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SP 1.

Termos desconhecidos

 Capurro;
 Dum (Data da última menstruação);
 Plano terapêutico singular.

Problema do problema

 Não teve companhia paterna durante o crescimento;


 Nunca utilizou a caderneta da criança;
 “Leite fraco”;
 Foi amamentando apenas até os 2 meses;
 Substitui a amamentação por leite de vaca e amido de milho, a partir dos 2
meses;
 Não levaram ele nas consultas programadas;
 Apenas levaram ele nas campanhas de vacinação;
 Irritado;
 Apático;
 Acordava muito durante a noite;
 Tinha resfriados frequentes;
 Não falava e nem andava após um ano e seis meses do seu primeiro
aniversário;
 Desnutrido (-2 escore Z) - Alimentação balanceada, suplementação vitamínica,
estímulos à criança a brincar e retorno periódico.

Hipóteses

 A condição social da mãe e a ausência do pai atrapalhou o tempo de


amamentação;
 A alimentação inadequada e a falta de acompanhamento podem ter causado a
desnutrição, imunidade reduzida por conta da desnutrição (resfriados
frequentes) e um atraso no desenvolvimento que poderia ser diagnosticado
com o comparecimento às consultas programadas;
 Não foi realizado o acompanhamento das consultas programadas.
Questões de aprendizado

1. Como ocorre a determinação da idade gestacional? Defina o que é “capurro” e


cite outros métodos.

A Idade Gestacional é baseada num ciclo menstrual ideal (ovulação/fertilização no


14°dia e com mais duas semanas que a idade embriológica). A implantação do
blastocisto ocorre no fim da primeira semana após a fertilização (fim da terceira
semana de amenorreia).

Métodos para calcular a IG

1. História clínica:
 Tempo de amenorreia (DUM);
 Testes urinário e sérico da beta-HCG;
 Doseamentos hormonais (determinação da ovulação);
 Aumento da temperatura basal (determinação da ovulação);
 Início da percepção materna dos movimentos fetais.
2. Exame físico:
 Tamanho do útero;
 Altura uterina;
 Início da ausculta dos ruídos cardíacos fetais.
3. Ultrassonografia
 USG-biometria fetal;
 Aparência radiológica/ecográfica das epífises fetais.
4. Dados pós-natais:
 Parâmetros antropométricos neonatais.
MATIAS, Alexandra; TIAGO, Pedro; MONTENEGRO, Nuno. Cálculo da idade gestacional. Métodos e problemas. Acta medica
portuguesa, v. 15, n. 1, p. 17-21, 2002.

5. Capurro:
 Tabela onde são analisados caracteres físicos e neurológicos – avaliação
somática e somática-neurológica;
 Baseia-se em 5 parâmetros físicos: textura da pele, formação da orelha,
glândula mamária, pregas plantares e formação do mamilo.
DA POIAN, Vera Regina Lopes et al. Avaliação da idade gestacional do Recém-Nascido (RN), pelo método de Capurro,
por enfermeiros e médicos que atuam na Unidade de Neonatologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, UIN-
HCPA. Revista gaúcha de enfermagem. Porto Alegre. Vol. 5, n. 2 (jul. 1984), p. 287-298, 1984.

2. O que é “Plano terapêutico singular”?

Movimento de coprodução e de cogestão do cuidado entre os envolvidos. É um


instrumento voltado às pessoas em situação de vulnerabilidade, entendida como a
capacidade dos sujeitos de se protegerem de um agravo, constrangimento,
adoecimento ou situação de risco. O processo do adoecimento envolve, além das
inúmeras variáveis, a relação entre elas. O tratamento, o cuidado e o acompanhamento
de cada pessoa devem ser feitos de forma singular, construídos a partir de uma
resposta igualmente complexa e diversificada.
DA SILVA, Ariná Islaine et al. Projeto terapêutico singular para profissionais da estratégia de saúde da família. Cogitare
Enfermagem, v. 21, n. 3, 2016.

3. Como a desnutrição afeta o desenvolvimento da criança? Quais os tipos de


desnutrição infantil e explique os mecanismos fisiológicos para cada tipo dela.
Cite as consequências da oferta de alimentos inadequados.

Desnutrição x Desenvolvimento

Desenvolvimento de uma criança = fatores sociais + culturais + características


biológicas.

