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VIDA APÓS VIDA

INTRODUÇÃO

Está escrito no livro a Ética


ca dos Pais (Pirkei Avot, cap 2,
2,10)

Em nome de Rabi Eliezer: “Retorna de tuas transgressões um dia antes de tua morte”.,
também no Zohar diz: “ Portanto todas as pessoas que ainda se encontram nesse
esse mundo em
vida (e têm a oportunidade de se arrepender se suas transgressões e consertá
consertá--las) devem
analisar sempre seus atos, para sempre estarem “limpas” com o criador.

A “alma humana” ocupa um destaque importante em toda a Torá. O tema é discutido de


forma exaustiva em toda literatura judaica sob diferentes ângulos. Porém,, há muito mais
oculto e desconhecido do que revelado. E aparecem várias dúvidas sobre o assunto, como por
exemplo: o que se passa com a alma da pessoa antes de seu nascimento, Durante
urante sua vida,
no momento de sua morte e depois?

No judaísmo o corpo do homem não é meramente um objeto, mas parte da própria pessoa.
Por isso, temos a obrigação de enterrar e honrar o corpo, mesmo após a alma o ter deixado.
Nossos sábios ensinam que imediatamente
imediata após a morte, a alma encontra-se
se em um estado
de grande confusão. Daí o costume de se permanecer ao lado de uma pessoa em seus últimos
momentos: para que não esteja sozinha ao enfrentar a derradeira partida. (Turei Zahav, Yorê
Deá, 339: 3) Itzur Shulchan
chan Aruch, 194,
194,4).

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ADAM (ADÃO) TINHA UMA ALMA UNIVERSAL

O Ari explica em SHAAR HAGUILGULIM que Adam (Adão) tinha uma alma universal que
incluía aspectos de toda a criação

Na alma de Adam haviam centelhas de todos os aspectos da criação.

Estava sobre ele miniatura de todo o universo.

A ligação de Adam com a criação conferia a ele a condição de elevar ou rebaixar todas as
coisas.

A FRAGMENTAÇÃO

Adam comeu da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, sua alma foi fragmentada em
milhares de milhares de centelhas (fragmentos e fragmentos de fragmentos), que
subsequentemente tornaram-se revestidas/encarnadas em todo ser humano que viria a
nascer. A função principal dessas almas-centelhas é efetuarem todas juntas a retificação
que Adam deveria fazer sozinho, seria uma forma de Hashem "facilitar o trabalho".

O PROPÓSITO DA DESCIDA DA ALMA (Jornada da Alma – Inon Menachem


Pecha)

O lugar onde se encontra a alma antes de descer ao mundo físico para habitar em um corpo é
um ambiente sagrado, puro e muito elevado.

Para habitar em um corpo a alma deixa esse mundo e passa a se tornar parte dessa grosseira
existência material.

A descida da alma ao mundo físico tem como propósito a conquista de uma elevação espiritual
de forma individual, porém não é esse o objetivo final de sua descida, e sim de elevar o mundo
físico inteiro, uma vez que o propósito da criação é trazer aqui para baixo a Divindade,
segundo o Midrash “Para criar uma moradia para D-us nesse mundo”.

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A ALMA

Toda a existência é composta de Matéria e Forma.

Matéria é a dimensão física. No homem, é representado por seu corpo.

Forma é a dimensão espiritual representado pela alma, ou seja, a alma é revestida pela
matéria.

A alma está dividida em cinco partes:

1. Nefesh

2. Ruach

3. Neshamá

4. Chaiá

5. Iechidá

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NEFESH (espírito) — É “responsável” pelo aspecto vital — comer, beber, dormir,
alimentação, sono etc. Estas ações derivam da parte da alma que chamamos de Nefesh, que é
a força que ativa as diversas partes do corpo. Nefesh vem da palavra nefisha — descanso,
calma.

Os animais, a vegetação e até mesmo a matéria inanimada possuem uma alma.

Os sábios da Torá oculta (Cabalá) definiram o fígado como o recipiente do Nefesh

RUACH — É responsável pelo aspecto intelectual e emocional do homem. Respeito,


felicidade, raiva, desejo etc. — todos provém do Ruach, que conecta o espírito de natureza
mais física (Nefesh) à alma de natureza mais espiritual (Neshama). A escolha entre o bem e o
mal também decorre do Ruach.

De fato, todas as ações estão conectadas ao Ruach, pois ele é a principal parte no homem.
Ruach é uma vantagem espiritual exclusiva dos seres humanos (medaber — “ser falante”) e
está presente também entre os povos, como nos sábios das nações, a exemplo de Sócrates,
Aristóteles, Platão e outros.

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Os sábios da Torá oculta (Cabalá) definiram o coração como o recipiente do Ruach.

NESHAMÁ (alma) — É responsável pela REFINAÇÃO das más características humanas; é o


que reprime e guia o espírito, incrementa as boas características e subjuga o homem ao
Criador. O nível de Neshamá é superior ao de Ruach; é a força espiritual e intelectual que
conduz o homem. Os sábios da Torá oculta (Cabalá) definiram o cérebro como o recipiente da
Neshamá.

Este nível da alma é uma particularidade e característica judaica.

CHAIÁ e IECHIDÁ são níveis superiores ao de Neshamá, e Adão os possuía antes de


pecar, mas após o pecado, ele os perdeu e lhe restaram somente os três primeiros níveis da
alma. Apenas no dia de sua morte, ou através de algum ato de auto-sacrifico, o homem
consegue alcançar os níveis de Chaiá e Iechidá’.

CHAIÁ — É a (fonte) da vida eterna. A morte desceu ao mundo como punição pelo pecado
de Adão.

IECHIDÁ — É um reconhecimento claro da perfeição de Deus. Sobre isso, os sábios


disseram: “Deus é único em Seu mundo e a alma é única (= Iechidá em hebraico).” Ou seja,
somente aquele que consegue chegar à verdadeira compreensão de que Deus é único é
merecedor do nível de Iechidá. E sobre isto está escrito: “E naquele dia Deus será um e Seu
nome será um”, ou seja, somente naquele dia — na vinda do Mashiach — será revelado que
Deus é único no mundo.

O PROCESSO DA MORTE

A SEPARAÇÃO ENTRE A ALMA E O CORPO (Baseado no Livro Guesher Hachaim cap. 27 e Jornada da Alma
Inon menachem Peca)

Esse fato ocorre em sete estágios

1- TRINTA DIAS ANTES DE A PESSOA DEIXAR ESTE

MUNDO - A alma começa seu estágio gradual de separação (Zohar Vaiechi 227)

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Trinta dias antes do falecimento da pessoa é avisado a todos os seus familiares que se
encontram no Gan Eden (Jardim do Éden) que aquela pessoa está vindo. Então, uma voz Divina
anuncia que aquela pessoa está vindo. Em cada um destes trinta dias, a alma sobe ao Gan
Eden para ver onde será o seu local de descanso.

