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Impressao 7
Impressao 7
ARQUITETÔNICA,
URBANÍSTICA E PAISAGÍSTICA
AULA 4
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CONVERSA INICIAL
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A esse respeito, Elgson Ribeiro Gomes, arquiteto modernista paranaense,
comenta:
CONTEXTUALIZANDO
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constantemente. Finalmente, trataremos da questão de várias funções
acontecendo ao mesmo tempo nas obras arquitetônicas (multifuncionalidade).
Exemplos icônicos de arquitetos incríveis serão apresentados para ilustrar que
a forma deve seguir a função.
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Vamos estudar nesta aula o pilar utilitas: utilidade e funcionalidade na
obra arquitetônica. Vamos refletir sobre os elementos construtivos da edificação
por meio da cuidadosa escolha dos principais elementos: estruturais, sistemas
de janelas e vedação de fachadas (paredes externas), tipos de tecnologias
empregadas e qualidade nos materiais utilizados, resolução das circulação das
pessoas, solução de incidência solar, ventilação, prevenção contra incêndio,
escadas e rampas, enfim a função ou utilidade dentro da arquitetura, do
paisagismo e áreas afins.
De forma simplificada, grande parte da população acredita que o papel do
arquiteto se resume a fazer uma planta e depois desenhar de forma estética as
paredes externas e o telhado. Esse entendimento não reflete a complexidade da
atividade desse profissional. Podemos afirmar que essa abordagem simplificada
de projetar reflete a maneira como engenheiros projetam, quando não se
aprofundam na arquitetura. A formação da engenharia civil, em seu currículo,
não os prepara para a complexa tarefa de projetar arquitetura.
A Figura 4 apresenta as relações existentes entre três componentes
envolvidos no projeto (ou design) de uma obra. No centro do gráfico, a obra
existe a partir da interseção da função, da forma e da tecnologia.
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Figura 4 − Relação entre função, forma e tecnologia, sempre presentes na obra
arquitetônica
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Figura 5 − Centro Comercial Itália, em Curitiba
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Figura 6 − Museu de Arte de São Paulo
Saiba mais
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Figura 8 − Residência típica de subúrbio nos Estados Unidos: vários elementos
decorativos sem função alguma
Crédito: Kovalenko/Shutterstock.
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Figura 9 − Complexo MAPI projeto de Adolf Heep, Caiobá, Brasil, 1961
(maquete)
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(prédio de seis andares) e um restaurante. A capela sobre a pedra não foi
construída, mas uma piscina foi incluída entre o restaurante triangular e o edifício
principal.
O exemplo do litoral do Paraná ilustra de forma eloquente a função na
obra arquitetônica. Podemos afirmar que tendo sido resolvido o problema com
funcionalidade adequada, o resultado apresenta beleza própria, derivada do
equilíbrio entre função, forma e tecnologia.
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portanto, a perda da memória das cidades, preservando o passado para as
futuras gerações. Obras tombadas não significam obras abandonadas.
Cabe ao arquiteto projetar novas funções, inclusive ampliações, para
revitalizar obras tombadas. Esse processo apresenta complexidades que
somente a profissão de arquiteto tem atribuição e competência para intervir.
A tendência, no mundo capitalista, é sempre a mais pragmática e barata:
demolir o velho e construir algo novo em seu lugar. Essa forma superficial de
resolver questões arquitetônicas e urbanísticas acaba desfigurando as cidades
e tornando a paisagem urbana árida e sem atrativos culturais. Algumas quadras
em Nova York já foram demolidas e reconstruídas dezenas de vezes. Essa e
outras cidades são movidas pela especulação imobiliária. Um exemplo similar
no Brasil hoje, ainda que em menor escala, é Balneário de Camboriú, no Estado
de Santa Catarina. Alguns edifícios históricos foram demolidos, e a verticalizacao
da cidade de fato impressiona, não apenas pela velocidade mas também pelo
luxo dos prédios.
O retrofit surgiu como forte tendência para recuperar prédios antigos na
Europa, e nos dias de hoje é uma solução bastante popular em grandes centros
urbanos mundo afora. Não é à toa que muitos países começaram a perceber
que o diálogo entre o antigo, o existente e o novo valoriza a paisagem urbana,
revitaliza a cidade, preserva a memória e aumenta o sentiment de pertencimento
por parte de seus habitants, bem como dos turistas, que apreciam ver soluções
equilibradas de arquitetura e urbanismo.
O Centro Cultural Pompidou, em Paris (Figura 12), é uma referência em
arquitetura moderna por duas razões: 1) foi construído na área degradada da
cidade pelos arquitetos Richard Rogers e Renzo Piano; e 2) ambos afirmaram
que tecnologias sempre têm de resolver problemas de longo prazo de natureza
sociológica e ecológica na arquitetura e no urbanismo.
O prédio tem uma solução genial, na medida em que coloca toda a parte
técnica (ar-condicionado e canos expostos para o público) na fachada externa,
de forma a liberar espaço para o centro cultural e tornando-se um ícone quando
foi inaugurado.
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Figura 12 − Centro Cultural George Pompidou, em Paris
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Figura 15 − Catedral de Brasília, de Oscar Niemeyer: forma segue a função
Você está preparado para praticar o que foi aprendido nesta aula? Como
vimos, a história nos revela muitos aspectos interessantes e consequências de
longos processos. Neste exercício, olhe para a sua cidade e identifique os
principais problemas urbanos. Pesquise em matérias de jornal e faça uma lista
dos três mais importantes.
NA PRÁTICA
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Após fotografá-las (apenas por fora; não precisa entrar nelas), inclua
também uma foto do Google Maps, especificando a localização dessas casas.
Na sequência, você vai listar as diferenças, do ponto de vista funcional e estético,
tentando usar os conhecimentos adquiridos nesta aula e também nas anteriores.
É importante você incluir croquis a mão livre para evidenciar suas conclusões
sobre as diferenças projetuais entre as duas casas.
Desse modo, você terá condições de perceber a importância da nossa
profissão na paisagem urbana da cidade, e poderemos iniciar uma pesquisa
comparando com outras regiões do Brasil. Boa sorte!
TROCANDO IDEIAS
FINALIZANDO
Após ter acompanhado com atenção esta aula e ter feito as reflexões
propostas, sugerimos seguir o mesmo caminho de Leonardo da Vinci:
desenvolver um olhar crítico e curioso e buscar sempre entender ou formular
perguntas sobre arquitetura e também sobre a natureza. Muitas das soluções
encontradas por ele foram inspiradas no que observava nas plantas, pássaros e
elementos da natureza. Nelas, a forma apresenta necessariamente alguma
função.
De agora em diante, cabe a você ollhar constantemente de forma crítica
as soluções implementadas por outras gerações e sempre se desafiar,
pensando: “talvez eu possa fazer algo ainda mais functional”.
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REFERÊNCIAS
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em: <https://www.youtube.com/watch?v=RYTCrG89Wxw>. Acesso em: 18 nov.
2021.
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2005.
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<https://www.youtube.com/watch?v=E_fB_s_TC5k>.
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2014. Disponível em:
<https://www.ted.com/talks/amanda_burden_how_public_spaces_make_cities_
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Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=z2mkutMCx3M&t=205s>.
Acesso em: 18 nov. 2021.
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Publishing, 2007.
PARVIN, A. Architecture for the people by the people. TED ideas worth
spreading. 2013. Disponível em:
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SCHEEREN, O. Why great architecture should tell a story? TED ideas worth
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SPECK, J. 4 ways to make a city more walkable. TED ideas worth spreading.
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