Você está na página 1de 11

A abertura europeia ao mundo

★ 1.1- Condições da expansão cultural


Época moderna- Período cronológico da história da humanidade, situada entre meados do
séc. XV e o final do séc. XVIII. Neste período ocorreram as descobertas marítimas, o
encontro de povos, o triunfo do capitalismo comercial, a ascensão da nobreza, o absolutismo
régio, o Renascimento, a Reforma e a afirmação do espírito ao mundo.


★ 1.1.2- O Renascimento
O renascimento-Ressurgimento artístico/ renovação da literatura e das artes,
baseadas nos autores da antiguidade clássica
★ 1.2- O cosmopolitismo das cidades Hispânicas- Importância de Lisboa e Sevilha
Destaque nas cidades Ibéricas onde partiam os navegadores para as descobertas
e onde chegavam os navios que traziam mercadoria importante da África, da
Ásia e da América
Lisboa:
➔ Local de cruzamento de marinheiros, soldados, mercadores e aventureiros de
diversas nacionalidades;
➔ Grandes estaleiros da Ribeira da Naus;
➔ Chegada de naus e outras mercadorias (especiarias, sedas, porcelanas,
tapetes, âmbar, pérolas, Rubis e diamantes da Ásia; ouro, marfim,
malaguetas e escravos da África; Madeiras exóticas, açúcar e plantas
tintureiras do Brasil; prata e cobre da Alemanha; Tecidos de Itália, Flandres e
Inglaterra; Trigo dos Açores e da Europa Ocidental);
➔ Instalação da alta administração do Reino e do Ultramar;
➔ Rei e corte permaneceram crescentemente em Lisboa;
➔ D. Manuel I deu iniciativa para a reconstrução urbanística( Paços da Ribeira,
Alfândega Nova, Armazém do Trigo, Casa da Índia)
Sevilha
➔ chegada de galeões com mercadorias valiosas: ouro, prata, couros e plantas
tintureiras, açúcar da America do centro e sul ( Carreira das Índias:
Sevilha-Vera Cruz, no México);
➔ especiarias e pérolas, das Filipinas ( Rota de Manila)
No final do séc. XVI, Sevilha rivalizava com Lisboa no que diz respeito ao domínio
mundial das rotas oceânicas e acolhimento de grandes firmas comerciais
estrangeiras (genovesas, francesas, portuguesas e flamengas.

★ 2.1- O contributo português


Nos sécs. XV e XVI coube ao Reino de Portugal um poderoso e inestimável
contributo para o alargamento do conhecimento do mundo e para a síntese
Renascentista. Isto resultou dos descobrimentos marítimos, dos quais os
portugueses foram pioneiros, e que ficou conhecida como a primeira globalização1
da história moderna.
➢ A construção de um grande império
Animados, pela curiosidade geográfica, pelo espírito de lucro com a obtenção de
novas mercadorias e pelo desejo de “ acrescentar a santa Fé de nosso senhor Jesus
Cristo”, os Portugueses iniciaram a sua jornada em 1415, com a conquista de Ceuta,
no reinado de D.João I. o Mestre de Avis.
Graças aos resultados significativos, os portugueses prosseguiram com viagens
marítimas no Atlântico e a exploração da Costa Ocidental Africana para além do
Cabo Bojador, que foi ultrapassado em 1434, no reinado de D. Duarte. O Infante D.
Henrique, continuou o legado do seu pai até à data da sua morte (1460). até lá os
portugueses já tinham conquistado a Madeira e os Açores, fornecedores de açúcar,
trigo, vinho e plantas tintureiras, atingido as ilhas de Cabo Verde e explorado a
costa ocidental até à Serra Leoa, em busca de ouro e escravos.
Na década de 70 do séc. XV, a expansão portuguesa sofreu um duplo impulso, com
a conquista de territórios em marrocos e a navegação dinamizadas pelo burges
Fernão Gomes no golfo da Guiné até ao Cabo ST.Catarina, onde os resultados
económicos ficaram permanentemente nos topônimos da Costa da malagueta,
Costa do Marfim, Costa do Ouro, lá se instalaria a feitoria da Mina, e Costa dos
Escravos. A partir daí, os portugueses apropriaram-se do arquipélago de S. Tomé e
Príncipe, que se transformaram num centro de produção de açúcar com a utilização
da mão de obra escrava.
Na década de 80, no reinado de D.João II, avançou-se no Atlântico Sul com a
exploração do rio Zaire/Congo por Diogo Cão e a dobragem do Cabo das
Tormentas/Boa Esperança por Bartolomeu Dias. Desta forma, foi confirmada a
ligação entre o Atlântico e o Índico, assim a ambição de atingir a índia sobrepôs-se