2- EM SUAS ÚLTIMAS HORAS DE VIDA

Uma nova conexão da alma com o corpo é deixada. Outras literaturas dizem que no último dos
trinta dias, todas as partes descem novamente antes de sair, daí podemos deduzir que muita
das vezes em momento antes da morte pessoas aparenta estar “melhorando”.

3- NO MOMENTO DA MORTE

Quando a alma deixa o corpo, abandona somente uma parte conectada ao corpo. Antes de a
alma partir ela percebe a luz Divina e parte ao seu encontro (Zohar Vaierá 98). Neste dia a
alma passa por um grande julgamento, e as leis do luto são mais rigorosas.

4- DEPOIS DE TRÊS DIAS

A alma deixa a parte que ainda permanecia conectada com o corpo, porém ela ainda continua
em sua proximidade, ou sobre o corpo, (Tratado de Moed Katan Vaiakel). Nos três primeiros
dias que a alma ainda permanece conectada ao corpo, as leis do enlutado são mais rigorosas
(Tratado Moed Katan 21)

5- SETE DIAS APÓS TER DEIXADO O CORPO - Ocorre uma nova


separação, pois nos sete primeiros dias a alma fica indo desde sua casa onde vivia, até o
túmulo onde foi enterrada, e do túmulo a sua casa. No sétimo dia ela sobe para o seu lugar
(Zohar Vaiechi)

6- DEPOIS DE TRINTA DIAS

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A alma é elevada novamente (Zohar Vaiakel). Durante os primeiros trinta dias a alma participa
das sentenças feitas ao corpo. Portanto, nesses trinta dias continuam a ser cumprida s leis de
luto (Tratado Moed Katan 27)

7- NO FINAL DE DOZE MESES

A alma é novamente elevada e deixa todos os assuntos referentes a este mundo; ela sobe para
a sua fonte superior e não se interessa mais por questões materiais. Nos primeiros doze meses
após a morte a alma sobe para o mundo espiritual e desce para o local onde o corpo se
encontra. Depois de doze meses a alma sobe e não regressa mais (Tratado de Shabat 152b),
porém continua sempre com uma pequena conexão com o local onde seu corpo está
enterrado. Uma vez que, em todos os doze primeiros meses a alma ainda não se separou
totalmente do corpo, continuam ainda certas leis referentes ao luto, quando este se relaciona
ao falecimento do pai ou da mãe.

Todas as vezes que for mencionado o nome dessa pessoa, durante o primeiro ano do luto,
deve-se dizer: "Que eu possa servir de expiação por seu descanso final" (Hareni Kaparat
Mishkavó-á).

O DIA DA MORTE

NA HORA DE SUA MORTE, A PESSOA IMPLORA POR SUA VIDA

E o sábio Nishmat Chayim continua: “Na hora de sua morte, a pessoa implora por sua vida e o
anjo lhe responde que a morte não pode ser adiada nem mesmo por um instante, e se a
pessoa foi justa em vida, o anjo a consola e lhe mostra qual será seu lugar no Mundo
Vindouro e, assim, ela se consola e aceita sua morte, que é rápida e indolor.”

Antes de sua saída do corpo, a alma passa por todos os órgãos e despede-se deles Então a
alma é “jogada” para fora do corpo e, confusa, consegue enxergá-lo parado, sem reação
alguma e a primeira sensação de morte quando a alma está saindo do corpo é como se a alma
estivesse “inflando” o que em cerca de segundos causa uma sensação de medo e confusão,
pois é um momento em que vem um questionamento: Quem sou eu a alma que está “aqui

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fora” ou sou aquele que está ali deitado? Isso ocorre até começar o fenômeno da alma ver
(parcialmente) D-us,
us, se expressando através da uma luz que fica dentro do um túnel, pela
qual ela é atraída por um grande amor, compaixão, e todas as se
sensações
nsações de prazer que não
se pode imaginar, pois é infinitamente maior do que qualquer sensação desse mundo.

A luz Divina que a pessoa Vê quando acaba de morrer tem uma duração muito curta, logo
depois ela vai ver toda a sua vida passando e em seguida o se
seu julgamento.

Esses fatos são relatados por todos que tiveram uma experiência de “morte clínica” e
conseguiram voltar ao corpo. Cabe ressaltar que ao voltar ela retorna ao seu corpo limitado
formado por toda a vivencia de experiências acumuladas durante ssua
ua vida e mais ainda pelo
seu conceito religioso, o que dá a cada um uma interpretação. Sendo um gentio,
gentio não
cumpridor das leis Noéticas, certamente formará daquilo que viu um conceito errado, ligado as
suas crenças idólatras.

No dia de sua morte, a pessoa consegue enxergar três anjos: O Primeiro documenta suas boas
ações; o segundo suas dívidas; e o terceiro, para que a pessoa não se vá um segundo sequer
antes de seu momento.. A própria pessoa assina esse documento e confirma qu
quee todo o escrito
é verdadeiro, e é a isso que nos referimos na reza dos Iamim Noraim (Rosh Hashaná e lom
Kipur): “Na mão de cada homem será assinado.

No momento da morte, a pessoa vê todos os seus conhecidos e familiares que vieram para
acompanhá-lo, e a pessoa os reconhece, pois estão com a mesma aparência que tinham em
vida, e há vários testemunhos disto. Se o homem foi justo, os que vêm acompanhá
acompanhá-lo o
cumprimentam com um sorriso. Porém, se foi um homem perverso, somente outros perversos
vêm acompanhá-lo,, e vêm com rostos tristes e angustiados, e dizem
dizem-lhe:
lhe: “Ó, coitado pelo
castigo que receberá!” — Deus nos livre!

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Existem mais dois níveis de pessoas que também vem recebê-la:

1 Aquelas que têm o mesmo nível espiritual, ou seja, tem o mesmo nível de Mundo Vindouro
que o da pessoa.

2 Uma pessoa elevada pode receber os tsadikim, os sábios da Torá de qualquer geração, sábios
que a pessoa estudou nos seus livros e se conectou com eles, aprendendo os conselhos que
foram passados em forma de ensino. Esses o acompanham até o julgamento e podem até
serem juízes no julgamento da própria pessoa.

