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DIREITO PROCESSUAL PENAL II


ANA PAULA PINTO LOURENÇO
Ano 2023/2024

GUIA DE ESTUDO N.º 1


DOS ACTOS PROCESSUAIS – DA DOCUMETNAÇÃO DOS ACTOS PROCESSUAIS
TEMPO DA PRÁTICA DOS ACTOS – DAS NOTIFICAÇÕES PARA ACTOS PROCESSUAIS

SUMÁRIO

Dos actos processuais;


Classificação dos actos;
O tempo da prática dos actos processuais;
A forma dos actos, o princípio da publicidade e da oralidade;
Da comunicação dos actos e da convocação para eles;
A documentação dos actos;
O prazo para a prática dos actos, prazos adjectivos e substantivos;
Da notificação para actos processuais
Prescrição

CONTEÚDOS
Disposições Gerais Actos processuais (adjectivos) e actos substantivos: interesse prático da distinção.
Dos actos dos magistrados (actos decisórios e não decisórios, acórdãos, sentenças e
despachos; os despachos interlocutórios e os mandados),
Os actos dos sujeitos processuais (requerimentos, memoriais e exposições);
Os autos, as atas e os termos
Juramento e Quem deve prestar juramento e quem não pode prestar juramento
compromisso Regime da prestação de juramento;
Regime da recusa em prestar juramento
Regime da violação do juramento: as falsas declarações.
O compromisso: quem deve prestar, regime da prestação e incumprimento.
A forma dos actos e da O princípio da publicidade
sua documentação A obrigatoriedade de utilização de língua portuguesa e casos de nomeação de
intérprete.
A prática por escrito e a oralidade
A documentação dos actos - por escrito, magnetofónica e por meios audiovisuais
Do tempo para a prática Quando se praticam os actos
dos actos e da aceleração Quando não se praticam os actos
do processo Os processos urgentes
A hora de expediente, as férias judiciais
A aceleração processual por excesso de prazo das fases processuais e seu regime
Os prazos processuais Função do prazo
Tipos de prazos
Regras sobre contagem de prazos
O momento a partir do qual ou até ao qual se contam os prazos
Renúncia ao decurso do prazo
A prática extemporânea de factos (o justo impedimento e a prática nos três dias
subsequentes ao termo, com multa)
Casos de extensão de prazos a outros sujeitos
A aceleração do processo atrasado
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Da comunicação dos Finalidade


actos e da convocação Legitimidade para comunicar ou convocar
para eles Tipologia das notificações
Meios e métodos de comunicação e convocação
Casos especiais de notificação
Momento em que se considera efectuada a notificação
Os prazos processuais Função do prazo
Tipos de prazos
Regras sobre contagem de prazos
Momento a partir do qual ou até ao qual se contam os prazos
Renúncia ao decurso do prazo
A prática extemporânea de factos (o justo impedimento e a prática nos três dias
subsequentes ao termo, com multa)
Casos de extensão de prazos a outros sujeitos
A aceleração do processo atrasado
A prescrição do procedimento criminal
Suspensão e interrupção do prazo prescricional
Regra a improrrogabilidade dos actos e a possibilidade da sua prática para além do
prazo previsto na lei (justo impedimento, prática nos 3 dias subsequentes,
excepcional complexidade)
ATENÇÃO: nem todos os prazos são processuais: há também prazos com dupla
natureza substantivos e prazos processuais (prisão preventiva; queixa; prazos de
prescrição do procedimento criminal, prazos para a presentação de pessoa detida)
à não seguem as regras do processo penal, mas do Código Civil (art. 279.º)

Manual de referência:
Germano Marques da Silva – Curso de Processo Penal, vol. II. Lisboa: Verbo, 2011.
Páginas: 29 – 108

ALGUMAS NOTAS

O arguido é o único sujeito cujos requerimentos são admissíveis e integráveis nos autos mesmo que não
assinados por advogado e ainda que tenha defensor constituído ou nomeado. Os demais sujeitos que
estejam representados por advogado apenas verão os seus requerimentos admitidos quando estes sejam
assinados pelo advogado.
Ver, a este propósito, Ac. TRG, 4/12/2006. Relator: Cruz Bucho