1
termo difundido nos EUA, nos anos de 1990, para expressar as trocas económicas, emigratórias e
culturais à face mundial.Considera-se que as descobertas geográficas dos europeus, a partir do séc.
XV, foram o ponto de partida da globalização
à exploração da costa ocidental africana.
No reinado de Manuel I, Vasco da Gama, em 1498, conseguiu chegar à índia através
da Rota do Cabo , dando começo à construção do império portugues do Oriente que
fez Lisboa o novo entreposto da pimenta.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil, que graças ao Tratado de
Tordesilhas era reservado à exploração portuguesa, vindo tornar-se numa grande
fornecedora de madeiras exóticas e açúcar. Pouco tempo depois, atingiu-se Ceilão e
conquistou-se Malaca (1509), que abriu caminho para os portugueses acessarem
aos ricos mercados de especiarias e artigos de luxo nas Molucas, Timor, China e
Japão (1543)
➢ A escravidão e o trafico de seres humanos
A escravidão foi impulsionada pela expansão europeia, com destaque em Portugal,
que foi pioneiro das descobertas, que teve grnade protagonismo no trafico de
escravos. A cultura da cana-de-açúcar, do tabaco e do algodão exigia uma mão de
obra intensiva, e não haviam colonos e trabalhadores forçados, para tal. Desta
forma, a escravatura já antes praticada atingiu enormes proporções principalmente
à custa das populações africanas. A partir de 1445, na feitoria portuguesa de
Arguim iniciou-se um comércio organizado, que retiraria mais de 15 milhões de
seres humanos na África, ao longo de 400 anos. Na mesma altura, chegaram à
Costa de Cabo Verdo e do Senegal, já na Africa negra, passaram a negociar
diretamente com os reinos negro que providenciaram-lhes os seus próprios
escravos (prisioneiros de guerra intertibais e simples individuos esfomeados ou
endividadod que, como forma de sobrevivencia, submetiam-se à escravidão.
Os escravos, eram capturados e traficados no Congo, Angola e Guiné, no delta do
Níger e em algumas áreas da África Oriental. Eram obrigados a marchar do interior
até à costa de África, de onde eram transportados nos navios em condições
deploráveis. Quando chegavam ao seu destino, mais de ⅓ tinha morrido, nomeando
assim os navios de Tumbeiros.
Vistos como mercadorias, eram vendidos à peça, agrupados em lotes e marcados
pelos seus proprietários com ferro em brasa.
Todo o tráfico negreiro foi repleto de violência e de desrespeito pela condição
humana, um marco triste para a expansão europeia e para a história da humanidade.
possibilitou este acontecimento foi a expansão dos conhecimentos:
➢ Náuticos:
● desenvolvimento da navegação à bolina (aproveitamento dos ventos
contrários) e da navegação de alto mar (sem avistar a terra)
● inovações na construção naval: caravela portuguesa ( rapidez, grande
manobrabilidade e possibilidade de bolinar, graças às suas velas triangulares
ou latinas); Nau e galeão ( associação de velas quadrangulares/redondas e
latina, resistência, capacidade de carga e equipamento com artilharia)
● Navegação astronômica ( orientada pela observação dos astros);
simplificação do quadrante e do astrolábio; invenção da balestilha e o uso de
tábuas solares e de regimento dos astros.
➢ Cartográficos:
● Correção dos mapas do grego Ptolomeu e da Idade Média;
● Conhecimento dos novos mares e regiões;
● aperfeiçoamento das distâncias e dos contornos das regiões terrestres e
marítimas;
● introdução de escalas de latitudes, de troncos de léguas e de iluminuras com
informações acerca dos povos, animais e plantas nos mapas;
● qualidade dos cartógrafos (ex: Pedro e Jorge Reinel, Lopo e Diogo Homem,
Sebastião Lopes, Bartolomeu Velho, Fernão Vaz Dourado e Luís Teixeira)
➢ Perceptivos e descritivos da Natureza
● demonstração da esfericidade da terra e da habitação das zonas equatoriais;
● percepção mais correta dos continentes e mares;
● explicação do funcionamento dos ventos e correntes marítimas
● relato de informação sobre a natureza em obras geográficas (ex: “Roteiros”
de João de Castro)
● Pormenorização da fauna e flora Africana, Asiática e Americana
● Divulgação sobre a botânica e farmacopeia oriental (ex: “Colóquios” de
Garcia da Orta);
● Revisão e correção de conceitos dos sábios da antiguidade, que até então
eram considerados verdades indiscutíveis
➢ As origens da ciência moderna
Forma-se um novo saber, o experiencialismo. Isto consiste numa forma de sabedoria
que se identifica com a vivência das coisas, ou seja, o conhecimento parte da
observação empírica das coisas, e não de resultados de experiência propositalmente
praticadas para a verificação de hipóteses.
➢ A matematização do real
O séc. XV é caracterizado pela influência da matemática na vivência humana, ou
seja, o homem renascentista possui uma mentalidade quantitativa ao recorrer à
utilização de números com frequência, seja na vida económica, na organização das
atividades políticas, na vida quotidiana ou no conhecimento do espaço físico.
● No espaço físico
Fez-se o registro dos dados obtidos pela bússola e/ou outros instrumentos de
medidas astronômicas;
Registam-se escalas, distâncias, profundidades, rigorosamente calculadas com os
novos instrumentos de medida;
Fixaram-se horários de entrada e saída nos portos, determinaram-se o horário das
marés;
Regista-se o tempo de duração das viagens.
● Na vida quotidiana
Os homens de negócio, lidam diariamente com preocupações dos cálculos:
1. Datas e prazos são fundamentais nos actos económicos (datas de feiras,
pagamentos, prazos de vencimento das letras de câmbio, entrega de
mercadorias);
2. Quantifica-se o volume dos negócios, orçamentos de despesas, fretes2,
seguros;
3. Quantifica-se a dimensão das empresas, os seus activos e passivos, o seu
patrimônio
4. Elaboração de horários de trabalho e prazos de vencimento;
5. As listagens, os livros de contas, os inventários, são instrumentos de trabalho
dos novos funcionários peritos em contabilidade.
● Nas atividades político-administrativas
1. O estado organiza as finanças públicas, de forma a obter mais recursos;
2. Recenseamento de contribuintes e controlo dos bens tributáveis;
3. Controlo numérico da população para facilitar o recrutamento militar;
4. Elaboração de orçamentos públicos de receitas e despesas;
5. Controlo de movimentos alfandegários e volumosas receitas provenientes do
tráfego ultramarino;
6. Organiza a própria atividade industrial.
● Na vida quotidiana
1. Numeram-se os edifícios
2. As torres de relógios impõe-se aos sinos da igreja;
3. As populações controlam os preços dos produtos, e fazem o orçamento da
sua vida doméstica;
4. Valorização dos estudo da matemática e da aritmética
5. Sucedem-se avanços nas áreas da física e da astronomia;

