Você está na página 1de 207

FORMAÇÃO TEÓRICO PRÁTICA

DOS ESTAGIÁRIOS DA OAM


MÓDULO DE DIREITO PENAL E DIREITO
PROCESSO PENAL
Por:
MANUEL CASTIANO
Doutor em Direito, Advogado e Docente Universitário

JUSTINO FELIZBERTO JUSTINO


Doutor em Direito, Advogado e Docente Universitário

MIGUEL MUSSEQUEJUA
Mestre em Direito, Advogado e Docente Universitário

4, 5 e 11 de Agosto de 2021
NOTA PRELIMINAR.

A presente formação, sendo apenas uma minúscula

“parte” do Processo Penal moçambicano, não dispensa

nem substitui a leitura correcta da legislação e da

doutrina e jurisprudência relevante.


Por:
JUSTINO FELIZBERTO JUSTINO
Doutor em Direito, Advogado e Docente
Universitário
Tópicos
• Teoria Geral da Infracção Criminal
• Acção cível conexa a criminal
• Sujeitos processuais e objecto do processo
• (Instrução)
TÓPICO -1
• TEORIA GERAL DA INFRACÇÃO PENAL: acção,
tipicidade, ilicitude, culpa;
• Iter criminis e condições de procedibilidade
Acção

• Visão histórica: escola clássica, neoclássica e


finalista;
• Conceito de acção (artigos 1 e 10 CP).
Tipicidade

• Tipo objectivo = elementos descritivos e


normativos.
• Tipo subjectivo: dolo e negligência.
Imputação objectiva

• Teorias da causalidade: condições


equivalentes, condição conforme às leis da
natureza, adequação, conexão do risco e
esfera de protecção da norma.
Ilicitude
• Conceito.
• Elementos negativos do tipo (cf. artigo 51/1
CP).
Tipo subjectivo
• Os elementos do tipo subjectivo: dolo e a
negligência (artigos 11, 12 e 13 CP).
• Causas de exculpação (artigo 51/2 CP).
Iter criminis

• Itinerário criminoso: nuda cogitatio, actos


preparatórios, tentativa e consumação.
• Cf. artigos 15 a 22 CP).
Punibilidade

• Meras condições de punibilidade: exemplos:


• artigos. 5/2 CP, 277/2 CP, 55 e 56 CPP, 153/3
CRM, 278 CP, 20/1 CP.
TÓPICO -2
• ACÇÃO CIVEL CONEXA A CRIMINAL: 80-94
CPP
Contextualização

• Regra: sistema de adesão vinculada do


pedido de indemnização ao processo penal,
artigo 80 CPP
• Exepções, 81, 90 CPP
Legitimidade
• Legitimidade activa: artigo 82/1 e 86/1;
• Legitimidade passiva: artigos 80 e 82/2;
Poderes processuais das partes civis

• Artigo 83
Representação judiciária

• Artigo 85 CPP.
Formalismo da acção civil no PP

• Informação: artigo 84/1 CPP.


• Manifestação de intenção: artigo. 84/2 CPP.
Formulação do pedido e prazo

• Dedução do pedido pelo MP e assistente:


artigo 86/1;
• Outros lesados: artigo 86/2
• Forma do pedido: articulado e em duplicado,
artigo 86/2,3
Contestação
• 5 dias, artigo 87/1
• A falta de contestação não implica confissão,
artigo 87/2 CPP
Formalidades (cont)
• Renúncia, desistência e conversão do pedido:
artigo 89
Liquidação

• Artigo 92
Exequibilidade provisória
• Artigos 93 e 94
Reenvio para acção civel
• Artigo 92 CPP
TÓPICO-3: sujeitos processuais
• Conceito;
• Sujeitos: Tribunal, MP, arguido, assistente e
defensor.
• Meros participantes: funcionários judiciais,
testemunhas e peritos.
Tópico-3.1
• O TRIBUNAL
Função jurisdicional

• Conceito: artigos 223 CRM e 15/1 Lei


24/2007).
• Função: administrar a justiça em matéria
penal (Artigo 1,2 da lei 24/2007 e 211/2 da
CRM).

Organização da jurisdição penal

• 1º Tribunal Supremo, artigos 45, 46, 50 e 51 Lei


24/2007
• 2º Tribunais Superiores de Recurso, 62,63 Lei
24/2007
• 3° Tribunais Judiciais de Província, 73 e 74 Lei
24/2007
• 4º Tribunais Judiciais de Distrito. Cf. artigos 29,
84, 85, 86 da Lei 24/2007, 18/2 do CPP
– (Lei 24/2007, de 20 de Agosto, alterada pela Lei
24/2014, de 23 de Setembro)
Princípios reguladores do juíz

• Independênica, 216/1 CRM, 10 da Lei 24/2007


e 3/3 do EMJ, 10/2 da lei 24/2007;
• Irresponsabilidade, 5 do EMJ e 216 CRM.
• Inamovibilidade, 6 do EMJ e 216 CRM.
Os impedimentos, suspeições e escusa

• Conceito
Impedimentos

• Efeitos: 43/1,2,3, 44 e 45/1 CPP;


• Dedução/conhecimento: 43/1 CPP e 45/2 CPP;
• Recurso: 46
• Fundamentos, 43/1 CPP
Suspeisão e escusa

• Fundamentos da escusa e da suspeição, artigo 47/1


CPP;
• Legitimidade suspeição: MP, assistente,
arguido ou parte civil, 47/2,3.
• Escusa, 47/3 CPP;
• Prazo: 48 CPP
• Efeitos: 47/4
Competência do tribunal
• Conceito;
• Princípio do juiz Natural/legal, 65/4 CRM, 16
CPP, 36 Lei 24/2007
Competência material

• Critério quantitativo: 73, 85 e 86 da Lei


24/2007);
• Critério qualitativo; ex. 51/a, Lei 24/2007,
artigo 27 CPP;
Competência Territorial

• Critério da consumação, 23/1


• Critério da actividade/ locus delicti da
conduta, 23/3;
• Critério misto: consumação ou actividade,
23/3
Competência ter (cont)
• Outros critérios de delimitação (restrições do
locus delicti): 26/1 e 2, 25 e 24.
Competência Funcional

• Fases do processo/grau/órgão de jurisdição,


exemplos, 19 , 22, 20, 21 CPP
Competência por conexão

• Conexão subjectiva ou pessoal: 28/1 a), 29,


30, 31/1/a, b e nº2;
• Conexão objectiva ou material: 31/1 c) e 2, 28
Limites à conexão
• Artigos 28/3, 32, 34 e 35 CPP.
Da incompetência

• Conhecimento: 36 CPP;
• Efeitos: 37
Conflito de competências

• Conflito: positivo ou negativo, 39 CPP;


• Promoção: artigo 40 CPP;
• Tribunais competentes em matéria de
conflito: al. b), artigo 45 da LOTJ; al. b), 50 LOTJ
(Lei 24/2014); al. c), 63 LOTJ; al. b), nº1 artigo
74 LOTJ.
• Formalismo de resolução, artigo 42 CPP.
Tóico-3.2
• O MINISTÉRIO PÚBLICO (MP)
Natureza

• Órgão autónomo de administração da justiça/


autoridade judiciária,17 e 54/3 do CPP.
• Critérios de actuação do MP:
– Objectividade: 233/2 CRM, 2/2 Lei 4/2017 e 53
CPP;
– Imparcialidade e isenção; impedimentos e
suspeições/escusa, 43 a 50,60 CPP;
– Autonomia: 233/3 CRM, 2 e 3 Lei 4/2017.
Representatividade MP no PP
• Artigo 10 da Lei 4/2017
Funções do MP no PP

• Dirigir a instrução, 235 CRM, 59/2, b, 308 e


309 do CPP e 1/1 da Lei 4/2017;
• Deduzir a acusação, 59/2,e), e 330 do CPP;
• Arquivar os autos, 59/2 d) e 324/1 CPP).
Ponto- 3.3
• O ARGUIDO
Definição
• Suspeito, 65/1
• Arguido, 65/2
Casos de constituição em arguido

• Obrigatoriedade de constituição em arguido,


66/1;
• Outros casos: 67/1 e 2
• Forma, 66/2 e 3 e 67 CPP
Posição do arguido no PP

• Sujeito processual, assistindo-lhe direitos e


deveres, artigo 68/1 CPP.
Direitos do arguido
1º Interrogatório (detido),174 a 179
CPP
• Formalismo, 174, 175;
• Prazo: 48 horas, 175/1, 176 e 177/1 e 3 CPP;
• Interrogatório sumário, 177/1-3 CPP;
• Outros interrogatórios, 178/1
Outros direitos

• Artigo 69/1;
• 68/2
Deveres do arguido

• 69/2
Ponto-3.4
• Assistente
Assistente
• Função;
• Legitimidade, 76;
• Forma e prazo: 289/3, 77/1 e 2, 330/4 CPP;
• Posição e poderes processuais:78/1, 2, 330;
• Representação, 79
Ponto-3.5
• Defensor
Defensor no PP
• Natureza: órgão essencial na adminisção da
justiça/função de defesa, 63/1 CRM;
• Funções: artigos 71/2, 79, 85 CPP;
• Quém é o defensor? artigo 70/6 CPP, Estatuto
da OAM (Lei 28/2009, de 29 de Setembro) e o
Estatuto do IPAJ (Decreto 15/2013, de 26 de
Abril).
Constituição de defensor

• Mandato forense, 70/1 CPP;


• Pode ser feita por nomeação oficiosa, 70/2,3 e
72/1 CPP;
• Obrigatoriedade de presença, 72/1, 74, 70/2 e
5 CPP.
Deveres do defensor

• Decorrem das exigências de cada fase


processual;
• Deveres específicos: 74, 70/2 e 5 e 72, 96/2
CPP;
• Deveres específicos previstos no Estatuto da
OAM e no do IPAJ.
TÓPICO-4
• INSTRUÇÃO
• (Finalidade, actos do Juíz de Instrução e do
MP, Prazos de instrução)
Enquadramento
• As fases comuns do PP (CPP Livro II) são:
– Instrução;
–Ausação e defesa;
–Julgamento
A notícia da infracção

• A instrução inicia com a notitia criminis, 307/4 e


285/1 CPP
• Denúncia obrigatória, 285/1
• Denúncia facultativa, 287
• Forma e conteudo da denúncia:artigo 289 CPP.
Auto de Notícia
• Artigo 286 CPP.
Instrução em processo comum

• Âmbito da instrução, 307/1,2,3 CPP;


• Direcção da instrução: artigos 235 CRM, 59/2,
b, 308 e 309 do CPP e 1/1 Lei 4/2017; 61/1,
308/2 CPP; 64 CPP.
Prazos de instrução

• Prazo normal:
– 6 meses, havendo arguidos presos ou com
obrigação de permanência na habitação, 323/1
CPP;
– 8 meses, não havendo presos nem com obrigação
de permanencia em habitação, 323/1 CPP
Prorrogação do prazo de instrução
• Prorrogações do prazo de 6 meses (323/2
CPP):
– Para 8 meses: cf. 323/2, a), e 256/2 CPP;
– Para 10 meses: cf. 323/2, b), e 256/2 CPP;
– Para 12 meses: cf. 323/2, c), e 256/3.
Prorrogação do prazo (cont)
• Prorrogações do prazo de 8 meses, 323/3:
– Para 14 meses: cf. 323/2, a), e 256/2 CPP;
– Para 16 meses: cf. 323/3, b), 256/3 in fine CPP;
– Para 18 meses: cf. 323/3, c), e 256/3 CPP.
Contagem e suspensão de prazos
• Início de contagem: 323/4 CPP.
• Suspensão dos prazos: 323/5 CPP.
Violação dos prazos de instrução

• Comunicação da violação: 323/7,8 CPP.


