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HIGIENE, SEGURANÇA

E QUALIDADE DE VIDA
NO TRABALHO
HIGIENE, SEGURANÇA
E QUALIDADE DE VIDA
NO TRABALHO
Copyright © UVA 2019
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer
meio sem a prévia autorização desta instituição.

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico


da Língua Portuguesa.

AUTORIA DO CONTEÚDO PROJETO GRÁFICO


Clarice Melo UVA

REVISÃO DIAGRAMAÇÃO
Theo Cavalcanti UVA
Clarissa Penna
Janaina Senna
Lydianna Lima

M528

Melo, Clarice

Higiene, segurança e qualidade de vida no trabalho [livro


eletrônico] / Clarice Melo. – Rio de Janeiro: UVA, 2019.

2,2 MB : PDF.

ISBN 978-85-5459-086-4

1. Higiene do trabalho. 2. Segurança do trabalho. 3. Acidentes de
trabalho. 4. Segurança do trabalho. 5. Sistemas de segurança. 6.
Administração de risco. 7. Qualidade de vida no trabalho. I.
Universidade Veiga de Almeida. II. Título.

CDD – 363.11

Bibliotecária Katia Cavalheiro CRB 7 - 4826.


Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da UVA.
SUMÁRIO

Apresentação 6
Autor 7

UNIDADE 1

Conceitos e histórico da higiene e segurança do 8


trabalho
• Conceitos básicos da higiene ocupacional e segurança do trabalho

• História da higiene e segurança do trabalho

• Conceitos de insalubridade e periculosidade

UNIDADE 2

Analisando os riscos em higiene e segurança do 26


trabalho
• Riscos físicos

• Riscos químicos

• Riscos biológicos e ergonômicos


SUMÁRIO

UNIDADE 3

Os Programas de Higiene e Segurança no Trabalho 45


• Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)

• Programa de Proteção Respiratória (PPR)

• Programa de Conservação Auditiva (PCA)

UNIDADE 4

Qualidade de vida no trabalho 64


• Conceitos, benefícios e ações que garantem a QVT

• O papel do RH

• Consequências da falta de QVT


APRESENTAÇÃO

A segurança no trabalho foi durante muito tempo relacionada ao uso de equipamentos


de proteção individual. Com o passar das décadas, novas profissões foram surgindo e,
com isso, a necessidade de aprofundar-se sobre os riscos a elas associados. A relação
do trabalhador com a tecnologia repercutiu de forma positiva para a sociedade, porém
trouxe como consequência um enorme índice de acidentes relacionados a doenças ocu-
pacionais e a lesões propriamente ditas.

A qualidade de vida no trabalho é hoje também considerada uma área relacionada dire-
tamente com a segurança no trabalho, pois um bom ambiente organizacional influencia
diretamente a produtividade do trabalhador, e isso é conseguido, entre outras coisas,
garantindo um ambiente livre de riscos de acidentes e doenças ocupacionais.

A higiene ocupacional é a área da segurança no trabalho que tem como objetivo identi-
ficar os riscos presentes em todo e qualquer tipo de ambiente laboral e criar estratégias
prevencionistas, contribuindo para a manutenção da saúde, segurança e qualidade de
vida do trabalhador.

6
AUTOR

CLARICE MELO

Bióloga, mestre em Meio Ambiente e especialista em Ciências da Educação e Educação


Profissional. Atua como professora na área de saúde e segurança e higiene ocupacional
desde 2009, na Faculdade de Ciências e Tecnologias e Centro Universitário Jorge Ama-
do – Unijorge, e coordenadora do curso de Graduação Tecnológica em Segurança no
Trabalho da Unijorge desde 2013.

C. Lattes

7
UNIDADE 1

Conceitos e histórico da higiene


e segurança do trabalho
INTRODUÇÃO

A Higiene do Trabalho é fundamental para garantir a qualidade de vida do trabalhador.


Considerada um dos ramos da segurança no trabalho, está diretamente relacionada a um
conjunto de procedimentos que visam proteger a saúde dos trabalhadores de qualquer
organização, independentemente do tipo de atividade laboral.

O objetivo central da Higiene do Trabalho é garantir a integridade física e mental dos


trabalhadores, para tanto analisa todas as etapas e especificidades de uma atividade laboral
e quais os riscos aos quais os trabalhadores estão expostos ao longo do tempo de serviço.

O objeto norteador da higiene é a Norma Regulamentadora – NR 15 do Ministério do


Trabalho, além das normas de higiene ocupacional da Fundação Jorge Duprat Figueiredo
de Segurança e Medicina do Trabalho – Fundacentro, que também devem ser utilizadas
como apoio em procedimentos e ensaios realizados pelos higienistas.

Entender a dinâmica da atividade laboral é papel de todo gestor de segurança, reconhecendo


os tipos e níveis de riscos aos quais o trabalhador pode estar exposto para que as devidas
providências prevencionistas sejam realizadas, garantindo, dessa forma, a manutenção
da saúde do trabalhador.

Um dos aspectos que garantem a qualidade de vida do trabalhador é a segurança no


ambiente de trabalho. Executar suas atividades com a tranquilidade de que o empregador
se preocupa em afastar os riscos ocupacionais melhora, e muito, a produtividade do
trabalhador.

OBJETIVO

Nesta unidade, você será capaz de:

• Descrever conceitos e aplicabilidade da higiene ocupacional na identificação,


caracterização e prevenção de doenças devido à exposição do trabalhador a
agentes de risco.

9
Conceitos básicos da higiene ocupacional e
segurança do trabalho

A higiene ocupacional é estruturada como uma ciência prevencionista, que tem como
objetivo principal atuar detectando agentes que possam prejudicar a saúde e segurança de
trabalhadores, quantificando sua intensidade e/ou concentração, além de definir as medi-
das de controle necessárias para garantir a saúde e o conforto dos trabalhadores durante
sua atividade ocupacional, passando constantemente por atualizações (BERTOZZI, 2006).

Podemos definir a higiene do trabalho como a ciência que visa garantir a integridade física
e mental dos trabalhadores. É considerada um dos ramos mais importantes da segurança
no trabalho. O profissional de higiene ocupacional utiliza as normas regulamentadoras do
Ministério do Trabalho e também as normas de higiene ocupacional da Fundacentro.

As empresas, em geral, visam muito mais ao lado produtivo e, muitas vezes, negligenciam
o investimento em segurança no trabalho, não sabendo que esse investimento previne uma
série de complicações futuras, como multas e custos altíssimos de reparação e danos cau-
sados aos trabalhadores.

Curiosidade

“A origem da palavra higiene vem do grego hygeinos, que significa aquilo que é
saudável e é derivada do nome da deusa grega Higia que era a deusa da saúde,
limpeza e sanidade, exercia uma importante parte do culto de seu pai Esculápio
‘Deus da cura’, sendo ela considerada como a deusa da prevenção e da con-
tinuidade da boa saúde. A sua origem na mitologia grega é conhecida desde o
século VII a.C.”(ROCHA; BASTOS, 2016)

Na literatura, você pode encontrar diversas formas de definir a higiene ocupacional. Veja, a
seguir, alguns exemplos.

Segundo a American Industrial Hygiene Association – AIHA, a higiene ocupacional é a ciên-


cia que se antecipa, reconhece, avalia e controla os riscos originados nos locais de trabalho
e que podem prejudicar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, tendo em vista também
o possível impacto nas unidades vizinhas e no meio ambiental (BERTOZZI, 2006).

10
A National Safety Council – NSC/USA (Conselho Nacional de Segurança, 2012) traz o
conceito de higiene ocupacional como sendo a ciência e arte devotadas à antecipação,
ao reconhecimento, à avaliação e ao controle dos fatores ou sobrecargas ambientais
que surgem nos ambientes ocupacionais e que podem causar doenças, eventualmente
prejudicando a saúde e o bem-estar do trabalhador, originando desconforto e ineficiência
entre trabalhadores ou cidadãos da comunidade (PEIXOTO; FERREIRA, 2012).

Já a Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais – ABHO conceitua a higiene


ocupacional como a arte dedicada ao estudo e ao gerenciamento das exposições
ocupacionais aos agentes físicos, químicos e biológicos, por meio de ações de
antecipação, reconhecimento, avaliação e controle das condições e dos locais de
trabalho, visando à preservação da saúde e bem-estar dos trabalhadores, considerando
ainda o meio ambiente e a comunidade (http://www.abho.org.br/abho/).

Segundo a British Occupational Hygiene Society – BOHS (Sociedade Britânica de


Higiene Ocupacional, 2012), a higiene do trabalho é a prevenção de problemas de saúde
do trabalho, por meio de reconhecimento, avaliação e controle dos riscos (PEIXOTO;
FERREIRA, 2012).

Segundo a American Conference of Governmental Industrial Hygienists – ACGIH (c2018),


a higiene ocupacional é definida como:

[...] ciência e arte do reconhecimento, avaliação e controle de atores ou


tensões ambientais originadas do ou no local de trabalho e que podem
causar doenças, prejuízos para a saúde e bem-estar, desconforto e
ineficiência significativos entre os trabalhadores ou entre os cidadãos
da comunidade.

Segundo a Occupational Safety and Health Administration – OSHA (Segurança Ocupacional


e Administração de Saúde, 2012), a higiene do trabalho é a ciência da antecipação, do
reconhecimento, da avaliação e do controle das condições de trabalho que podem causar
lesão nos trabalhadores ou doença. Os higienistas que atuam nas indústrias utilizam o
monitoramento ambiental e métodos analíticos para identificar e definir o grau de exposição
dos trabalhadores e empregam engenharia, controles de prática profissional e outros
métodos para conter riscos potenciais à saúde (PEIXOTO; FERREIRA, 2012).

11
Importante

A higiene ocupacional insere seu discurso em um espaço constituído por um


sistema de eixos, sendo o lado vertical representado pelo processo cronológico
do desenvolvimento humano, com suas características particulares, ou seja, o
indivíduo em movimento na dinâmica dos seus caracteres psicológicos e biológi-
cos. Já no eixo horizontal é representado o conjunto de atividades desenvolvidas
pelo indivíduo como uma totalidade que trabalha, alimenta, reproduz e diverte-se
em um determinado ambiente. Para cada ponto desse gráfico caracteriza-se
um indivíduo no conjunto de sua vida. A higiene do trabalho possui normas,
recomendações e medidas que, se aplicadas, fariam com que esse indivíduo se
mantivesse em estado de saúde até a morte natural (LAROCCA; MARQUE, 2005).

Saiba mais

Alguns fatores levam a acreditar que os altos índices de acidentes eram oca-
sionados em função de ritmos excessivos de produtividade, falta de treinamen-
to para a realização das tarefas, ferramentas de produção desapropriadas ou
utilizadas de forma incorreta, extensa jornada de trabalho, postos de trabalho
inadequados ou ineficientes. Desses fatores, surgiu a necessidade de criar leis
para proteger a saúde e o bem-estar do trabalhador, pois, apesar de não dispor-
mos de documentos que comprovem tais aspectos, acredita-se que o número
de acidentes e de casos de doenças era bastante significativo durante o perío-
do em que se deram as mudanças na forma de atender ao limite de 12 horas de
trabalho por dia, à proibição do trabalho noturno, à obrigação das unidades in-
dustriais de manter ambientes ventilados e à lavagem das paredes pelo menos
duas vezes ao ano, além de atribuir a higiene como fator primordial para a man-
ifestação de ambientes saudáveis. Porém, essas medidas não foram tão efica-
zes para a redução dos acidentes de trabalho, além da inexistência da idade
mínima exigida para o trabalho (ROSSETE, 2014).

Analisando os conceitos vistos, chegamos à conclusão de que as definições de higiene


ocupacional podem conter algumas variações, porém é comum em todas o objetivo de
proteger e promover a saúde, o bem-estar dos trabalhadores como também do meio
ambiente em geral, a partir de ações prevencionistas no ambiente laboral.

12
MIDIATECA

Acesse a midiateca da Unidade 1 e veja o conteúdo complementar indicado


pelo professor sobre conceito de higiene ocupacional.

13
História da higiene e segurança do trabalho

Há muitos anos, os trabalhadores, na sua maioria homens, mas também mulheres e crian-
ças, sofriam mutilações constantes em virtude da precariedade das condições de traba-
lho e das máquinas, que eram extremamente rústicas. Além disso, existia a presença de
violência do empregador para com o empregado, ou seja, uma total desorganização, em
virtude da inexistência de uma legislação que amparasse essa nova classe dos operários.

