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Doa Conceitos (1)
Doa Conceitos (1)
Administração pública
Interesse público
É constituída por autoridades criadas por lei para prosseguirem interesses estaduais,
não tendo em alguns casos de personalidade jurídica própria, mas dispondo de
poderes regulatórios intensos.
O que caracteriza este subnível de administração estadual é o facto de não
responderem os seus órgãos dirigentes perante o Governo, pela sua atividade e pelo
exercício dos seus poderes, não estando sujeitos a ordens ou instruções de qualquer
instância superior, nem a poderes de mera orientação ou controlo do Governo.
Administração autónoma
É aquela que prossegue interesses públicos próprios das pessoas que a constituem e
por isso se dirige a si mesma, definindo com independência a orientação das suas
atividades, sem sujeição a hierarquia ou superintendência do Governo. O único poder
que constitucionalmente o Governo pode exercer sobre esta é o poder de tutela. São
exemplos de administração autónoma as associações públicas, as autarquias locais e as
Regiões autónomas dos Açores e da Madeira.
Territorial: é formada por entes autónomos com uma base geográfica que coincide
com determinada parcela do território do Estado. É o caso das autarquias locais e das
Regiões Autónomas. São pessoas coletivas que têm por substrato um conjunto de
pessoas que, por habitarem numa determinada área contígua têm entre si laços de
vizinhança geradores de interesses comuns múltiplos e que se autoadministram,
elegendo os titulares dos órgãos de topo dos respetivos entes.
Autarquias locais
Poder de superintendência
Poder de tutela
Tutela anulatória: é o poder que o órgão tutelante tem de aplicar sanções ao órgão
tutelado, dentro dos limites da lei. É aceite entre nós, em regra, após a tutela
inspetiva.
Tutela revogatória: é o poder que o órgão tutelante tem de revogar os atos praticados
pelo órgão tutelado, uma vez que a revogação tem por base critérios de mérito, esta
espécie de tutela não é aceite no nosso ordenamento jurídico.
Desconcentração personalizada
Descentralização
As pessoas coletivas públicas existem para prosseguir determinados fins, aos quais
chamamos de atribuições, que são os fins ou interesses públicos que a lei incumbe as
pessoas coletivas de prosseguir e realizar. Para esse efeito, as pessoas coletivas
dispõem de órgãos que detêm poderes funcionais, poderes esses que se designam de
competências.
Assim, as competências são o conjunto de poderes funcionais que a lei confere aos
órgãos administrativos da pessoa coletiva pública em que estão inseridos, enquanto as
atribuições são os fins ou interesses que a lei incumbe as pessoas coletivas de realizar.
No caso de os órgãos da administração praticarem atos estranhos às atribuições das
pessoas coletivas públicas os atos são nulos (artigo 161º/2/b CPA). Caso pratiquem
atos fora da competência do órgão que os deve praticar os atos são anuláveis (artigo
163º/1 CPA).
Segundo este princípio a administração pública só pode atuar quando a lei o permitir,
segundo uma lei habilitante. O princípio da legalidade da administração no que
respeita à atividade da administração de gestão pública desdobra-se em três
subprincípios, o princípio do primado de lei, da precedência de lei e da reserva de lei.
Segundo o princípio do primado da lei, não pode a atividade da administração
contrariar a lei, e, no caso de existir contrariedade entre o ato administrativo e a lei,
prevalece esta, com a consequente invalidade do ato, regulamento ou contrato
administrativo que a contrarie.
Segundo o princípio da precedência de lei o poder administrativo tem de estar fixado
previamente na lei em matéria de normas, competências e fins, ou seja, os entes
públicos só podem atuar quando a lei o permite e é necessário. A atividade da
administração tem de ser conforme à lei, não bastando não a contrariar, como afirma
o artigo 3º CPA, quando diz “dentro dos limites dos poderes conferidos e em
conformidade com o fim”.
Segundo o princípio de reserva de lei exige-se que nas matérias cuja regulação a
Constituição reserve à lei não pode o próprio legislador atribuir à administração.
Função administrativa e função política
A função política corresponde à prática de atos que exprimem as grandes opções sobre
a definição e prossecução dos interesses essenciais da coletividade.
Quanto ao fim, a finalidade da administração política é a definição dos interesses
gerais da comunidade, enquanto a finalidade da função administrativa é a realização,
em concreto, desses mesmos interesses.
Quanto ao objeto, constituem objeto da função política as prioridades a fixar para um
determinado país, em contrapartida, o objeto da função administrativa traduz-se na
satisfação regular e contínua das necessidades coletivas.
Por fim, quanto à natureza, a função política é criadora e plenamente inovadora,
sendo, portanto, uma função livre e uma função primária. Já a função administrativa é
uma função com natureza executiva e condicionada à lei, sendo, desse modo, uma
função secundária.
A função judicial é a que corre mais risco de se confundir com a função administrativa,
uma vez que são ambas funções derivadas ou secundárias, subordinadas ao direito.
Trata-se de duas funções secundárias, uma vez que se traduzem na execução da lei. A
função jurisdicional visa aplicar o direito aos casos concretos dependendo os direitos e
os interesses legalmente protegidos dos particulares. Já a função administrativa visa
prosseguir interesses públicos relativos à coletividade.
Por outro lado, a função judicial tem uma atividade essencialmente jurídica de
interpretação e aplicação do direito a conflitos concretos. Em contrapartida, a função
administrativa, embora também tenha essa função de atividade jurídica, vai mais longe
realizando também operações materiais no âmbito da prossecução do interesse
público.
A função judicial apresenta como características a sua independência, uma vez que os
seus órgãos, os tribunais, são órgãos soberanos do Estado independentes dos outros
órgãos; passividade, o que significa que os Tribunais não andam à procura dos
conflitos, tendo de ser os particulares a se dirigir aos Tribunais; e a sua imparcialidade.
Por outro lado, a função administrativa, caracteriza-se pela sua dependência; iniciativa,
uma vez que sempre que surge um interesse público a acautelar a administração
pública vai atuar; e a sua parcialidade, pois está sempre do lado do interesse público.
Delegação de poderes
Espécies de delegação
Ampla ou restrita, conforme o delegante resolva delegar uma grande parte dos seus
poderes ou apenas uma pequena parcela deles.
Quanto ao objeto pode ser específica e genérica. É específica quando abrange a prática
de um ato isolado, sendo que uma vez praticado o ato delegado a delegação caduca.
É genérica quando abrange a prática de uma pluralidade de atos, sendo que uma vez
praticado o ato delegado, o delegado continua indefinidamente a dispor da
competência, a qual exercerá sempre que tal se torne necessário.
Requisitos
Devolução de poderes
Juízos de prognose: estes juízos têm base num raciocínio de uma probabilidade de que
venha a acontecer um determinado facto ou um determinado efeito, procedendo a
administração desde logo a uma atuação tendente a afastar a ocorrência de tal facto
ou efeito, conferindo a lei à administração o direito de atuar previamente.
Vinculação e discricionariedade
Sistema francês ou executivo: este modelo caracteriza-se por uma forte centralização
do poder, o que significa que é o Estado quem, maioritariamente exerce a atividade
administrativa. No que respeita a força jurídica das decisões administrativas, neste
modelo as decisões administrativas têm força jurídica própria, podendo ser executadas
pela administração, independentemente do recurso a um Tribunal. Ao contrário do
sistema britânico, neste sistema já há a presença de direito administrativo.