Características da instrução

• Secreta: 97, 98, 99, 100 CPPI;


• Não contraditória;
• Escrita, cf. artigos 322/1 e 2; 175/7, 8 CPP.
Encerramento da instrução

• Acusação ou arquivamento, artigo 323/1 CPP.


Juíz de Instrução durante a instrução

• Artigos 19, 313 e 314


Por:
MANUEL CASTIANO
Doutor em Direito, Advogado e Docente Universitário
Acusação do Ministério Público
Crimes públicos
• Publicidade da acção penal – Art. 52 CPP,
ausência de condição de procedibilidade no TLC.

• Compete ao MP nos termos da al.e), n.2, do art.


59CPP, deduzir acusação e sustentá-la
efectivamente na audiência preliminar, havendo-
a, e no julgamento;

• Havendo concurso com outros crimes de natureza


semi-pública, o MP acusa ou arquiva pelos crimes
públicos e semi-públicos (tendo legitimidade).
Acusação do Ministério Público
Crimes semi-públicos
• A queixa é condição de procedibilidade para o
exercício da acção penal pelo MP (Art. 55 n. 1
CPP)

• A queixa pode ser apresentada pelo titular do


direito respectivo, por mandatário judicial ou por
mandatário munido de poderes especiais (Art.
55/3 CPP)
Acusação do Ministério Público
Crimes particulares (Art. 56CPP)

• Condição de intervenção do MP - queixa, constituição em assistente e dedução da


acusação particular.
• Compete ao MP intervir em todos os actos processuais em que intervier a acusação
particular
• Finda a Instrução o MP notifica o Assistente para no prazo de 05 dias deduzir acusação.
O Denunciante com faculdade de constituir-se assistente segue notificado para no mesmo
prazo constituir-se e deduzir acusação. (Art. 330/3CPP)
• O MP acusa conjuntamente e recorre autonomamente das decisões judiciais (art. 56/2)
• O MP pode, acusar pelos mesmos factos, parte deles ou por outros, desde que não
tenham como efeito a imputação ao arguido de crime diverso ou a agravação dos limites
máximos da pena aplicável (Art. 330/5CPP)
• Havendo concurso com outros crimes de natureza pública e semi-pública, o MP em
primeiro lugar, acusa ou arquiva esses últimos, e só depois notifica o Assistente para
acusar por crime particular para depois acusar conjuntamente com este, querendo
(Art.58CPP).
ARQUIVAMENTO DA INSTRUÇÃO
I. Fundamentos do arquivamento (Art. 324CPP):
• Inexistência de crime
• Irresponsabilidade do arguido
• Extincao da acção penal
• Inadmissibilidade de procedimento criminal
• Dispensa da pena (Art. 327CPP), sendo este despacho irrecorrível (Art. 327/3CPP)
II. Fundamentos do arquivamento e agurdar a producao de melhor prova (Art. 324/CPP)

• Não tiver sido possível obter indicios suficientes da verificação do crime ou de quem foram

os agentes.

III. Competência:
• MP, que comunica ao Assisetente, denunciante com faculdade de constituir assistente,
arguido e seu Defensor, parte civil, Juiz de Instrução em caso de dispensa da pena (Art.
327/2CPP)
INTERVENÇÃO HIERÁRQUICA (Art. 325CPP)

• No prazo de 30 dias a contar da notificação do arquivamento, se não tiver sido


requerida a audiência preliminar, o imediato superior hierárquico, pode
determinar que seja formulada acusação ou que as investigações prossigam,
indicando, neste caso, as diligências a efectuar e o prazo para o seu cumprimento.

• No mesmo prazo e nos mesmos termos, pode o assistente ou denunciante com a


faculdade de se constituir assistente suscitar a intervenção do superior hierárquico
no prazo previsto para requerer a abertura da audiência preliminar
REABERTURA DA INSTRUÇÃO (Art. 326CPP)

• Esgotados os 30 dias para a intervenção


hierárquica, o processo não transita em
julgado.
• O arquivamento fica sob efeitos da claúsula
rebus sic stantibus i.e. a instrução só pode ser
reaberta se surgirem novos elementos de
prova que invalidem os fundamentos
invocados pelo Ministério Público no
despacho de arquivamento.
AUDIÊNCIA PRELIMINAR
Finalidade, âmbito e natureza (Art. 332)
• Constitui uma garantia da judicialização da fase processual prévia à
audiência de julgamento
• Tem por fonalidade obter uma decisão de submissão ou não da causa a
julgamento, através da comprovação da de decisão de deduzir
acusação ou de arquivar a instrução
• Tem carácter facultativo
• Carácter limitado das diligências e prova – diligências de prova
requeridas
• Presidida pelo Juiz de Instrução Criminal a audiencia é oral e
contraditória
AUDIÊNCIA PRELIMINAR
Requerimento Art. 333

Em caso de crimes públicos e semi-públicos pode


ser requerida, no prazo de 8 dias a contar da
notificação da acusação do MP:
– Pelo arguido, relativamente a factos pelos quais o MP tiver deduzido
acusação;
– Pelo Assistente, relativamente a factos pelos quais o MP não tiver
deduzido acusação, incluindo em caso de arquivamento da instrução.

Em caso de crimes particulares pode ser requerida,


no prazo de 8 dias a contar da notificação da
acusação do Assistente:
– Pelo arguido, relativamente a factos pelos quais o Assistente tiver
deduzido acusação.
AUDIÊNCIA PRELIMINAR
Formalidades do Requerimento Art. 333/2CPP
• Isento de formalidades especiais mas deve
conter:
✓As razões de facto e de direito, de discordância
relativamente à acusação
✓A indicação das diligências que gostaria que fossem
realiazadas, meios de prova que não foram
considerados e produzidos na instruçãoe dos factos
que, através de uns e outros, se espera provar.

• O requerimento somente pode ser indeferido se


extemporâneo, incompetência do Juiz, ou
inadmissibilidade legal da audiencia preliminar
Art. 333/3CPP
DEBATE PRELIMINAR Art. 343CPP
• Não havendo audiência preliminar ou nos 5 dias a partir da prática
do ultimo acto de audiência preliminar, havendo, o Juiz designa dia,
hora e local para o debate preliminar

• O debate tem por finalidade permitir uma discussão perante o juiz de


instrução, por forma oral e contraditória, sobre se, do decurso da
instrução e da audiência preliminar, resultam indícios de facto e
elementos de direito suficientes para justificar a submissão do arguido
a julgamento (art. 344CPP).

• O debate só pode ser adiado por absoluta impossibilidade de ter


lugar (caso de grave e legítimo impedimento de o arguido estar
presente) (art. 346CPP)
AUDIÊNCIA PRELIMINAR
Debate preliminar
• Não há formalidades especiais, apenas o arguido e seu Defensor são os últimos a
se pronunciar (art. 347/3CPP.
• O Juiz de instrução concede a palavra ao MP, ao representante do assistente e ao
defensor para, querendo, requeiram a produção de provas indiciárias
suplementares que se proponham apresentar, durante o debate, sobre questões
concretas controversas.
• Segue-se a produção da prova sob a directa orientação do juiz de instrução, o
qual decide, sem formalidades, quaisquer questões que a propósito se suscitarem.
O juiz de instrução pode dirigir-se directamente aos presentes, formulando-lhes as
perguntas.
• A terminar o MP, o representante do assistente e o defensor do arguido formulam
em síntese as suas conclusões sobre a (in) suficiência dos indícios recolhidos e sobre
questões de direito de que dependa o sentido da decisão.
ALTERAÇÃO DOS FACTOS DA ACUSAÇÃO

• No CPP/1929 a possibilidade de condenação por factos diferentes dos acusados


decorria do &único do art. 446, art. 448, art. 449 e 495, desde que tais factos
tivessem sido alegados pela defesa ou quando resultassem da discussão da causa e
tivessem por efeito a diminuição da pena.