O desenvolvimento industrial desenca-


deou uma série de transformações tec-
nológicas, sociais, econômicas e também
das relações de trabalho. Muitas mortes e
adoecimentos relacionados à má condi-
ção de trabalho precisaram acontecer até
que os trabalhadores se manifestassem
contra a carga horária excessiva, chegan-
do até a 16 horas diárias, trabalho infantil,
Criança trabalhando em uma fábrica de tecidos
condições insalubres ao extremo etc. nos Estados Unidos, em 1909.

Foi a partir daí que surgiram os sindicatos e, após muitas décadas, as leis trabalhistas
que garantiam a integridade dos trabalhadores.

Curiosidade

Segundo Piza (1997 apud PANDOJA et al., 2012), a informação mais antiga
sobre a preocupação com a segurança do trabalho foi encontrada em registros
egípcios que datam de 2000 a.C. Consta em arquivos que nessa época houve
uma revolta em minas de cobre, por meio da qual o faraó concluiu a necessi-
dade de melhorar as condições de trabalho dos escravos.

A história da evolução da segurança no trabalho e das relações trabalhistas começa a


ganhar força a partir da Revolução Industrial, que teve início no século XVIII na Inglaterra.
Essa foi a revolução que modificou profundamente as relações sociais e econômicas no
ambiente urbano e as condições de vida e trabalho dos proletariados, começando pelo
êxodo rural causado a partir do desenvolvimento das manufaturas (CABRAL, 2013).

14
Curiosidade

As primeiras máquinas nas fábricas eram rudimentares e experimentais, o que


deu origem na época a uma enorme incidência de acidentes de trabalho. Os
trabalhadores e patrões dessa época não tinham conhecimento ainda sobre
os equipamentos de proteção individual e coletiva; com isso, as mutilações e
explosões eram frequentes. Não havia nenhum tipo de assistência médica ou
seguro social. O trabalho infantil também era bastante comum, e bem requisit-
ado, por ser mais em conta (CABRAL, 2013).

Após a Primeira Guerra Mundial, o Tratado de Versalhes garantiu a criação da Organização In-
ternacional do Trabalho – OIT em 1919, o que trouxe frutos para o estudo e o desenvolvimen-
to de acordos internacionais na área de higiene do trabalho. Como consequência, a partir da
década de 1930, na Inglaterra e nos Estados Unidos, houve rápido progresso na identificação
de diversas doenças relacionadas às atividades industriais (FUNDACENTRO, 2004).

Agora que você já conheceu o contexto geral da história da higiene e se-


gurança do trabalho, vamos estudar como essas questões foram tratadas
no Brasil.

Veja que:

A revolução industrial no Brasil iniciou por volta 1930 mesmo com a


experiência de outros países na questão de prevenção de acidente co-
meçou atrasado, tanto que ficou conhecido como campeão mundial de
acidente do trabalho. A sistematização dos procedimentos preventivos
ocorreu primeiro nos Estados Unidos, no início do século XX. Na África,
Ásia, Austrália e América Latina os comitês de segurança e higiene nas-
ceram logo após a fundação da Organização Internacional do Trabalho
(OIT), em 1919. (PANDOJA et al., 2012)

Assim como aconteceu em outros países, o Brasil utilizou-se da mão de obra escrava na
mineração e na agricultura, entre outras atividades, até final do século 19. Por mais de 350
anos praticamente, não existiam outras formas de trabalho que não fossem executadas
por mão de obra escrava, o que explica, em parte, a quantidade escassa de publicações
disponíveis acerca das doenças relacionadas ao trabalho, até bem próximo ao fim da es-
cravidão do Brasil (FUNDACENTRO, 2004).

15
No Brasil, o trabalho livre e assalariado ganhou espaço após a
abolição da escravidão no Brasil em 1888 e com a vinda dos imi-
grantes europeus para o País. As primeiras normas trabalhistas
surgiram no País com o Decreto nº 1.313, de 1891, que regula-
mentou o trabalho dos menores de 12 a 18 anos. A política traba-
lhista brasileira só toma forma após a Revolução de 30, quando
Getúlio Vargas cria o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio.
A Constituição de 1934 foi a primeira a tratar de Direito do Tra-
balho no Brasil, assegurando a liberdade sindical, salário mínimo,
jornada de oito horas, repouso semanal, férias anuais remunera-
das, proteção do trabalho feminino e infantil e isonomia salarial.
(CABRAL, 2013)

Durante o período inicial de industrialização no Brasil, a higiene ocupacional já era prati-


cada em países desenvolvidos como Estados Unidos e Inglaterra. As primeiras preocu-
pações tiveram início a partir de denúncias de proletariados, de reportagens de grandes
jornais e pesquisas de universidades. O movimento social, sob influência direta também
de imigrantes que já chegaram ao Brasil com consciência sindical europeia, a de denún-
cias às lideranças, consegue mobilizar a classe operária para essa grande questão social
(FUNDACENTRO, 2004).

No Brasil, no dia 1º de maio de 1943, por intermédio do Decreto-Lei nº 5.542, Getúlio Var-
gas criou a CLT, composta por oito capítulos que abrangem e especificam direitos dos
trabalhadores brasileiros. Nos seus mais de 900 artigos, podem ser encontradas, entre
outras, informações referentes:

• À identificação profissional.
• À duração da jornada de trabalho,
• Ao salário mínimo.
• Ao direito a férias anuais.
• Aos direitos e deveres dos trabalhadores referentes à saúde e à segurança.
• À proteção ao trabalho da mulher.
• À previdência social.

O objetivo foi garantir a proteção dos direitos dos trabalhadores.

Os assuntos referentes à saúde e à segurança no trabalho ganham mais ênfase a partir


da década de 1960, com a criação da Fundacentro (ROCHA; BASTOS, 2016).

16
A necessidade de reunir as normas trabalhistas em um único có-
digo abriu espaço para Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
criada em 1943, e que após várias alterações, no seu título II –
das Normas Gerais de Tutela do Trabalho, já dedica diretamente
o seu Capítulo V à Segurança e Medicina do Trabalho, de acordo
com a redação dada pela Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de
1977. (MACHADO et al., 2009 apud CABRAL, 2013)

A partir de sua criação, o Ministério do Trabalho exerceu influência na formação de profis-


sionais por meio da realização de cursos de Enfermagem, Medicina, Engenharia e Segu-
rança no Trabalho. Ele gerou vários trabalhos práticos e atuou na regulamentação e fisca-
lização da legislação.

Após algumas alterações de nome por inúmeros decretos, o Ministério do Trabalho e Em-
prego é quem regulamenta, fiscaliza e implementa, por meio da Secretaria de Segurança e
Saúde do Trabalho e das Delegacias Regionais do Trabalho, os instrumentos importantes
para a regulamentação do trabalho e suas condições de segurança, como exemplo temos
as normas regulamentadoras (CABRAL, 2013).

A Fundacentro foi criada a exemplo de outros institutos de pesquisa existentes na área de


saúde ocupacional, tais como o Helsinque, na Finlândia, e o Niosh, nos Estados Unidos.
Seu objetivo, entre outros, tem sido o de responder às inúmeras demandas sobre riscos
ambientais, esforços repetitivos, agrotóxicos, educação na área de segurança no trabalho,
entre outros (FUNDACENTRO, 2004).

A partir da Constituição de 1988, ampliaram-se no Brasil as atribuições e responsabilidades


dos estados frente à saúde e à segurança do trabalhador, à medida que os Centros de
Referência de Saúde do Trabalhador estaduais e as vigilâncias sanitárias passaram a ter
competência para atuar no Sistema Único de Saúde – SUS.

Em decorrência de vários movimentos da sociedade brasileira, ocorreram e ocorrem cons-


tantes mudanças e atualizações na legislação na área de saúde e segurança dos trabalha-
dores. Para tanto, as normas regulamentadoras e preconizados programas de prevenção
passam por constantes revisões, visando à preservação da saúde e integridade física dos
trabalhadores. Surgem também, no âmbito do Ministério do Trabalho, o Programa de Pre-
venção de Riscos Ambientais – PPRA, o Programa de Controle Médico em Saúde Ocupa-
cional – PCMSO, o Programa de Prevenção Ocupacional ao Benzeno – PPEOB, Programa
de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção – PCMAT, o Pro-
grama de Conservação Auditiva – PCA e o Programa de Proteção Respiratória – PPR.

17
MIDIATECA

Acesse a midiateca da Unidade 1 e veja o conteúdo complementar indicado


pelo professor sobre meio ambiente de trabalho.

18
Conceitos de insalubridade e periculosidade

Considerando o tema higiene, segurança e qualidade de vida no trabalho, você irá estudar
dois conceitos importantes:

• Insalubridade.
• Periculosidade.

A preocupação com a segurança e saúde do trabalhador deve suplantar qualquer tipo


de interesse econômico produtivo. As consequências geradas pelo impacto de agentes
insalubres podem ser altíssimas, o que gera um custo ainda mais alto que o investimento
inicial e até mesmo a morte do trabalhador.

A NR 15 do Ministério do Trabalho especifica, de forma minuciosa, os procedimentos que


devem ser realizados para prevenir o risco de acidente de diversas atividades ocupacio-
nais insalubres.

Acompanhe a explicação a seguir.

Insalubridade

A insalubridade é conceituada como a atividade


que, devido à sua natureza, condições ou méto-
dos, expõe o trabalhador a agentes causadores de
doença acima de um limite de tolerância relacio-
nado à intensidade do agente e/ou ao tempo de
exposição, estabelecido pelo Ministério do Traba-
lho na NR 15. Sergio Shumoff / Shutterstock.com

Saiba mais

Art. 190 - O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e


operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracterização
da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de
proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes.
(BRASIL, 1943)

19
Segundo Marinelli (2016), a utilização de medidas alternativas para conservação do am-
biente de trabalho em limites aceitáveis pode contribuir para o enquadramento em dife-
rentes graduações, sendo que, além da eventualidade do uso do equipamento de proteção
coletiva – EPC, pode-se somar a utilização de EPI para maximizar as chances de redução
da nocividade dos agentes, visando propiciar melhor condição no ambiente de trabalho.
Seguindo com esse pensamento, a possibilidade de enquadramento em diferentes gradua-
ções se dá conforme estabelece o artigo 192 constante na CLT:

Art. 192 - O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos


limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, asse-
gura a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por
cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo
da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e míni-
mo. (BRASIL, 1943)

Importante

Para fins de controle ou neutralização do agente de risco, têm-se os EPCs e os


EPIs. O gestor de segurança no trabalho tem função primordial na definição
dos tipos de equipamentos para cada atividade laboral. Tão importantes quan-
to o empregador investir nos EPCs e EPIs são a preparação, o treinamento e a
conscientização dos trabalhadores quanto à forma de utilizá-los.

Assim sendo, ainda segundo Marinelli (2016), a caracterização em atividade insalubre acar-
retará somente em casos em que os pré-requisitos acima apontados sejam extrapolados;
de maneira oposta, o trabalhador deixa de adquirir o direito ao adicional. Conforme orienta
o artigo 191 da CLT:

Art. 191 - A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá:

I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho


dentro dos limites de tolerância;

II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalha-


dor, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tole-
rância. (BRASIL, 1943)

20
Ainda sobre o adicional de insalubridade, o artigo 194 da CLT prevê que, em caso de neu-
tralização absoluta da condição causadora de insalubridade, o direito ao adicional de insa-
lubridade é descontinuado.

Art. 194 - O direito do empregado ao adicional de insalubridade ou de peri-


culosidade cessará com a eliminação do risco à sua saúde ou integridade
física, nos termos desta Seção e das normas expedidas pelo Ministério do
Trabalho. (BRASIL, 1943)

São atividades que podem causar riscos à saúde do trabalhador, caso o limite de tolerân-
cia estabelecido na NR 15 não seja cumprido: ruído contínuo ou intermitente, ruídos de
impacto, exposição ao calor, radiações ionizantes, trabalho sob condições hiperbáricas,
radiações não ionizantes, vibrações, frio, umidade, agentes químicos cuja insalubridade é
caracterizada por limite de tolerância, inspeção no local de trabalho, poeiras minerais, agen-
tes químicos, benzeno e agentes biológicos em geral.

Periculosidade

Periculosidade é a qualidade daquilo que é perigoso ou arriscado para a vida. Normalmen-


te, esse termo costuma ser aplicado no âmbito da segurança e saúde do trabalho, indican-
do quando determinada atividade ou função é considerada uma ameaça à vida e à saúde
do trabalhador (https://www.significados.com.br/periculosidade/).