BIBLIOGRAFIA JURÍDICA COMPLEMENTAR

• LOURENÇO, Ana Paula Pinto – O segredo de Justiça


• PINTO, António Augusto Tolda – A tramitação Processual Penal. Coimbra: Coimbra Editora, p.
174;
• MONTE, Mário Ferreira – Segredo e publicidade na justiça penal. Coimbra: Almedina.
• SILVA, Júlio Barbosa – A Directiva 2010/64/EU do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de
Outubro de 2010, relativa ao direito à interpretação e tradução em processo penal.
• Códigos de Processo Penal anotados

LEGISLAÇÃO NACIONAL E INSTRUMENTOS NORMATIVOS INTERNACIONAIS

• Art. 136.º, 138.º a 140.º, do Código de Processo Civil (ver abaixo)


• Regulamento das Custas Processuais
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• Lei de Organização do Sistema Judiciário (LOSJ) – Lei n.º 62/2013, de 26 de Agosto – art. 28 .º
férias judiciais; artigo 36.º - turnos
• Portaria no. 953/2003 de 09.09.
• Ofício Circular n.º s 17 e 19 de 2003 da DGAJ
• Estatuto da Ordem dos Advogados
• Art. 28.º da Lei N.º 62/2013, de 26 de Agosto – Lei de Organização do Sistema Judiciário– férias
judiciais
• Art. 45.º do Regulamento da LOSJ - Horário de abertura das secretarias (fixado pela Portaria n.º
307/2018, de 29 de Novembro)
• Lei 112/2009 – Violência Doméstica (processos urgentes)
• Portaria n.º 284/2018, de 20 de Setembro - procede à alteração dos regimes de tramitação
electrónica dos processos nos tribunais judiciais e nos tribunais administrativos e fiscais,
Procede à alteração da portaria n.º 280/2013 que regula a tramitação electrónica dos
processos nos tribunais judiciais – ver Artigo 1.º, n.º 6 alínea i)
• Circular 2006 Procuradoria-Geral da República
• Directiva 2010/64/EU do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de Outubro de 2010 relativo
ao direito à interpretação e tradução em processo penal
• Directiva n.º 2012/13/EU, do Parlamento Europeu e do Conselho relativo ao direito à informação.
• Diretiva (UE) 2016/1919 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de outubro de 2016,
relativa ao apoio judiciário para suspeitos e arguidos em processo penal e para as pessoas
procuradas em processos de execução de mandados de detenção europeus. JO L 297 de
4.11.2016, p. 1-8.
• Diretiva 2014/41/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 3 de abril de 2014, relativa à
decisão europeia de investigação em matéria penal JO L 130 de 1.5.2014, p. 1-36.
• Diretiva 2013/48/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 22 de outubro de 2013, relativa
ao direito de acesso a um advogado em processo penal e nos processos de execução de mandados
de detenção europeus, e ao direito de informar um terceiro aquando da privação de liberdade e
de comunicar, numa situação de privação de liberdade, com terceiros e com as autoridades
consulares. JO L 294 de 6.11.2013, p. 1-12.
• Decisão-quadro do Conselho, de 13 de Junho de 2002, relativa ao mandado de detenção europeu
e aos processos de entrega entre os Estados-Membros (2002/584/JAI). JO L 190 de 18.7.2002, p.
1-20
• Manual sobre a emissão e a execução de um mandado de detenção europeu (2017/C 335/01).
Jornal Oficial da União Europeia. - C 335 (6.10.2017), p. 1-83.

JURISPRUDÊNCIA

Acórdão do STJ n.º 5/2010, de 14 de Maio


Acórdão do STJ – Notificação postal registada
Ac. TRL, de 17 de Maio de 1995 pagamento de multa por falta a acto processual

Acórdão do STJ n.º 2/2012, DR. 12 de Abril de 2012 – fixação de jurisprudência


«A mera instauração pelo Ministério Público de execução patrimonial contra o condenado em pena de
multa, para obtenção do respectivo pagamento, não constitui a causa de interrupção da prescrição da
pena prevista no artigo 126º, nº 1, alínea a), do Código Penal.»