Desnutrição – principal responsável pelo atraso do desenvolvimento motor e retardo


de crescimento. O organismo de uma criança desnutrida promove uma diminuição da
atividade perceptível – lança mão de mecanismos de adaptação, com a finalidade de
promover um balanço energético. Uma criança que tem a fome não saciada pode
perder a motivação para explorar o ambiente – atraso na aquisição de certas
habilidades cognitivas.

Consequências mais comuns:

 Retardo mental e de crescimento;


 Atraso do neurodesenvolvimento;
 Baixa capacidade para resolução de problemas;
 Recorrência de infecções;
 Olhos encovados;
 Glândulas (sudoríparas, salivares e lacrimais) atrofiadas;
 Danos cerebrais – aprendizado deficiente e insuficiência na organização das
atividades neuromotoras.
 Intelecto prejudicado – comprometimento em áreas do desenvolvimento
neuropsicomotor;
 Áreas da coordenação visiomotora, a memória e a linguagem são mais afetadas
– prejudica rendimento escolar.

Tipos de desnutrição infantil

 Kwashiorkor: ocorre quando a carência de proteína é maior que a diminuição


total das calorias. Mais grave que o marasmo. Causa – despigmentação do
cabelo (perda global ou alternada da cor dos cabelos e perda da fixação deles
ao couro cabeludo) e da pele (lesões cutâneas com áreas de descamação, hiper
e hipopigmentação) e edema nutricional (causado pela hipoalbunemia).
Tendem a desenvolver deficiência na imunidade e infecções secundárias;
 Marasmo nutricional: é grave e marcado por situação de extremo
enfraquecimento do corpo. Causa – retardo de crescimento e perda de massa
muscular (gordura subcutânea e as proteínas musculares são usadas como
forma de energia – os músculos se tornam muito finos, a cabeça parece grande
demais em relação ao resto do corpo). Presença de anemia e deficiência de
múltiplas vitaminas. Infecções simultâneas decorrentes da imunodeficiência;
 Kwashiorkor-marasmático: forma de apresentação mista da desnutrição
energética-proteica (DEP) grave, trazendo características das duas formas
clínicas.
FRAGA, Jeovane Alberto Alves; DA SILVA VARELA, Danielle Santiago. A relação entre a desnutrição e o
desenvolvimento infantil. Revista da Associação Brasileira de Nutrição-RASBRAN, n. 1, p. 59-62, 2012.

Oferta de alimentos inadequados

O consumo precoce e continuado de alimentos inadequados leva ao incremento de


doenças crônicas não transmissíveis (diabetes, hipertensão, colesterol alto,
dislipidemia, síndrome metabólica, câncer, entre tantas outras). Anemia ou sobrecarga
da função renal, levando a uma lesão também são consequências presentes.

4. Quais os alimentos adequados para a primeira infância?

Organização Mundial de Saúde – aos sete meses de idade, deve-se iniciar a introdução
de alimentos complementares apropriados – ricos em energia e nutrientes (ferro,
cálcio, zinco, vitamina A e C e ácido fólico), livres de contaminação microbiana ou
química. Quantidade e consistência própria para a idade da criança e sem excessos de
sal e condimentos.

Frutas, verduras e legumes devem ser consumidos diariamente e a alimentação deve


ser variada.

Devem ser evitados: açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos,
guloseimas, sal em excesso, alimentos muito condimentados. Sopas e preparações
diluídas e o uso da mamadeira.
LIMA, Daniela Braga et al. Alimentação na primeira infância no Brasil. Revista de APS, v. 15, n. 3, 2012.

5. Qual o período ideal da amamentação? Qual a importância da alimentação da


criança exclusivamente com a amamentação?
Período ideal da amamentação:

O aleitamento materno exclusivo é recomendado por um período de seis meses,


posteriormente, a criança deve receber alimentos complementares, estendendo a
amamentação por pelo menos dois anos
VAUCHER, Ana Luisa Issler; DURMAN, Solânia. Amamentação: crenças e mitos. Revista Eletrônica de Enfermagem,
v. 7, n. 2, 2005.

Importância:

 Escore maior para o desenvolvimento cognitivo;


 Proteção contra morbidades como diarreias, infecções respiratórias e alergias
alimentares;
 Diminuição da mortalidade infantil;
 Prevenção de doenças crônicas (diabetes e doença de Crohn);
 Promoção de melhor crescimento;
 Aprimoramento do vínculo mãe-filho;
 Ausência de sobrecarga renal de solutos;
 Melhor biodisponibilidade e digestibilidade de nutrientes;
 Melhor aceitação de novos alimentos no desmame (pela exposição a odores e
sabores diferentes);
LIMA, Daniela Braga et al. Alimentação na primeira infância no Brasil. Revista de APS, v. 15, n. 3, 2012.