Importante

São consideradas atividades ou operações perigosas, segundo o art. 193 da


CLT, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Em-
prego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco
acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a:

I - Inflamáveis, explosivos ou energia elétrica.


II - Roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais
de segurança pessoal ou patrimonial.

21
Segundo a NR 16 do Ministério do Trabalho, são
periculosas as atividades ou operações em que a
natureza ou os seus métodos de trabalhos confi-
gurem um contato com substâncias inflamáveis
ou explosivos, substâncias radioativas ou radia-
ção ionizante, ou energia elétrica, em condição de
risco acentuado.

São consideradas atividades ou operações perigosas as executadas


com explosivos sujeitos a:

a) degradação química ou autocatalítica;

b) ação de agentes exteriores, tais como, calor, umidade, faíscas, fogo,


fenômenos sísmicos, choque e atritos. (BRASIL, 1978, NR 16)

O exercício de trabalho em condições de periculosidade assegura ao trabalhador


a percepção de adicional de 30% (trinta por cento), incidente sobre o salário, sem os
acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participação nos lucros da empresa.
O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido
(BRASIL, 1978, NR 16).

É responsabilidade do empregador a caracterização ou a descaracterização da


periculosidade, mediante laudo técnico elaborado por médico do trabalho ou engenheiro
de segurança do trabalho (BRASIL, 1943, art. 195).

NA PRÁTICA

O Brasil registrou cerca de 4,2 milhões de acidentes de trabalho de 2012 até o


primeiro semestre de 2018, sendo que 15.768 resultaram em mortes. Os dados
são do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho. Já em 2017, foi
registrado um total de 895.770 acidentes no Brasil.

22
Cortes, lacerações, feridas contusas e puncturas (furos ou picadas) responde-
ram por cerca de 92 mil casos. Ainda contabilizam nos dados 78.499 fraturas e
67.371 contusões/esmagamentos. Segundo estimativas do Observatório, cer-
ca de 28,7 bilhões de reais foram gastos de 2012 até agora com benefícios
acidentários, que incluem auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, pensão
por morte e auxílio-acidente. Foram quase 334 milhões de dias de trabalho per-
didos por causa dos acidentes de trabalho.

Os dados acima demonstram que infelizmente ainda há muito que fazer nas
empresas e indústrias brasileiras, em se tratando de higiene ocupacional. So-
mente a partir do momento que a gestão empresarial for atrelada em todos
os sentidos à prevenção da segurança e saúde do trabalhador esse cenário
poderá ser modificado.

23
Resumo da Unidade 1

A Higiene Ocupacional é uma subárea da segurança no trabalho, sendo conhecida por


seu caráter prevencionista, tendo como objetivo primordial a identificação, caracteriza-
ção e qualificação dos tipos de riscos presentes em um ambiente laboral, para que ações
prevencionistas sejam realizadas conforme as especificidades do trabalho. A preocu-
pação com a segurança e a saúde do trabalhador tem início a partir da Revolução In-
dustrial, porém a consolidação das leis do trabalho no Brasil ocorre somente em 1943
com Getúlio Vargas. Para atividades laborais com exposição do trabalhador a agentes
insalubres e perigosos, é garantido por lei um adicional a seus proventos, a depender da
especificidade do agente.

CONCEITO

A higiene ocupacional é considerada como a arte dedicada ao estudo e ao


gerenciamento das exposições ocupacionais aos agentes físicos, químicos e
biológicos, por meio de ações de antecipação, reconhecimento, avaliação e
controle das condições e dos locais de trabalho, visando à preservação da saú-
de e do bem-estar dos trabalhadores, considerando ainda o meio ambiente e a
comunidade.

24
Referências

AMERICAN CONFERENCE OF GOVERNMENTAL INDUSTRIAL HYGIENISTS. Cincinnati,


c2018. Disponível em: https://www.acgih.org/. Acesso em: 10 dez. 2018.

BASTOS, M.; ROCHA, R. Higiene ocupacional ao alcance de todos. São Paulo: RTX Am-
biental, 2016.

BERTOZZI, A. D. Princípios básicos de higiene ocupacional. Minas Gerais: Faculdade


Pitágoras, 2006. Disponível em: http://www.bertozi.com/adb/PITAGORAS/Engenharias/
Eng_Civil/apostila%20higiene%20ocupacional.pdf. Acesso em: 28 dez. 2018.

BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis


do Trabalho. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 9 ago. 2002. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm. Acesso em: 20 dez. 2018.

. Portaria n° 3.214, de 8 de junho de 1978. Aprova as normas regulamentadoras


que consolidam as leis do trabalho, relativas à segurança e medicina do trabalho. Nor-
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26
UNIDADE 2

Analisando os riscos em higiene


e segurança do trabalho
INTRODUÇÃO

A higiene ocupacional tem como objetivo principal a promoção da segurança e saúde do


trabalhador de forma preventiva, antecipando-se frente aos agentes de risco. Para tanto,
utilizam-se princípios administrativos de engenharia e medicina ocupacional. Tem como
foco principal de atuação identificar os agentes nocivos, quantificando e qualificando-os
para, de forma preventiva, propor medidas de controle, conforme as normas regulamen-
tadoras do Ministério do Trabalho, que assegurarão um ambiente saudável de trabalho.

OBJETIVO

Nesta unidade, você será capaz de:

• Definir os tipos de riscos ocupacionais e suas principais características.

28
Riscos físicos

Os riscos físicos são definidos como formas diversas de energia que fazem parte do dia
a dia laboral, em quantidade considerada superior àquela que o organismo é capaz de
suportar, podendo ser consideradas agentes causadores de doença profissional. Podem
ser representados por algum tipo de energia a que possam estar expostos os trabalhado-
res, tais como ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas e radiações
ionizantes e não ionizantes.

Vamos conhecer com mais detalhes os tipos de riscos físicos?

Ruído

O conforto auditivo é uma das necessidades do ser humano. O ruído é definido como
um som indesejável, produto das atividades diárias da comunidade. O som representa
as vibrações mecânicas da matéria. Por meio dele ocorre o fluxo de energia na forma de
ondas sonoras (PEIXOTO; FERREIRA, 2012).

Os ambientes com ruído causam incômodos


que podem interferir na concentração e comu-
nicação, aumentando a possibilidade de erros e
de acidentes durante a execução de atividades.
O profissional, quando em condições de ruído,
precisa se esforçar constantemente para ter
uma maior concentração e isso gera estresse.

Uma exposição a um ruído intenso e repetitivo pode provocar perda auditiva tempo-
rária, levando a um dano permanente conhecido como perda auditiva induzida por
ruído – PAIR.

Saiba mais

Existem legislações específicas que regulamentam e determinam os limites


permissíveis em unidades de decibéis. A NBR n° 10.152/ABNT, por exemplo,
estabelece um limite de 60 dB para uma condição adequada de trabalho
(HIRATA, 2002).

29
Temperaturas extremas - calor

O desconforto térmico existente em um ambien-


te de trabalho pode ser prejudicial à saúde dos
trabalhadores. Para temperaturas acima de 25
°C, o corpo humano busca a sudorese como
mecanismo de compensação. Realizar traba-
lhos que necessitem de um esforço grande,
bem como a exposição a uma fonte de calor por
um período de tempo prolongado, pode causar
grande desconforto e alguns sintomas comuns, como a desidratação pelo excesso de
suor, fadiga, cansaço, sonolência e redução de desempenho físico e mental.

Temperaturas extremas - frio

Da mesma maneira como em condições de calor, o desconforto térmico existente em um


ambiente de trabalho muito frio pode ser prejudicial à saúde dos trabalhadores. Os vasos
sanguíneos das extremidades do corpo se contraem para diminuir a perda de calor no am-
biente, enviando, assim, mais sangue para os órgãos vitais, como o coração e o cérebro.
Como consequência disso, ocorre uma queda brusca da temperatura da pele (PEIXOTO;
FERREIRA, 2012).

O primeiro sinal de dano por frio é uma sen-


sação de adormecimento e anestesia dos te-
cidos atingidos. As lesões mais graves cau-
sadas por essa sensação térmica decorrem
da perda excessiva de calor do corpo e de
uma diminuição da temperatura, o que cha-
mamos de hipotermia. Em casos mais extre-
mos, também pode ocorrer o congelamento
dos tecidos, alterando a estrutura celular,
causando necrose. Estão sujeitos a esse tipo de risco profissionais que trabalham em
câmaras frigoríficas, em locais abertos com serviços de refrigeração e os que utilizam
nitrogênio líquido e gelo-seco.

30
Material radioativo

O uso de fontes radioativas de vários tipos está


amplamente difundido em alguns setores. O con-
trole dessas fontes nem sempre é feito da manei-
ra adequada e a exposição acidental das pessoas
pode provocar muitos danos à saúde, dependendo
da sua duração, da atividade, do material radioati-
vo em questão e da região do corpo afetada (SAN-
TOS, 2006).

A maioria dos acidentes com materiais radioativos foi causada por falha humana. Isso
aumenta a responsabilidade de todos os envolvidos de forma direta ou indireta nesse
processo, com o intuito de garantir a segurança de todos. Há sempre atenção especial
voltada ao possível desvio de materiais radioativos para fins obscuros, como, por exem-
plo, atentados terroristas. Para prevenir tais situações, é necessário um maior controle
por parte dos usuários e órgãos reguladores (SANTOS, 2006).

Radiação ionizante

São emissões de energia em diversos níveis, como raios X, raios gama e partículas alfa
e beta, capazes de provocar a ionização dos átomos (retirada de elétrons), quando em
contato com eles, e de causar alterações dos tecidos. As precauções em relação ao tem-
po de exposição do operador devem ser rigorosas, levando-se em conta o menor tempo
possível. O efeito das radiações sobre um organismo depende do tipo de célula irradiada,
assim como do estágio do desenvolvimento celular. Esses efeitos nocivos podem ser so-
máticos (câncer induzido por radiações, leucemias, câncer dos ossos, dos pulmões e da
pele, lesões cutâneas e gastrointestinais, perda de cabelo, deficiências sanguíneas e ca-
taratas) ou hereditários (sintomas observados em descendentes de indivíduos expostos).

Radiação não ionizante

Refere-se às radiações a que somos expostos diariamente nos vários ambientes de tra-
balho, como a luz natural, radiação infravermelha e ultravioleta (HIRATA, 2002). Ao con-
trário da radiação ionizante, a radiação não ionizante possui relativamente baixa energia,
não tem poder de ionização, mas é absorvida por várias partes celulares, causando da-
nos à saúde. Os olhos e a pele são os mais vulneráveis, podendo ocorrer queimaduras
agudas da pele, lesões de córnea, íris, retina e cristalino do olho.

31
Importante

Segundo Garcia Junior (2014), os agentes físicos são caracterizados pela sua
capacidade de causar doenças àqueles que entram em contato direto com a
fonte, podendo originar lesões crônicas. O controle da fonte e a manutenção
da saúde do trabalhador são obtidos a partir de medidas de proteção coletivas
e individuais, treinamento, elaboração de ordens de serviço sobre saúde e
segurança, com o intuito de orientar os trabalhadores sobre os riscos existentes
no ambiente laboral.

MIDIATECA

Acesse a Midiateca da unidade 2 e veja o conteúdo complementar indicado


pelo professor sobre exposição ocupacional ao ruído e acidentes do trabalho.

32
Riscos químicos

A utilização de substâncias químicas no processo produtivo aumentou consideravelmente


com a industrialização, quando teve início, por exemplo, o processo produtivo de diversos
tipos de substâncias sintéticas derivadas do petróleo. Essa evolução trouxe avanços
importantes e decisivos, mas também causou impactos marcantes no meio ambiente e
na saúde das populações, em virtude da poluição e da contaminação dela decorrentes.

A indústria química é considerada, segundo Brasil (2006), o terceiro maior setor industrial
no mundo, empregando milhões de pessoas, sendo também um dos segmentos mais
diversificados, que produz uma grande variedade de substâncias químicas, subprodutos
e produtos, desde as mais básicas, para produção de pesticidas, solventes, aditivos e
produtos farmacêuticos, até matérias-primas ou produtos fundamentais nas etapas dos
processos produtivos de praticamente todas as cadeias produtivas existentes.

Vamos entender o que é o risco químico e como ele é caracterizado?


Acompanhe a explicação.

