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Curso de Feridas

Feridas agudas - parte II

Núcleo de Telessaúde Técnico-Científico do Rio Grande do Sul


Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - PPGEPI
Faculdade de Medicina - FAMED
Queimaduras

Provocam alterações teciduais, variando do eritema à destruição


total da pele e anexos, tecido subcutâneo, fáscia, músculo e ossos.

Feridas Traumáticas

Físicos Químicos

Frio Calor Alcalina Ácido


Lesões por agentes químicos
Ácidos: agentes dissecantes - formam necrose de coagulação, limitando a penetração do
mesmo nos tecidos.

Ex: ácido sulfúrico, ácido clorídrico, ácido nítrico.

Alcalinos: maior dano tissular - necrose de liquefação; aumentam o poder de penetração nos
tecidos. Estas lesões tendem a cronicidade pela dificuldade de remoção do agente.

Ex: alcalino cáusticos: potássio, soda e amônia.


Lesões por agentes químicos

A gravidade das lesões por agentes químicos depende de


múltiplos fatores como: a concentração da substância, a
quantidade do agente, a área corporal envolvida, o tipo de
tecidos ou órgãos envolvidos e o tempo de contato.

É essencial que as pessoas que lidam com esse tipo de agentes


químicos sejam informadas da importância do uso de EPI’s e
que estes, estejam sempre disponíveis.
Lesões por agentes químicos

No caso de acidentes, os cuidados de enfermagem serão:

Reduzir o contato e a concentração do agente com os tecidos: irrigação


abundante com a remoção total de vestes contaminadas;
Remoção de acessórios que possam conter o agente agressor, como
relógio, cinto, anéis, entre outros;
Não aplicar pomadas ou outras substancias não estéreis para evitar
infecções;
Se houver disponibilidade de acesso ao rótulo do produto, seguir as
instruções;
E ainda, temos disponível o canal do Centro de Intoxicações
Toxicológicas (CIT) pelo telefone 0800.721.3000.
Lesões por frio

As queimaduras por frio, também chamadas de geladuras, são caracterizada


pela destruição tecidual causada pela formação de cristais de gelo
intracelulares e oclusão microvascular. Tais lesões podem ser provocadas por
exposição prolongada a temperaturas de subcongelamento, ao ar livre ou
por exposição profissional em câmaras frigoríficas por exemplo, podendo
levar à necrose semelhante à provocada pelo calor. As extremidades como
nariz, orelhas e dedos possuem maior probabilidade de lesão. Em casos
graves, pode levar a amputação da área afetada.

Como cuidado imediato, deve-se aquecer a região afetada. Quando a


coloração normal da pele for restabelecida se avalia o dano tecidual para
iniciar o tratamento adequado.
Lesões por calor

As queimaduras por calor podem ser causadas por vapor, por líquidos quentes
como água ou óleo, por contato com superfícies superaquecidas ou diretamente
com chamas. Temperaturas superiores a 43°C provocam sensação dolorosa, e
acima de 52°C causam dano tecidual.

As queimadura são divididas em três graus, de acordo com as características da


lesão e a área atingida, visto que em algumas áreas do corpo a espessura da
nossa pele é maior. A idade também influencia pois queimaduras por agentes
como líquidos quentes que em adultos produz queimadura de segundo grau, em
crianças menores de 4 anos pode atingir terceiro grau.

Pelos, cabelos e unhas são mais resistentes ao trauma térmico, a destruição


dessas estruturas indica exposição a altas temperaturas com dano de camadas
profundas. Queimaduras de pelos nasais sugerem dano grave das vias aéreas.
Queimaduras de primeiro grau

São consideradas de primeiro grau, queimaduras de superfície, elas atingem a


epiderme, que é a camada de células substituídas constantemente pela
descamação fisiológica. Em geral causadas por líquidos pouco aquecidos,
exposição a raios solares e vapores. Caracterizam-se por aspecto seco, sem
bolhas, com eritema e edema, devido a vasodilatação capilar. Pode ocorrer dor e
prurido devido ao grande número de receptores sensitivos da derme
sensibilizados pela agressão sofrida pela epiderme.