6. Quais as características (aspectos físicos e químicos) do leite materno e suas


possíveis variações de acordo com o desenvolvimento da criança?

O leite materno é rico em vitaminas e minerais, carboidratos, ferro, gorduras,


hormônios, enzimas e anticorpos, que atuam contra microrganismos e agentes
infecciosos, garantindo proteção à criança. Entre seus nutrientes também estão as
proteínas (lactoalbumina).

No início de uma mamada o leite apresenta-se mais líquido e ao longo do processo de


amamentação, ele se torna mais grosso – no início o leite tem o objetivo de hidratar o
bebê, engrossando aos poucos e à medida que a composição aumenta em relação à
gordura.
7. Quais as dificuldades da amamentação?
 Falta de experiência prévia;
 Contato pele a pele;
 Uso de chupeta;
 Tipo de mamilo da puérpera;
 Lesão mamilar e ingurgitamento mamário – posicionamento incorreto do RN no
seio materno;
 Intervalo de tempo entre as mamadas;
 Percepção materna da quantidade de leite produzido e consistência das mamas
antes e após as mamadas - percepção de baixa produção láctea, mamas flácidas
antes das mamadas;
 Vazamento de leite;
 Falta de facilidade de extração manual do leite;
 Posição materna e da criança;
 Preensão, sucção e deglutição da criança durante a mamada – dificulta o
esvaziamento da mama e levar à diminuição da produção láctea.
CARREIRO, Juliana de Almeida et al. Dificuldades relacionadas ao aleitamento materno: análise de um serviço
especializado em amamentação. Acta Paulista de Enfermagem, v. 31, p. 430-438, 2018.

8. Diferencie crescimento de desenvolvimento.

Crescimento: refere-se essencialmente às transformações quantitativas;

Desenvolvimento: engloba simultaneamente tanto as transformações quantitativas


quanto as qualitativas e é resultante de aspectos associados ao próprio processo de
crescimento físico, à maturação biológica e às experiências.
GUEDES, Dartagnan Pinto. Crescimento e desenvolvimento aplicado à educação física e ao esporte. Revista
Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 25, p. 127-140, 2011.
9. Quais os marcos do desenvolvimento da primeira infância?
 Motor: O primeiro momento importante é o controle da cabeça (até aos três
meses de idade). O rolar e se sentar (até aos seis meses). Aos seis meses já
deve iniciar a fase do engatinhar e a partir dos 12 meses de o processo de
caminhar;
 Psicossocial: suas características podem ser desenvolvidas de forma inata ou
pelo ambiente em que vivem – construção da personalidade e de seu
temperamento;
 Cognitivo: ao momento que a criança passar por um ambiente mais rico em
estímulos, mais produtiva poderá se tornar;
 Linguagem:

SIMÃO, Andriely Kariny. A importância da primeira infância no desenvolvimento do ser humano. 2021.