Acórdão do STJ n.º 5/2012 – fixação de jurisprudência


«O Ministério Público, em processo penal, pode praticar acto processual nos três dias úteis seguintes ao
termo do respectivo prazo, ao abrigo do disposto no artigo 145º, n.º 5, do Código de Processo Civil, sem
pagar multa ou emitir declaração a manifestar a intenção de praticar o acto naquele prazo»
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Oliveira Mendes (Relator)


DR 98 SÉRIE I de 2012-05-21

Acórdão do STJ n.º 4/2012 – fixação de jurisprudência Pires da Graça (Relator) DR 98 SÉRIE I de 2012-05-
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«O prazo de seis meses para o exercício do direito de queixa, nos termos do artº 115º nº 1, do Código Penal,
termina às 24 horas do dia que corresponda, no sexto mês seguinte, ao dia em que o titular desse direito
tiver tido conhecimento do facto e dos seus autores; mas, se nesse último mês não existir dia
correspondente, o prazo finda às 24 horas do último dia desse mês».
(nota: trata-se de prazo substantivo: não existe ainda processo)

Acórdão do STJ 3/2014 – fixação de jurisprudência


Em processo penal, é admissível a remessa a juízo de peças processuais através de correio electrónico, nos
termos do disposto no artigo 150.º, n.º 1, alínea d), e n.º 2, do Código de Processo Civil de 1961, na
redacção do Decreto-Lei nº 324/2003, de 27.12, e na Portaria nº 642/2004, de 16.06, aplicáveis conforme
o disposto no artigo 4º do Código de Processo Penal.

Acórdão nº 5/2014 do STJ – fixação de jurisprudência. Maia Costa (Relator) DR 97 SÉRIE I de 2014-05-21
Ainda que seja conhecida a morada de arguido contumaz residente em país estrangeiro, não deve ser
expedida carta rogatória dirigida às justiças desse país para ele prestar termo de identidade e residência,
porque essa prestação não faz caducar a contumácia.

Acórdão nº 13/2014 do STJ – fixação de jurisprudência


A nulidade prevista no artigo 363.º do Código de Processo Penal deve ser arguida perante o tribunal da 1.ª
instância, em requerimento autónomo, no prazo geral de 10 dias, a contar da data da sessão da audiência
em que tiver ocorrido a omissão da documentação ou a deficiente documentação das declarações orais,
acrescido do período de tempo que mediar entre o requerimento da cópia da gravação, acompanhado do
necessário suporte técnico, e a efectiva satisfação desse pedido pelo funcionário, nos termos do n.º 3 do
artigo 101.º do mesmo diploma, sob pena de dever considerar-se sanada.
Isabel Pais Martins (Relatora)
DR 183 SÉRIE I de 2014-09-23

Acórdão 428/2008, do Tribunal Constitucional


Julga inconstitucional, por violação do artigo 20.º, n.º 3, da Constituição da República Portuguesa, a
interpretação do artigo 89.º, n.º 6, do Código de Processo Penal, na redacção dada pela Lei n.º 48/2007,
de 29 de Agosto, segundo a qual é permitida e não pode ser recusada ao arguido, antes do encerramento
do inquérito a que foi aplicado o segredo de justiça, a consulta irrestrita de todos os elementos do processo,
neles incluindo dados relativos à reserva da vida privada de outras pessoas, abrangendo elementos
bancários e fiscais sujeitos a segredo profissional, sem que tenha sido concluída a sua análise em termos
de poder ser apreciado o seu relevo e utilização como prova, ou, pelo contrário, a sua destruição ou
devolução, nos termos do n.º 7 do artigo 86.º do Código de Processo Penal.

Acórdão nº3/2017 do STJ – fixação de jurisprudência. Manuel Braz (Relator) - DR-72 SÉRIE I de 2017-04-11
«A partir do encerramento do inquérito com dedução de acusação, o arguido, até ao termo dos prazos
referidos no n.º 8 do art. 188.º do CPP, tem o direito de examinar todo o conteúdo dos suportes técnicos
referentes a conversações ou comunicações escutadas e de obter, à sua custa, cópia das partes que
pretenda transcrever para juntar ao processo, mesmo das que já tiverem sido transcritas, desde que a
transcrição destas se mostre justificada»

