos, os abençoou. E aconteceu que, abençoando-os ele, se
apartou deles e foi elevado ao céu” (Lc 24.50-51). Cristo ascendeu ao céu
deixando contentes os seus seguidores, pois, com inefável amor, levantou as
mãos, e abençoou seus discípulos, tal como o sumo sacerdote abençoava o povo,
após fazer a expiação pelos pecados do mesmo (Lv 9.22). A última vez que os
discípulos viram a Jesus, Ele estava com as mãos levantadas abençoando seu
povo, e até hoje, continua abençoando. –Aleluia!!!
3.A Glorificação de Cristo – A ascensão e glorificação de Cristo devem ser
diferenciadas uma da outra. Primeiro, por ascensão de Cristo, queremos dizer
Sua volta ao céu em Seu corpo ressurreto; segundo, por exaltação ou glorificação,
queremos dizer o ato do Pai pelo qual Ele concedeu ao Filho ressurreto e assunto
ao céu, a posição de honra e de poder à Sua própria destra.
O escritor da epístola aos Hebreus fala dessa glorificação, quando diz:
“Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um
pouco menor que os anjos...” (Hb 2.9).
a) Confirmada pelo Pai

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Os anjos prostram-se adorando e servindo ao Filho de Deus e Ele se
assenta à direita do Pai. Ele é digno de assentar-se do “lado direito” do trono
porque cumpriu cabalmente a missão recebida do Pai.
Portanto, esse lugar lhe pertence, e não a qualquer outra criatura. Sentado
no céu, Cristo é também nosso intercessor; pois embora sua obra tenha se
consumado, na terra, em seu aspecto redentivo, não se consumou, contudo, no
aspecto sacerdotal. O fato de que Ele ali intercede por nós (Hb 7.21-28), é um
pensamento que nos consola e nos sustém. A Bíblia diz que Ele assentou-se à
“mão direita da Majestade”.
-No original grego temos megalosume, que significa, “grandeza”,
“magnificência”. Tudo isso personifica a pujança majestática que há em sua glória
junto do Pai. Aleluia!
b) Testemunhada pelos anjos
A aparição dos “dois varões vestidos de branco” foi súbita, e a aproximação
deles nem foi notada pelos discípulos. Suas formas eram semelhantes às que
foram vistas na entrada do sepulcro vazio, por Maria Madalena, quando ali
esteve na manhã da ressurreição, resplandecentes e de belíssima aparência.
-Então eles falaram aos discípulos dizendo: Varões galileus, por que estais
olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu há de
vir assim como para o céu o vistes ir (At 1.9-11) Amém!

IV – HERESIAS SOBRE A PESSOA DE JESUS CRISTO

Um dos pontos relevantes da doutrina cristológica, consiste da afirmação,


segundo a qual Jesus Cristo possui dupla natureza, o que o faz Homem e Deus.
Apesar disto, não poucas vozes, ao longo dos séculos, se têm levantado contra
esta verdade e outras encontradas nas Escrituras. Dentre os movimentos que no
decorrer da história da Igreja se insurgiram contra a doutrina das duas naturezas
de Cristo, se destacam os seguintes:
1.Márcion (95 – 165) – Informações indicam que Márcion nasceu em
Sinope, no Ponto, Ásia Menor. Foi proprietário de navios, portanto, muito
próspero. Aplicou sua vida à fé religiosa, primeiramente, como cristão e,
finalmente, ao desenvolvimento de congregações marcionistas.
Influente líder cristão, suas ideias o conduziram à exclusão, em 144 d.C.
Então, formou uma escola gnóstica. Tendo uma mente prolífera, desenvolveu
muitas ideias, as quais foram lançadas em uma obra apologética alvo de combate
de apologistas, especialmente Tertuliano e Epifânio.
Procurou ter uma perspectiva paulina, contudo, incluiu muitas ideias
próprias e conjecturas sem respaldo bíblico. Era convicto de uma missão pessoal:
restaurar o puro evangelho. Antes, rejeitou o AT por achá-lo inútil e ultrapassado,