10. Como é avaliado o desenvolvimento da criança de acordo suas fases? (quais


técnicas e instrumentos utilizados)
 Teste de Gesell: programa de testes para avaliar o comportamento da criança
durante o desenvolvimento e assim realizar o exame diagnóstico de seus
desvios;
 Escala de Desenvolvimento Infantil de Bayley: é uma avaliação padronizada das
habilidades mentais e motoras de crianças entre dois meses e três anos de
idade;
 Exame neurológico do Bebê a Termo: identificar sinais neurológicos anormais
no período neonatal. Foi o primeiro a utilizar os cinco estados comportamentais
(sono quieto, sono ativo, despertar quieto, despertar ativo e choro). Deve ser
utilizado em bebês a termo (38 a 42 semanas de idade gestacional), e de
preferência após o 3 o dia de vida;
 Teste de Denver: triagem de população assintomática, pois permite fácil
treinamento e rápida administração. Objetivo de direcionar o cuidado dos
adultos para as crianças com riscos e não de diagnosticar atrasos no
desenvolvimento;
 Teste de Triagem Sobre o Desenvolvimento: O objetivo do teste é avaliar o nível
funcional da criança e detectar precocemente algum atraso ou déficit
neuromotor. Esse exame de triagem avalia o desenvolvimento motor desde o
nascimento até 24 meses;
 Gráfico do Desenvolvimento Motor: Quatro grids foram criados para detalhar as
mudanças do desenvolvimento a respeito de: movimentos da cabeça e do
tronco, postura sentada, postura bípede e locomoção. Objetivos principais:
obter o percentual de crianças que adquirem certos comportamentos; avaliar
não só o desenvolvimento de acordo com a idade, mas o grau de aceleração ou
retardo; obter um gráfico final da representação total da avaliação nas áreas
analisadas; e identificar diferenças entre desenvolvimento motor e físico;
 Inventário Portage Operacionalizado: guia de descrição de comportamentos de
crianças de 0 a 6 anos de idade;
 Escala de Avaliação do Comportamento do Neonato (NBAS): instrumento de
análise do comportamento neuromotor, desenvolvido para distinguir diferenças
individuais entre bebês sadios, especialmente as relacionadas ao
comportamento social interativo (capacidade interativa, comportamento motor,
organização do estado comportamental e organização fisiológica) e 18 itens de
reflexos, delineando, ainda, o estado comportamental da criança;
 Avaliação dos Movimentos da Criança (MAI): Apresenta como objetivos
identificar o lactente com risco de sofrimento e/ou lesão do sistema nervoso
central e monitorar as alterações do bebê após a realização de intervenções,
possibilitando descrever seus efeitos;
 Avaliação Neurológica de Bebês Prematuros e a Termo: É uma avaliação
neurológica e neurocomportamental. Detectar precocemente anormalidades
neurológicas;
 Escala PDMS: Objetivos – identificar lactentes com atraso no desenvolvimento
motor e suas necessidades; avaliar o desenvolvimento motor ao longo do
tempo ou em resposta a intervenção, bem como identificar os objetivos
motores e as estratégias de intervenção;
 Avaliação Neurológica do Recém-nascido e do Bebê: objetivos de avaliar o
comportamento neuromotor de bebês a termo e descrever padrões de
desenvolvimento a partir da 28o semana de gestação até o final do primeiro
ano de vida;
 Medida de Função Motora Ampla (GMFM): avaliar a função motora ou o ponto
máximo de desenvolvimento motor que a criança é capaz de atingir;
 Test of Infant Motor Performance (TIMP): é um teste de função motora do
comportamento usado por profissionais da saúde que trabalham na
intervenção precoce de bebês;
 Escala Motora Infantil de Alberta (AIMS): avaliar o desenvolvimento motor
amplo ao longo do tempo dos recém-nascidos a termo e dos pré-termos de 0 a
18 meses de idade, identificando assim os bebês cujo desempenho motor
esteja atrasado ou anormal em relação ao grupo normativo;
 Avaliação Neurocomportamental do Bebê Prétermo: destina-se a avaliar a
maturidade e o comportamento do bebê com idade gestacional de 32 a 40
semanas 67.
VIEIRA, Martina Estevam Brom; RIBEIRO, Fabiane V.; FORMIGA, C. K. M. R. Principais instrumentos de
avaliação de desenvolvimento da criança de zero a dois anos de idade. Revista Movimenta, v. 2, n. 1, 2009.

11. Como a condição socioeconômica pode influenciar no desenvolvimento da


criança?

Afetam o estado nutricional da criança – oferta inadequada de nutrientes (anemia por


deficiência de ferro. A carência materna de ferro durante o período gestacional pode
comprometer o desenvolvimento do cérebro do recém-nascido – diminuição da
capacidade cognitiva, aprendizagem, concentração, memorização e alteração do
estado emocional);

Diminuem as possibilidades de oportunizar estímulos à criança (não ter acesso a


brinquedos).
Fiocruz

12. Quando devem ser realizadas as consultas de puericultura e qual a sua


importância?

Importância: conjunto de ações, que visam promover atenção integral ao crescimento


e desenvolvimento infantil. Realizando promoção e prevenção de sua saúde, para que
a criança atinja a vida adulta sem influências desfavoráveis da infância.

Frequência:

 até o 6º mês de vida: consultas mensais;


 6º ao 12º mês de vida: consultas trimestrais;
 12º ao 24º mês de vida: consultas semestrais;
 3º ao 19º ano de vida: consultas anuais.
DA SILVA, Dilcelene Menezes; DA SILVA, Janine Gusmão Varnou; FIGUEIREDO, César Alexandre Rodrigues.
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM PUERICULTURA. Saber Científico (1982-792X), v. 6, n. 1, p. 48-60, 2021.

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