O risco químico é caracterizado pela exposição de trabalhadores a substâncias, compostos


químicos e/ou produtos que podem penetrar no organismo por três vias: respiratória,
cutânea ou digestiva, provocando doenças ocupacionais (SILVA, 2012).

Contaminação pela via respiratória

Segundo Freitas e Arcuri (2000), no trabalho, a forma mais frequente de contaminação


química ocorre a partir da via aérea. A substância penetra no corpo pela respiração.
Durante a inspiração, o ar entra pelo nariz e traz consigo substâncias químicas que podem
estar presentes no ambiente.

Quais são os danos que esse tipo de contaminação pode causar?

Em geral, os danos dependem do tipo de substância. Por exemplo, a contaminação pode


causar desde irritações na mucosa nasal e na garganta até dores no peito ao respirar,
podendo atingir até mesmo os pulmões.

33
Vamos ver alguns exemplos mais específicos:

• A sílica e o amianto, quando inalados, podem prejudicar os pulmões e causar doen-


ças como a silicose e a asbestose.
• O benzeno, quando aspirado, pode chegar aos pulmões, passando para a corrente
sanguínea e chegando até mesmo a medula óssea.

Importante

O reconhecimento e a análise dos riscos químicos relacionados a agentes quími-


cos são atividades prioritárias para qualificar a intervenção na defesa da saúde
do trabalhador: quem não reconhece não pode avaliar e prevenir o risco. Quem
melhor conhece o ambiente e os riscos a que está submetido é o trabalhador,
e sua participação é fundamental em todas as ações que envolvam sua saúde.
Por ser uma das situações de exposição a agentes químicos mais acompanha-
das no Brasil, com um histórico de experiências determinantes na construção do
movimento de defesa da saúde dos trabalhadores, faremos a discussão de risco
químico desse protocolo a partir do benzeno (BRASIL, 2006, p. 8).

Contaminação pela via cutânea

Freitas e Arcuri (2000) afirmam que as substâncias químicas também podem penetrar
no organismo por meio da pele. Esses produtos podem agir de duas formas:

• Pelo contato direto com a pele.


• Pela penetração pela pele.

As substâncias que agem pelo contato direto na pele podem provocar:

• Queimadura, se a substância for corrosiva.


• Reação alérgica, o que pode ocasionar ferimento ou inchaço.

As substâncias que penetram na pele agem da seguinte forma: entram na corrente sanguí-
nea e o sangue as leva para outras partes do corpo, da mesma forma que na respiração.
Qual é a consequência disso? Essa contaminação pode provocar problemas nos rins, no
fígado, no coração ou outra parte do corpo. Por exemplo, o benzeno provoca dano na pro-
dução do sangue. Resumindo, o dano vai depender do tipo de produto químico.

34
É importante que você saiba que, como nossa pele é razoavelmente resistente, a quanti-
dade de substância que penetra pela pele, em geral, é menor do que a que penetra pela
respiração.

Contaminação pela via digestiva

Ainda segundo Freitas e Arcuri (2000), a substância química pode penetrar no nosso cor-
po pela via digestiva, normalmente de forma acidental. Essa contaminação pode ocorrer
quando o trabalhador come, bebe ou fuma no ambiente de trabalho. Como consequên-
cia, a substância química pode provocar queimadura ou irritação já na boca, ou no cami-
nho entre a boca e o estômago.

Algumas não provocam esses tipos de problema nesses locais, mas vão ser levadas,
pelo sangue, para outras partes do corpo. Por isso que, quando tomamos alguma bebida
alcoólica, depois de algum tempo, ela é absorvida, o sangue carrega o álcool até o nosso
sistema nervoso e ficamos com os sintomas de bebedeira: tontura, euforia, mudança de
personalidade e, muitas vezes, uma grande dor de cabeça (FREITAS; ARCURI, 2000).

Prevenir é uma das formas de evitar os problemas de saúde ocupacional


que podem ser desencadeados por essa exposição.

Para a efetividade dessa prevenção, é necessário que os trabalhadores tenham conhe-


cimento sobre os riscos oferecidos pelas substâncias químicas. O reconhecimento e a
análise dos riscos relacionados a agentes químicos são atividades prioritárias para qua-
lificar a intervenção na defesa da saúde do trabalhador: quem não reconhece não pode
avaliar e prevenir o risco (SILVA, 2012).

MIDIATECA

Acesse a Midiateca da unidade 2 e veja o conteúdo complementar indicado


pelo professor sobre os riscos do benzeno para a saúde do trabalhador.

35
Riscos biológicos e ergonômicos

Os agentes biológicos são classificados em quatro tipos diferentes de risco biológico, de


acordo com o tipo de infecção que podem apresentar. A progressão na classificação desses
riscos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS, utiliza como critérios a
patogenicidade para o homem, o modo de transmissão, a endemia e a existência ou não
de profilaxia e de tratamento eficazes.

Formas de transmissão dos agentes biológicos

Segundo Peixoto e Ferreira (2012), a transmissão de um agente biológico pode se dar


das seguintes maneiras:

Direta Indireta

A transmissão se dá sem a intermedia- A transmissão se dá por meio de veícu-


ção de veículos ou vetores, como a que los ou vetores, como a que acontece na
ocorre na transmissão aérea por bioae- transmissão por meio de mãos, instru-
rossóis, na transmissão por gotículas e mentos perfurocortantes, luvas, roupas,
contato com a mucosa dos olhos. vetores, água, alimentos, superfícies etc.

Vias de penetração dos agentes biológicos

Segundo a NR 32, os microrganismos patogênicos podem entrar no corpo humano a partir


da permeação de uma pele danificada, por picadas acidentais, mordidas ou por fixação
em mucosas. Podem também ser inalados ou ingeridos, levando às infecções do trato
respiratório superior ou do sistema digestivo.

36
Exposição por via cutânea: a pele é uma importante porta de
entrada de uma substância biológica. Algumas substâncias
químicas liberadas por seres vivos podem afetar localmente a
pele, provocando irritações. As principais formas de contaminação
ocorrem por meio da pele danificada ou membranas mucosas
(boca, olhos), lesões por materiais perfurocortantes contaminados
e arranhões ou mordidas.

Exposição por via respiratória: os agentes biológicos invadem


o organismo humano preferencialmente por meio das vias
respiratórias, penetrando pelo nariz, garganta, traqueia e brônquios.

Ingestão: os agentes biológicos são introduzidos no sistema


gastrointestinal pela boca, com trânsito pelo esôfago, antes de
atingirem o estômago. Como exemplo de uma contaminação por
ingestão, podemos citar a contaminação por Salmonella ssp., no
consumo de alimentos conservados em condições não adequadas,
e a hepatite A, que é transmitida por meio de alimentos e água
contaminados com o vírus.

Classificação dos agentes biológicos

A NR 32, em seu Anexo I, classifica os agentes biológicos em:

a) Classe de risco 1.
b) Classe de risco 2.
c) Classe de risco 3.
d) Classe de risco 4.

Saiba mais

Veja o que estabelece o Anexo I da NR 17:

“Os agentes biológicos são classificados em:

Classe de risco 1: Baixo risco individual para o trabalhador e para a coletividade,


com baixa probabilidade de causar doença ao ser humano.

37
Classe de risco 2: Risco individual moderado para o trabalhador e com baixa
probabilidade de disseminação para a coletividade. Podem causar doenças ao
ser humano, para as quais existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento.

Classe de risco 3: Risco individual elevado para o trabalhador e com


probabilidade de disseminação para a coletividade. Podem causar doenças e
infecções graves ao ser humano, para as quais nem sempre existem meios
eficazes de profilaxia ou tratamento.

Classe de risco 4: Risco individual elevado para o trabalhador e com


probabilidade elevada de disseminação para a coletividade. Apresenta grande
poder de transmissibilidade de um indivíduo a outro. Podem causar doenças
graves ao ser humano, para as quais não existem meios eficazes de profilaxia
ou tratamento.”

Fonte: Anexo I da NR 32 (BRASIL, 2005).

Riscos ergonômicos

Considera-se risco ergonômico qualquer fator que possa interferir nas características
psicológicas e fisiológicas do trabalhador, a partir da realização de atividades laborais
em condição de desconforto que possa afetar sua saúde. São exemplos de risco ergo-
nômico o levantamento e transporte manual de peso, o ritmo excessivo de trabalho, a
monotonia, a repetição, a responsabilidade excessiva, a postura inadequada de trabalho
e o trabalho em turnos (HIRATA, 2002).

Movimentos repetitivos

Os movimentos repetitivos são aqueles que acontecem quando a contração contínua


de alguns músculos ocorre para se manter uma determinada posição. Os trabalhos que
dependem desse tipo de movimento geram constantemente problemas de saúde que,
muitas vezes, necessitam ser corrigidos por intervenção cirúrgica. Os trabalhos que ge-
ram esse tipo de movimentos devem e podem ser evitados, utilizando-se estudos er-
gonômicos para se impedirem lesões decorrentes, além da diversificação de trabalho
e mudanças de postura. O termo criado para esse tipo de risco é lesão por esforços
repetitivos – LER, que atualmente se denomina doenças osteomusculares relacionadas
com o trabalho – Dort.

38
Vamos conhecer algumas dessas lesões?

Bursites:
Inflamação acompanhada de dores de uma bolsa
que contém líquido sinovial. Esse líquido envolve as
articulações, o que facilita o movimento e evita o atrito
entre duas estruturas, por exemplo, tendão e osso. Um
dos locais mais afetados são os ombros.

Síndrome do desfiladeiro torácico:


Devido à posição incorreta adquirida nos trabalhos
manuais, como apoiar o telefone sobre o ombro e
pressioná-lo com a orelha, ou trabalhar em bancos
altos em laboratórios com balcões baixos, ocorre uma
compressão dos nervos, artérias e veias, causando
dores e desconforto.

Tendinite:
Inflamação acompanhada de dores de um tendão. Ela
pode surgir pelo excesso de repetições de um mesmo
movimento e de sobrecarga.

Saiba mais

Veja o que estabelece a NR 17:

“17.1. Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que


permitam a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de
conforto, segurança e desempenho eficiente.17.1.1. As condições de trabalho
incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de
materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do
posto de trabalho e à própria organização do trabalho.

39
17.1.2. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise
ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições
de trabalho, conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora.”

Fonte: NR 17 (BRASIL, 1978).

MIDIATECA

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pelo professor sobre biossegurança.

40
NA PRÁTICA

“‘O Ministério do Trabalho autuou 19.870 empresas devido ao descumprimento


às normas de proteção à saúde do trabalhador em 2017. No total, foram 72.294
autuações por infrações cometidas – média de 3,6 por empresa. Nos primeiros
quatro meses deste ano, já foram 2.678 empresas com autos lavrados pela
mesma razão. [...] A segurança começa pelo reconhecimento e avaliação dos
riscos. É preciso conhecer detalhadamente cada tarefa a ser realizada, os
riscos envolvidos e os meios para prevenir os possíveis acidentes ou doenças
relacionados a cada risco identificado. Feita a avaliação e estabelecidos os
meios de controle, os trabalhadores devem ser adequadamente informados
sobre os riscos e treinados sobre as formas de prevenção’, afirma o auditor-
fiscal Jeferson Seidler, assistente técnico do Departamento de Saúde e
Segurança no Trabalho, do Ministério do Trabalho. [...] Segundo o auditor, as
empresas estão sujeitas a multa e até embargos e interdições das atividades, a
depender da gravidade e risco no local de trabalho. No caso de descumprimento
das Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde, independentemente
de ocorrer acidente ou não, o empregador é multado. Os valores variam a
depender de vários fatores.”

Fonte: http://www.protecao.com.br.

A reportagem comprova a importância da atuação do gestor de segurança no


trabalho. Negligenciar a presença dos riscos ocupacionais descumprindo as
normas de proteção à saúde e segurança é expor de forma irresponsável a
vida do trabalhador. Os índices demonstram que ainda há muito trabalho de
prevenção a ser realizado.

41
Resumo da Unidade 2

Nesta unidade você estudou que o Ministério do Trabalho, de acordo com as normas
regulamentadoras, classifica os riscos nos ambientes de trabalho segundo a sua na-
tureza, que pode ser química, física, biológica, ergonômica ou de acidente. É papel do
gestor em segurança no trabalho conhecer a higiene ocupacional, para que, dessa ma-
neira, consiga tanto reconhecer, mensurar e caracterizar esses riscos como contribuir
para a manutenção da saúde, segurança e qualidade de vida no ambiente de trabalho,
garantindo também a produtividade organizacional.