• O CPP/1929, previa a alteração da qualificação jurídica dos factos na fase de


julgamento e conferia-se ao tribunal a possibilidade de condenar por infracção
diversa daquela por que o réu foi acusado, ainda que fosse mais grave, desde que
os seus elementos constitutivos fossem factos que constassem do despacho de
pronuncia ou equivalente (Art. 447 CPP/1929).
ALTERAÇÃO SUBSTANCIAL DOS FACTOS DA
ACUSAÇÃO
• A função garantista do processo penal e a vinculação temática do juiz penal
✓Juiz de Instrução Criminal – Pronúncia;
✓Juiz da Causa – Sentença.
• Alteração substancial dos factos descritos na acusação ou na pronúncia (art. 404)- veda
o Juiz de tomar em consideração tal alteração, para o efeito de condenação.
• O juiz da causa deve, somente, comunicar tal alteração ao Ministério Público, valendo
tal comunicação como denúncia (Art. 284CPP ex vi Art. 349/2CPP), para que o MP
proceda pelos novos factos resultantes da alteração.
• Excepcionalmente, não obstante a comunicação, havendo acordo entre o Ministério
Público, o arguido e o assistente na continuação do julgamento pelos novos factos, se
estes não determinarem a incompetência do tribunal, não se abrirá novo processo.
• O Juiz concederá ao arguido, a requerimento deste, prazo para preparação da
defesa não superior a 10 dias, com o consequente adiamento da audiência, se
necessário.
• O regime de alteração substancial dos factos decorrentes da AP ou debate
preliminar constante do CPP dá lugar, obrigatoriamente, a abertura da Instrução
pelo Ministério Público (art. Art. 349 n. 2).
• O legislador moçambicano não se refere à possibilidade de audição do arguido
relativamente à esta alteração;
• É nula a decisão preliminar, na parte em que pronunciar o arguido por factos que
constituam alteração substancial dos descritos na acusação do Ministério Público ou
do assistente ou no requerimento para abertura da audiência preliminar (art. 355
CPP/2019 conjugado com o art. 135 e 136 n. 1 CPP/2019).

QUESTÕES:
• E se o MP discordar com a alteração substancial dos factos e opor-se abertura de
nova instrução?
• O Juiz que decide sobre a verificação da alteração susbstancial dos factos, que dá
lugar a abertura da instrução pelo Ministério Público ex offício, pode intervir no
processo ex novo?
ALTERAÇÃO NÃO SUBSTANCIAL DOS FACTOS DA
ACUSAÇÃO OU REQUERIMENTO PARA ABERTURA DA
AUDIENCIA PRELIMINAR (ART. 349 CPP/2019)
A alteração não substancial dos factos pode decorrer: Dos actos de audiência preliminar ou
do debate preliminar ou Da Audiência de julgamento.
• (1) Alteração não substancial dos actos de audiência preliminar ou do debate
preliminar (art.349 CPP)
• O juiz de instrução, oficiosamente ou a requerimento, comunica a alteração ao defensor,
interroga o arguido sobre ela sempre que possível e concede-lhe, a requerimento, um
prazo para preparação da defesa (alegações e apresentação de provas) não superior
a 8 dias, com o consequente adiamento do debate, se necessário.
• Os factos geradores de alteração não substancial são os que individualmente
consideradas não podem constituir objecto de um processo autónomo. Tal asserção é
válida, tanto para a fase da audiência preliminar quanto para a fase de julgamento.
• A alteração pode consistir na subtracção de factos que constem da acusação ou do
requerimento para abertura da audiência preliminar (pelo arguido ou Assistente), desde
que tais não afectem o núcleo duro do processo, o crime.
• Haverá alteração não substancial dos factos, quando sobre o objecto gravitarem
elementos que não impliquem um “crime diverso” ou “agravação dos limites máximos
das sanções aplicáveis”, 349/3 CPP.
São as circunstancias que conduzem a:

• Alterações espaciais e temporais pouco relevantes;

• Precisão/Explicitação do objecto material do crime;

• Alteração do modo de execução;

• Substituição pouco relevante do objecto concreto;

• Alteração do grau de comparticipação (autoria e cumplicidade);

• O Iter criminis.
Alteração não substancial e alteração subtsancial os factos na audiência de
julgamento
• Alteração da qualificação jurídica dos factos (Art. 403CPP/2019) - O tribunal
pode alterar a qualificação jurídica dos factos descritos na acusação ou na
pronúncia, desde que a alteração não determine crime diferente do acusado ou
pronunciado ao qual caiba maior penalidade do que o crime pronunciado ou
acusado.
• A alteração da qualificação jurídica constitui uma verdadeira desvinculação
temática do tribunal à qualificação jurídica feita pelo MP e pelo Juiz de Instrução,
competente para a prolação do despacho de pronúncia, o que interferiria bastante
na sua independência de julgamento do caso.
• Embora a norma não se refira à comunicação ao arguido desta alteração da
qualificação jurídica, parece de aceitar, por maioria de razão, a aplicação
analógica do art. 349 ex vi art. 12 CPP/2019.
DESPACHO DE PRONÚNCIA E NÃO
PRONÚNCIA Art. 353
• É consequência do debate preliminar que, findo o Juiz de Instrução profere
despacho de pronúncia ou não pronúncia, que é logo ditado para a Acta,
considerando-se notificado os presentes.
• Pode o Juiz de instrução proferir despacho no prazo de 10dias, devido a
complexidade da causa
• O Juiz de Instrução profere despacho de pronúncia se considerar que foram
reunidos indícios suficientes da aplicação da pena ou medida de segurança, e no
caso contrário profere despacho de não pronúncia.
• É irrecorrível o despacho de pronúncia que confirmar os factos acusados pelo MP
(art. 356CPP) e este determina a remessa ao tribunal competente para julgamento.
• É recorrível o despacho que indeferir a arguição de nulidade do despacho que
pronunciar o arguido por factos que constitua alteração substancial dos factos (art.
356 e 355CPP), e neste caso a decisão do tribunal ad quem pode proferir
despacho de despronúncia.
MEIOS DE PROVA
• Os meios de prova e os meios de busca de prova não se confundem.
• Os meios de prova constituem os instrumentos que levam ao conhecimento dos sujeitos
processuais os factos (Prova como instrumento).
• Quanto aos meios de obtenção de prova, são as medidas tendentes à busca, colecta e
obtenção da mesma (prova como actividade)
• Os Meios de prova são:
– Prova testemunhal;
– Prova por declarações do arguido, do Assistente e das Partes Civis;
– Acareação;
– Reconhecimento;
– Reconstituição do facto;
– Prova pericial;
– Prova documental
MEIOS DE PROVA
PROVA TESTEMUNHAL
• A prova testemunhal é sempre admissível sempre que ela não for directa ou
indirectamente afastada
• São proibidas perguntas sugestivas, impertinentes, vexatórias ou capciosas ou
que, de qualquer forma, possam prejudicar a espontaneidade ou sinceridade
das respostas
• A testemunha presta testemunho sobre factos que constituem objecto da prova
e de que tenha obtido conhecimento directo através dos seus (5) sentidos.

• Os factos que forma o objecto do processo são os relevantes para:


– Concluir sobre a existência ou não de crime
– Determinar os agentes de crime
– Inferir a existência de factos que constituem objecto do crime
– Revelar a idoneidade de meios de prova
Meios de prova por declarações do arguido e co-arguido

1. Conceito de suspeito
2. Conceito de arguido:
2.1.Qualidade de arguido - Assume a qualidade processual de arguido todo aquele contra
quem for deduzida acusação ou requerida audiência contraditória preliminar num
processo penal. A qualidade de arguido conservar-se-á durante todo o decurso do
processo.
2.2.Obrigatoriedade da constituição de arguido
a) Correndo instrução contra pessoa determinada, esta prestar declarações perante
juiz ou magistrado do Ministério Público ou órgão de polícia criminal;
b) Tenha de ser aplicada a qualquer pessoa uma medida de coacção pessoal ou de
garantia patrimonial;
c) Um suspeito for detido, nos termos e para os efeitos previstos nos artigos .....;
d) For levantado auto de notícia que dê uma pessoa como agente de um crime e aquele lhe for
comunicado;
e) Durante qualquer inquirição feita a pessoa que não é arguido, surgir fundada
suspeita de crime por ela cometido.
DDireitos do arguido
• Estar presente em todos os actos processuais que directamente lhe disserem respeito;
• Ser ouvido pelo juiz sempre que este deva tomar qualquer decisão que pessoalmente o
afecte;
• Não responder a perguntas feitas, por qualquer entidade, sobre os factos que lhe forem
imputados e sobre o conteúdo das declarações que acerca deles prestar;
• Escolher defensor ou solicitar ao juiz que lhe nomeie um;
• Ser assistido por defensor em todos os actos processuais em que participar e, quando
detido, comunicar, mesmo em privado, com ele;
• Intervir nas fases preliminares do processo, oferecendo provas e requerendo as
diligências que se lhe afigurarem necessárias;
• Ser informado, pela autoridade perante a qual seja obrigado a comparecer, dos
direitos que lhe assistem;
• Recorrer, nos termos da lei, das decisões que lhe forem desfavoráveis.
MEIOS DE PROVA
Acareação
Definição – consiste no confronto directo entre diferentes participantes processuais que
prestarm declarações ou depoimento contraditórios. Somente realizá-se quando se
mostrar relevante à escoberta da verdade material

Procedimento - A entidade que presidir à diligência, após reproduzir as declarações


solicita que os acareados confirmem ou modifiquem, ou contestem as declarações de outra
pessoas, formulando-lhes em seguida as perguntas que entender convenientes para o
esclarecimento da verdade.
MEIOS DE PROVA
Reconhecimento de pessoas e objectos
Definição - O reconhecimento é um meio de prova que consiste na identificação de uma
pessoa ou objecto conhecido anteriormente por um participante processual. O âmbito
subjectivo não é taxativo, pelo que qualquer interveniente pode ser chamado a fazer a
identificação de qualquer pessoa ou objecto, desde que tal se afigure útil à descoberta
da verdade.

Tipos de reconhecimento
1. Reconhecimento de pessoas (artigo 181/CPP)
– Reconhecimento descritivo; Reconhecimento presencial, Reconhecimento presencial
com resguardo; Reconhecimento por fotografia
2. Reconhecimento de objectos (artigo 182/CPP)
– Reconhecimento descritivo; Reconhecimento presencial
MEIOS DE PROVA
Reconstituição do facto;
Definição: é um meio de prova que consiste numa encenação do facto viando a
reprodução, tão fiel quanto possível, das condições em que se afirma ou se supõe ter
ocorrido o facto e na repetição do modo de realização do mesmo, com o intuito de
determinar se poderia ter ocorrido de certa forma (rtigo 184CPP)

A autoridade judiciária que ordena a reconstituição do facto determina:


1. O objecto da reconstituição;
2. Dia, hora e local;
3. Os actos a que se procederá;
4. A ordem desses actos;
5. Quem participa em cada acto (podendo eventualmente ser designados peritos;
6. A forma da sua efectivação e os meios de registo a utilizar (eventualmente com
recurso a meios audio-visuais).
MEIOS DE PROVA
Prova pericial;
Objecto da prova pericial - prova pericial terá lugar quando a realização de
investigações, o conhecimento, a percepção ou a valoração dos factos exigirem
especiais conhecimentos técnicos, científicos ou artísticos.