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além de afirmar que foi produzido por um deus inferior ao Deus do evangelho.
Para Márcion, o cristianismo era totalmente independente do judaísmo; era uma
nova revelação. Segundo ele, Cristo pegou o deus do AT de surpresa e este teve
de entregar as chaves do inferno Àquele. Além disso, Cristo não era Deus, apenas
uma emanação do filho de Deus. O único apóstolo fiel ao evangelho, segundo
Márcion, fora Paulo, em detrimento dos demais apóstolos e evangelistas.
Consequentemente, a Igreja primitiva havia desviado e, por isso,
necessitava de uma restauração. Ainda segundo ele, o homem devia levar uma
vida asceta, o casamento, embora legal, era aviltador.
-Entre os seus muitos ensinos, encontramos o batismo pelos mortos. O cânon de
Márcion restringia-se as (10) epístolas de Paulo e à uma versão modificada do
Evangelho de Lucas.
-Para ele CRISTO NÃO ERA DEUS.
NOTA IMPORTANTE (Gnosticismo)
Gnosticismo – Nome derivado do termo grego gnosis, que significa
“conhecimento”. Os gnósticos se transformaram em uma seita que
defendia a posse de conhecimentos secretos. Segundo eles, esses
conhecimentos tornavam-nos superiores aos cristãos comuns, que não
tinham o mesmo privilégio. O movimento surgiu a partir das filosofias
pagãs anteriores ao cristianismo que floresciam na Babilônia, Egito, Síria e
Grécia (Macedônia). Ao combinar filosofia pagã, alguns elementos da
astrologia e mistérios das religiões gregas com as doutrinas apostólicas do
cristianismo, o gnosticismo tornou-se uma forte influência na igreja. A
premissa básica do gnosticismo é uma cosmovisão dualista. O supremo
Deus Pai, emanava do mundo espiritual “bom”. A partir dele, surgiram
sucessivos seres finitos (éons) até que um deles, Sofia, deu à luz a Demirgo
(Deus criador), que criou o mundo material “mal”, juntamente com todos
os elementos orgânicos e inorgânicos que o constituem. Cristãos gnósticos,
como Márcion e Valentim, ensinavam que a salvação vem por meio desses
éons, Cristo, que se esgueirou através dos poderes das trevas para
transmitir o conhecimento secreto (gnosis) e libertar os espíritos da luz,
cativos no mundo material terreno, para conduzi-los ao mundo material
mais elevado. Cristo, embora parecesse ser homem, nunca assumiu um
corpo; portanto, não foi sujeito às fraquezas e às emoções humanas.
Algumas evidências sugerem que uma forma incipiente de gnosticismo
surgiu na era apostólica e foi o tema de várias epístolas do NT (I João, uma
das epístolas pastorais). A maior polêmica contra os gnósticos apareceu,
entretanto, no período patrístico, com os escritos apologéticos de Irineu,
Tertuliano e Hipólito. O gnosticismo foi considerado um movimento
herético pelos cristãos ortodoxos. Atualmente, é submetido a muitas