CONCEITO

Os riscos ocupacionais influenciam diretamente o dia a dia e a produtividade


da organização, interferindo nos resultados e na saúde e segurança do
trabalhador. A higiene ocupacional é capaz de identificar e reduzir o grau de
exposição aos riscos presentes no ambiente de trabalho, propondo medidas de
prevenção que dependem da atuação do gestor e da equipe de pessoas para
serem implementadas.

42
Referências

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cidade de Criciúma (SC). 2011. 16 f. Artigo submetido ao curso de Engenharia Civil
como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Civil, Universidade do
Extremo Sul Catarinense, Criciúma, 2011. Disponível em: http://repositorio.unesc.net/
bitstream/1/227/1/Juliane%20Salvaro%20Pavan.pdf. Acesso em: 27 dez. 2018.

PEIXOTO, N. H.; FERREIRA, L. S. Higiene ocupacional I. Santa Maria: UFSM/CTISM; Rede


e-Tec Brasil, 2012. Disponível em: http://estudio01.proj.ufsm.br/cadernos_seguranca/
segunda_etapa/higiene_ocupacional_1.pdf. Acesso em: 28 dez. 2018.

ROCHA, R.; BASTOS, M. Higiene ocupacional ao alcance de todos. São Paulo: RTX Ambiental,
2017. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=bbz6DQAAQBAJ&printsec=f
rontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false. Acesso
em: 27 dez. 2018.

SANTOS, R. Proteção radiológica na utilização de materiais radioativos em laboratórios de


pesquisa na área biomédica. In: MARTINS, E. V.; SILVA, F. A. Biossegurança, informações
e conceitos: textos básicos. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006.

44
SILVA, L. S. Riscos químicos hospitalares e gerenciamento dos agravos à saúde do tra-
balhador de enfermagem. Revista de Pesquisa: cuidado é fundamental online. Rio de Ja-
neiro, p. 21-24, jan/mar. 2012. Edição Suplementar. Disponível em: http://www.seer.unirio.
br/index.php/cuidadofundamental/article/view/1662/pdf_503. Acesso em: 28 dez. 2018.

45
UNIDADE 3

Os Programas de Higiene
e Segurança no Trabalho
INTRODUÇÃO

A Higiene Ocupacional, para atingir seus objetivos prevencionistas, lança mão de uma série
de programas que devem ser implementados nas organizações como forma de facilitar
a gestão do profissional de Saúde e Segurança no Trabalho na manutenção da saúde
do trabalhador e da qualidade de vida organizacional. Nesta unidade, você estudará os
programas de:

• Prevenção aos riscos ambientais.


• Prevenção respiratória.
• Conservação auditiva.

OBJETIVO

Nesta unidade, você será capaz de:

• Estudar alguns dos principais tipos de programas que auxiliam o gestor em


segurança a promover a saúde e a segurança no ambiente de trabalho.

47
Programa de Prevenção de RiscosAmbientais
(PPRA)

O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, ou PPRA, é um programa estabelecido


pela Norma Regulamentadora 9, da Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalho, do
Ministério do Trabalho.

Qual é o objetivo desse programa?

Esse programa tem por objetivo definir um planejamento de um conjunto de ações que
garantam a preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores frente aos riscos
existentes nos ambientes organizacionais. O Ministério do Trabalho considera como
riscos ambientais todos os agentes físicos, químicos e biológicos. Ainda existem os
riscos ergonômicos e de acidentes. Para serem considerados agentes de risco ambiental,
eles devem ser identificados a partir de perícias técnicas realizadas por profissionais da
área de saúde e segurança, em concentrações ou intensidades definidas em normas
regulamentadoras (SAPUCAIA, 2011).

A figura mostra a má e a boa postura quando se está sentado em frente a


um computador. A má postura é considerada um dos riscos ergonômicos.

A NR 9 descreve, detalhadamente, todas as fases de implementação das etapas que


devem ser cumpridas no desenvolvimento do programa, além dos itens que compõem
o reconhecimento dos riscos, os limites de tolerância adotados na etapa de avaliação
e os parâmetros que definem as medidas de controle. Essa norma estabelece, ainda,
a obrigatoriedade da existência de um cronograma que direcione as fases a serem
cumpridas e os prazos.

48
Segundo Miranda e Dias (2003), um aspecto importante desse programa é que ele pode
ser elaborado dentro dos conceitos mais modernos de gerenciamento e gestão, em que
o empregador tem autonomia suficiente para, com responsabilidade, adotar um conjunto
de medidas e ações que considere necessárias para garantir a saúde e a integridade
física de seus trabalhadores.

A elaboração, a implementação e a avaliação do PPRA podem ser feitas por qualquer pessoa
ou equipe de pessoas que, a critério do empregador, sejam capazes de desenvolver o disposto
na norma. Além disso, cabe à própria empresa estabelecer as estratégias e as metodologias
que serão utilizadas para o desenvolvimento das ações, bem como as formas de registro,
manutenção e divulgação dos dados gerados no desenvolvimento do programa.

As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no âmbito de cada estabelecimento da


empresa, sendo que sua abrangência e profundidade dependem das características dos
riscos existentes no local de trabalho e das respectivas necessidades de controle.

Saiba mais

A NR 9 estabelece todas as diretrizes e os parâmetros a serem periciados na


execução do PPRA. Para a efetiva adesão das empresas ao programa, a norma
estabelece que a organização deve adotar técnicas de avaliação que verifiquem
continuamente o cumprimento das etapas, das ações e das metas previstas. Essa
norma também prevê o controle social, garantindo aos trabalhadores o direito à
informação e à participação no planejamento e no acompanhamento da execução
do programa (MIRANDA; DIAS, 2003).

EPI/EPC

O uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs) encontra-se previsto na


Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e regulamentado pela Norma Regulamentadora
6 do Ministério do Trabalho, sendo, segundo a legislação vigente, obrigatório.

É importante que você saiba que a entrega desses equipamentos deve ser fornecida
pelo empregador, que também tem a obrigação de fiscalizar o uso por parte de seus
empregados e de promover ações que conscientizem seus trabalhadores da importância
da utilização dos EPIs quando eles se recusarem a usar.

49
Observe a figura a seguir que mostra alguns equipamentos de segurança.

Como podemos definir o EPI? Vejamos!

• Segundo a Portaria nº 3.214/1978, com última alteração pela Portaria nº 292/2011, EPI
é “todo dispositivo ou produto de uso individual utilizado pelo trabalhador destinado à
proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”.

A NR 6 traz a mesma definição.

Certificado de aprovação dos EPIs

Conforme a NR 6, o equipamento de proteção individual de fabricação nacional ou


importado só poderá ser posto à venda para ser utilizado com a indicação do Certificado de
Aprovação (CA), que é um certificado que atesta a qualidade e a eficácia do equipamento
para aquele determinado uso.

O CA dos EPIs deve ser regulamentado pelo Ministério do Trabalho e deverá ser expedido
pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do
Ministério, uma vez que este atestará a conformidade dos EPIs com as especificações
no âmbito do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(Sinmetro) para um determinado uso, e assim, com essa certificação, o material é
considerado apto para ser comercializado como EPI.

50
Como previsto na NR 6, para fins de comercialização, o CA concedido aos EPIs terá vali-
dade de cinco anos para aqueles equipamentos com laudos de ensaio que não tenham
sua conformidade avaliada no âmbito do Sinmetro e um prazo vinculado à avaliação da
conformidade no âmbito do Sinmetro, quando for o caso, e ainda, quando necessário e
mediante justificativa, o órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no
trabalho poderá estabelecer novos prazos (CISZ, 2015).

Veja o que Cisz (2015, p. 27) afirma sobre esse assunto:

Todos os EPIs deverão apresentar em caracteres indeléveis e bem visí-


veis o nome comercial da empresa fabricante, o lote de fabricação e o
número do CA, ou, no caso de EPI importado, o nome do importador, o
lote de fabricação e o número do CA. A NR-6 destaca, ainda, que quando
não for possível cumprir o determinado acima o órgão nacional com-
petente em matéria de segurança e saúde no trabalho poderá autorizar
uma forma alternativa de gravação, a ser proposta pelo fabricante ou
importador, devendo esta constar do C.A.

O CA é indispensável para os EPIs

Você sabe por que esse certificado é tão importante? Veja a seguir!

Esse documento contém o conjunto de informações indispensáveis para garantir que um


determinado EPI apresente as especificações necessárias para cumprir sua finalidade de
proteger o empregado contra o risco que a atividade que ele estiver realizando possa lhe
oferecer. Vale destacar que os EPIs, para receber esse certificado, passam por todas as
análises e testes que comprovam sua qualidade (CISZ, 2015).

A implantação de medidas de proteção coletiva deverá obedecer à seguinte hierarquia:

51
Medidas que eliminem ou
reduzam a utilização ou
a formação de agentes
prejudiciais à saúde.

Medidas que previnam


a liberação ou
disseminação desses
agentes no ambiente de
trabalho.

Medidas que reduzam os


níveis ou a concentração
desses agentes no
ambiente de trabalho.

A implantação de medidas de caráter coletivo deverá ser acompanhada de treinamento


dos empregados quanto aos procedimentos que assegurem sua eficiência e de
informação sobre as eventuais limitações de proteção que ofereçam.

A partir do momento em que se comprova a inviabilidade técnica da adoção de medidas


de proteção coletiva, ou quando essas medidas não forem suficientes ou se encontrarem
em fase de estudo, planejamento ou implantação, ou ainda em caráter complementar ou
emergencial, serão adotadas outras providências, obedecendo-se à seguinte hierarquia:

Medidas de caráter
administrativo ou de
organização do trabalho.

Utilização de
equipamentos de
proteção individual
(EPIs).

52
Importante

A utilização de EPI no âmbito do programa deverá considerar as normas legais


e administrativas em vigor e envolverá:

• Seleção do EPI adequado tecnicamente ao risco a que o empregado está


exposto e à atividade exercida, considerando-se a eficiência necessária
para o controle da exposição ao risco e o conforto oferecido segundo
avaliação do trabalhador usuário.
• Programa de treinamento dos trabalhadores quanto à sua correta
utilização e orientação sobre as limitações de proteção que o EPI oferece.
• Estabelecimento de normas ou procedimentos para promover o
fornecimento, o uso, a guarda, a higienização, a conservação, a
manutenção e a reposição do EPI, visando garantir as condições de
proteção originalmente estabelecidas.
• Caracterização das funções ou atividades dos empregados, com a
respectiva identificação dos EPIs utilizados para os riscos ambientais.

MIDIATECA

Acesse a midiateca da Unidade 3 e veja o conteúdo complementar indicado


pelo professor sobre os riscos da asbestose.

53
Programa de Proteção Respiratória (PPR)

O Programa de Proteção Respiratória foi lançado em 1994 pela Fundacentro e já se


encontra em sua quarta edição, lançada em 2016. A Fundacentro apresenta os requisitos
— procedimentos operacionais desde a implementação até a administração do programa
— com a descrição das atribuições do empregador e do empregado.

O grau de eficácia do Programa de Proteção Respiratória pode ser mensurado a partir


de avaliações quantitativas dos agentes de risco presentes no ambiente ocupacional. É
a partir dos resultados obtidos que se definem os equipamentos de proteção individual a
serem utilizados e sua periodicidade de substituição.

O uso de EPR [Equipamento de Proteção Respiratória] tem como objetivo


principal prevenir a exposição por inalação de substâncias perigosas
e/ou ar com deficiência de oxigênio. Quando não for possível prevenir
a exposição ocupacional, o controle da exposição adequada deve ser
alcançado, tanto quanto possível, pela adoção de outras medidas de
controle que não o uso de EPR. Medidas de controle de engenharia,
tais como substituição de substâncias por outras menos tóxicas,
enclausuramento ou confinamento da operação e sistema de ventilação
local ou geral e medidas de controles administrativos, como a redução
do tempo de exposição, devem ser consideradas. O uso de EPR é
considerado o último recurso na hierarquia das medidas de controle
e deve ser adotado somente após cuidadosa avaliação dos riscos.
(TORLONI, 2016, p. 16)

O Programa de Proteção Respiratória (PPR) tem como objetivo promover a proteção


efetiva da saúde do trabalhador prevenindo a exposição a agentes de risco. Para tanto,
selecionam-se o tipo de respirador adequado e os critérios de uso e manutenção.

Observe a figura a seguir que mostra diferentes máscaras de proteção (respiradores).