A prova pericial tem lugar quando determinados factos que integram o objecto
da prova apenas podem ser observados, ou que apenas podem ser
compreendidos e valorados por quem tenha especiais conhecimentos técnicos,
científicos ou artístico.
MEIOS DE PROVA
Prova documental

1. Conceito de documento
2. Admissibilidade da prova documental (art.
199/CPP)
3. Junção de prova documental (art. 200/CPP)
4. Inteligibilidade dos documentos (art. 201/CPP)
5. Valor probatório dos documentos (art. 204/CPP)
6. Reproduções mecânicas (artigo 203/CPP)
7. Documento falso (art. 205/CPP)
MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA
EXAMES (Art. 206/CPP)
• Meio de obtenção de prova que visa a detecção de
vestígios da práti a do crime e pode incidir sobre
“pessoas, lugares ou coisas”
• Tem uma finalidade descritiva e não pressupões
especiais conhecimentso técnicos científicos, e é isto que
o disntingue da perícia
• Elaboração do auto de exame com indicação do
dia, hora em que começou e terminou,
autoridade que presdiu, identificação dos
participantes, lugares, etc
MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA
REVISTAS (art. 209/CPP)
• Incidem sobre pessoas, quando haja indícios de que ocultam
objectos que interessam a instrução do processo

• Despacho fundamentado (art. 210CPP), e excepcionalmente pode


ser afastado, sendo imediatamente comunicada ao juiz

• Respeito à dignidade pessoal, e na medida do possivel, o pudor


do visado
MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA
BUSCAS (art. 209/CPP)
• Incide sobre lugares

• Ordena-se quando haja incícios de objectos, arguido ou qualquer pessoa que deva ser

detida encontra-se nalgum lugar reservado

• Despacho determinando a realização da busca (art. 211/CPP)

• Pode ser efectuada concomitantemente à revista

• A busca domiciliária realiza-se das 7-19h desde que ordenada pelo Juiz (art. 212),

except nos casos da al. a) e b) do n.4 do artigo 209CPP, caso em que pode ser

ordenada pelo MP ou OPC


MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA
APREENSÕES (art. 213CPP)
• Objectos susceptíveis de apreensão: os que serviram ou estavam
destinados a server a pratica do cime; produto do crime, lucro,
preço ou recomepnsa; os deixados pelo agente do crime,
quaisquer outros susceptiveis de server a prova;

• Tem a finalidade de garantir a conservaçao de provas ou de


objectos relacionasdo com o crime e que sejam declarados
perdidos a favor do Estado

• Pode ser efectuadas pelas OPC no decurso das revistas ou buscas


ou em caso de urgência ou perigo na demora, devendo ser
validadas
Meios especiais de prova:
Escutas telefónicas e Acções encobertas Art. 222CPP
• Uma das liberdades constitucionalmente consagrada é a de
comunicação (postal ou de correspondência; telegráfica; dados;
telefónica), que pode ser excepcionalmente restringida (Art. 65 n. 3
CRM)
• Sob epígrafe “escutas telefónicas” o legislador aborda a
“intercepoção telefónica” e “gravação telefónica” de forma indistinta.
• Interceptação telefónica – é a comunicação telefónica, com
interferência de um terceiro, sem o conhecimento dos interlocutores;
• Escuta telefónica – é a comunicação telefónica, com interferência de
um terceiro, com o conhecimento de um dos interlocutores.
• Gravação telefónica – é a comunicação telefónica gravada por um
dos interlocutores, sem o conhecimento da outra parte
• O art. 210 & 2 CPP/1929, estabelecia que “poderá o juiz ou
qualquer autoridade ou agente por sua ordem interceptor, gravar e
impeder comunicações” quando seja indispensável à instrução.
• Por outro, as escutas telefónicas foram posteriormente consagradas
como um meio especial de prova na Lei n. 3/97, de 13 de Março.
• No CPP/ 2019, aparece como um meio de obtenção de prova de
última ratio e autorizada apenas quando “se revelar de grande
interesse para a descoberta da verdade ou para a prova ”
• Catálogo de crimes, formalmente fechado, mas materialmente aberto
para usar-se este meios especial de obtenção da prova Art.
222/1CPP;
• Uma perigosa excepção à proibição da intercepção e da gravação
de conversações ou comunicações entre o arguido e o seu defensor,
quando haja fundadas razões para crer que elas constituem objecto
ou elemento de crime, art. 222/3CPP.
• Das intercepções e gravações lavra-se auto que juntamente às fitas é
imediatamente levado ao conhecimento do juiz que tiver ordenado ou
autorizado as operações, com a indicação das passagens das gravações
ou elementos análogos considerados relevantes para a prova, art.
223CPP
• A SERNIC pode tomar previamente conhecimento do conteúdo da
comunicação, quando necessário para a prática de actos cautelares
urgentes para assegurar os meios de prova.
• As passagens relevantes são transcritas em auto e juntas ao processo e
as irrelevantes ou que possam por em causa dignidade e direitos
fundamentais das pessoas são destruidas
• O arguido e o assistente podem podem examinar o auto de transcrição
para aferir a sua conformidade e obter cópias.

• São autorizadas pelo Juiz competente


ACÇÕES ENCOBERTAS
• Pressupostos (Art. 230CPP):
✓ O agente encoberto actua sob identidade fictícia
✓ A identidade fictícia é atribuida pelo Ministro do Interior, mediante
proposta do Director Geral do SERNIC
✓ A identidade é válida por 6meses

• Isenção de responsabilidade (art 231CPP)

✓ Não é punível a conduta do agente encoberto que consubstancie a


prática de actos preparatórios ou de execução de uma infracção em
qualquer forma de comparticipação diversa da instigação e da autoria
mediata, sempre que guarde a devida proporcionalidade.
ACÇÕES ENCOBERTAS, Art. 226CPP
• Finalidade: Prevenção ou repressão dos crimes catalogados no art.
226CPP
• O catálogo dos crimes susceptíveis de serem investigados por estas acções
não é coincidente com o das escutas telefónicas (Art. 227/1CPP- Art.
222/1CPP).
• Execução: Funcionários do SERNIC ou terceiro actuando sob o controlo do
SERNIC, com ocultação da sua qualidade e identidade.
• Competência:
✓ No âmbito da instrução – autorizadas por magistrado do MP, sendo
obrigatoriamente comunicada ao juiz de instrução, e considerando-se
a mesma validada, se não for proferido despacho de recusa nas 72
horas seguintes.
✓ No âmbito da prevenção criminal –autorizadas pelo juiz de Instrução,
mediante proposta do MP.
• Juntar-se-á ao processo apenas relatos considerados absolutamente
indispensáveis em termos probatórios, compentido à autoridade
judiciária (art.17CPP) ordenar juntada (Art. 229/1CPP).
• Momento da apreciação da indispensabilidade:
✓ Em regra: Logo após a apresentação dos relatos da acção
✓ Excepção: Remessão para os ulteriores termos processuais ficando o
expediente mediante prévio registo, na posse do SERNIC
– Por decisão do Juiz, a requerimento do SERNIC, o agente encoberto
pode prestar declarações, sob esta identidade, sobre factos relativos a
sua actuação
– A prestação de declarações do agente encoberto na audiencia de
julgamento afasta o princípio da sua publicidade (art. 230/4CPP e art.
97/2CPP)
Medidas de Coação e de
Garantia Patrimonial
Natureza e finalidade das Medidas de Coação e de
i. Aplicação da Lei Criminal Garantia Patrimonial
ii. Reparação dos Danos originados do Crime

 Regime estabelecido no Livro IV – arts. 232 a 270


Princípios informadores da meios de coação e de garantia
patrimonial
• Da legalidade (art. 232CPP) – é a lei que define os seus pressupostos, sendo inadmíssivel a sua aplicação
discricionária.
• Do procedimento prévio – traduz-se em uma medida intra-processual e com finalidade processual.
• Da constituição previa do arguido (art. 233CPP) – a sua aplicação depende da constituição prévia de
arguido, não se aplicando a não arguidos.
• Da excepcionalidade – Representam uma excepção à regra da Liberdade e da propriedade e todas as
regras que as regulam são excepcionais proibindo-se a analogia.
• Da adequação e subsidiariedade (art. 234CPP)– São medidas de última ratio aplica quando as demais
medidas não puderem responderem os fins processuais, sendo a prisão preventive a mais gravosa
• Da necessidade- traduz-se na equação da sua absoluta indispensabilidade
• Da proporcionalidade (art. 234CPP e236CPP)– equilíbrio entre a concreta medida de coação ou de
garantia patrimonial a aplicar e a gravidade do crime e as sanções que previsivelmente venham a ser
aplicadas, proibindo-se o desiquilíbrio entre o fim processual e a responsabilidade do arguido.
– Factores a ponderar: robustez da prova, antecedentes criminais, inserção social do arguido, a forma como o crime
foi praticado, posição crítica do arguido face ao crime imputado, arrependimento ou a sua falta.
• Outros princípios: Princípio da precaridade, Princípio da presunção de inocência, Princípio da
subsidiaridade
Condições Gerais de aplicação das Medidas de
Coação e de Garantia Patrimonial – art. 233 CPP

A. Prévia constituição do arguido:


– A constituição formal de arguido (art. 66, n. 2 CPP)
– Constituição “ope legis” do arguido (art. 65, n. 2 CPP)
– O estatuto de arguido permite o exercício da sua defesa no âmbito do processo
penal – art. 68 CPP
Condições Gerais de inaplicabilidade das Medidas de
Coação e de Garantia Patrimonial – art. 233 CPP