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pesquisas, devido às descobertas dos textos de Nag Hammadi, em
1945/46, no Egito. Muitas seitas e grupos ocultistas demonstram alguma
influência do antigo gnosticismo (“Dicionário de religiões, crenças e
ocultismo”. George A. Mather & Larry A Nichols. Vida, 2000, pp 175-6).
2.Montano (120-180) – Por volta do ano 150 d.C., surgiu na Frigia um
profeta chamado Montano que, junto com Prisca e Maximilia, se anunciou
portador de uma nova revelação. Inicialmente, esse novo movimento reagiu
contra o gnosticismo, contudo, ele mesmo se caracterizou por tendências
inovadoras. As profecias e revelações de Montano giravam em torno da segunda
vinda e incentivavam os ascetismos.
Salientavam fortemente que o fim do mundo estava próximo, e esperavam
esse acontecimento para a sua própria geração. Insistiam sobre estritas
exigências morais, como, por exemplo, o celibato, o jejum e uma rígida disciplina
moral. Exaltavam o martírio e proibiam que seus seguidores fugissem das
perseguições. Alguns pecados eram imperdoáveis, independente do
arrependimento demonstrado.
Finalmente Montano afirmou ser o Parakleto, pois nele iniciaria e findaria o
ministério do Espírito Santo. Prisca e Maximilia abandonaram seus respectivos
maridos para se dedicarem à obra profética de Montano. Algumas vezes,
Montano procurava esclarecer que ele era um agente do Espírito Santo, mas
sempre retornava à sua primeira posição e afirmava ser o Consolador prometido.
Sua palavra deveria ser observada acima das Escrituras, porque era a palavra
para aquele tempo do fim.
Esse movimento desvaneceu no terceiro século no Ocidente e no sexto, no
Oriente.
NOTA IMPORTANTE (Ascetismo)
Autonegação, visão de que a matéria e o espírito estão em oposição
um ao outro. O corpo físico, com suas necessidades e desejos inerentes, é
incompatível com o espírito e sua natureza divina. O ascetismo defende a
ideia de que uma pessoa só alcança uma condição espiritual mais elevada
se renunciar à carne e ao mundo. O ascetismo foi amplamente aceito nas
religiões antigas e ainda hoje é uma filosofia proeminente, sobretudo nas
seitas e religiões orientais. Platão idealizou-o. As seitas judaicas, como os
essênios, praticavam-no fervorosamente e o cristianismo institucionalizou-
o, com o desenvolvimento de várias ordens monásticas. O gnosticismo foi
o maior defensor dessa filosofia (“Dicionário de religiões, crenças e
ocultismo”).
3.Sabélio (180-250) – Nasceu na Líbia, África do Norte, no terceiro século
depois de Cristo. Depois, mudou-se para a Itália, passando a viver em Roma. Ao
conhecer o evangelho, logo se tornou um pensador respeitado em suas

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considerações teológicas. Recebeu influência do Modalismo que já estava sendo
divulgado na África.
O Modalismo ocorreu, no início, como um movimento asiático, com Noeto
de Esmirna. Os principais expoentes do movimento: Noeto, Epógono, Cleômenes
e Calixto. Na África, foi ensinado por Práxeas e na Líbia, defendido por Sabélio.
Hoje, o Modalismo é muito conhecido pelo nome sabelianismo, devido à
influência intelectual fornecida por Sabélio. O objetivo era preservar o
monoteísmo a qualquer custo. Tinha um objetivo em vista que, pensava,
justificava os meios. Ensinava que havia uma única essência na divindade,
contudo, rejeitava o conceito de (3) três Pessoas em uma só essência. Afirmava
que isso designaria um culto triteísta, isto é de três deuses. A questão poderia ser
resolvida, afirmava, pelo conceito de que Deus se apresenta com diversas faces
ou manifestações. Primeiramente, Deus se apresentou como Deus Pai, gerando,
criando e administrando; Em seguida, como Deus Filho, mediando, redimindo,
executando a justiça; E, finalmente e sucessivamente, como Deus Espírito Santo,
fazendo a manifestação das obras anteriores, sustentando e guardando. Uma só
Pessoa e três manifestações temporárias e sucessivas.
-Para ele Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo era um só Pessoa.
4.Mani (216-277) – Nasceu por volta de 216 d.C., na Babilônia. Foi
considerado por alguns como o último dos gnósticos. Diferente dos demais
hereges, desenvolveu-se fora do cristianismo. Todavia, era um rival do
evangelho. Seus ensinos buscavam respaldo no cristianismo. Afirmava, por
exemplo, ser o Parakleto, o profeta final. Em seus ensinos enfatizava a
purificação pelos rituais. Em 243 d.C., o profeta Mani teve seus ensinamentos
reconhecidos por Ardashir, rei sassânida (Índia). Então, a nova fé teve o seu
“pentecostes”, analogia traçada pelos maniqueístas.
Durante 34 anos, Mani e seus discípulos intensificaram seu trabalho
missidevo apolinário pelo leste da Ásia, Sul e Oeste da África do Norte e Europa.
A base do maniqueísmo engloba um Deus teísta que se revela ao homem.
Deus usou diversos servos, como Buda, Zoroastro, Jesus e, finalmente, Mani.
Deveria seus discípulos praticar o ascetismo e evitar a participação em alguma
morte, mesmo de animais ou plantas. Deveriam evitar o casamento, antes,
abraçarem o celibato. O universo é dualista, existem duas linhas morais em
existência, distintas, eternas e invictas: a luz e as trevas. A remissão ocorre pela
gnosis, conhecimento especial que os iniciados conquistavam. Entre os remidos
há duas classes, os eleitos e os ouvintes. Os eleitos não podiam nem mesmo
matar uma planta, por isso eram servidos pelos ouvintes, que podiam matar
plantas, mas nunca animais ou até mesmo comê-los. Os eleitos subiriam, após a
morte, para a glória, enquanto os ouvintes passariam por um longo processo de