Acórdão nº2/2017 do STJ – fixação de jurisprudência Santos Cabral Relator) - DR-55 SÉRIE I de 2017-03-17
«Competindo ao Tribunal Central de Instrução Criminal proceder a actos jurisdicionais no inquérito
instaurado no Departamento Central de Investigação Criminal para investigação de crimes elencados no
art. 47.º, n.º 1, da Lei 47/86, de 15-10 (Estatuto do Ministério Público), por força do art. 80.º, n.º 1, da
LOFTJ, aprovada pela Lei 3/99, de 13-01, essa competência não se mantem para proceder à fase de
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instrução no caso de, na acusação ali deduzida ou no requerimento de abertura de instrução, não serem
imputados ao arguido qualquer um daqueles crimes ou não se verificar qualquer dispersão territorial da
actividade criminosa»

Acórdão n.º 5/95, do STJ – DR 14 de Dezembro de 1995


«O disposto nos artigos 103.º, n.º 2, alínea a) e 104.º, n.º 2 do Código de Processo Penal não é aplicável ao
recurso interposto em processo à ordem do qual inexistem arguidos presos, ainda eu o recorrente esteja
preso A ordem de outro processo©. Voto de vencido de Fisher Sá Nogueira.

Acórdão TRG 17 /12/2019. Relator: Jorge Bispo


Não constitui insuficiência do inquérito o facto de o Ministério Público não ter considerado a aplicação da
suspensão provisória do processo, no processo sumário (ver art. 120.º, n.º 2, alínea d) nulidades
dependentes de arguição)

Acórdão do STJ – Notificação postal


registadahttp://www.pgdlisboa.pt/jurel/stj_mostra_doc.php?nid=15404&codarea=2

Ac. TRL de 17 de Maio de 1995 pagamento de multa por falta a acto processual

Acórdão n.º 3/2014, do Supremo Tribunal de Justiça, para Fixação de Jurisprudência


Em processo penal, é admissível a remessa a juízo de peças processuais através de correio electrónico,
nos termos do disposto no artigo 150.º, n.º 1, alínea d), e n.º 2, do Código de Processo Civil de 1961, na
redacção do Decreto-Lei nº 324/2003, de 27.12, e na Portaria nº 642/2004, de 16.06, aplicáveis conforme
o disposto no artigo 4º do Código de Processo Penal
<(sobre o processo de desburocratização e simplificação da procedimentos no sistema de Justiça)

Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, de 13/03/2018. Relator: Artur Vargues


Sucessão de leis no tempo – não aplicação da lei nova
1 - Tendo sido prestado pelo condenado termo de identidade e residência, em data em que não estava
ainda em vigor a versão dos artigos 196º e 214º do CPP introduzida pela Lei nº 20/2013, de 21/02, não se
mostra válida a sua notificação do despacho que converte a pena principal de multa em prisão subsidiária
efectuada por aviso postal simples com prova de depósito. [poruqe não foi informado desse facto].
2 - O despacho que, sem a prévia audição do condenado, converte a pena principal de multa em prisão
subsidiária, enferma da nulidade insanável prevista no artigo 119º, alínea c), do CPP (sumário elaborado
pelo relator)

Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, de 12/09/2019 - Relator: Almeida Cabral


Recuso do requerimento por extemporaneidade /Notificação da acusação a recluso
Contagem do prazo para prática do acto; momento em que se considera efectuada a notificação.
«Na sequência do despacho de acusação proferido pelo Ministério Público (fls. 222227), veio o arguido JJ,
a fls. 270 e seguintes, apresentar requerimento de abertura da instrução, o qual deu entrada, via e-mail,
em 22.07.2019.
Ora, ao contrário do afirmado em tal peça processual, o arguido "não foi notificado por via postal
simples" e "levantada no passado dia 1 de Julho de 2019", pois o mesmo está detido à ordem dos
presentes autos desde 10.04.2019. A ser assim, foi dado cumprimento ao disposto no artigo 114.°, n.° 1
do CPP, tendo o arguido sido notificado pessoalmente do teor do despacho de acusação no dia
19.06.2019 (fls. 252).
Deste modo, constata-se que o terminus do prazo de 20 dias - previsto no artigo 287.°, n.° 1 do CPP para
requerer a abertura de instrução ocorreu em 09.07.2019.
Em face do exposto, nos termos do artigo 287.°, n°s. 1, alínea a) e n.°3 do CPP, rejeito liminarmente o
requerimento de abertura da instrução apresentado pelo arguido JJ…, por extemporâneo. (...)".
Porém, com esta decisão não se conformou o arguido, pelo que da mesma interpôs o presente recurso, o
qual sustentou na tempestividade da apresentação do respectivo requerimento, pois que o seu defensor
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"foi notificado via postal no dia 21/06/2019, tendo levantado a referida notificação no dia 01/07/2019",
razão por que o prazo para requerer a abertura da instrução terminou no dia 22/07/2019.