B. Existência de causas de isenção de responsabilidade ou extinção de


procedimento criminal:
 Causas substantivas que obstem à punibilidade do arguido –
art. 156CP
 Causas substantivas ou adjectivas de extinção do procedimento
criminal – art. 155 CP
Aplicação das medidas de coação e de garantia
patrimonial
Competência:
• Regra:
✓ Durante a instrução: a requerimento do MP – 235, n. 1, 3ª parte CPP; ou do
lesado quanto a garantia patrimonial para efeitos de indemnização – art.
269, n. 2 CPP
✓ Após a instrução: oficiosamente pelo Juiz, ouvido o MP
• Excepção – Termo e Identidade e Residência que pode ser aplicada por qualquer
“autoridade judiciária” ou órgãos de investigação – art. 235, n. 1 CPP
Condições:
• Depende da prévia constituição de arguido art. 233CPP
• Depende da previa audição do arguido quando possível e conveniente (art.
235/2CPP)
Requisitos específicos Art. 243CPP
Dos meios de coacção admissíveis
a) TIR;
b) Caução;
c) Obrigação de apresentação periódica;
d) Suspensão do exercícios de funções, de profissão e de direitos;
e) Proibição de permanência, de ausência e de contactos;
f) Obrigação de permanência na habitação;
g) Prisão preventiva;
A prisão preventiva é a mais gravosa aplicando-se somente quando as
demais medidas se revelarem inadequadas e insuficientes e houver:
– Existência de fortes indícios da prática de doloso punível com pena de prisão superior a 2 anos;
ou
– Se tratar de pessoa que tiver penetrado ou permaneça irregularmente em território nacional, ou
contra a qual estiver em curso processo de extradição ou de expulsão.
Modalidades. Breve enunciação
• TERMO DE IDENTIDADE E RESIDENCIA- art. 237 CPP
• CAUÇÃ0- art. 238 CPP
• OBRIGAÇÃO DE APRESENTAÇÃO PERÍODICA – art. 239 CPP
• SUSPENSÃO DE EXERCÍCIO DE FUNÇÕES, PROFISSÃO E DIREITOS – art. 240
CPP
• PROIBIÇÃO DE PERMANÊNCIA, DE AUSÊNCIA E DE CONTACTOS – art. 241
CPP
• OBRIGAÇÃO DE PERMANÊNCIA NA RESIDÊNCIA –art. 242CPP
• PRISÃO PREVENTIVA – art. 243CPP
• CAUÇÃO ECONÓMICA – art. 269CPP
• ARRESTO PREVENTIVO – art. 270CPP
Requisitos de aplicabilidade de cada meio de coação
Pena
Prisão preventiva 2ano
s
Pena
Obrigação de permanência na habitação
2ano
s

Proibição de permanência, de ausência e de contactos


Pena
2ano
s
Suspensão do exercícios de funções, de
profissão e de direitos Pena
2anos

Obrigação de apresentção períodica Pena


6
meses
Caução

Pena
TIR
1 ano
CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO
Medida de Coação e garantia Pressupostos materiais Requisitos formais
patrimonial Na Instrução Outras fases
T.I.R. - art. 237 CPP É cumulável com qualquer outra medida Autoridade judiciária ou SERNIC Autoridade judiciária ou SERNIC
de coação
CAUÇÃO - ART. 238 CPP Pena de prisão superior JI a requerimento do MP+audição Juiz (oficiosamente ou a
a um ano do arguido requerimento do MP)+audição do
arguido
OBRIGAÇÃO DE APRESENTAÇÃO PERÍODICA – ART. 239 CPP Pena de prisão superior JI a requerimento do MP+audição Idem
a 6 meses do arguido
SUSPENSÃO DE EXERCÍCIO DE FUNÇÕES, PROFISSÃO E Pena de prisão JI a requerimento do MP+audição Idem
DIREITOS – ART. 240 CPP superior a 2 anos, e presuma-se que a do arguido
interdição possa a ser decretada como
efeito do crime imputado
PROIBIÇÃO DE PERMANÊNCIA, DE AUSÊNCIA E DE Prisão superior a 2 anos JI a requerimento do MP+audição Idem
CONTACTOS – ART. 241 CPP do arguido

OBRIGAÇÃO DE PERMANÊNCIA NA RESIDÊNCIA –ART. 242CPP Prisão superior a 2 anos JI a requerimento do MP+audição Idem
do arguido
PRISÃO PREVENTIVA ART. 243 CPP Pena de prisão superior a 2 anos JI a requerimento do MP+audição Idem
do arguido
CAUÇÃO ECONÓMICA – art. 269CPP Pena de prisão superior Idem Idem
a um ano
ARRESTO PREVENTIVO – art. 270CPP Quando o arguido ou o civilmente JI a requerimento do MP+audição Idem
responsável não prestar caução do arguido
económica
REGIME JURÍDICO DA PRISÃO PREVENTIVA E
MECANISMOS DE IMPUGNAÇÃO

TÓPICOS:
1. Princípios informadores da prisão
preventiva;
2. Requisitos gerais da aplicação;
3. Competência de aplicação;
4. Requisitos específicos
5. Prazos de prisão preventiva;
6. Mecanismos de impugnação.
Requisitos gerais da aplicação (art.245 CPP)
• fuga ou perigo de fuga – revela uma predisposição ao incumprimento dos deveres
processuais, por isso a fuga ou seu perigo deve ser neutralizada e desencorajada;
• perigo de perturbação do decurso da instrução ou da audiência preliminar do
processo e, nomeadamente, perigo para a aquisição, conservação ou veracidade
da prova – traduz-se na possibilidade concreta de
influenciar negativamente o processo
• perigo, em razão da natureza e das circunstâncias do crime ou da personalidade
do arguido, de perturbação da ordem e da tranquilidade públicas ou de
continuação da actividade criminosa – traduz-se no receio sério do
arguido poder vingar-se na comunidade onde está
inserido ou de envolver-se em outros ilícitos, enquanto
corre o processo justificando-se a PP
4 meses
4 meses a partir do despacho de Acusação Regime de
a partir da captura (+) Despacho de acusação
(-) despacho de acusação (+) audiência preliminar Prisão
Elevação para até 6 meses nos casos de
(+) terrorismo
(-) Proferição do despacho de Pronúncia
Elevação para até 10 meses nos casos de
Preventiva
(+ )criminalidade violenta,
(+) altamente organizada,
(+) terrorismo
(+ )criminalidade violenta
da Lei
(+) pena superior a 8 anos (+) altamente organizada 18/2020
Elevação para até 12 meses nos casos de (+) pena superior a 8 anos Até metade da pena aplicada a
(+) pena superior a 8 anos Elevação para até 16 meses nos casos de partir da captura
(+) crimes com excepcional complexidade, (+) pena superior a 8 anos (+) condenação 1ª Instância
(+) qualidade dos ofendidos (+) crimes com excepcional complexidade, (+) recurso a prisão preventiva
(+) ou pelo carácter altamente organizado (+) qualidade dos ofendidos (+) pressupostos da liberdade
do crime (+) ou pelo carácter altamente organizado do condicional (capacidade e
crime vontade de se adaptar à vida
honesta)

Auto de Notícia Despacho de Audiência Despacho de Sentença Recurso Sentença


(Detenção) Acusação Preliminar Pronúncia Julgamento condenatóri
condenatóri
a 1ª a com
Instância trânsito em
julgado
4 meses 8 meses
A partir da captura e A partir da captura
(-) despacho de acusação 14 meses
(+) audiência preliminar
Elevação para até 6 meses nos casos de: A partir da captura
(-) Despacho de pronúncia 18 meses
Contados desde a captura e (+) audiência preliminar
Elevação para até 10 meses nos casos de: a partir da captura
sem despacho de acusação (+) terrorismo
(+) Despacho de pronúncia
(-) condenação em 1.ª instância;
(+) Condenação em 1ª Instância Regime de
+ terrorismo (+) criminalidade violenta, (-) condenação com trânsito em
+ criminalidade violenta,
+ altamente organizada,
(+) altamente organizada,
(+) pena superior a 8 anos
Elevação para até 18 meses
(+) terrorismo
julgado
Elevação para até 24 meses:
Prisão
(+) criminalidade violenta,
+ pena superior a 8 anos
Elevação para até 12 meses
16 meses
(+) pena superior a 8 anos
(+) altamente organizada,
(+) terrorismo
(+) criminalidade violenta,
Preventiva
(+) pena superior a 8 anos
(+) pena superior a 8 anos
(+) crimes com excepcional complexidade,
(+) crimes com excepcional complexidade,
(+) qualidade dos ofendidos
30meses
(+) especial complexidade
(+) altamente organizada,
(+) pena superior a 8 anos da Lei
(+) carácter altamente organizado do crime 36 meses
(+) qualidade dos ofendidos
(+) carácter altamente organizado do crime (+) especial complexidade 25/2019
MECANISMOS DE IMPUGNAÇÃO AOS MEIOS DE COAÇÃO
• O cidadão cujos direitos fundamentais tenham sido
restringidos em virtude da aplicação dos meios de coação
pode solicitar ao órgão judiciário hierarquicamente superior
a reapreciação através dos seguintes meios de reacção à
aplicação ou manutenção dos meios de coação:

1. RECURSO

2. HABEAS CORPUS
RECURSO
• É um meio de impugnação judicial contra qualquer decisão
desfavorável ao cidadão e permite, de forma ampla, a reapreciação
da decisão no seu todo, incluindo a possibilidade de liberdade do
cidadão.