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purificação. Quanto aos ímpios, continuariam reencarnando na terra. Recebeu
grande influência de Márcion.
-Isto é o cúmulo da HERESIA.
5.Ário (256-336) – Presbítero de Alexandria entre o fim do terceiro século
e o início do quarto depois de Cristo. Foi excluído em 313, quando diácono, por
apoiar, com suas atitudes, o cisma da Igreja no Egito. Após a morte do patriarca
da Igreja em Alexandria, foi recebido novamente como diácono. Depois,
nomeado presbítero, quando então começou a ensinar que Jesus Cristo era um
ser criado, sem nenhum dos atributos incomunicáveis de Deus, por exemplo,
eternidade, onisciência, onipotência etc, pelo que foi censurado, em 318, e
excluído em 321. Mas, infelizmente, sua influência já havia sido propagada e
diversos bispos da Igreja no Oriente aceitaram o novo ensino.
Em 325, ocorreu o CONCÍLIO DE NICÉIA e Ário, apesar de excluído, pôde
recorrer de sua exclusão, sendo banido. Ário preparou uma resposta ao Credo
Niceno, o que impressionou muito o imperador Constantino. Atanásio resistiu à
ordem de Constantino de receber Ário em comunhão. Então Ário foi deposto e
exilado em Gália, falecendo no dia em que entraria em comunhão em
Constantinopla.
A base de seu ensino era estabelecer a razão natural, como meios de
entender a relação entre Deus e Cristo. Haveria uma só Pessoa na divindade. O
logos não foi apenas gerado, mas literalmente criado. Seria tão-somente um
intermediário entre Deus e os homens e, devido à sua elevada posição, receberia
adoração e glória.
-Para ele Cristo não era Deus.
6.Apolinário (310-390) – Foi bispo de Laodiceia da Síria no final do quarto
século. Cooperou na reprodução das Escrituras. Fez oposição à afirmação de Ário
quanto à criação e à mutabilidade de Cristo.
Por outro lado, se opôs ao conceito da completa união entre as naturezas
divina e humana em Jesus. Afirmava que Jesus não tinha um espírito humano.
Segundo ele, o espírito de Cristo manipulava o corpo humano. Sua posição inicial
era contra o arianismo, que negava a divindade de Cristo. Em sua opinião, seria
mais fácil manter a unidade da Pessoa de Cristo, contanto que o logos fosse
conceituado apenas como substituto do mais elevado princípio racional do
homem. Contrapondo-se a Ário, ele advogava a autêntica divindade de Cristo, e
tentava proteger sua impecabilidade substituindo o pneuma (espírito) humano
pelo logos, pois julgava aquela sede do pecado.
Consequentemente, Apolinário negava a própria e autêntica humanidade
de Jesus Cristo.
Em 381, o sínodo de Constantinopla declarou contundentemente, entre
outros sínodos, herética a cristologia de Apolinário.