De maneira geral não necessitam de tratamento específico. O curativo oclusivo é


desnecessário nesses casos. Compressas com água gelada produzem efeito no
controle da dor e analgésicos via oral complementam o tratamento.
Queimaduras de segundo grau

Nas queimaduras de 2º grau são atingidas a epiderme e parte da derme. Esse


tipo de queimadura pode se caracterizar de forma superficial ou profunda.

A queimadura superficial acomete parcialmente glândulas sebáceas e


sudoríparas, nervos sensitivos e motores, capilares e folículos pilosos. Costuma
ser bastante dolorosa pois os receptores sensoriais estão íntegros. A aparência
da superfície é úmida e apresenta bolhas. O rompimento dessas bolhas pode
causar dor intensa pela exposição de terminações nervosas.

Os cuidados com a queimadura de 2º grau superficial devem estar relacionados


com a utilização de compressas frias para alívio da dor e para minimizar os
danos, por esfriar mais rapidamente os tecidos afetados.

O uso de óleo, como o AGE, ajuda a reter a umidade da pele, amenizando o


ressecamento, reduzindo a dor e facilitando a cicatrização
Queimaduras de segundo grau

Já a queimadura profunda de 2º grau atinge toda a epiderme e quase toda a


derme. Há edema, diminuição da sensibilidade dolorosa e uma base
esbranquiçada das bolhas. Costuma cicatrizar entre sete e 21 dias, produzindo
nenhuma ou mínima deformidade estética. Podem não fechar com
profundidade dérmica suficiente para que ocorra a cicatrização satisfatória,
nesses casos será necessário o enxerto.

Cuidados com a queimadura de 2º grau profunda estão relacionados com a


proteção da pele de traumatismo mecânico, elevação da temperatura e
exposição solar. Manter o leito da ferida sempre úmido e coberto com
curativos, para prevenir ressecamento excessivo associado à lesão das
glândulas sebáceas.
Queimaduras de terceiro grau

As queimaduras de 3º grau são profundas e graves, pois destroem


todas as camadas da pele podendo atingir tecidos subcutâneos,
músculos e ossos.

Apresentam textura semelhante ao couro, coloração esbranquiçada


ou escura, ausência de vesículas, indolores e com edema. Podem
ser visualizadas placas de necrose seca ou úmida conforme o agente
e tempo de exposição. Nessas feridas os pelos soltam-se facilmente.

Cuidados com queimaduras de terceiro grau estão relacionados


com a gravidade da lesão. Em lesões menores os procedimentos
iniciais serão semelhantes aos das demais queimaduras ou seja,
lavagem abundante, compressas frias, analgésicos, cobrir ferimento
com curativo oclusivo em meio úmido.
Queimaduras de terceiro grau

Lesões de maior gravidade devem ser encaminhados para serviço


especializado – cobrir queimadura com compressas estéreis e a
camada em contato direto com a lesão deve ser úmida para alívio
da dor.
A cicatrização geralmente ocorre por segunda intenção
provavelmente provocará comprometimentos funcionais, com
frequência necessitam de enxerto.
Regra dos Nove
Referências

Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Queimaduras: diagnóstico e tratamento inicial. Projeto Diretrizes: Associação Médica
Brasileira e Conselho Federal de Medicina. 2008

GLENN, L. Feridas: Novas abordagens, manejo clínico e atlas em cores. 2. ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

JORGE, S.; DANTAS, S. Abordagem multiprofissional do tratamento de feridas. São Paulo: Editora Atheneu, 2003.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Cartilha para tratamento de
emergência das queimaduras. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2012.
Núcleo de Telessaúde Técnico-Científico do Rio Grande do
Sul
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
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