Artigo 69, al.h) CPP: “Recorrer, nos termos da lei, das decisões que lhe
forem desfavoráveis”
Art. 262 n.1 CPP: Da decisão que aplicar ou mantiver os meios de
coação no cabe recurso, a julgar no prazo máximo
de 30 dias a partir do momento em que os autos
forem recebidos.
• A solução adoptada no artigo 262 n. 2, CPP, impede que se
cumule o recurso e o habeas corpus, pressupondo haver
litispendência quando se invoquem os mesmos fundamentos.
• O recurso é decidido no prazo de 30 dias e o habeas corpus no
de 8 dias.
• Este recurso tem um carácter urgente e sobe imediatamente ao
tribunal ad quem (art. 460 n. 1, al.c) CPP), em separado (art.
459CPP), tem efeito devolutivo, (art. 462CPP, a contrário sensu).
• O art. 262 CPP não impõe que o recurso esteja subordinado a
fundamentos específicos
• Só o arguido e o MP podem recorrer da decisão que aplique,
mantenha ou substitua uma medida de coação (art. 453 al. a) e
al.b) CPP)
HABEAS CORPUS Art. 66CRM, Art. 263 e Art.265CPP
• Tem como pressuposto a restrição ilegal da liberdade, uma forma de
reacção destinada a provocar a intervenção judicial visando fazer
cessar a ilegalidade fundada em abuso de poder ou erro grosseiro.
• Através desta providência visa-se obter a declaração da
ilegalidade da detenção ou prisão preventiva e não a reapreciação
da respectiva decisão.
• Diferentemente do recurso, a providência do habeas corpus
subordina-se a fundamentos específicos, indicados em forma de
“catálogo”, a saber:
– Prisão ou detenção ilegal,
– Impetrado perante o tribunal competente
– Subscrição feita pelo preso ou por qualquer cidadão no gozo dos seus
direitos políticos
– Decidido no prazo de 8 dias, em audiência contraditória
HC por detenção ilegal Vs HC por prisão ilegal
Categoria Requerimento de HC por Detenção ilegalArt. 263 e Petição de HC por prisão illegal Art 265 e 266
Art 264
Legitimidade Detido ou qualquer pessoa no gozo dos direito Preso ou qualquer pessoa no gozo dos direito políticos
políticos
Entidade requerida Juiz de instrução onde o detido se encontra Presidente do Tribunal Superior de Recurso
Fundamentos • Excedido o prazo para entrega ao poder A petição funda-se em ilegalidade da prisão por ter sido:
judicial; • Efectuada ou ordenada por entidade incompetente;
• Manter-se a detenção fora dos locais • Motivada por facto pelo qual a lei a não permite; ou
legalmente permitidos; • Mantida para além dos prazos fixados pela lei ou por decisão judicial.
• Ter sido a detenção efectuada ou ordenada
por entidade incompetente;
• Ser a detenção motivada por facto pelo qual a
lei a não permite.
Procedimento, considerando • Ordem, por via telefónica, se necessário, de • A petição, em duplicado, é apresentada a autoridade à ordem da qual o preso se encontra
o pedido fundado apresentação imediata do detido • Após a distribuição, uma cópia é remetida à autoridade que tem o preso à sua guarda para
• Notificação da entidade que tiver o detido à responder no prazo de 48h
sua guarda para se apresentar no mesmo acto • Estando ainda preso, convoca-se a audiência contraditória (MP, preso e defensor
munida das informações e esclarecimentos constituido ou nomeado)
necessários à decisão sobre o requerimento • O relator faz uma exposição da petição e da resposta; Concedida a palavra, por 15 minutos,
• Audiência contraditória (MP, detido e ao Ministério Público e ao defensor; seguidamente, a secção criminal reúne-se para
defensor constituido ou nomeado) no prazo deliberar, a qual é imediatamente tornada pública a deliberação de:
de 48 horas ✓ Indeferir o pedido por falta de fundamento bastante;
• Considerando-se infundado o pedido, ✓ Mandar colocar imediatamente o preso à ordem do tribunal requerente e no local
condenação do requerente em 5 salários por este indicado,
mínimos ✓ nomeando um juiz para proceder a averiguações de legalidade da prisão;
✓ Mandar apresentar o preso no tribunal competente e no prazo de 24 horas; ou
✓ Declarar ilegal a prisão e, se for caso disso, ordenar a libertação imediata.
• Considerando-se infundado o pedido, condenação do peticionário em 10 salários mínimos
Prazo para decisão 8 dias 8 dias
Miguel Mussequejua

Mestre em Direito
Advogado e Docente Universitário
• NOTA PRELIMINAR.

• A presente formação, sendo apenas uma minúscula

“parte” do Processo Penal moçambicano, não dispensa

nem substitui a leitura correcta da legislação e da

doutrina e jurisprudência relevante.


TEMAS: Julgamento e recurso

• 1. Julgamento:

• FASE PRELIMINAR
• AUDIÊNCIA E,
• SENTENÇA
• Temas:
1. Sentença
a) Requisitos da sentença;
b) Admissibilidade do recurso; modos de subida e
c) Tramitação

2. Tramitação dos Processos Sumários


a) Quando tem lugar,
b) Princípios gerais da audiência,
c) Adiamento e sua impossibilidade,
d) Tramitação do julgamento,
e) Reenvio para a forma de processo comum
3. Tramitação dos Processos Sumaríssimos
a) Quando tem lugar e tramitação do julgamento;

4. Tramitação dos Processos Difamação/calúnia e injúrias


a) Forma de processo,
b) Acusação, prova da verdade das imputações,
c) Contestação do MP e
d) Julgamento
5. Tramitação do Processos de Transgressões

a) Quando tem lugar,


b) Auto de notícia e remessa ao tribunal,
c) Termos de processo e garantias e
d) Julgamento
A COMPETÊNCIA

• Como pressuposto prévio à Audiência de Julgamento, é


fundamental fazer o saneamento (art.º 357) de questões
essenciais, nomeadamente, a competência dos tribunais para o
julgamento de questões criminais.

• A competência poderá ser material bem como formal


Da competência material e funcional

A competência material ou em razão da matéria – corresponde


à parcela de jurisdição atribuída a cada tribunal, aferida em
função de pressupostos quantitativos – gravidade das infracções
– de pressupostos qualitativos – espécie ou categoria de
infracções – ou por ambos simultaneamente.

Competência funcional – corresponde à parcela de jurisdição


que em cada momento ou fase do processo cabe a cada um dos
órgãos que tem intervenção na respectiva tramitação.
• Tribunal Supremo

• Na hierarquia dos tribunais judiciais, pontifica o Tribunal


Supremo, conforme resulta do artigo 38 e ss da LOJ;

• O Tribunal Supremo actua por regra em segunda


instiância podendo sempre actuar em primeira instância,
realizando julgamentos, conforme resuta dos art.ºs 46 e
51 da LOJ.
• Tribunais Superiores de Recurso – art.º 58 e ss

• Por regra, os TSR são tribunais em segunda


instância, podendo actuar como tribunais de
primeira instância 63 da LOJ;

• Tribunais Judiciais de Província – art.º 69 e ss


• São tribunais funcionalmente de primeira
instância, sendo-lhes acometidas também
funções de segunda instância (arts 73 e 74 da
LOJ).
• Neste quadro, em primeira instância, os
Tribunais Judiciais de Província, julgam:

• As infracções criminais cujo conhecimento não


seja atribuído a outros tribunais;

• Os processos crime em que sejam arguidos


juizes profissionais dos tribunais judiciais de
distrito e magistrados do Ministério Público
junto dos mesmos.
• Tribunais Judiciais de Distrito - art.º 78 e ss

• Art.º 84/al. b)
• Os tribunais judiciais de distrito em primeira instância julgam:

• a) Julgar as infracções criminais cujo conhecimento não seja


atribuida a outros;
• b) Julgar infracções criminais que correspondam a pena não
superior a doze anos de prisão maior;
• ...
• Nota: Já não existe classificação de tribunais judiciais de 1ª e 2ª
classe. Assim, passam todos os tribuanis de distrito a funcionar em
classe única
• Constituição do tribunal para julgamento

• Os tribunais judiciais, em matéria criminal julgam sempre

em tribunal colectivo composto por um juiz profissional e

juizes eleitos (art.º 48_1- in fine, 61/1-b, 71/1-b), 72; 82,

83).
• A jurisdição penal também pode julgar com juiz singular,
nos termos do artigo 20 do CPP.

• Nos termos deste preceito:


• Compete ao tribunal singular, em matéria penal, julgar
os processos:

• a) cuja competência não cabe ao tribunal colegial; e

• b) que devam ser julgados em processo especial. (cfr.


Art.º 306).
• Deste modo serão sempre sujeitos a julgamento
com juiz singular os seguintes:
a) Processo sumário;

b) Processo sumaríssimo;

c) Processo por difamação, calúnia e injúrias;


e,
d) Processo de transgressões.
JULGAMENTO...cont... Entradas essenciais

• Questões prejudiciais – art.º 14/2 e 5 CPP


• Competência do juiz de instrução – art.º 19
• Competência por conexão – art.º 28/3
• Separação de processos – art.º 34, al c) e d)
• Prorrogação de competência por conexão – art.º 35
• Impedimentos do juiz em julgamento – art.º 44
• Homologação da desistência... – art.º 57
• Posição do Ministério Público em julgamento – art.º 59
• Obrigatoriedade da assistência do defensor – art.º 72.º
• Prazo para a formulação do pedido cível – art.º 86
• Obrigatoriedade de presença em julgamento – art.º 91
• Publicidade do processo – art.º 96/365 (65CRM) art.º 10 DUDH
• Presença dos meios de comunicação social - art.º 98
Julgamento – Art 357
• O julgamento é o verdadeiro acto preparatório de
administração da justiça.

• O julgamento terá lugar após, por despacho prévio, o


juiz remover todos os obstáculos processuais referidos
no artigo 357 do CPP.

• Trata-se das (1) nulidades e (2) outras questões prévias


ou (3) incidentais que obstem à apreciação do mérito
da causa de que possa desde logo conhecer.
• O julgamento está organizado em três momentos
distintos, nomeadamente:

1. Fase preliminar da audiência – são praticados actos


por escrito, designadamente as notificações para o
efeito.

2. Audiência de julgamento – presença de todos os


sujeitos processuais perante o tribunal com
produção de prova perante o mesmo;
3. Fase da sentença;
• Saneamento – art.º 357

• Logo que resolvidas as questões o juiz marca a data da


audiência (art.º 358).

• 1. Resolvidas as questões referidas no artigo 357, o juiz


despacha designando dia, hora e local para a audiência, a
qual é fixada para a data mais próxima possível, mas nunca
depois de 45 dias apó́s a recepção dos autos no tribunal.
• Com vista a prosseguir para a fase de julgamento, o juiz executa um
controlo básico de questões relevantes para a boa tramitação do
processo. Há um controlo da legalidade quanto aos pressupostos
processuais, que obstem à apreciação do mérito da causa.