2
carregamento de mercadorias
6. Pesos e medidas estão sempre presentes.


❖ desenvolvimento do cálculo matemático + experiencialismo:
Nicolau Copérnico:
● Negação da concepção do universo de Aristóteles e da teoria geocêntrica de
Ptolomeu.
● Terra imovel no centro do universo
● Rotação de todos os corpos celestes em volta da terra, através de órbitas
perfeitamente circulares
● Universo fechado (visão aristotélica)

⇒Elaboração de uma teoria heliocêntrica


Revolução das concepções cosmológicas

Revolução copernicana:
● Fim do geocentrismo ptolomaico
● substituição dos cosmos aristotélico fechado pelo universo infinito
● descrença no conhecimento dos sábios antigos e da igreja católica

● sol era o centro do universo


● todos os corpos celestes giravam em torno do sol,
através de movimentos de translação Teoria
● os corpos celestes giravam também à volta do seu heliocêntrica
centro, num movimento de rotação

★ A ostentação das Elites cortesãs e burguesas e o mecenato


➢ Europa do Renascimento- valorização do homem e da vida
Elites sociais- cortesãs (nobres) e burgueses


Vivência rodeada de luxo, conforto, beleza e sabedoria:
● ostentação de vestes luxuosas
● consumo de iguarias requintadas
● aquisição de obras de arte e livros
Criação de cortes (os Médicis em florença ou os Duques de Urbino)
● Acolhimento, financiamento e efetivação de encomendas a intelectuais e
artistas
● Produção de: monumentos, esculturas, pinturas e livros


Cortes como focos de mecenato
● Símbolo da força criadora do homem que se eleva à perfeição divina através
de obras de espírito

Ganho de prestígio dos intelectuais e artista


● Palco de festas, saraus e tertúlias3
● destaque do cortesão


Homem ideal renascentista
● Reconhecidos rapidamente pelo seu porte e linguagem corporal, na forma de
andar, cavalgar, gesticular e dançar
● Possuidor de talentos físicos e intelectuais, qualidades morais e boas
maneiras
● Comportamento civilizado ( cuprimento das regras sociais)