54
Antes de se utilizar um respirador, é essencial que seja estabelecido um PPR, por escrito,
com os procedimentos específicos para o local de trabalho. O programa deve ser
implantado, avaliado e atualizado sempre que necessário, de modo a refletir as mudanças
de condições do ambiente de trabalho que possam afetar o uso de respirador. O PPR
deve ser compreendido por todos os níveis hierárquicos da empresa (TORLONI, 2016).

Segundo Torloni (2002), para que a saúde do usuário seja preservada, o empregador
deverá:

a) Fornecer o respirador, quando identificada a necessidade a fim de promover a


proteção da saúde do trabalhador.
b) Fornecer o respirador apropriado e respeitando as características anatômicas do
empregado.
c) Responsabilizar-se pelo estabelecimento e pela manutenção do programa de uso
de respiradores para proteção respiratória.
d) Autorizar o funcionário que deverá usar o equipamento a evacuar da área de risco
por qualquer motivo relacionado a seu uso.

Ainda segundo Torloni (2002), o trabalhador terá autorização de evacuar a área de


trabalho diante de algumas situações. Veja, a seguir, quais são elas!

• Falha do equipamento respirador, comprometendo a proteção por ele proporcionada.


• Mau funcionamento do equipamento.
• Identificação de permeação de ar contaminado dentro do respirador.
• Aumento da resistência à respiração.
• Mal-estar, como náusea, fraqueza, tosse, espirro, dificuldade para respirar, calafrio,
tontura, vômito, febre.

55
Saiba mais

Ainda sobre o Programa de Proteção Respiratória, são consideradas obrigações


por parte do funcionário que atua na área de risco:

a) Usar o equipamento de proteção respiratória fornecido de acordo com


as instruções de treinamento recebidas.
b) Devolver para o local de preservação após utilização, de modo
conveniente e sem danificá-lo.
c) Sinalizar ao responsável caso identifique o mau funcionamento do
equipamento de proteção respiratória.
d) Comunicar-se com o setor responsável caso sinta qualquer tipo de
alteração ou incômodo em seu estado de saúde que possa influir na
capacidade de uso do respirador de modo seguro.

MIDIATECA

Acesse a midiateca da Unidade 3 e veja o conteúdo complementar indicado


pelo professor sobre riscos ocupacionais.

56
Programa de Conservação Auditiva (PCA)

Para iniciar a explicação, vamos entender o que é Programa de


Conservação Auditiva?

O PCA é um conjunto de ações a serem desenvolvidas no ambiente ocupacional para


prevenir a perda auditiva de empregados que trabalhem expostos a ruídos, sendo esse
o principal objetivo do PCA. Além disso, o programa também visa adaptar a organização
às exigências normativas do Ministério do Trabalho, identificar trabalhadores que já
possuam perda auditiva, reduzir o índice de insalubridade e de afastamentos e, por fim,
garantir a qualidade de vida do trabalhador.

O PCA, também denominado Programa de Prevenção de Perdas Auditivas – PPPA, é


constituído por uma série de atividades que têm como objetivos:

• Estabilizar as perdas auditivas ocupacionais a partir da condução de atividades


que visem à melhoria contínua, o que requer conhecimento multidisciplinar e
desenvolvimento de forma planejada e coordenada entre diversas áreas da empresa
(FUNDACENTRO, 2018).
• Estabelecer o atendimento aos trabalhadores que estiveram expostos a níveis de
ruído considerados insalubres, ou seja, que necessitam de monitoramento para
prevenção de doenças ocupacionais.

Tanto trabalhador como empregador devem valorizar o PCA.

Vamos conhecer, então, alguns dos benefícios desse programa?

57
Benefícios para o trabalhador Benefícios para o empregador

Aumento considerável da produtividade.


Prevenção do desenvolvimento
de doenças. Diminuição do absenteísmo
(faltas no trabalho).
Melhora em sua qualidade de vida
no ambiente ocupacional. Economia com despesas relacionadas
a acidentes de trabalho.

É importante frisar que o Programa de Conservação Auditiva deve estar em sintonia com
outros programas de saúde implementados na empresa. Você verá isso melhor quando
estudar o Sistema de Gestão Integrada (SGI).

Observe a figura a seguir que mostra diferentes protetores auriculares fundamentais para
a prevenção de doenças ocupacionais.

Os componentes necessários para a implementação do Programa de Controle Auditivo


são de caráter multidisciplinar e envolvem diversas áreas, como Medicina, Engenharia,
Segurança no Trabalho, Fonoaudiologia, entre outras. Essas áreas contribuem para
identificação dos fatores que podem levar à perda auditiva, seu controle, prevenção,
orientação e capacitação, que devem ser desenvolvidos com os trabalhadores a partir de
treinamento e fornecimento de equipamentos de proteção individual eficazes.

58
A NR 7, do Ministério do Trabalho, em seu Quadro II, sobre parâmetros para monitorização
da exposição ocupacional a alguns riscos à saúde, trata do controle da perda auditiva.

A NR 9, que trata do PPRA, estabelece que as ações preventivas devem ser iniciadas
quando a dose de exposição ao ruído ultrapassar o valor de 0,5 (ou 50%), sendo, nesses
casos, necessárias ações de monitoramento periódico da exposição, informação aos
trabalhadores e controle médico (FUNDACENTRO, 2018, p. 8).

Segundo o Anexo 1 do Quadro II da NR 7: “3.3. O exame audiométrico será executado


por profissional habilitado, ou seja, médico ou fonoaudiólogo, conforme resoluções dos
respectivos conselhos federais profissionais.”

Saiba mais

Veja o determina a NR 7 sobre a perda auditiva:

5.2. A perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora ele-


vados, por si só, não é indicativa de inaptidão para o trabalho, de-
vendo-se levar em consideração na análise de cada caso, além
do traçado audiométrico ou da evolução sequencial de exames
audiométricos, os seguintes fatores:

a. história clínica e ocupacional do trabalhador;


b. o resultado da otoscopia e de outros testes audiológicos com-
plementares;
c. a idade do trabalhador;
d. o tempo de exposição pregressa e atual a níveis de pressão
sonora elevados;
e. os níveis de pressão sonora a que o trabalhador estará, está
ou esteve exposto no exercício do trabalho;
f. a demanda auditiva do trabalho ou da função;
g. a exposição não ocupacional a níveis de pressão sonora ele-
vados;
h. a exposição ocupacional a outro(s) agente(s) de risco ao sis-
tema auditivo;

59
i. a exposição não ocupacional a outro(s) agentes de ris-
co ao sistema auditivo;
j. a capacitação profissional do trabalhador examinado;
k. os programas de conservação auditiva aos quais tem
ou terá acesso o trabalhador.

Fonte: NR 7 (BRASIL, 1978).

Segundo a NR 9, as ações de controle médico devem ser implementadas


para todos os trabalhadores expostos a ruído acima do nível de
ação, independentemente do uso de protetor auditivo. As diretrizes,
os parâmetros mínimos e a metodologia para a avaliação e o
acompanhamento da audição dos trabalhadores expostos a níveis de
pressão sonora elevados, por meio de exames audiológicos de referência
e sequenciais, devem atender ao disposto no Anexo 1 da NR 7.

Os trabalhadores expostos à vibração acima dos limites de exposição,


ou a agentes ototóxicos, independentemente de suas concentrações,
também devem ser incluídos nas ações de gerenciamento audiológico e
controle médico. (FUNDACENTRO, 2018, p. 14)

No processo de construção do PCA, a organização deverá estabelecer os critérios e as


responsabilidades de todos os responsáveis e envolvidos diretamente no processo de
elaboração, implementação e gerenciamento.

Em geral, tem-se como participante principal direto do programa seu administrador,


que deve ser o gestor maior, conhecedor de todos os aspectos legais e o responsável
pela contratação de serviços terceirizados, materiais e equipamentos, de acordo com a
necessidade. Para além do administrador, participam ativamente do programa todos os
trabalhadores da empresa e a alta gestão também.

60
MIDIATECA

Acesse a midiateca da Unidade 3 e veja o conteúdo complementar indicado


pelo professor sobre indicadores de acidentes de trabalho no Brasil.

NA PRÁTICA

Um funcionário recém-contratado no setor administrativo de uma empresa de


produção de esmaltes de unha começou a reclamar constantemente de dores
de cabeça ao retornar do trabalho. A queixa começou a aumentar ao ponto de
o trabalhador precisar se ausentar do serviço.

Ao ser consultado pelo SESMT da empresa, decidiu-se realizar uma nova


análise de risco ambiental e concluiu-se que o trabalhador, mesmo em ambiente
administrativo, estava entrando em contato com aerodispersoides de origem
do processo químico de produção dos esmaltes. A partir daí o funcionário foi
orientado a utilizar máscara com filtro (equipamento de proteção individual)
assim como os trabalhadores do chão de fábrica. O problema foi resolvido.

61
Resumo da Unidade 3

Os programas ligados à saúde e à segurança no trabalho são ferramentas essenciais


para direcionar e organizar a dinâmica de implementação de rotinas fundamentais para
prevenir o risco de acidentes e doenças ocupacionais. Conforme você pôde estudar ao
longo da unidade, com o passar dos anos, o Ministério do Trabalho, junto com a Funda-
centro, vem aperfeiçoando os parâmetros que facilitam a implementação desses progra-
mas nos ambientes organizacionais, tanto por empregadores como para os empregados.

CONCEITO

Nesta unidade, destacamos dois conceitos importantíssimos na área de higiene


ocupacional:

1. EPIs: equipamentos de proteção individual, que são ferramentas


fundamentais para garantir a execução do trabalho pelo empregado de
forma segura, minimizando o risco de acidentes e exposições a riscos. A
escolha do EPI depende de uma série de análises que devem ser realizadas
no ambiente laboral por um profissional da área de Segurança no Trabalho.

2. CA: Certificado de Aprovação. Esse documento é fundamental para


garantir a qualidade do tipo de equipamento de proteção individual. É
importante destacar que, para um equipamento receber o CA, é preciso
antes passar por uma série de testes de qualidade.

62
Referências

BRASIL. Portaria n° 3.214, de 8 de junho de 1978. Aprova as normas regulamentadoras


que consolidam as leis do trabalho, relativas à segurança e medicina do trabalho. Nor-
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. Portaria n° 3.214, de 8 de junho de 1978. Aprova as normas regulamentadoras


que consolidam as leis do trabalho, relativas à segurança e medicina do trabalho. Norma
Regulamentadora nº 7 (NR 7): programa de controle médico de saúde ocupacional. Diá-
rio Oficial da União. Brasília, 6 set. 1978. Disponível em: http://www.guiatrabalhista.com.
br/legislacao/nr/nr7.htm. Acesso em: 20 jan. 2019.

. Portaria n° 3.214, de 8 de junho de 1978. Aprova as normas regulamentadoras


que consolidam as leis do trabalho, relativas à segurança e medicina do trabalho. Norma
Regulamentadora nº 9 (NR 9): programa de prevenção de riscos ambientais: anexo I:
vibração. Diário Oficial da União. Brasília, 6 set. 1978. Disponível em: http://www.guiatra-
balhista.com.br/legislacao/nr/Anexo1-nr9.htm. Acesso em: 20 jan. 2019.

. Portaria n° 3.214, de 8 de junho de 1978. Aprova as normas regulamentadoras


que consolidam as leis do trabalho, relativas à segurança e medicina do trabalho. Diário
Oficial da União. Brasília, 6 set. 1978. Disponível em: http://www.trtsp.jus.br/geral/tribu-
nal2/ORGAOS/MTE/Portaria/P3214_78.html. Acesso em: 20 jan. 2019.

CISZ, C. R. Conscientização do uso de EPIs, quanto à segurança pessoal e coletiva.


2015. 44 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Engenharia de Segurança
do Trabalho) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2015. Disponível em:
http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/3833/1/CT_CEEST_XXIX_2015_07.
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gramas de conservação auditiva (PCA). Revista ABHO. São Paulo, v. 45, 2016. Disponível
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63
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. Programa de proteção respiratória: recomendações, seleção e uso de respira-


dores. 4. ed. São Paulo: Fundacentro, 2016. Disponível em: http://www.Fundacentro.gov.
br/biblioteca/biblioteca-digital/download/Publicacao/252/PPR_Portal-pdf. Acesso em:
20 jan. 2019.