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Apolinário formou um grupo de discípulos que manteve seus ensinos. Mas
não demorou muito e o movimento se desfez.
7.Nestório (375-451) – Patriarca da Igreja em Constantinopla na metade do
quinto século depois de Cristo. Seu objetivo de expurgar as heresias na região de
seu controlo encontrou problemas quando expressou sua cristologia. Encontrava-
se em seu tempo ideias divergentes sobre a natureza de Cristo. Alguns,
aparentemente, negavam a existência de duas naturezas em Cristo, postulando
uma única natureza. Outros como Teodoro de Mopsuéstia, afirmavam que o
entendimento deveria partir da completa humanidade de Cristo.
Teodoro negava a residência essencial do logos em Cristo, concedendo
somente a residência moral. Essa posição realmente substituía a encarnação pela
residência moral do logos no homem Jesus. Contudo, Teodoro declinava das
implicações de seu ensino que, inevitavelmente, levaria à dupla personalidade
em Cristo, duas pessoas entre as quais haveria uma união moral. Nestório foi
fortemente influenciado pelo seu mestre – Teodoro de Mopsuéstia.
O nestorianismo é deficiente, não em relação à doutrina das duas
naturezas de Cristo, mas, sim, quanto à Pessoa de cada uma delas. Concorda com
a autêntica e própria deidade e a autêntica e própria humanidade, mas não são
elas concebidas de forma a comporem uma verdadeira unidade, nem a
constituírem uma pessoa. As duas naturezas seriam igualmente duas pessoas. Ao
invés de mesclar as duas naturezas em uma única autoconsciência, o
nestorianismo as situava lado a lado, sem outra ligação além de mera união
moral e simpática entre elas. JESUS SERIA UM HOSPEDEIRO DE CRISTO.
Nestor foi vigorosamente atacado por Cirilo, patriarca de Alexandria, e
condenado pelo Terceiro Concílio de Éfeso, em 431.
O movimento nestoriano sobreviveu até o século XIV. Adotaram o nome de
“cristãos caldeus”. A Igreja persa aceitou claramente a cristologia nestoriana.
Atingiu expressão culminante no décimo terceiro século, quando dispunha de
(25) vinte e cinco arcebispos e cerca de (200) duzentos bispos. Nos séculos XII e
XIII, formou-se a Igreja Nestoriana Unida e, atualmente, seus membros são
conhecidos como Caldeus Uniatos. Na Índia, são conhecidos como cristãos de São
Tomé. Hoje, esse movimento está em declínio.
8.Pelágio (360-420) – Teólogo britânico, teve uma vida piedosa e
exemplar. Baseado exatamente nessa questão desenvolveu conceitos sobre a
hamartiologia (doutrina que estuda o pecado). Sofreu resistência e, finalmente,
foi excluído por diversos sínodos (Mileve e Cartago), sendo, ainda, condenado no
Concílio de Éfeso, em 431 d.C.
Seus ensinos afirmavam que o homem poderia viver isento do pecado. Que
o homem fora criado a imagem de Deus e, apesar da queda, essa imagem é real e
viva. Do contrário, o homem não seria aquele homem criado por Deus. No