No Talmude está escrito: “Foi dito sobre o Anjo da Morte que ele é cheio de olhos. No
momento do falecimento de uma pessoa, o anjo se fixa acima da cabeça do moribundo com
sua espada desembainhada e carregando uma gota de veneno. No momento em que o
moribundo o vê, amedronta-se e abre a boca, e então o anjo derrama o veneno em sua boca,
e assim a pessoa morre.” e O Talmude conta uma parábola para ilustrar a separação da alma
do corpo: a morte mais dolorida é como um fio de lã que se prendeu em espinhos; não é
possível soltá-lo de uma só vez, pois ele está muito fortemente entrelaçado nos espinhos.
Portanto, tem de ser solto gradativamente, um pedaço por vez. Assim acontece na morte mais
difícil: o corpo não quer desprender-se da alma e a alma é forçada a sair lentamente, Já a
morte mais fácil é chamada de Mitat Neshica (“Beijo da Morte”), e é a morte mais fácil de
todas porque é como retirar um fio de cabelo de um copo de leite — rápido e fácil. Sobre isso
está escrito: “Todo justo deve rezar sobre o momento do encontro”, e Rav Nachman explicava
que o “momento do encontro é o momento da morte”. Por isso, o homem deve rezar durante
toda a sua vida para que sua morte seja fácil e rápida. Há outra interpretação do que significa
Mitat Neshica: esta morte não é causada pelo Anjo da Morte, mas, sim, é o próprio D-us quem
a executa, conforme está escrito no Talmude: “Sobre seis homens o anjo da morte não teve
domínio, e são eles: Abrahão, Isaac, Jacob, Moisés, Aarão e Miram.” O exegeta Rashi explica
que “o Anjo da Morte não teve domínio sobre eles, e sim, eles morreram por meio da Mitat
Neshica, diretamente por Deus”. E no Zohar está escrito que todo aquele que se empenha no
estudo da Torá com intenções puras não será morto pelo Anjo da Morte, e sim, morrerá pela
Mitat Neshica.

Em seu livro Chessed Leavraham o avô do sábio Chidá acrescenta que a maneira como virá a
ser a morte da pessoa depende de como foram seus atos neste mundo. O justo morrerá uma
morte agradável, enquanto o perverso terá uma morte dolorida, e isto acontece porque, em
vida, o justo já se santificou e sua conexão com o mundo material está enfraquecida. Porém, o

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perverso viveu imerso no mundo material, de modo que sua separação dele é muito mais
difícil.

Na obra Ticunê Zôhar está escrito que os justos são recolhidos pela Shechiná (“Presença
Divina”) sem sofrimento algum, conforme está escrito a respeito da morte de José: “E se
juntou aos seus irmãos”, um termo derivado da palavra assifa — recolhimento com pureza;
como um peixe que não necessita ser abatido, ele simplesmente é recolhido e morre sem
sofrimento, Já as pessoas medianas, mesmo que possuam méritos, são mortas pelo Anjo da
Piedade por meio de uma “faca casher” bem afiada, o que não lhes causa muita dor. Os
perversos, porém, são mortos pelo Anjo da Morte, usando uma faca cega que lhes causa
muito sofrimento.

Claro que não são literalmente abatidos porque, como foi dito acima, a morte é causada por
uma gota de veneno da espada do Anjo da Morte. E mais: não vemos a cabeça da pessoa
sendo cortada!

Fim da primeira aula -----------------------------------------------------------------------------

O JULGAMENTO

De fato todo julgamento ocorre durante todo primeiro ano após a "partida". É este o motivo
pelo qual os homens recitam o Kadish no primeiro ano após a morte do pai ou mãe. Pela
mesma razão, quando é mencionado o nome dessa pessoa, durante o primeiro ano do luto,
deve-se dizer: "Que eu possa servir de expiação por seu descanso final" (Hareni Kaparat
Mishkavó-á).

O Zohar (Vaechi, 218)

NO DIA EM QUE A ALMA PARTE DESSE MUNDO

"A pessoa passará por um grande julgamento: Caso ela seja considerada inocente causará uma
felicidade reverberada em todos os mundos espirituais. E caso seja considerada culpada, pobre
dela e de sua porção".

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O julgamento será de seus atos e a conseqüência deles, senta-se diante de um tribunal
Celestial e segundo o Talmud ali são mostrados todos os atos de sua vida (Tratado Tanait 11 a).

Consta no Zohar que mesmo que tudo seja revelado para D-us, Ele decidiu que tudo passasse
por um julgamento para que ficasse bem claro a verdade de Seu julgamento.

DE SUA CASA ATÉ O CEMITÉRIO

No momento do cortejo até o cemitério, é decidido se a pessoa receberá o título de Tsadik


(justo, ou Rashá (transgressor). É óbvio que para nós estudantes da porção "mística" do
judaico, sabemos que existem níveis intermediários como Beinoni, ( Um indivíduo cujos
trabalhos espirituais o levaram a um nível de perfeição no pensamento, na palavra e na ação,
apesar da inclinação do mal ainda ativo; Veja Tanya, cap. 12.) Porém no mundo celestial na
hora desse julgamento a totalidade de suas ações são julgadas somente nesses dois
parâmetros: Tsadik ou Rashá.

Cada ato que foi realizado em sua vida criou uma energia espiritual e todas estarão presentes,
assim como seus ideais também serão anunciados. Tudo passará diante dos seus olhos como
um filme completo de toda a sua vida com os mínimos detalhes, podendo até você parar (o
filme) e analisar cada ato.

O título recebido é anunciado nos mundos celestiais e caso seja considerado um transgressor
passará por uma grande vergonha conforme o Zohar (Nassó 126, Makot Midvash).

QUANDO O CORPO É COLOCADO NA COVA

a pessoa passará por uma nova sentença, onde sua alma e seu corpo serão julgados juntos. "O corpo
fala: foi a alma que pecou, pois assim que me deixou eu não pude me movimentar (ou seja: "os meus
movimentos dependem dela").

A alma responde: Foi o corpo que pecou, pois assim que o deixei, eis que parti para o mundo espiritual...
(Ou seja eu não me interesso por questões materiais") Então D-us trará a alma junto com o corpo e
julgará os dois em uníssono... (Tratado Sanhedrin 91 a)

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QUANDO A COVA É COBERTA - CHIBUT HAKÊVER

Após o sepultamento, a alma passa por um novo processo de julgamento chamado de chibut
hakêver (Surra no túmulo) que seguirá até a decomposição do corpo. que é uma limpeza e
purificação da alma de sua “camada de sujeira” antes de subir ao seu julgamento. Essa camada
de sujeira é chamada na Cabalá de kelipá e é composta pelos pecados que a pessoa cometeu
em vida. Se a pessoa estudou a Torá em vida, o mérito do estudo a limpará de seus pecados;
se não estudou, a maneira de se retirar estas kelipot é por meio do chibut hakêver. Como
disseram os sábios: “Estas são as leis da oferenda de Olá de Minchá e de Asham — Disse Raba:
Todo aquele que se ocupa com a Torá não necessita nem de Olá nem de Minchá e nem de
Asham”, ou seja, a pessoa não precisa destas oferendas para expiar seus pecados se ela
estudou a Torá.