64
UNIDADE 4

Qualidade de vida no trabalho


INTRODUÇÃO

As empresas precisam ser formadas por funcionários motivados para desempenhar


com eficiência suas funções, por isso a importância da qualidade de vida no trabalho –
QVT. Assim, para conseguir atender bem os clientes externos, é preciso atender bem o
cliente interno, para que sua satisfação no trabalho se reflita em alto desempenho.

É verdade que nem todas as dificuldades de produtividade das organizações nem todo
tipo de descontentamento dos funcionários, em qualquer condição, podem ser revertidos
por meio de programas que desenvolvam a QVT. No entanto, sua aplicação orienta,
sem dúvida, para melhores desempenhos e, consequentemente, para resultados mais
próximos das expectativas da empresa.

OBJETIVO

Nesta unidade, você será capaz de:

• Estudar como a qualidade de vida é implementada no ambiente organizacional


e as consequências para a empresa e para o trabalhador.

66
Conceitos, benefícios e ações que garantem
a QVT

Para que você compreenda os conceitos, os benefícios e as ações que garantem a QVT,
é importante que você entenda o seu contexto histórico.

Ao longo do século XX, a preocupação com as relações entre os indivíduos e suas


atividades profissionais cresceu em uma escala considerável. No início desse período, o
foco era quase que exclusivamente voltado para a produtividade, e as reivindicações dos
trabalhadores eram sistematicamente irrelevantes. O bom trabalhador era aquele que
possuía maior capacidade de produção.

Contudo, ainda na primeira metade do século XX, o comportamento individual passou a


ser alvo de interesse, chamando a atenção para os possíveis efeitos da realização pessoal
na atividade profissional. Os estudos impulsionados por essas preocupações, conhecidos
como teoria das relações humanas ou escola das relações humanas, abriram caminho
para o desenvolvimento da administração como ciência (FIDELIS, 2010).

A QVT teve sua origem na esfera privada, no ambiente empresarial, que vem se tornando
cada dia mais competitivo, progressivamente. Verifica-se que, em um cenário de competição
global, as pessoas, sobremaneira aquelas que dispõem de conhecimentos e habilidades,
ganham importância estratégica no projeto de desenvolvimento de vantagem competitiva
das corporações, de modo que a QVT tem sido, muitas vezes, utilizada para elevar o nível
de satisfação dos colaboradores a fim de que estes se comprometam, ainda mais, com os
processos e com os objetivos organizacionais (GARCIA, 2010 apud FORNO, 2015).

Segundo Forno (2015), o interesse do universo empresarial pela QVT data de mais de meio
século. Todavia, foi a partir da década de 1970 que a QVT passou a ser considerada com
maior atenção e a receber investimentos, principalmente nas grandes corporações, já que
se vivia a crise estrutural nos padrões de acumulação taylorista-fordista e novas alternativas
precisavam ser encontradas para a competição que se apresentava (FORNO, 2015).

67
Importante

Sobre o surgimento da QVT, é importante que você saiba o seguinte:

Em um período de 50 anos, tem-se duas visões distintas: inicial-


mente, a ênfase na produção, que foi seguida de uma preocupa-
ção com o bem-estar do profissional. Na segunda metade do sé-
culo XX, surgiu a ideia de conciliar essas duas visões. O objetivo
era, basicamente, associar uma boa produtividade à satisfação
do indivíduo com seu trabalho. Acreditava-se que um bom de-
sempenho poderia proporcionar satisfação ao profissional e, da
mesma forma, a satisfação faria o trabalhador aumentar sua pro-
dutividade. A partir da década de 1960, os movimentos reivindi-
catórios ganharam força em sua luta pela mudança das relações
trabalhistas e sociais. O sucesso da forma de gerenciamento ja-
ponês determinou a adoção desse modelo no Ocidente na déca-
da de 1970. Nessa década, surgiram, também, as primeiras apli-
cações sistemáticas, nas organizações, das noções de qualidade
de vida no trabalho. A partir dos anos 1980 até os dias atuais, a
modernização das organizações, a crescente automatização dos
meios de produção e as alterações políticas e econômicas que
aconteceram no cenário mundial consolidaram essas conquis-
tas e tornaram esse contexto cada vez mais dinâmico. (FIDELIS,
2010, p. 151)

De acordo com Walton (1975 apud FERNANDES, 1996 apud FIDELIS, 2010), há oito
critérios de avaliação da QVT. Vamos conhecer quais são esses critérios e indicadores?

1. Compensação justa e adequada – Esse grupo avalia a QVT pela remuneração recebida
pelo funcionário. A QVT é mensurada pelos seguintes indicadores:

• Remuneração adequada: é essencial para que o funcionário possa não só suprir


suas necessidades básicas, como também se desenvolver de acordo com os
padrões culturais de sua sociedade.

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• Equidade interna: sua remuneração deve ser compatível com a dos outros
profissionais que exercem a mesma função na empresa.
• Equidade externa: sua remuneração deve ser compatível com a de outros
profissionais que exercem, em outras empresas, funções semelhantes à sua.

2. Condições de trabalho – Para esse grupo, a QVT está diretamente relacionada com o
ambiente de trabalho, bem como com as condições oferecidas para o desenvolvimento
das atividades profissionais. Ainda segundo Fidelis (2010), são considerados os seguintes
indicadores:

• Jornada de trabalho: quantidade de horas trabalhadas, levando em conta a


legislação e a natureza das atividades exercidas.
• Carga de trabalho: volume de trabalho executado.
• Ambiente físico: organização, conforto, limpeza e adequação do local de trabalho.
• Material e equipamento: disponibilidade de equipamentos de segurança para o
desempenho da função.
• Ambiente saudável: segurança no local de trabalho em relação a acidentes e/ou
doenças.
• Estresse: probabilidade de o trabalho causar estresse no funcionário.

3. Uso e desenvolvimento das capacidades – Esse grupo mede a QVT pelas


oportunidades oferecidas ao funcionário para ele utilizar seu conhecimento e criatividade
no desempenho de sua função. Para isso, são levados em conta os seguintes aspectos:

• Autonomia: limites dentro dos quais é permitido ao funcionário planejar e exercer


suas funções profissionais com independência.
• Significado da tarefa: percepção, pelo funcionário, da importância, social e/ou
interna, de sua função.
• Identidade da tarefa: influência de sua atividade no resultado final do processo.
• Variedade de habilidades: diversificação de atividades, de maneira a proporcionar
a utilização de diferentes conhecimentos em sua execução.
• Retroinformação: informação disponibilizada ao funcionário sobre seu desempenho
e sobre o que se espera dele.

4. Oportunidade de crescimento e segurança – O objetivo desse grupo é a mensuração


da QVT de acordo com as oportunidades de crescimento profissional e desenvolvimento
pessoal. Os indicadores são:

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• Possibilidade de carreira: possibilidade de avanços, pelo funcionário, em sua
carreira, de forma a obter reconhecimento profissional.
• Crescimento pessoal: espaço para o desenvolvimento constante e, também, para
a aplicação dos conhecimentos adquiridos.
• Segurança de emprego: garantia de permanência em seu emprego.

5. Integração social na organização – Esse grupo avalia o nível de integração entre os


funcionários da empresa, considerando os seguintes critérios:

• Igualdade de oportunidades: ausência de regalias que privilegiem ou discriminem


determinado indivíduo ou grupo, assim como impedimentos para uma ascensão
profissional, motivados por raça, sexo, credo, origens, estilos de vida ou aparência.
• Relacionamento: um ambiente onde prevaleça a cooperação, o apoio mútuo e o
respeito às características individuais.
• Senso comunitário: senso de coletividade marcado, sobretudo, pela preocupação da
empresa com o bem-estar coletivo e com o convívio harmonioso entre os funcionários.

6. Constitucionalismo – Esse grupo considera o cumprimento dos direitos dos


funcionários pela empresa, de acordo com os critérios a seguir:

• Direitos trabalhistas: atendimento aos direitos legais previstos para o trabalhador.


• Privacidade: respeito à vida particular do funcionário e ao seu direito à privacidade.
• Liberdade de expressão: liberdade ao funcionário para poder expressar, de forma
sincera, suas opiniões, sem que isso lhe cause prejuízo de nenhuma natureza.
• Normas e rotinas: estabelecimento de normas e de rotinas viáveis para seu
cumprimento pelos funcionários.

7. Trabalho e espaço total de vida – Esse grupo visa mensurar a igualdade entre a
importância dispensada à vida pessoal e à profissional. Para isso, são medidos:

• Papel balanceado no trabalho: distribuição conveniente do tempo entre a jornada


de trabalho, exigências profissionais, lazer, convívio familiar etc.
• Horário de entrada e saída do trabalho: facilidade para o funcionário cumprir os
horários estipulados pela empresa para início e fim das atividades profissionais.

8. Relevância social da vida no trabalho – Esse grupo tem a finalidade de medir a


QVT por meio da avaliação da responsabilidade social da empresa e da importância e
qualidade dos serviços por ela prestados. Os critérios considerados são:

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• Imagem da empresa: conceito social alcançado pela empresa e a decorrente
satisfação do funcionário de fazer parte de seu quadro funcional.
• Responsabilidade social da empresa: consciência do funcionário da relevância do
papel social desempenhado pela empresa, evidenciado pelo auxílio que esta presta
à comunidade.
• Responsabilidade social pelos serviços e/ou produtos: relativa à consciência
do funcionário em relação à qualidade dos serviços oferecidos pela empresa à
comunidade.
• Responsabilidade social pelo funcionário: consciência, por parte do funcionário,
de que a empresa está disposta a valorizá-lo, bem como a reconhecer a importância
de seu trabalho.

NA PRÁTICA

Não são apenas as condições físicas de trabalho que importam. É preciso levar
em consideração que as condições sociais e psicológicas também influenciam
a qualidade e a produtividade, segundo Chiavenato (2006 apud FIDELIS, 2010).

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pelo professor sobre a QVT e os fatores que levam à perda desta.

71
O papel do RH

Segundo Lima et al. (2017), a gestão de pes-


soas é o conjunto de políticas e práticas que
serve para orientar o comportamento huma-
no e as relações interpessoais no ambiente
de trabalho. Para que as empresas sejam
consideradas competitivas, o setor de recur-
sos humanos deve promover capacitações e
manter a motivação dos colaboradores.

Funcionários bem geridos tendem a ter mais produtividade, o que aumenta o valor de
mercado da organização.

Um dos principais papéis da gestão de pessoas e do setor de recursos humanos é


atuar de forma estratégica, com foco na conciliação do rendimento, lucro e bem-estar
dos funcionários. Isso se dá a partir de campanhas de valorização interna, em que o
trabalhador passa a ter maior QVT, o que gera motivação e melhores resultados.

De acordo com Gil (2001), é preciso que os recursos humanos proporcionem capacitação
e motivação dos colaboradores. Equipes bem geridas apresentam maior produtividade, e
seu valor de mercado e crescimento são mais altos. Por sua vez, Silva (2012) menciona
que o principal interesse gerencial é motivar os funcionários a alcançar os objetivos
organizacionais de um modo eficaz.

Com a valorização interna, o colaborador


passa a ter uma maior qualidade de vida, mo-
tivação e resultados positivos. Nesse pensa-
mento é que o papel dos recursos humanos
é fundamental, pois é o órgão que tem as
características para efetuar essa motivação
junto aos colaboradores.

A QVT assimila duas posições antagônicas (CHIAVENATO, 2006 apud FIDELIS, 2010), as
quais você pode ver a seguir:

72
De um lado, a De outro, o interesse
reivindicação dos das organizações
empregados quanto quanto a seus efeitos
ao bem-estar e à potencializadores sobre
satisfação no trabalho. produtividade e qualidade.

Como as necessidades humanas variam conforme as pessoas e a cultura organizacional,


a QVT não é determinada apenas pelas características individuais (necessidades,
valores, expectativas) ou situacionais (estrutura organizacional, tecnologia, sistemas
de recompensas, políticas internas), mas, principalmente, pela atuação sistêmica das
características individuais e organizacionais (CHIAVENATO, 2006 apud FIDELIS, 2010).

É sabido que os trabalhadores são um dos


elementos fundamentais da organização,
especialmente quando o objetivo é realizar
a implantação dos programas de qualidade,
atingir metas e superar resultados propos-
tos. Porém, o descuido de alguns adminis-
tradores de empresas tem subestimado a
importância de uma estratégia e uma ação
direcionadas pelo monitoramento de ele-
mentos na gestão de recursos humanos.

Daí provém a gestão improvisada, com ações e medidas sem embasamento concreto
mensurável e implicações diretas sobre as metas de desempenho da empresa, que não
são atingidas, além do aumento do nível de insatisfação dos funcionários (CARDOSO;
BERVIQUE, 2015).