• O saneamento tem duas fases fundamentais:

1. Permitir que o juiz conheça questões prévias que possam obstar ao


conhecimento do mérito da causa, ou seja, qualquer questão que
impeça o prosseguimento do processo. Neste momento, o tribunal só
verifica as condições básicas de legalidade, não podendo entrar no
mérito da causa.
2. O tribunal pode ainda recusar a acusação por ela ser
manifestamente infundada. Esta rejeição só pode ser relacionada com
aspectos que tenham autonomia em relação aquilo que se passará
depois da audiência de julgamento. Isto só ocorrerá se não tiver havido
instrução, já que, tendo havido, já houve controlo, pelo que o juiz não
o vai repetir. Considera-se a acusação manifestamente infundada nos
seguintes casos:

– Quando não contenha a identificação do arguido;
– Quando não contenha a narração dos factos;
– Se não indicar as disposições legais aplicáveis ou as provas que
a fundamentaram;
– Se os factos não constituírem crime;
• Neste exercício de saneamento, o tribunal poderá ainda controlar o
excesso ilegal de acusação. Isto é, pode controlar a alteração
substancial de factos contidos na acusação do assistente e por isso
pode fazer algum controlo sobre o objeto do processo. Este
controlo também é feito no pressuposto de não ter havido
instrução. Se esta questão não for levantada, a acusação torna-se
plena.
• 2. O despacho que designa dia para a audiência contém,
sob pena de nulidade:

a) A indicação dos factos e disposições legais aplicáveis, o


que pode ser feito por remissão para a pronúncia ou, se a
não tiver havido, para a acusação;

b) A indicação do lugar, dia e hora da comparência;

c) A nomeação de defensor ao arguido, se ainda não


estiver constituído no processo;

d) a data e assinatura do juiz.


• Exarado o despacho de marcação da audiência, o juiz deve
nesse acto ordenar que, aquele se faça acompanhar de:

a) Cópia da pronúncia ou, se a não tiver havido,


b) A acusação ou acusações,
c) É comunicado, por cópia, aos juizes eleitos, quando
intervierem,
d) É notificado ao Ministério Público, bem como ao arguido,
e) É notificado ao assistente, à parte civil e aos seus
representantes,
Estes actos devem sempre ser praticados pelo menos 15 dias antes
da data fixada para a audiência.
• Os arguidos com medida de coacção tem precedência
sobre os demais na marcação de julgamento

• Havendo defensor constituído, o tribunal deve diligenciar


pela concertação da data para audiência, de modo a evitar
conflito com a marcação de audiência, conforme
estabelece o artigo 156.º/A do Código de Processo Civil.
• Contestação e instrução:

• Consumada a notificação dos intervenientes processuais, os arguidos tem a


oportunidade de, no prazo de 10 dias, apresentar (1) a sua contestação, (2)
apresentar rol de testemunhas, (3) documentos de suporte da defesa, (4)
indicação de peritos e consultores técnicos que deverão ser notificados para a
audiência. 359.

• Excepcionalmente, a contestação pode ser apresentada na audiência de


julgamento.

• A contestação é sempre escrita.


• A falta de contestação não tem qualquer efeito cominatório como ocorre no
processo civil.
• Produção antecipada de prova – art.º 364

• A produção antecipada da prova pode ocorrer ex officio


ou a requerimento dos intervenientes processuais,
sempre que, a demora na sua colheita possa acarretar em
perigo para a aquisição ou conservação da prova, ou para
a descoberta da verdade, nomeadamente à tomada de
declarações nos casos e às pessoas referidas
• Formalismo da Audiência de Julgamento – art.º 365.º e ss

• O juiz preside a sessão.

• A audiência é pública, sob pena de nulidade insanável;

• O tribunal deve estar legalmente composto;

• A direcção (curso) da audiência cabe ao juiz profissional –


art.º 368;

• Vigora o princípio do contraditório 367.º n.º 2


• Cont. – Início das intervenções
• Chamada – art.º 374
• Apresentação de questões prévias ou incidentais – art.º 383/
135/136 n.º 3
• Excepções 140
• Previamente ao conhecimento do mérito da causa, o
tribunal deve apreciar e decidir sobre as questões prévias ou
incidentais, isto é, os pressupostos da validade e
regularidade dos actos processuais e as que resultem
marginalmente ou sobrevenham em decorrência do próprio
processo.
• Estas questões, dependendo do momento da sua
arguição pelos intervenientes processuais ou caso
tenham fonte oficiosa, devem ser resolvidas para o
bom andamento da audiência e boa decisão da
causa .

• Sem prejuízo das demais excepções de produção


fora da sala de audiência, a prova é́ produzida
oralmente em audiência de julgamento, sendo
apreendida através da audição pelo tribunal.
• O defensor do arguido – art.º 72 e 371 (art.º 62
CRM)

• O defensor do arguido está sujeito a regras de


conduta controladas pelo tribunal, podendo, em
caso de violação, o tribunal retirar a palavra,
suspender a audiência e extinguir o mandato
forense nomeando novo defensor para o
arguido.

• Adiamento da audiência: art.º 374


• Regime das Faltas à audiência

• Em caso de falta à audiência o MP e o defensor


podem ser substituídos – art.º 375

• A falta do mandatário do assistente (excepto


quando o proceddo dependa de acusação
particular) sendo que a segunda falta dá lugar à
desistência do procedimento.

• A falta das partes civis não impede o


prosseguimento da audiência.
• O arguido – art.º 65-69, 174, 377

• A presença do arguido é obrigatória.

• A falta do arguido (idade, doença grave ou


residência no estrangeiro) não obsta o
prosseguimento da audiência (379/n.º 2,3,4,5).
Cont...
Havendo obrigatoriedade da presença do arguido,
caso este não compareça voluntariamente, o
tribunal poderá sempre ordenar a sua detenção nos
termos conjugados do artigo 379, 172 e 297 CPP.

A falta verificada e em condições especiais pode


determinar o adiamento da audiência ou citação
edital (art.º 379).
• Contumácia – art.º 380-382:

• Na impossibilidade notificar pessoalmente o


arguido, detê-lo ou por via de editais, para a sua
presença em audiência, o tribunal vai declarar a
sua contumácia.

• A declaração de contumácia determina a


supensão dos termos do processo até que de
uma das formas acima indicadas seja o arguido
presente em juizo.
INÍCIO DA AUDIÊNCIA PROPRIAMENTE DITA
• A audiência de julgamento inicia com a prática de actos introdutórios
(374) seguindo-se o formalismo descrito no artigo 384,
nomeadamente a retirada daqueles que serão ouvidos, exposição
sucinta do objecto do processo pelo juiz e uso da palavra durante 10
minutos na seguinte ordem quando presentes:
• (1) Ministério Público,
• (2) representante do Assistente
• (3) Lesado
• (4) Responsável civil
• (5) Defensor
cont .
• O objectivo deste exercício é a formulação de QUESITOS

isto é, levantamento das questões que pretendam, em

sede da audiência produzir prova, relativamente aos

factos alegados na acusação e na defesa.


• PRINCIPIOS QUE ENFORMAM O JULGAMENTO

• O julgamento é enformado pelos principios da publicidade,


oralidade, imediação, concentração, contraditório e audiência.

• Princípio da publicidade (96/365CPP/95CRM) determina que as


audiências de julgamento são públicas, no sentido de qualquer
cidadão poder assistir às mesmas, bem como a sua divulgação
mediática, salvo as excepções legais. Visa eliminar as
desconfiaças sobre a independência e imparcialidade da justiça
penal.
• Princípio da oralidadade assenta no facto de a prova ser na
audiência de discussão e julgamento, produzida oralmente, e é
apreendida pelo tribunal e demais intervenientes processuais de
forma auditiva.

• Principio da imediação que é íntimamente ligado ao da oralidade,


determina a necessidade do contacto directo que o tribunal deve
ter com os elementos de prova , atrvés de uma percepção directa e
pessoal, permitindo-se a avaliação, diante dos dados disponíveis, a
credibilidade dos depoimentos e declarações bem como melhor
ajuizamento da personalidade do delinquente cuja consideração é
fundamental para efeitos de aplicação da pena concreta.
• Princípio da concentração tem como fulcro a unidade e
contiinuidade da audiência no menor espaço de tempo
possível, estando também umbilicalmente ligado à
identidade permanente do juiz penal.

• Princípio do contraditório orienta ao julgador para uma


conduta mais proactiva, não permanendo passivo,
permitindo um debate orientado para a busca da verdade
material, em que os interventeies processuais tenham
sempre a oportunidade de conhecer e se pronuciar sobre a
prova produzida e carreada aos autos.
Cont...

• O juiz é investido de um poder-dever de investigação oficiosa, na


procura da verdade material, pelo que, independentemente de o
arguido apresentar ou não a contestação, caberá́ ao tribunal
produzir todos os meios de prova que considere adequados à boa
decisão da causa e à descoberta da verdade material.

• A produção de prova obedece a ordem do artigo 386 - CPP.


• Relativamente ao arguido, este conserva o direito a não produzir
prova contra si mesmo, através da não obriatoriedade de prestar
declarações sobre o objecto do processo. Nemo tenetur se ipsum
accusare. Art.º 388

• Na fórmula cinematográfica: “tem direito a manter-se no silêncio e


tudo o que disser poderá ser usado contra si”
• DA PRODUÇÃO DA PROVA*

• A produção de prova constitui um dos momentos altos da

audiência de julgamento, pois é nesse momento em que se

vão exaurir as questões de facto essenciais para a

qualificação jurídica dos tipos criminais sub judice.

• * Cfr ainda Art.º 159 e ss


• Produção de prova (cont.)

• O tribunal ordena, oficiosamente ou a requerimento, a


produção de todos os meios de prova cujo conhecimento
se lhe afigure necessário à descoberta da verdade e à boa
da causa, podendo ser produzidas provas não constantes na
acusação, pronúncia ou contestação.
• A prova a ser produzida em julgamento será
orientada tendo em conta os meios de prova
admissíveis no CPP, a saber:

• Testemunhal 159;
• Por declarações 174;
• Por acareação – 180;
• Por reconhecimento – 181;
• Por reconstituição dos factos – 184;
• Pericial – 185;
• Documental – 199;
Art.º 403

• Da mihi factum, dabo tibi ius ... "Iura novit curia - art.º

Entende-se que o juiz é responsável pela descrição correcta


da conduta ao facto típico no momento de proferir sua
decisão, e que os erros nessa qualificação gizados pelo MP ou
pelo Assistente não o vinculam.
• Alteração substancial dos factos art. 404
• Do processo de produção de prova podem resultar provado
que outros factos também criminosos tiveram lugar

• Havendo lugar à alteração substancial dos factos descritos na


acusação, em sede da audiência de julgamento, não deverá
ser tida em conta para fins de condenação, excepto se o
arguido e o assistente entrarem em acordo para que o
julgamento continue de modo que tais factos sejam julgados.

• Neste caso, a defesa poderá requerer um prazo de 10 dias


para a preparação da defesa.
Após a produção de prova são efectuadas as

alegações orais estimadas num periodo de 20

minudos, à qual é admissível réplica, somente nos

factos não aduzidos evitando-se deste modo a

repetição - Art. 405.