Certa vez, o Rav Patía conversou com uma alma que entrou forçadamente no corpo de outra
pessoa e lhe disse: “Cada pecado deixa uma marca na alma da pessoa. A pessoa só conseguirá
apagar essas manchas se fizer teshuvá, e, por meio da ocupação com a Torá e a reza, a alma
conseguirá se curar totalmente e voltará a ser como uma alma nova de uma criança.” Os
sábios da Torá oculta também explicam que, quando nossa matriarca Eva pecou, trouxe sobre
si uma Kelipá chamada de “veneno da cobra”, e cada alma carrega em si uma fração dessa
Kelipá, conforme diz o Talmude: “Quando a cobra veio à Eva, atirou sua sujeira sobre ela”.
Como todas as pessoas descendem de Eva, cada uma carrega uma fração dessa Kelipá, o que
as impede de entrar no Paraíso. Portanto, todas as pessoas, inclusive as justas, têm de passar
pelo chibut hakêver para se limparem de seus pecados e do “veneno da cobra” — a Kelipá
resultante do pecado de Adão.

Uma descrição do chibut hakêver foi dada no nome do Arizal “Após o sepultamento do corpo,
quatro anjos vêm para baixo da sepultura e a aprofundam até ela ficar da altura do falecido.
Então, devolvem a alma (do falecido) para dentro de seu corpo e cada um dos anjos agarra um
de seus braços e pernas, enquanto o Anjo da Morte senta-se sobre a sepultura, bate nele e
exige que (o falecido) diga o seu (próprio) nome, e o falecido, de tanto medo, esquece-se de seu
nome e jura que o esqueceu. Em razão das pancadas, seus membros se quebram, e os anjos os
reconectam algumas vezes, e assim, a cada vez, julgam os pecados da pessoa.”

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No entanto, nem todos têm o mesmo nível de chibut hakêver, pois ele varia de acordo com a
conduta da pessoa em vida, Os justos, que lutaram contra a má inclinação, aceitaram as
provações com amor, estudaram a Torá e dedicaram suas vidas ao cumprimento das mitsvot,
não sofrerão tanto no chibut hakêver, pois como se distanciaram dos prazeres mundanos
desnecessários, conseguiram também se distanciar das kelipot, e assim não sofrem tanto na
hora da partida. Já os perversos, que viveram totalmente mergulhados no materialismo e
conectaram suas almas fortemente com a kelipá, estes sofrerão mais para separá-la de suas
almas, assim como uma roupa que, quanto mais suja está, mais agressiva é a sua limpeza.

TRES DIAS APÓS O FALECIMENTO

Quando o corpo começa a se decompor, inicia-se outro julgamento a sentença é concentrada em cada
órgão específico a medida da decomposição e perda de forma. Em primeiro lugar tudo o que é
relacionado a alimentação, certamente será levado em consideração no caso do judeu a questão da
kashrut.

Do terceiro ao trigésimo dia serão efetuados julgamentos pelas transgressões realizadas por cada parte
do corpo respectivamente (Zohar)

Após três dias a alma deixa o corpo, porém permanece ainda em seu entorno (tratado Moed Katan,
Yerushalmi 83,5 e Zohar Vaiakel). Isso ocorre porque nos três primeiros dias a alma ainda aspira voltar
ao corpo.

APÓS SETE DIAS

Nos primeiros sete dias a alma transita entre a casa onde vivia e o túmulo onde foi enterrada,
ascendendo no sétimo dia para o lugar adequado ao seu nível de sentença.

Inicialmente, a alma passa por Maarat Hamachpelá a caverna onde se encontra a sepultura de Adam
Harishom e Chava, Avraham e Sara, Itschak e Rivika, Yaakov e Léa, pois ali está o portal de entrada para
o mundo espiritual. Neste local saberá o que é necessário para chegar ao mundo das almas - Gan Eden
Ha-Tachon, passando nesta jornada por vários entes espirituais.

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GUEHINOM

O julgamento principal após a morte ocorre no Guehinom, esfera onde para poder receber a
recompensa eterna, a alma é "branqueada" e purificada em "fogo espiritual". Sabemos que a
ideia de inferno eterno não é um conceito judaico, mas cristão.

Somente as almas dos tzadikim, os justos, têm condições de ascender rapidamente pela
dimensão espiritual e atingir níveis espirituais elevados sem precisar passar pelo guehinon

Segundo o Arizal os perversos depois de sua morte entram no guehinon e lá recebem seus
castigos para poder expiar o que fizeram. E o julgamento dura 12 meses.

Existem pessoas que pelo seu alto nível de perversidades, não tem direito a entrar no
guehinon para apagar suas máculas depois de terem morrido. O que acontece com a alma
deles é que ela continua vindo, geração após geração, em encarnações distintas. até que se
apaguem um pouco dos seus pecados para que ela possa depois disso entrar no guehinon e
ficar lá por 12 meses para promover a expiação completa. Portanto é preciso entender que as
almas só recebem a oportunidade de reencarnar se for garantido que elas não pecarão mais e
piorarão a situação. Portanto quando não há essa garantia, essas almas precisam reencarnar
em outras formas de vida que não tem livre arbítrio e que não são capazes de pecar.

A REENCARNAÇÃO-TICUN

Existem quatro tipos de reencarnações segundo o Arizal no Sha'ar Haguilgulim. Depois da


morte a pessoa começa o pagamento dos seus pecados, ainda antes que ela entre no
Guehinon.

Existem quatro tipos de "pagamentos", todos eles chamados reencarnações, a pessoa


reencarnará em:

1. Um ser inanimado (Mineral)


2. Um vegetal
3. Um ser vivo
4. Um ser que fala (o Homem)
A maioria não consegue escapar da necessidade de reencarnar em uma dessas formas.

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A maioria das pessoas consegue elevar pelo menos uma parte de sua alma ao longo de toda a
sua vida. As demais partes que não foram elevadas reencarnam em ouros seres humanos.

A reencarnação de um corpo para outro corpo é uma tarefa longa e árdua de tikun pela qual a
alma passa dezenas de vezes, ou até centenas de vezes até encontrar sua suprema perfeição e
receber suas recompensas.

QUANTAS VEZES UMA PESSOA PODE REENCARNAR?

