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Introdução:

A eletroencefalografia (EEG) é uma técnica amplamente utilizada na neurofisiologia para


registrar a atividade elétrica do cérebro humano. É uma ferramenta essencial na área da
neurociência, permitindo o estudo das características elétricas do cérebro e fornecendo
insights sobre a função cerebral e os processos cognitivos.
O princípio básico da EEG é registrar a atividade elétrica do cérebro por meio da colocação
de eletrodos na superfície do couro cabeludo. Esses eletrodos captam os sinais elétricos
gerados pelas células nervosas do cérebro, que são amplificados e registrados em um
gráfico conhecido como eletroencefalograma
O EEG é uma técnica não invasiva que permite medir a atividade elétrica cerebral em
diferentes condições e estados mentais. Essa técnica tem sido amplamente utilizada tanto
em pesquisas científicas quanto em aplicações clínicas. (Niedermeyer, 2005).

Através da análise da EEG, é possível identificar diferentes padrões de ondas cerebrais,


como as ondas alfa, beta, delta e teta, que estão relacionadas a diferentes estados mentais
e níveis de atividade cerebral. Destacando que esses padrões de ondas cerebrais fornecem
informações valiosas sobre a função cerebral em diferentes situações, como relaxamento,
concentração, sono profundo e sonhos.(Buzsáki, 2006)

Além disso, a EEG também é utilizada em procedimentos clínicos, como a monitorização do


estado de consciência durante a anestesia, a detecção de atividade epiléptica e a avaliação
de distúrbios do sono (Niedermeyer, 2005).

A EEG tem sido fundamental para a compreensão dos mecanismos neurais subjacentes a
esses distúrbios e para o desenvolvimento de tratamentos eficazes. (Steriade, McCormick e
Sejnowski, 1993)

1. Niedermeyer E, da Silva FL. Electroencephalography: Basic Principles, Clinical


Applications, and Related Fields. Lippincott Williams & Wilkins; 2005.

2. Steriade M, McCormick DA, Sejnowski TJ. Thalamocortical oscillations in the sleeping


and aroused brain. Science. 1993;262(5134):679-685.

3. Buzsáki G. Rhythms of the Brain. Oxford University Press; 2006

Desenvolvimento:

O EEG é uma técnica usada para analisar as atividades elétricas do cérebro. Ela opera
detectando sinais elétricos na superfície do couro cabeludo sem a necessidade de inserir
agulhas ou dispositivos na pele, ou seja, de forma não invasiva. Esses sinais são
registrados para acompanhar as atividades elétricas do córtex cerebral, com amplitude
baixa. Para realizar o EEG, é preciso um sistema que inclua eletrodos, amplificadores com
filtros apropriados, um equipamento para coleta de dados e um sistema para processar os
sinais. (CAPERELLI, B. T. Projeto de desenvolvimento de um Sistema multicanal de
biotelemetria para detecção de sinais ECG, EEG e EMG. 2007. Dissertação (Mestre em
Ciências) – Universidade Federal De Uberlândia, Uberlândia. CARVALHO, L. C.
Instrumentação Médico Hospitalar. Barueri: Manole, SP. 2008. PEREIRA, M. C. M.
Avaliação De Técnicas de Pré Processamento De Sinais Do EEG Para Detecção De
Eventos Epileptogênicos Utilizando Redes Neurais Artificiais. 2003. Dissertação (Doutorado
em Engenharia Elétrica) – Universidade Federal De Santa Catarina, Florianópolis)

O registro contínuo da atividade elétrica na superfície do cérebro, conhecido como EEG, é


influenciado pelo estado de vigília, sono e por condições como epilepsia. A intensidade
elétrica das ondas pode estar entre 0 e 200 mV, ao passo que sua frequência varia de 1 a
50 Hz[1]. As ondas cerebrais são agrupadas de acordo com a sua frequência, denominadas
alfa, beta, teta e delta. (TAFNER, Malcon Anderson. Estagiamento Automático do Sono
Utilizando um Canal de EEG e uma Rede Neural Artificial com Alta Representação Cortical.)