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pelagianismo a morte é uma companheira do homem, querendo dizer que,
pecando ou não, Adão finalmente morreria, ainda que não pecasse. O ideal do
homem é viver obedecendo.
O pecado original é uma impossibilidade, pois o pecado depende de uma
ação voluntária do pecador. Afirma ainda que, por uma vida digna, os homens
podem atingir o céu, mesmo desconhecendo o evangelho. Todos serão julgados
segundo o que conheciam e o que praticavam. O livre-arbítrio era enfatizado em
todas as suas afirmações, excluindo a eleição. Um século depois, desenvolveu-se
o semipelagianismo, que amortecia alguns ensinos extravagantes de Pelágio.
9.Eutíquio (410-470) – Viveu em um mosteiro fora de Constantinopla
durante a primeira metade do quinto século. Discípulo de Cirilo de Alexandria
teve grande influência e chefiava mosteiros na Igreja oriental. Oponente do
nestorianismo, afirmava que, por ocasião da encarnação, a natureza humana de
Cristo foi totalmente absorvida pela natureza divina.
Era de opinião de que os atributos humanos em Cristo haviam sido
assimilados pelo divino, pelo que seu corpo não seria consubstancial como o
nosso, que Cristo não seria humano no sentido restrito da palavra.
Esse extremo doutrinário contou com o apoio temporário do chamado
Sínodo dos Ladrões (em 449 d.C.). Essa decisão foi anulada mais tarde pelo
Concílio de Calcedônia, em 451 depois de Cristo.
O Sínodo dos Ladrões recebeu esse nome porque seus participantes
roubavam características da doutrina cristocêntrica. Por esse motivo, Eutíquio foi
afastado de suas atividades eclesiásticas. Mas a Igreja egípcia continuou
apoiando a doutrina de Eutíquio e manteve seus ensinos por algum tempo.
Então, o eutiquismo surge novamente no movimento monofisista.

JESUS – Concepção JUDAICA

Jesus – (palavra de origem grega, equivalente à forma Josué, de origem


hebraica; m. em 29 E.C.). Fundador do CRISTIANISMO. Não existem fontes
judaicas independentes sobre a vida de Jesus de Nazaré. A referência que se
encontra em Josephus é, pelo menos em parte, interpolação cristã; as alusões no
Talmud e no Toledot Yeshu pós-talmúdico são válidas apenas como indicação de
atitudes judaicas posteriores. A única fonte de informação sobre Jesus, portanto,
são os Evangelhos do NT. A análise dos Evangelhos tem demonstrado que certos
trechos parecem refletir mais as ideias e situações da Igreja Cristã em
desenvolvimento que as da época de Jesus. Não é fácil, assim, determinar os fatos
de sua vida e os seus verdadeiros ensinamentos.
A segunda sinopse é, nessas condições, mais provável que certa; Jesus era
um judeu da Galileia que, na juventude, foi influenciado pelo asceta JOÃO

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BATISTA e tornou-se pregador e professor itinerante. Com um pequeno bando de
seguidores, perambulou pelo país, anunciando a breve chegada do “Reino de
Deus” e advertindo os homens para a necessidade de arrepender-se antes do
julgamento final. No ano 29, ele e seu grupo foram a Jerusalém para a Páscoa; os
discípulos prestaram-lhe honras messiânicas e é possível que o próprio Jesus se
tenha atribuído a condição de messias. Como líder potencial de uma revolta
contra Roma, foi preso e crucificado pelo Procurador romano, Pôncio Pilatos, à
idade de cerca de 35 anos. Seus seguidores devotos (apóstolos), que acreditavam
ter ele voltado de entre os mortos, formaram o núcleo da igreja cristã primitiva.
Os relatos dos Evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas) indicam
que, tanto na forma como conteúdo, a pregação de Jesus tinha grande afinidade
com a dos pregadores fariseus. Entre os ensinamentos de Jesus e os dos rabinos
existem paralelos impressionantes. Como eles, usava as parábolas com grande
eficácia e defendia uma moral nobre e altruísta. Jesus, entretanto, dava maior
importância que eles ao iminente fim dos tempos e em razão disso inclinava-se a
ver com indiferença as obrigações familiares e comunitárias, pois esperava o
rápido desaparecimento da ordem social contemporânea. Além disso, ensinava a
doutrina da não-resistência ao mal, que não se encontra nas fontes clássicas
judaicas. Os Evangelhos mostram Jesus e os fariseus em posição de hostilidade
mútua, mas também revelam muitos casos de ligações cordiais entre eles.
A maior parte da doutrina ético-religiosa de Jesus é inteiramente farisaica.
Parece provável, por conseguinte, que o crescente antagonismo entre a jovem
igreja e o judaísmo oficial tenha criado, retroativamente, a imagem de um
antagonismo semelhante no tempo de Jesus. Isso é o que fica mais claramente
demonstrado pelas narrativas de sua execução. É provável que autoridades
judaicas, nomeadas pelos romanos e ansiosas por agradá-los, tenham levado à
atenção destes o incipiente movimento messiânico. Mas os Evangelhos mostram
todo o povo judeu ávido pela morte de Jesus, rejeitando a proposta de Pilatos de
libertá-lo e assumido, sobre si mesmo e seus descendentes, a responsabilidade
pelo sangue derramado. Esse episódio reflete o sentimento antijudaico dos
primeiros cristãos e também o desejo de absolver os romanos de qualquer culpa
pela morte de seu salvador. O quarto Evangelho (João) mostra Jesus, ao longo de
toda a sua carreira, desdenhoso e implacável para com os judeus. O abismo cada
vez maior entre o judaísmo e o cristianismo levou a deformações semelhantes por
parte dos judeus. Os episódios do Toledot Yeshu e do Talmud refletem essa
animosidade quando lançam dúvidas sobre a origem e o caráter de Jesus. Nos
tempos modernos, entretanto, muitos judeus têm escrito com simpatia sobre
Jesus e prestado importante contribuição ao estudo do NT.
ENCICLOPÉDIA JUDAICA – Cecil Roth