A alma de uma pessoa que não teve o mérito de cumprir sua missão em vida poderá regressar
outras três vezes em outros corpos, porém uma alma de um tsadik (o justo que cumpriu a
missão) não necessita reencarnar (Maharshá Shabat 153, 153). No entanto, caso esteja
faltando algum complemento na sua função, a alma de uma pessoa justa poderá também
reencarnar (Segundo Arizal). Se, e sua quarta vida, ou seja, em sua terceira reencarnação a
pessoa ainda não retificou, será desqualificada para sempre. Isto acontece somente se não
houver nenhuma modificação à sua alma durante seus períodos de vida. O menor indício de
que tenha sido iniciada, em alguma das três reencarnações, a retificação da alma, já é
suficiente para eliminar a desqualificação da alma, abrindo daí em diante um novo leque de
reencarnações no qual se pode voltar por um número indefinido de vezes (Arizal Shaar
Haguilgulim, 4).

Segundo o Arizal se um justo estuda a Torá ele não pode ser sentenciado ao Guehinon.

Mas ao mesmo tempo ele deve ser purificado de seus pecados para poder entrar no Jardim do
Édem e por isso que não há outro meio de correção para ele a não ser pela reencarnação.

Para cada pecado que não foi possível expiar nos sofrimentos da vida e pelo qual a pessoa não
pode receber um castigo do guehinon (por ter estudado a Torá), a pessoa reencarnará quantas
vezes for necessário para poder expiar e poder corrigir seus pecados.

ISSURIM

Quem não conhece o conceito de reencarnação poderá surpreender-se com a existência de


pessoas que aparentemente nunca fizeram nada errado e que, no entanto, não desfrutam de

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nenhuma tranquilidade em suas vidas. Para enfatizar este conceito, nossos sábios
transmitiram a noção de que o nascimento dos filhos, o tempo de vida e a fonte do sustento
de alguém não dependem diretamente de seus esforços, mas serão pré estabelecidos segundo
a função que terá de exercer durante a vida (Zohar Pinchas).

Por exemplo, certas crianças nascem com algumas deficiência física, com problemas de saúde
ou com um nível excessivo de pobreza como consequência de sua vida anterior (Chafets
Chaim, Parashá Haazinu)

A alma de um justo às vezes não completa sua função e necessita reencarnar. Seu conjugue, a
sua alma gêmea, também deverá descer ao mundo.

Caso, por algum motivo, esta alma retorne sem alma gêmea, ela não terá boas condições na
nova vida (Tikunei Zohar 69, folha 100b).

Uma pessoa que matou alguém poderá trazê-la de volta em outra reencarnação, como seu
filho por exemplo. Assim da mesma for que ela o tirou desse mundo, terá que fazê-lo regressar
(Ramak - Rabi Moshe Cordovero no livro Shiur Cochmá)

É preciso entender que existem uma grande diferença entre uma alma nova e a maioria das
almas. As novas são almas do mais alto nível, uma vez que dentro ela está contido os três
níveis da alma: Nefesh, Ruach e Neshamá. Apesarar de todos os níveis estarem dentro dela ela
precisa elevar todo nível de Nefesh (a primeira), para receber o nível de Ruach e o mesmo
acontece se elevar todo o nível de Ruach para receber a Neshamá. É possível que os três níveis
se juntem durante uma mesma encarnação, o que eleva a pessoa a um nível de tsadik.

Mesmo as almas novas não podem atingir o nível de Ruach até que complete os treze anos e
nem pode atingir o nível de Neshamá antes de completar os 20 anos de idade.

A Cabalá diz que as almas dos perversos não reencarnam mais de três vezes. Exemplo: Uma
alma desce ao mundo de Assiá pela primeira vez e a pessoa na qual ela reside é uma pessoa
amoral e rashá (má) e com isso não elevou nenhuma parte de sua alma, então ela retorna pela
segunda vez e uma terceira vez e nessas três vezes esteve no corpo de uma pessoa iníqua que
cometeu averá em todas as três existência, sem ter tido arrependimento algum que a levasse a
fazer teshuvá, essa alma será cortada e se dissolve em nada.

"O poder da teshuvá é tamanho que seu alcance vai muito além daquele da purificação por
meio da reencarnação". O potencial de purificação por meio da reencarnação é

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verdadeiramente grande, porém é algo pálido quando comparado ao impressionante poder da
força da teshuvá. Através de um genuíno suspiro de remorso, a pessoa retorna a sua
verdadeira fonte de santidade e apaga toda a negatividade, conseguindo realizar mais do que
séculos de reencarnações.

CAF HAKELA

Caf Hakela é um tipo de castigo mais severo do que o Inferno, (Guehonon) que está limitado a
um ano, como consta na Mishná:

“A sentença dos perversos no Inferno é de doze meses.”

Já Caf Hakela não possui um limite de tempo. Caf Hakela é quando esticam a alma de um lado
a outro do mundo, e ela passa a vagar pelo mundo perseguida pelos anjos da destruição —
que foram criados pelos próprios pecados da alma—, e esta alma pode ficar vagando por anos
a fio, até se refinar e conseguir entrar no Inferno, para passar doze meses de purificação, para
só então ascender ao Paraíso.

Os casos de dibuc (possessão do corpo por uma alma) e poderes espíritas referem-se a almas
que estão no Caf Hakela às quais não é permitido sequer entrar no Inferno. O que leva uma
alma a invadir um corpo é porque enquanto uma alma está vagando, os anjos da destruição
podem persegui-Ia, mas, quando ela se apossa de um corpo, eles já não podem mais afetá-la.

Existe um consenso de os justos recebem sua recompensa no Gan Édem, e que os pecadores
recebem seu castigo e punição no Guehinon.

GUEHINON

"O conceito judaico sobre o inferno é bastante diferente do que comumente se acredita ser
um beco sem saída - uma consequência eternamente dolorosa de uma vida espiritualmente
falida. A palavra hebraica "Gehinon" não tem uma tradução exata, mas aproxima-se bastante
da palavra "inferno." Gehinon, na verdade, é um processo de restauração e recuperação, não
uma condição permanente..."Por Dov Ber Pinson

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O rabino Aba disse que no Guehinom, há compartimentos sobre compartimentos, segundos,
terceiros, e assim por diante até sete - os nossos amigos já explicaram esta questão. Feliz é o
honrado que se guarda dos pecados do mau e não segue nos seus caminhos. Já que quando
uma pessoa que ficou impura, morre, ele passa para o “Mundo da Verdade” e desce ao
Guehinom. Lá ele desce, até que ele chegue ao compartimento mais baixo.

“O Zohar explica que a permanência no Guehinom, na câmara nomeada "She´ol", é de doze


meses, e ai a alma é levantada para reencarnar no mundo físico”.

Há dois compartimentos um perto de outro que são chamados She'ol, como mencionamos, e
Avadon. Seja quem for que ganha o She'ol (com suas ações) é julgado e punido lá e então
levantado a um nível diferente, um compartimento, mas mais alto, e isto continua até que ele
seja lançado para fora e reencarne. Mas aqueles que descem ao Avadon nunca são levantados
de lá novamente. Por isso é chamado Avadon (perdido), porque eles ficam perdidos lá para
sempre.