SENTENÇA

• A sentença é elaborada observando o estrito formalismo


previsto no artigos 413-416.

• A elaboração da sentença é precedida de deliberação


(maioria simples) fundamentada dos juizes que compoem o
tribunal, enunciando cada um as razões da sua posição. Art-
409.

• A sentença será assinada por todos os juizes participantes e


será lida publicamente pelo presidente o tribunal.
• A sentença é lida oralmente e quando o juiz julgar
conveniente poderá sempre fazer uma breve alocução
ao réu em caso de condenação onde o exorta a mudar
de comportamento e conformar-se com a sentença;
em caso de absolvição, que a justifique-a com bom
comportamento. Art.º 414.
• Não há súmulas. (a súmula seria uma breve exposição oral
dos fundamentos da decisão, nomeadamente, pela rápida
explanação da matéria e facto provada e a consequente
fundamentação jurídica da decisão, facto que iria permitir a
poupança de tempo na leitura da sentença que muitas vezes
pode ocupar um dia de trabalho num só processo).
• Nulidade da Sentença – art.º 418

• 1. É nula a sentença:

• a) Que não contiver as menções referidas na alínea b) dos


números 2 e 3 do artigo 413.
• b) Que condenar por factos diversos dos descritos na acusação ou
na pronúncia, se a houver, fora dos casos e das condições
previstos nos artigos 403 e 404;
• c) Quando o tribunal deixe de pronunciar-se sobre questões que
devesse apreciar ou conheça de questões de que não podia tomar
conhecimento.
• 2. As nulidades da sentença devem ser arguidas ou conhecidas em
recurso, sendo lícito ao tribunal supri-las.
formas do processo especialormas
do processo especial

• As formas de processo especial são:


❖Sumário;
❖Sumaríssimo;
❖Difamação, Calúnia e Injúrias;
❖Transgressões.
• As fomas de processo especiais simplificam a forma comum. Para que se
possa compreender tais simplificações é crucial que se tenha, à partida
domínio do formalismo relativo à tramitação do processo comum.
PROCESSO SUMÁRIO – art.º 420 E
SS
• Só são julgados nessa forma de processo:

• São julgados em processo sumário os detidos em flagrante delito


por crime punível com pena de prisão cujo limite máximo não seja
superior a cinco anos, quando a detenção tiver procedido qualquer
autoridade judiciárias ou entidade policial e a audiência se iniciar
no máximo de 48 horas ou, nos casos referidos no artigo 425, de 5
dias após a detenção (casos de adiamento).
• Esta forma de processo não contempla a instrução.

• Entretanto podem sempre ser levantadas:


• Nulidades - 136/3, al. d)
• Excepções 140
A opção pelo flagrante delito viabiliza a celeridade
processual na medida em que, por regra a exigência
probatória será relativamente diminuta, no que diz respeito
à possibilidade de se realizar o julgamento com a maior
viabilidade.
• Termos...

• Passa-se, imediatamente, da detenção para uma


uma fasé pré julgamento, onde o processo segue
para o Ministério Público de modo expedito o faça
seguir de imediato a julgamen- art.º 421;

• O processo sumário radica-se na celeridade e


diminuição substancial do formalismo presente nas
forma comum, sem prejuizo dos aspectos formais
essenciais à boa decisao da causa.
• O Ministério Público pode (?) aplicar medias de coação libertando o
arguido preso sempre que entenda que os prazos de julgamento
em processo sumário não serão cumpridos – 421/3. (conferir a
constitucionalidade deste dispositivo!

Idem prerrogativas especiais).


• O Julgamento - 424
• O julgamento em processo sumário efectua-se perante o juiz
singular após uma notificação efectuada com 5 dias de
antecedência.

• Para preservar a natureza célere do processo os actos e


termos do julgamento são reduzidos ao mínimo que se
mostre adequado a permitir o conhecimento e boa decisão da
causa, preservando-se aí o conhecimento também em
instância superior.

• Para garantir a celeridade do processo, o adiamento só pode


ser efectuado até o 5º dia após a detenção nas condições
definidas no art.º 425, ressalvadas as situações do art.º 426.
De modo a preservar a natureza célere desta forma de

processo, nos termos do n.º 6 do artigo 428, a sentença

não contém relatório e é ditada imediatamente para a

acta, salvo se a complexidade determinar um prazo

máximo de 8 dias.
• Processo Sumaríssimo art.º 431 e ss
• Esta forma de processo é aplicável aos crimes cuja pena de prisão
não seja superior a 1 ano, ainda que com multa, ou em caso de ser
apenas cominado com a pena de multa.

• Esta forma de processo ocorre ainda quando o facto não dependa


de acusação particular e o MP nntenda que ao caso deve ser
aplicada uma pena concreta e para o efeito remete a participação
ou auto de notícia para que o tribunal julgue em processo
sumaríssimo.
• Termos
• Procurando ser o mais expedito possível, o processo
sumaríssimo não se sustenta em formalismos adicionais e
tem o julgamento marcado para 15 dias após a autuação
do requerimento do Ministério Público descrito no art.º
432, que tem o valor processual de uma acusação.

• Não sendo de presença obrigatória para o arguido a


audiência não será adiada por falta deste que, poderá
através do seu defensor deduzir a sua defesa por escrito ou
verbalmente.
• Dos factos imputados o MP indagará do arguido se os aceita bem
como se aceita as sanções propostas, sendo que em caso de
concordância estas é logo escrita na acta e subscrita pelo arguido, e
sendo de seguida exarado despacho final de sentença condenatóra
transitada em julgado.

• Em caso discordância do arguido com os termos do requerimento


do MP o processo segue para produção de prova, com o mínimo
formalismo possível.
PROCESSO POR DIFAMAÇÃO, CALÚNIA E INJÚRIAS – art.ºs 436 e
ss
➢ Segue a forma do processo comum;

➢ Finda a instrução o processo o pocesso segue para a acusação


do MP ou da parte acusadora, havendo-a;

➢ A prova da verdade das imputações ocorre nos termos do art.º


438;

➢ O julgamento segue os termos do processo comum


• PROCESSO DE TRANSGRESSÕES

• Esta forma de processo é cabível às contravenções puníveis


com pena de multa ou prisão;

• A esta forma cabem ainda as transgressões a regulamentos,


editais, posturas ou quaisquer disposições que se devam
considerar regulamentares.
• Termos...

• O auto de notícia será lavrado por qualquer autoridade,


agente de autoridade, funcionário público no exercício das
suas funções, que presenciar qualquer contravenção ou
transgressão, nos termos do artigo 442.

• Os termos do processo são reduzidos ao mínimo


indispensável para o conhecimento e boa decisão da causa.

• Embora se trate de processo penal, não é obrigatória a


constituição em arguido.
• Cont.

• Não é admissível a interveção de assistente e partes civis.

• O auto de notícias ao ser submetido em tribunal será sempre


escrutinado nos termos do art.º 445, valendo como acusação e
o juiz gradua a multa fixando um valor exacto e aplicará a
medida administrativa (vg. uma inibição).

• O julgamento (447) poderá ocorrer na ausência na ausência do


arguido mas sempre representado por um defensor oficioso,
seguindo esta os termos do processo sumário.
• RECURSOS – Art.º 451 e ss

Admissibilidade do recurso;

Modos de subida e

Tramitação

Cfr. (Acórdão 4/CC/2020 – 428.º).


• Como resulta do art.º 451 do CPP, poderá ser interposto
recurso de qualquer decisão proferida em processo penal
sempre que a lei não considere irrecorrível.

• A lei obsta à recorribilidade dos casos referidos no art.º 452.

• Lei Orgânica dos Tribunais Judiciais (art.º 45/c);50/a; 62/a;


74/a;)
• Legitimidade para recorrer – art.º 453.

• Recurso obrigatório de todas a as penas de prisão superiores


a 10 anos – art.º 454.º.

• O recurso interposto abrange toda a decisão, salvas as


limitações do art.º 456, isto é, parte da decisão.

• Reclamações 458.
• TRAMITAÇÃO – 465

• Neste sistema, os recursos são sempre apresentados


perante o tribunal que proferiu a decisão e não
diretamente ao tribunal superior.

• O tribunal recorrido é que efectua a verificação dos


pressupostos processuais e toma a decisão de subida do
recurso.
• Neste sistema de recursos, a instância para a qual se recorre

dependerá sempre da jurisdição onde foi proferida a decisão

em crise, sendo que os tribunais superiores tem sempre

competência de facto e de direito. Cfr. Art.º 485, 486, 490 e

491.
• Os recursos podem ser Ordinários e Extraordinários

• Os recursos ordinários
• Atacam decisões que ainda não transitaram em julgado
• Obedecem ao regime dos art.º 466 e 467.

• Os recursos extraordinários
• São recuross que atacam decisões já transitadas em julgado
• Art.º 506 – REVISÃO
• Art.º 530 – Suspensão da execução e anulação de sentença
manifestamente injusta e, ou, ilegal.
• Os recursos ordinários sobem nos próprios autos quando (1)

incidam sobre decisões que ponham termo à causa e (2) os que com

eles devam subir e são instruídos e julgados em conjunto com o

recurso da decisão que tiver posto termo à causa (459, 464 - agravo

CPC).

• Por exclusão, quando não devam subir nos próprios autos, os

recursos sobem em separado os recursos que não subam nos

próprios autos e que devam subir imediatamente (459/2, 460, 464)


• Com a subida diferida pretende-se mais celeridade processual, que
em processo penal constitui um valor essencial.
• Note-se que a lei processual penal faz subir imediatamente apenas
alguns recursos, isto para evitar que haja constantes envios do
processo para a segunda instância para apreciação de decisões
interlocutórias e, por outro lado, pode vir a evitar o conhecimento
de muitos destes recursos que podem ficar prejudicados no seu
conhecimento pelo sentido da decisão final.
• Efeitos do Recurso – art.º 462

• Efeito suspensivo do processo


• Decisões condenatórias;
• Despacho de pronúncia;

• Efeito suspensivo da decisão


• Sanções pecuniárias e outros montantes;
• Despacho que julga quebrada a caução ou que sobre a não
prestação da mesma.
• Reformatio in pejus

• É proibida a reformatio in pejus – 463.


OBRIGADO!

Você também pode gostar