Entendendo o caminho do neurônio até o eletrodo:

Vários potenciais pós-sinápticos compõem esse sinal, gerando uma voltagem extracelular
próxima aos neurônios pós-sinápticos. Isso acontece porque a entrada de íons na célula
torna essa região externa mais negativa (ou positiva) do que outras regiões próximas deste
neurônio. Quando esses íons deixam a célula na outra extremidade do neurônio, ocorre
uma concentração de suas cargas na região extracelular mais próxima àquela extremidade.
O fenômeno em que a concentração de cargas opostas ocorre em regiões distantes da
mesma célula é chamado dipolo. Os dipolos se formam em todos os neurônios e, quando
ocorrem ao mesmo tempo em centenas, milhares ou até mesmo milhões de neurônios
próximos, o EEG pode facilmente acompanhar a atividade rítmica desses grupos de
neurônios. (Manual do Técnico em EEG Por Lisiane Seguti Ferreira, Fabio Viegas Caixeta,
André Gustavo Fonseca Ferreira, Paulo Emidio Lobão Cunha)

Importância da Interpretação do EEG na Prática Clínica: Considerações e Aplicações:

O papel crucial da interpretação do EEG (eletroencefalograma) é evidente na prática clínica,


particularmente em condições neurológicas como epilepsia, demência, lesões encefálicas
neonatais, status epilepticus não-convulsivos, encefalopatias metabólicas e comas. Neste
trabalho, é abordada a importância de compreender os aspectos práticos do EEG para
evitar conclusões erradas e realçar sua relevância diagnóstica e prognóstica em várias
condições.

Compreender alguns aspectos práticos na rotina da interpretação do EEG é essencial para


evitar conclusões equivocadas. No caso de epilepsia, é crucial usar as montagens
corretamente para interpretar com precisão o traçado, já que o EEG é fundamental para
diagnosticar as síndromes. Em demências, é frequente observar diferentes padrões no
EEG, porém sem descobertas patognomônicas. Distinguir variantes benignas de
anormalidades verdadeiras é importante. A presença de atividade epileptiforme no EEG,
sem história de epilepsia, além disso, não justifica o tratamento.

O EEG é um exame fundamental para o diagnóstico e previsão de evolução das lesões


cerebrais em recém-nascidos. O EEG tem um papel fundamental nos diagnósticos
diferenciais de status epilepticus não-convulsivos. No caso das encefalopatias metabólicas,
é possível avaliar o grau da encefalopatia por meio do EEG. O EEG pode ser útil para
determinar o prognóstico e confirmar o diagnóstico de morte encefálica em pacientes em
coma. É importante destacar que o mapeamento cerebral, um exame feito depois da
interpretação do EEG digital, não é considerado uma prática comum.

A habilidade crucial na prática clínica neurológica é a interpretação do EEG. É fundamental


conhecer os aspectos práticos do EEG a fim de evitar conclusões errôneas e assegurar um
diagnóstico preciso, bem como manejar adequadamente condições neurológicas. O EEG
desempenha um papel central, fornecendo insights valiosos para o tratamento e prognóstico
dos pacientes desde o diagnóstico da epilepsia até a avaliação de lesões encefálicas
neonatais e encefalopatias metabólicas. (SILVA, D.F. & LIMA, M.M. – Aspectos Gerais e
Práticos do EEG Rev. Neurociências 6(3): 137-146, 1998)

Conclusão:

Para concluir, o EEG tornou-se essencial para diagnosticar doenças cerebrais e


psiquiátricas. O avanço contínuo na pesquisa nesta área tem impulsionado o melhoramento
de sistemas para adquirir, processar e classificar sinais, resultando em progressos
significativos. O EEG está se tornando relevante em várias outras áreas tecnológicas, além
de ser aplicado diretamente no diagnóstico médico. É crucial enfatizar que a higiene das
mãos e a esterilização do equipamento são essenciais para prevenir infecções, como em
qualquer procedimento médico. No caso de exames de EEG, a ausência de protocolos
estabelecidos pode colocar em risco a contaminação do couro cabeludo do paciente,
ressaltando a importância de medidas preventivas rigorosas ao realizar esses exames.

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