Existe um grupo de pessoas, segundo o tratado de Sanhedrin que não terão parte no mundo
vindouro e são citados três reis e quatro leigos: Jeroboão (ierov'am), Acabe (Ach'av) e
Manassés (menashé). Os três leigos são Balaão (Bilaam), Doegue (Doeg), Aitofel (Achitofel) e
Gearzi (Geichazi), etc.

O NEFESH DESCANSA AO LADO DO TÚMULO

Na linguagem da Cabalá, isto é chamado de Hevla Degarmi (literalmente, “umidade dos


ossos”), ou seja, uma pequena parte espiritual que descansa ao lado dos ossos do falecido e
aguarda o momento da ressurreição dos mortos Esta parte da alma consegue se comunicar
com outras almas de falecidos e sabe das ocorrências deste mundo, conforme está descrito no
Talmude:

“Aconteceu com um justo que fez caridade com um pobre na véspera do Rosh Hashaná em
anos de fome, e sua esposa se enfureceu com ele. O homem foi então dormir no cemitério e
escutou duas almas conversarem. Uma dizia para a outra: ‘Minha amiga, venha e passeemos
pelo mundo para ouvir de trás da cortina celestial as desgraças que virão sobre o mundo. ’ A
outra respondeu: ‘Não posso ir, pois estou enterrada por uma esteira de galhos. Vá você e
me diga o que ouviu. ’ Ela foi e, quando voltou, sua amiga pediu: ‘Minha amiga, me conte o
que ouviu de trás da cortina. ’ Ela respondeu: ‘Ouvi que aquele que plantar na primeira leva
de chuvas terá sua plantação destruída. ’ O justo se levantou e plantou na segunda leva. As
plantações do resto do mundo foram destruídas, e a dele, não. No ano seguinte, aquele justo

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foi dormir novamente no cemitério e ouviu aquelas almas conversando entre si. Uma dizia
para a outra: ‘Minha amiga, venha e passeemos pelo mundo para ouvir de trás da cortina
celestial as desgraças que virão sobre o mundo. ’ A outra respondeu: ‘Já te disse que não
posso ir, pois estou enterrada por uma esteira de galhos. Vá você e me diga o que ouviu. ’ Ela
foi e, quando voltou, sua amiga pediu: ‘Minha amiga, me conte o que ouviu de trás da
cortina. ’ Ela respondeu: ‘Ouvi que aquele que plantar na segunda leva de chuvas terá sua
plantação dizimada pela peste. ’ O justo se levantou e plantou na primeira leva. As
plantações do resto do mundo foram dizimadas pela peste, e a dele, não. Sua mulher lhe
perguntou: ‘Por que no ano passado as plantações de todos foram destruídas, e a tua, não? E
nesse ano, as plantações de todos foram dizimadas pela peste, e a tua, não? ’ Ele lhe contou
o que havia acontecido. Contam que não se passaram muitos dias até que a esposa desse
justo brigou com a mãe da menina (uma das almas). Então lhe disse: ‘Vá e veja que sua filha
está enterrada sob uma esteira de galhos!’ No ano seguinte, aquele justo foi dormir
novamente no cemitério e ouviu aquelas almas conversando entre si. Uma dizia para a
outra: ‘Minha amiga, venha e passeemos pelo mundo para ouvir de trás da cortina celestial
as desgraças que virão sobre o mundo. ’ A outra respondeu: ‘Minha amiga, deixe para lá,
desconecta.

OLAM HABÁ

Algumas autoridades religiosas afirmam que aquilo que os Sábios chamam de Olam HaBá, ou
Mundo Vindouro, refere-se à dimensão espiritual à qual a alma ascende após deixar o corpo. A
maioria, entretanto considera Olam HaBá, um estágio novo e completo da vida terrena, ao
qual o homem será conduzido somente após a Era Messiânica e a Ressurreição dos Mortos.
Todas as almas dos falecidos passam, após a morte, para uma dimensão intermediária
chamada Olam HaNeshamot, "Mundo das Almas". É lá que são julgados e permanecem até a
Ressurreição e o Juízo Final.

O Paraíso está dividido em duas partes: O Paraíso Superior e o Paraíso Inferior.

No inferior a alma se apresenta no formato do corpo que tinha quando estava viva no mundo
físico, enquanto no superior a alma se transforma numa luz puramente espiritual.

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As almas permanecem no inferior durante os dias de semana comuns. Nos dias de Shabat e
Yom Tov e Rosh Chodes, todas s almas sobem para o paraíso superior.

Por todo o tempo que o corpo ainda existe na sepultura e não foi decomposto, a alma não
pode subir ao Paraíso Superior.

Existe ainda o Mundo Vindouro Principal, que não é aquele que existe após a morte do ser
humano, mas sim do mundo futuro, sobre o qual está escrito "Parecerá a luz da lua com a do
sol".

Fim da segunda aula -----------------------------------------------------------------------------

OS SONHOS

Sabemos que o sono é 1/60 da morte.

(Extraído na íntegra do livro O Místico: Não brinque com fogo Rabino Shimshom Bisker)

Conforme o livro Derech Hashem, durante o sono a parte mais ativa do corpo é a mente, isto
no campo da imaginação, enquanto o resto do corpo descansa. O sonho é uma experiência da
mente. Há diferentes tipos de sonhos, sendo o mais básico deles, aquele que reproduz temas
arquivado no subconsciente que foram vivenciados durante a vigília.

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Um sonho também sofre os processos naturais do corpo como a digestão de alimentos.

Um fenômeno acontece na hora em que a pessoa está dormindo. A alma desconecta-se


parcialmente do corpo, e uma parte dela eleva-se e transporta-se para um outro plano.
Somente a parte inferior da alma permanece ligada ao corpo, e uma parte dela eleva-se e
transporta-se para outro plano. Somente a parte inferior da alma permanece ligada ao corpo.
A parte da alma que se desconecta do corpo segue para uma dimensão espiritual, interagindo
com seres não corpóreos. De acordo com decisão da autoridade Divina, o contato se dá
através de um canal de pureza ou de impureza. Esta é a origem de um outro tipo de sonho,
pois a impressão causada pela interação com esses seres espirituais influenciará a parte
inferior da alma que ainda permanece ligada ao corpo, podendo por sua vez causar uma
interferência na imaginação da pessoa.