Muitas das estratégias equivocadas para implantar um programa de


QVT nas empresas consistem em tentativas imediatistas e, por isso, não
passam de modismos aplicados e sem resultados reais.

73
Em casos assim, são realizadas pesquisas, cujo resultado
frequentemente fica arquivado nas gavetas da direção, ocasionando
um processo inverso, ou seja, falta de motivação, descrença na política
da organização e insatisfação plena dos funcionários pela falta de ação
referente às respostas apresentadas. Isso causa ansiedade àqueles que
foram verdadeiros no momento das respostas. (FIDELIS, 2010, p. 139)

A QVT tem como base para a mensuração a motivação e a satisfação em todos os níveis
organizacionais. Para tanto, é extremamente necessária a participação dos funcionários
e da alta gestão. A área de recursos humanos deve estar comprometida para atuar com
projetos direcionados ao crescimento e à valorização do fator humano nas organizações
(CARDOSO; BERVIQUE, 2015).

Dica

Confira a seguir algumas dicas importantes para implementar um programa de


QVT em uma organização, segundo Forno (2015):

1. Executar permanentemente uma pesquisa dos fatores que podem prejudicar


a saúde dos funcionários.
2. Incluir os familiares dos funcionários nos planos de saúde oferecidos pela
empresa.
3. Oferecer, com o auxílio de nutricionista, dicas de saúde e alimentação
saudável.
4. Estabelecer parcerias com clubes e/ou academias para incentivar a prática
esportiva.
5. Promover o relaxamento no ambiente de trabalho. É fundamental que a
mente descanse.
6. Atentar para a postura dos trabalhadores. Muitas vezes, o cansaço físico
contínuo está diretamente relacionado com os móveis do ambiente de trabalho
ou com a poluição sonora ou visual.

A implantação de um programa de QVT deverá sempre partir dos gestores da organização,


porque os empregados não possuem autonomia para executá-lo. Por outro lado, é válido
informar que cada funcionário, particularmente, pode adotar algumas práticas que, da
mesma forma, tragam benefícios para que o ambiente de trabalho seja cada vez mais
saudável e agradável.

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MIDIATECA

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pelo professor sobre a importância da administração de programas de QVT
como parte de uma estratégia de gestão de pessoas.

75
Consequências da falta de QVT

Em um ambiente organizacional globalizado


e competitivo, obter resultados se torna
um desafio, o que exige do trabalhador
capacidade para suportar cobranças e viver
constantemente sob pressão.

Para as organizações, perceber a importância do ser humano é primordial, pois


capacidade de raciocínio, de criatividade e de solucionar problemas são características
humanas, e não de máquinas (CAVASSANI; CAVASSANI; BIAZIN, 2006 apud CARDOSO;
BERVIQUE, 2015). Zelar pelo bem-estar e segurança dos trabalhadores é obrigação
de toda organização que pretenda alcançar metas produtivas com qualidade e maior
satisfação na vida familiar e pessoal de seus colaboradores (CAVASSANI; CAVASSANI;
BIAZIN, 2006 apud CARDOSO; BERVIQUE, 2015).

A meta da QVT é conciliar os interesses do trabalhador com os interesses da organização,


melhorando, assim, o clima organizacional. Avaliar de forma sistemática a satisfação dos
profissionais e sondar a opinião interna é uma ferramenta importante de detecção de
fatores que intervêm na qualidade de vida e na organização do trabalho (CONTE, 2003
apud CARDOSO; BERVIQUE, 2015).

Em uma visão mais sistêmica do processo, a evolução da QVT traz consigo não
somente mais uma preocupação predominantemente voltada para a saúde e segurança
do trabalhador no ambiente de trabalho, mas também uma estratégia empresarial. Ou
seja, as ações empreendidas para a QVT ascendem de ações puramente operacionais
para comporem um rol de ações corporativas estratégicas, envolvendo a cultura
organizacional, o voluntariado, a cidadania e a responsabilidade social e com o meio
ambiente mais amplo.

É importante que você compreenda o seguinte:

76
Dimensão da condição
Dimensão socioeconômica Dimensão organizacional
humana no trabalho

Em uma dimensão orga-


nizacional, a QVT diz res-
peito principalmente às
questões relativas à saú-
Em uma dimensão so- de física e psicológica do
cioeconômica, a QVT é trabalhador, tais como: Em uma dimensão da
representada pelas mu- condição humana no tra-
danças na análise das • A valorização das pes- balho, a QTV pode ser en-
relações de trabalho, de- soas no trabalho. tendida pela concepção
correntes do processo de • A capacitação e qualida- biopsicossocial do ho-
globalização da econo- de pessoal. mem/trabalhador.
mia mundial. • O tempo livre.
• A motivação e o com-
prometimento.
• A imagem corporativa.
• A comunicação interna.

O papel do gestor

Para lidar com a evolução das perspectivas sobre QVT, é necessário promover altera-
ções no perfil do gestor devido à necessidade do desenvolvimento de habilidades mais
complexas, que vão além da gestão voltada para a qualidade, a produção, a comunica-
ção e as estratégias de negócios. O gestor da QVT precisa conhecer o lado humano da
organização, entender de pessoas, entender a importância do significado do trabalho,
dos treinamentos e projetos de educação para o trabalho, além das novas tecnologias e
todo o conhecimento sobre o mercado de trabalho no qual a organização está inserida.

Esse gestor de QVT deve dominar as novas competências gerenciais do gestor, apontan-
do para o que chama de “novas competências gerenciais”, necessárias para lidar com a
perspectiva atual nas organizações de trabalho, relacionada à melhoria das condições
de trabalho, à saúde física e psicológica dos trabalhadores e à responsabilidade social.
A representação dessa nova competência gerencial é caracterizada por conceitos — co-
nhecimento, técnicas/habilidades e estratégias ou atitudes — vistos em uma perspectiva
de interfaces, de diálogos com ambientes globalizados, de “integração comunitária, orga-
nizacional e da pessoa no trabalho” (TRIERWEILER; SILVA, 2007).

77
NA PRÁTICA

Com a crescente valorização da pessoa no trabalho e sua


qualidade de vida, parece ser papel do gestor investir, focar nos
recursos humanos, já que, segundo a autora, muitos ganhos
em produtividade na organização estarão relacionados à
capacitação deste gestor, ou seja, a capacidade de visualizar
que a QVT está intrinsecamente relacionada à produtividade.
Segundo a autora, é o gestor que propulsiona os valores de QVT
nas organizações. Neste sentido, a autora sugere a importância
da capacitação do gestor, da sua formação constante,
integrando-o com os avanços tecnológicos e modernização
das organizações de trabalho, aumentando a sua capacidade
de iniciativa e empreendedorismo. O gestor precisa ser capaz
de reconhecer o ‘componente psicossocial’ da organização e de
‘gerenciar o intelecto humano’, convertendo-o num produto, o
que, de acordo com a autora, passa a ser uma das habilidades
executivas fundamentais na era da QVT. (TRIERWEILER; SILVA,
2007, p. 185-186)

O trabalhador e a QVT

O ser humano passa a ser parte integrante das organizações; em vez de simples
executores de ordens, os funcionários passam a ser pensadores e planejadores de
projetos que envolvem a organização. Walton (1973 apud FERNANDES; GUTIERREZ,
1988 apud CARDOSO; BERVIQUE, 2015) propõe oito categorias conceituais de QVT:

(1) Compensação justa e adequada.


(2) Condições de trabalho seguras e saudáveis.
(3) Oportunidades imediatas para desenvolver e usar capacidades humanas.
(4) Oportunidades futuras para crescimento contínuo e garantia de emprego.
(5) Integração social na organização.
(6) Constitucionalismo na organização.

78
(7) Trabalho e espaço total na vida do indivíduo.
(8) Relevância social do trabalho.

Esses fatores são, de modo geral, intervenientes na QVT.

Programas relacionados à QVT precisam da colaboração de todos os envolvidos para


que sejam implementados, sendo que a cultura e a mentalidade da organização têm
papel fundamental nesse processo, podendo ser favoráveis ou um grande obstáculo
para que não ocorra essa implementação (CAVASSANI; CAVASSANI; BIAZIN, 2006 apud
CARDOSO; BERVIQUE, 2015).

Para extrair o melhor das pessoas, é necessário estabelecer padrões elevados, porém
razoáveis, no desenvolvimento de suas atividades. O trabalhador deve pagar o preço pelo
mau resultado, ou receber a recompensa pelo bom resultado. Um programa de QVT deve
atingir todos os níveis de comprometimento humano, pois a necessidade de tornar as
empresas competitivas requer a busca pela qualidade, que é condição de sobrevivência
no meio empresarial, sem esquecer que as pessoas são as “peças” mais importantes
das organizações. Essas ações elevarão o nível de qualidade da empresa e de qualidade
de vida do trabalhador (CARDOSO; BERVIQUE, 2015).

Um ambiente organizacional adequado se torna motivador para o


trabalhador e a motivação é a engrenagem que move a organização;
por isso, é necessário avaliar, constantemente, o clima organizacional,
e fazer intervenções rápidas e direcionadas aos problemas que surgem.

É preciso levar em conta que a busca por competitividade obriga as


empresas a se modernizarem e diante de tantas pressões as pessoas
nas empresas precisam estar mais fortes; e quando se oferece condições
favoráveis de trabalho, torna-se mais fácil minimizar os transtornos e
proporcionar qualidade de vida ao trabalhador. (CARDOSO; BERVIQUE,
2015, p. 4)

A QVT é um processo que, quando bem implementado, pode significar


um aumento na produtividade e na qualidade do trabalho, envolvendo
não apenas a organização, mas também o trabalhador e sua saúde física
e mental (CARDOSO; BERVIQUE, 2015).

79
MIDIATECA

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pelo professor sobre falhas no programa de qualidade de vida no ambiente de
trabalho.

NA PRÁTICA

Joana trabalha em um banco privado como bancária. Ao longo do mês de outu-


bro, foi convidada a substituir um colega que sairia de férias, o que teoricamen-
te teria um lado positivo, pelas horas extras que trabalharia, aumentando seu
rendimento ao final do mês. A grande produtividade de Joana chamou atenção
do seu gestor, que, um mês após o retorno do outro funcionário, decidiu pela
sua demissão e acúmulo de função pela Joana. No mês de dezembro, Joana
foi diagnosticada com depressão, o que gerou seu afastamento da empresa
por 15 dias inicialmente.

Em relação à QVT, como podemos analisar esse caso apresentado? Fatos


como esse são comuns. O afastamento de um funcionário afeta a produtivi-
dade da equipe e, consequentemente, o bom funcionamento da empresa. Em
suma, a crise de muitas empresas está em negligenciar a qualidade de vida no
ambiente de trabalho.

80
Resumo da Unidade 4

A QVT engloba diversas propostas de ação, tais como: a presença de cuidados médicos,
ações voluntárias, lazer, programas de motivação, tempo disponível, entre outros. A
discussão do significado e importância da QVT gira em torno das condições de vida e
bem-estar das pessoas e seus grupos. Em uma realidade em que as empresas buscam
diferenciação e o mercado está cada vez mais competitivo, as organizações bem-
sucedidas são aquelas em que os objetivos organizacionais andam paralelos aos objetivos
individuais. Uma das grandes preocupações da gestão de pessoas nas organizações é
identificar os melhores funcionários; para isso, tendem a ofertar condições de trabalho
diferenciadas que resultam na qualidade de vida dos funcionários.

As empresas que tratam seus colaboradores como parceiros conseguem uma posição
de destaque no mercado atual.

CONCEITO

Nesta unidade, o conceito mais importante que foca todo o conteúdo é a quali-
dade de vida no ambiente de trabalho. Esse conceito visa estabelecer parâme-
tros que permitam ao trabalhador manter sua produtividade sem colocar em
risco sua saúde em virtude de excessos de carga de trabalho, estresse, más
relações interpessoais etc.

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Referências

CARDOSO, S. R.; BERVIQUE, J. A. Qualidade de vida no trabalho: o desafio das organi-


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FIDELIS, J. Qualidade de vida no trabalho. Curitiba: Aymará, 2010.

FORNO, C. D. Qualidade de vida no trabalho: conceito, histórico e relevância para a gestão


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Disponível em: https://periodicos.utfpr.edu.br/rbqv/article/view/3015/2089. Acesso em:
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GIL, A. C. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas, 2001.

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em: 27 jan. 2019.

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