★ Os humanistas e a valorização da antiguidade clássica


3
uma reunião de amigos, familiares ou simplesmente frequentadores de um local, que se reúnem de
forma mais ou menos regular, para discutir vários temas e assuntos, especialmente os literários.
➢ A Europa do Renascimento
Aparecimento dos humanistas4:
● Defesa que o homem é um ser bom e responsável, inclinado para o bem e a
perfeição
● Único ser dotado de razão e, por isso, o único a poder construir o seu destino


Antropocentrismo5

➔ Paixão pela antiguidade clássica-Admiração pelos autores clássicos


(Homero, Platão, Aristóteles, Heródoto, Tucídides, Demóstenes, Virgilio,
Horacio, Cícero,Séneca, Tito Livio, etc) cujas obras continham verdadeira
sabedoria e beleza
➔ Procura, a leitura e tradução de manuscritos antigos e da Bíblia:
● Aperfeiçoamento do Latim
● Aprendizagem do grego e do Hebraico
Ensino, nos colégios, dos “studia humanitatis” ou humanidades
➔ Composição pelas áreas de estudo fundamentais para a formação
moral do ser humano:
● Latim, grego e hebraico
● Literatura, em prosa e poesia
● história a filosofia
Prática do mecenato
invenção da imprensa

Renascimento das letras antigas, dos valores antropocêntricos e da preza da


mensagem bíblica:
O Renascimento fez surgir um otimismo pela vida e a valorização do ser humano,
que foi, mais vincada nas elites sociais. Estas viviam rodeadas de luxo, e através do
mecenato encomendavam obras artísticas a jovens intelectuais, com o objetivo de
evidenciar a sua riqueza.

4
É letrado profissional, geralmente eclesiástico e/ou universitário, que nos sécs. XV e XVI, se esforça
por ressuscitar as línguas e as letras da Antiguidade Clássica, procurando harmonizar o legado
greco-romano com os valores morais do cristianismo, de modo a formar homens cultos e virtuosos
5
Concepção segundo a qual o homem está no centro do universo, sendo uma espécie de
microcosmo, onde se fundem harmoniosamente o material orgânico e celestial. Como o ser mais
perfeito da criação, o homem define-se pelo seu poder ilimitado de descoberta e de transformação
Estes intelectuais foram apelidados de humanistas, e distinguiram-se nos ramos da
literatura, poesia, pintura, escultura, arquitetura, etc.
A mentalidade renascentista é caracterizada pelos valores do humanismo clássico.
Neste período, surgiram novos padrões estéticos que dominaram a produção de
todas as manifestações.
➢ Imitação e superação dos modelos clássicos
A esta nova estética irradiou de Itália e apresentou-se marcada pelo classicismo6.
Imitar as formas e temáticas dos clássicos tornou-se comum nos artistas desta
época, que nela viam o exemplo de harmonia, proporção e de suprema beleza.
Porém, esta admiração, não levou os artistas renascentistas a realizarem uma
imitação passiva destas obras, mas mostraram o seu espírito crítico, dando às suas
obras características superiores às clássicas. Demonstraram uma notável qualidade
técnica, com a utilização de tinta a óleo nas suas obras, o que conferiu maior
naturalismo7 na representação de seres humanos, animais e paisagens. Por toda a
Europa, produziu-se arte rica e inovadora, que resultou de curiosas sínteses da
influência clássica com as tradições nacionais (ex: arte manuelina em Portugal)
● Semelhanças presentes nas obras dos artistas e intelectuais
renascentistas
I. Exaltação da dignidade humana e das suas realizações;
II. Valorização do indivíduo e da sua liberdade;
III. Reprodução fiel da natureza;
IV. Realismo na reprodução do corpo humano, nu ou vestido, e no retrato de
forma a reproduzir fielmente o indivíduo;
V. Predomínio da razão e não do sentimento.

★ A pintura
Na pintura, a paixão pelos clássicos foi expressa no gosto da representação da
figura humana, tanto a nível profano(quotidiano), quanto religioso (inspirados na
bíblia). Deste modo a pintura refletia na redescoberta do Homem e do Indivíduo
(antropocentrismo). No entanto, o que se destaca nas pinturas renascentistas é a
sua originalidade e criatividade, presentes na criação de um espaço pictórico.
● Pintura a óleo
Criada por Jan Van Eyck, no séc.XV, e efetuava-se dobre madeira ou tela. A pintura a
óleo conheceu grande aceitação, graças à sua durabilidade, possibilidade de

6
Tendência estética característica do renascimento que considera os ideais do clássicos
greco-latinos como modelos a imitar
7
Teoria e atitude filosófica e estética que valoriza a observação e a imitação da natureza
reboque e variedade de matizes e gradações de cor que permitem ver pormenores e
efeitos de luz e sombra jamais conseguidos

Você também pode gostar