As imagens formadas através da interseção destes dois planos produzirão mensagens que são
transmitidas a mente durante o sono. Dependendo da força que estiver regendo o caminho da
alma dentro do mundo espiritual, de pureza, ou impureza. As mensagens recebidas poderão
ser verdadeiras ou falsas. A informação contida neste tipo de sonho pode ser abstrata e sem
sentido, em virtude da interferência dos fatores mais comum citados anteriormente, a
experiência vivida durante o dia e a atuação dos processos fisiológicos naturais.

Existe também o sonho que revela algo a respeito do futuro. A revelação acontece através da
mesma forma de contato com seres não corpóreos.A mensagem a ser passada poderá
aparecer de forma oculta ou explícita, segundo a vontade do Criador. Porém, todos em todos
os casos citados, qualquer informação pode misturar-se com imagens vindas da própria força
de imaginação. E a este fenômeno se referiram nossos sábios no Talmud: Não existe um sonho
que não esteja misturado com alguma informação vã (Tratado Berachot 55ª).

Todavia existe outro tipo de sonho, o mais elevado de todos que é o sonho profético.

O Maharshá, sábio comentarista do Talmud explica que existem três tipos de sonhos:

a) Sonhos imaginários, que em geral surgem no princípio da noite, pois normalmente a


pessoa está preocupada com aquilo que pensou durante o dia.
b) Sonhos que ocorrem através de forças espirituais impuras, surgindo na parte
intermediária da noite; em relação a eles está escrito: “ A influencia que o sonho
exercerá na pessoa dependerá de como ele for interpretado” (Tratado Berachot 55ª),

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pois caso ele seja interpretado para o bem, então será de boa influência para a pessoa,
e caso seja interpretado para o mal irá exercer influência negativa. Se, no entanto, o
sonho não for interpretado, não trará nenhuma influencia, e a esse caso se referiram
os sábios: “Um sonho não interpretado é como uma carta que não foi lida” (Berachot
55ª)
c) Sonhos com mensagens transmitidas através de seres espirituais puros, elevados,
que aparecem na última parte da noite, quando o dia está começando, e quando o
sonho é claro, este é um sonho verdadeiro.

Em geral um sonho ruim se traduz em algo bom, e um sonho bom, não é tão bom para o
sujeito (Tratado Berachot 55 a), diferente do que aparenta ser. Caso tenha sido decretado
algum tipo de sofrimento para o indivíduo, devido a algum mérito, ele poderá vivenciar esta
dor indiretamente através do sonho, anulando na vida real, e ao contrário, caso a pessoa
merecesse receber alguma satisfação ou gratificação, talvez por haver cometido algum ato que
a desqualificou, ela receberá sua porção de alegria e contentamento durante o sonho,
alterando suas perspectivas de sucesso neste mundo.

OBJETIVO DO SONHO

O sonho revela o que está oculto no subconsciente traz tudo aquilo que rege seus
pensamentos ao plano consciente. Isto pode ser usado como uma ferramenta para o
aprimoramento pessoal.

O sonho que revela algum sinal do que foi selado no futuro pode ter como objetivo despertar
o sujeito para que faça uma avaliação de sua maneira de agir, aproveitando a chance de
cancelar maus decretos e mudar seu destino.

Outros sonhos têm por objetivo claro estimular e fortalecer a pessoa em seu aprimoramento
pessoal e crescimento espiritual. (baseado no livro Michtav MeEliahu parte 4 Páginas 164-168)

Em relação a estes últimos, está escrito no Zohar (Terumá 142 b) que a alma de um justo que
faleceu tem permissão para comunicar os decretos que foram selados para uma determinada
pessoa que está viva durante seu sono. Quando os decretos forem bons o objetivo é de

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simplesmente comunicá-los para trazer mais alegria. Porém, quando ruins, o objetivo será
alertar a pessoa para que os problemas em questão sejam retificados, e os decretos alterados.

QUATRO NÍVEIS DE CAPARÁ

(Expiação) – o Ciclo do ano judaico – Rabino Daniel M. Faour)

Esse capítulo trata de nossa preocupação com nossa elevação e consequentemente o Olam
habá.

O Talmud diz no tratado de Yomá (86a), em nome do Rabi Yismael, que há quatro tipos de
capará (expiação) dependendo do nível do pecado.

"Como é sabido, as mitsvot ativas equivalem aos duzentos e quarenta e oito órgãos do corpo
humano, e os trezentos s sessenta e cinco preceitos negativos são equivalentes às veias e
artérias do corpo humano. Portanto, assim como estes fazem parte do corpo humano, as
mitsvot também são como órgãos e veias espirituais, que o ser constrói com o cumprimento
das Mitsvot".

ANALISANDO OS QUATRO PRECEITOS DE CAPARÁ:

1- UMA PESSOA QUE DEIXA DE REALIZAR UM PRECEITO POSITIVO


(FAZER ALGO).

Por exemplo: Quem deixa de colocar tsitsit, uma roupa de quatro cantos ou não afixa mezuzot
nos batentes das portas de sua casa.

Quando essa pessoa faz teshuvá, arrepende-se por não ter feita a mitsvá e aceita passar a
cumpri-la, imediatamente obtém a capará - a expiação desses pecados. Conforme consta em
Yimeyáhu (cap 3): "Shuvu banim shovavim erpá mishovotechem - Retorna a mim filho
rebeldes, Eu os curarei em sua volta".

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O Maharal escreve que neste caso somente a teshuvá já é suficiente. Aquele que deixa de
cumprir uma mitsvá positiva, afasta-se de Hashem simplesmente por deixar de cumpri-la.

Quando a pessoa faz a mitsvá consequentemente causa uma reaproximação a Hashem.


Portanto, para retificar-se, necessita somente voltar a D-us. Era isso que lhe estava faltando.

Isto é um chessed (uma bondade) que D-us realiza conosco - que a teshuvá causa está
aproximação. A pessoa não é castigada por não cumprir um preceito positivo quando faz
teshuvá. Mas certamente não lhe contabilizarão as mitsvot não realizadas como se as tivesse
cumprido. Isso é o que diz a Guemará no tratado de berachot (26a) sobre quem deixou de
cumprir a mitsvá de Keriat Shemá (a leitura do Shemá): "Meutav lô yuchal litcon - Quem deixa
de fazer uma mitsvá não terá conserto".

2- UMA PESSOA QUE TRANSGRIDE UM PRECEITO NEGATIVO (NÃO FAZER


ALGO).

Por exemplo: Quem come um peixe não casher (sem escamas) ou carde de porco.

A capará deste pecado depende de duas condições. A primeira é a teshuvá. Ou seja, que a
pessoa se arrependa e aceite não voltar a fazê-lo novamente. O segundo é passar o dia de Yom
Kipur. Com estas duas condições sua capará será completa.

Sobre estes pecados está escrito (Vayicrá 16) "Ki vayom hazê yechaper alechem, letaher
etchem micol chatotechem - Pois neste dia vocês terão expiação por suas transgressões,
purificando-se de todos os pecados".