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CONCLUSÃO
Segundo o judaísmo Jesus não é o Messias prometido nas Escrituras dos
profetas do AT, mas, um profeta como qualquer outro, e inferior a Moisés.
-Talvez nem um profeta de Deus, mas um usurpador ao trono de Davi.
ISSO É UMA HERESIA abominável.

-As Escrituras ensinam que:


 Jesus é o profeta semelhante a Moisés (Dt 18.15-18);
 Ele é o único Filho de Deus (“geração”) (Jo 3.16);
 Ele é o único mediador entre Deus e os homens (I Tm 2.5);
 O Verdadeiro Deus e a Vida Eterna (I Jo 5.20);
 Portanto, Jesus Cristo é Deus (Jo 1.1).

V. O CARÁTER MESSIÂNICO DE JESUS

É evidente que Jesus ensinou aos Seus discípulos que confiasse nEle como
o Messias – o Cristo (o rei ungido) de Deus. Porém, devido às muitas ideias
errôneas a respeito do Messias, entre os judeus (Jo 6.15), Ele proibiu
expressamente a proclamação pública a respeito de Seu caráter messiânico (Mc
9.7-9; Mt 16.20; 17.9). Somente depois que Ele completou o Seu ministério
público e que o tempo se aproximou para Ele sofrer na cruz, é que assumiu
publicamente o papel de Rei messiânico, por ocasião de Sua entrada triunfal em
Jerusalém (Mt 21.1-11; Mc 11.1-18; Lc 19.1-48; Jo 12.12-50). Perante os Seus
juízes, Ele afirmou de modo inequívoco que de fato era o Cristo (Mt 26.63,64; Mc
14.61,62; Lc 22.68-71; 23.2,3); contudo, deixou claro que não era um messias
judaico terreno (Jo 18.36).
IMPORTANTE
É essencial observar que Ele não ensinou que, visto ser o Messias,
era, por consequência, filho de Deus. Bem ao contrário, Seu ensinamento
básico é que Ele é o Filho de Deus em sentido absoluto (Mt 27.43; 11.27;
24.36, etc), e, em vista de Ele ser o Filho de Deus, é em consequência o
Messias real, o Ungido do Senhor. Primária e essencialmente Ele é o eterno
e unigênito Filho do Pai.

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BIBLIOGRAFIA

Almeida, J. Ferreira. Bíblia Sagrada. Ed. SBB e IBB, RJ.


Bancroft, Emery H. Teologia Elementar, Imprensa Batista Regular, 1989, SP Brasil.
Champlin, Russel Norman. Bentes, João Marques. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Física, Ed
Candeia, 1991, SP – Brasil.
Horton, Stanley M. Teologia Sistemática, Ed. CPAD, 1996, RJ – Brasil.
Thiessen, Henry Clarence. Palestras em Teologia Sistemática. Imprensa Batista Regular, 1989,
SP – Brasil.
Enciclopédia Judaica, 1991

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Declaração Doutrinária – Cremos...

A Faculdade de Educação Teológica do Espírito - FAETESP, professa sua Fé Pentecostal


alicerçada fundamentalmente no que se segue:
1. Há um só Deus, poderoso, perfeito, santo e eternamente subsistente em três ( 3 ) pessoas: Pai, Filho e
Espírito Santo;
2. As Escrituras Sagradas, compostas do Antigo e Novo Testamentos, são inteiramente inspiradas por Deus,
infalíveis na sua composição original e completamente dignas de confiança em quaisquer áreas que
venham a se expressar, sendo também a autoridade final e suprema de fé e conduta;
3. Jesus – o Cristo, nasceu do Espírito Santo e da Virgem Maria, é o verdadeiro Deus e a vida eterna; é o
único mediador entre Deus (o Pai) e o homem; somente Ele foi perfeito em natureza, ensino e
obediência;
4. Nosso Senhor ressuscitou fisicamente dentre os mortos; ascendeu aos céus, está assentado à direita do
Pai e voltará;
5. O Espírito Santo é o regenerador e santificador dos redimidos; o doador dos dons e frutos espirituais; o
Consolador permanente e Guia da Igreja;
6. Em Adão a humanidade foi criada à imagem e semelhança de Deus. Através da queda de Adão, a
humanidade tornou-se radicalmente corrupta, distanciada de Deus e desintegrada de seu coração. A
necessidade premente do homem é a restauração de sua comunhão com Deus, a qual o homem é
incapaz de operar por si mesmo;
7. Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e
da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do reino dos céus;
8. No Perdão dos pecados, na Salvação presente e perfeita e na eterna Justificação da alma recebidos
gratuitamente pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor;
9. Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora
de Jesus no Calvário, através do poder regenerador, inspirador e santificador do Espírito Eterno, que nos
capacita a viver como fiéis testemunhas do Poder de Jesus Cristo;
10. No Batismo bíblico, efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez em águas, em nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo, conforme determinou Nosso Senhor;
11. No Batismo bíblico com o Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo, com
a evidência inicial de falar em outras línguas, conforme a Sua vontade;
12. Na atualidade dos Dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação conforme
a sua soberana vontade;
13. A tarefa da Igreja é ensinar a todas as nações, fazendo que o Evangelho produza frutos em cada aspecto
da vida e do pensamento. A missão suprema da Igreja é a Salvação das almas. Deus transforma a
natureza humana, tornando-se isto então o meio para a redenção da sociedade.
14. Na Segunda vinda pré-milenar de Cristo em duas fases distintas: a primeira – invisível ao mundo, para
arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da grande tribulação; a segunda – visível e corporal, com sua
Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil (1000) anos;
15. Que todos os cristãos comparecerão ante ao Tribunal de Cristo para receber a recompensa dos seus
feitos em favor da causa de Cristo, na terra;
16. No comparecimento de todos os ímpios desde Caim ao último infiel, mesmo no Milênio perante o Juízo
Final, onde receberão a devida punição final do Todo-Poderoso;
17. Na punição eterna que sofrerá Satanás, seus demônios, a Besta, o falso profeta e todos aqueles que
rejeitaram o Filho de Deus durante a sua existência na terra., onde serão enviados ao Lago de Fogo e
enxofre e serão eternamente separados de Deus.
18. E na Vida Eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza para os infiéis.

NISSO CREMOS...

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