O maharal explica-nos o motivo de não ser suficiente somente a teshuvá, sendo necessário
também a passagem pelo Yom Kipur. Quando uma pessoa transgride um preceito negativo
(não faça) ele não se aproxima de Hashem, mas afasta-se dele. Além disso, atrai impureza
sobre si. A impureza é causada pela realização do pecado. Por isso, a teshuvá - somente a
aproximação de Hashem não lhe é suficiente. Além disso, ele precisa consertar seu dano e a
impureza causada pelos seus atos. O Yom Kipur é dia de tahará (pureza), como está escrito na
Torá: Lifnê Hashem tit’háru – “Perante D-us vocês se purificarão”. Assim, com a ajuda do Yom
Kipur, a pessoa tem a possibilidade de, junto com a teshuvá, expelir toda impureza.

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3- AQUELES QUE TRANSGRIDEM UM DOS PRECEITOS SOBRE OS QUAIS SE
APLICA A PENA DE MORTE OU "CARET" (MORTE ESPIRITUAL)

Por exemplo: Uma pessoa que profana o Shabat, ou um casal que não cumpre a taharat
hamishpachá (a pureza familiar).

Em relação e estes pecados, a capará depende de três conceitos:

A teshuvá (arrependimento e aceitar não pecar mais no futuro), o Yom Kipur e "issurim"
(sofrimentos). Sobre esses pecados está escrito no Tehilim (cap 89): "Ufacadti veshêvet
pish'ám, uvingaim, avonam – E o os punirei com o açoite por suas transgressões e trarei praga
por seus pecados".

O maharal explica o motivo pelo qual, neste caso é necessário passar por sofrimentos para a
expiação total dos pecados. Como a pessoa cometeu um ato pelo qual causaria a pena de
morte, sofrimentos passam a tornar sua vida indigna, pois vivemos de uma forma digna
somente quando temos saúde e bem estar. Já que seu ato tem a propriedade de "cortar" a
vida, Hashem lhe corta de sua vida, diminuindo a qualidade com sofrimentos.

O mesmo acontece em relação aos pecados cuja pena é "caret". O significado de caret é como
se arrancassem a alma de sua raiz, como se ela parasse de receber vida de sua fonte. Sendo
assim, D-us age conosco "midá kenêgued midá" - da mesma forma que agimos com Ele.

Se a pessoa corta a raiz a presença espiritual que há na alma, como expiação, Hashem é
obrigado a cortar-lhe de sua vida material, diminuindo sua qualidade de vida por meio de
sofrimentos.

4- UMA PESSOA QUE COM SEU PECADO, CAUSA PROFANAÇÃO AO


NOME DE HASHEM.

O "CHILUL HASHEM" - profanação do nome de D-us - acontece de diversas formas. Às vezes


ele é provocado indiretamente. Exemplo de dois casos clássicos:

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1. Alguém que transgride e faz um pecado perante outras pessoas.

2. Aquele que seu comportamento causa que outros digam sobre ele: "Veja como se
comporta uma pessoa religiosa, ou: "Olha a forma como um judeu se comporta".

3. Esses casos se enquadram no pecado de chilul Hashem.

A capará (expiação) deste pecado depende de quatro conceitos: Teshuvá (arrependimento e


aceitar não fazer mais no futuro), a passagem pelo Yom Kipur, issurim, (sofrimentos) e o dia
da morte.

A pessoa que causa a profanação do nome de D-us faz um dano para própria finalidade da
criação. Hashem criou o mundo para que seu nome fosse santificado, como está escrito
(Yeshayáhu 43:7): “Col hanicrá Bishmi velichvodi berativ...” – “Tudo está em Meu Nome. e
para minha honra os criei".

O livro Michtav Meeliyáhu explica que a capará neste caso só é completamente concedida
quando a pessoa não está mais nesse plano. Só o fato de a pessoa se encontrar em vida, a
profanação do nome de D-us é vigente. Sendo assim não é suficiente somente a teshuvá, o
Yom Kipur e os sofrimentos.

Mas será que não existe outra forma de expiar o pecado de chilul Hashem?

O livro Siftê Chaim cita em nome de Saarê Teshuvá duas formas de merecer, em vida a capará
sobre um ato que ocasionou a profanação do Nome de D-us.

A primeira delas é que a pessoa aceite esforçar-se em comportar de forma contrária a


anterior, ou seja, causando Kidush Hashem - A santificação do Nome de D-us. Isto pode ser
feito dando apoio e estímulo às instituições de Torá, influenciando pessoas ao seu redor para o
caminho da verdade e afastando-a da má conduta. Com isso, seu pecado de chilul Hashem
pode ser perdoado - logicamente, junto com a teshuvá.

A segunda forma de receber capará neste caso é quando uma pessoa estuda e aprofunda-se
nos conhecimentos da Torá. A Torá dá a vida e o estudo da Torá faz com que a pessoa se
aproxime de D-us, como está escrito no Zohar. "Cudshá Berich Hu Veoraytá veyisrael chad hu
- D-us, a Torá e o povo de Israel são um só".

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Por meio do estudo e esforço para a Torá, a pessoa de unifica a Hashem e isto já lhe serve
como capará e vida.

Um exemplo clássico de chilul Hashem Em Sanhedrin 43a cometido por Jesus (Yeshu) Diz:

"Estudamos, na véspera de Pessach enforcaram Yeshu, e a voz saiu 40 dias antes dele ser
apedrejado por ter feito magia negra, instigando e persuadindo os judeus a pecarem na
idolatria: "Todo aquele que tem algo para dizer em favor dele que venha e diga" e ninguém
tinha algo que poderia ser dito a favor, e penduraram-no na véspera de Pessach.

Yeshu por ter influenciado muitos judeus, achou que não tinha mais condição de fazer
teshuvá.

Quando nos encontramos ás vésperas de Yom Kipur, um dia de segulá no qual merecemos a
capará e o perdão, devemos nos esforçar em seus preparativos. Quanto mais preparados
estivermos, mais merecedores de sua luz seremos.

Profº Ricardo Torres de Oliveira

Bibliografia:

 O Místico: Não brinque com fogo - Rabino Shimshom Bisker


 O Místico 2: Aprofundando na mística - Rabino Shimshom Bisker
 O Místico 3: Nome, energia, influência e providência
 Jornada da Alma - Inon Menachem Peca
 Reencarnação e Judaísmo - Dov Ber Pinson
 O Livro de Yona - - Rabino Shimshom Bisker
 O Ciclo do ano judaico - Rabino Daniel M. Faour
 Revolução Eminente - Zamir Cohen
 Sha'ar Haguilgulim - Rabino Isaac Lúria

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