Decisão:
A argumentação invocada pelo arguido de que o seu defensor apenas levantou a correspondência
registada que lhe foi enviada nas instalações dos CTT no dia 01/07/2019, devendo o prazo para
apresentação do requerimento da instrução ser contado, apenas, a partir desta data, é de todo descabia.
Efectivamente, para além de a mesma contrariar, inequivocamente, a letra e o espírito da lei, constituiria
a sua aceitação um grave e inconcebível atropelo à disciplina processual, a qual cairia no caos, ao deixar-
se na vontade do advogado a possibilidade de, segundo os seus interesses, ser fixada a data a partir da
qual um qualquer prazo judicial haveria de começar-se a contar, sempre que a sua notificação fosse feita
nos termos do n.° 1, alínea b), do art.° 113.°, levantando a respectiva correspondência nos CTT se e
quando lhe apetecesse, dentro do prazo por estes fixado no respectivo aviso.
Como bem diz o Ministério Público no acórdão que transcreve, o aviso deixado pelo funcionário dos CTT
na caixa do correio, quando a respectiva carta registada não puder ser entregue, nada mais constitui do
que uma informação dada ao destinatário sobre a data da sua devolução à entidade emitente, caso a
mesma não seja, entretanto, levantada.
Nestes termos, embora com fundamento diferente do invocado pelo tribunal "a quo", confirma-se a
decisão recorrida relativamente à intempestividade do requerimento para a abertura da instrução, razão
por que se acorda em negar provimento ao recurso.

Acórdão 2/96 do Supremo Tribunal de Justiça - A disciplina autónoma do processo penal em matéria de
prazos prescinde da figura da dilação, pelo que a abertura da instrução tem de ser requerida no prazo,
peremptório, de cinco dias [prazo consagrado no CPP à época], previsto no n.º 1 do artigo 287.º do Código
de Processo Penal

Acórdão do Tribunal da Relação de Évora de 20/12/2018. Relato: João Gomes de Sousa – Direito à
interpretação e tradução (referência às directivas 2010/64/EU e 2012/13/EU)

Acórdão do Tribunal da Relação de Évora, de 08 de Janeiro de 2013. Relatora: Ana Barata Brito.
1. A nulidade de falta de nomeação de intérprete nos casos em que a lei a considera obrigatória, prevista
na al. c) do nº 2 do art. 120º do Código de Processo Penal, é sanável e dependente de arguição nos
prazos previstos no nº 3 do art. 120º do Código de Processo Penal.
2. Embora o “auto de compromisso” constante do processo demonstre que foi nomeado intérprete ao
arguido, o cumprimento formal da lei não garante, por si só, que esta tenha
sido materialmente observada.
3. A garantia de uma compreensão efectiva por parte do arguido, relativamente a actos processuais de
tão sérias consequências, como a constituição de arguido, a prestação de T.I.R. e a notificação da data e
local do julgamento, não se basta com uma aparência de possibilidade de compreensão.
4. O incumprimento das funções de intérprete, ou o cumprimento inadequado ou deficiente,
inviabilizante da adequada compreensão dos actos cuja comunicação é legalmente obrigatória,
constituem omissão de tradução e integram a nulidade do art. 120º, nº 2 - al. c) do Código de Processo
Penal.
5. A possibilidade de reacção tempestiva do interessado pressupõe os conhecimentos técnico-jurídicos
do advogado, não sendo exigível uma imediata oposição do arguido quando desacompanhado de
defensor.
6. Mas também ao defensor é necessário conhecer as circunstâncias factuais em que o vício assenta, só
se podendo reagir contra ilegalidade que se conhece, ou seja, quando se sabem as circunstâncias que lhe
deram causa.
7. Não resultando dos autos que o arguido tenha tido qualquer contacto com o seu defensor em
momento prévio ao julgamento e à leitura da sentença, nem que o defensor tenha tido a oportunidade
de contactar o arguido antes do julgamento já que foi nomeado no início da audiência a que o arguido
faltou, é de considerar tempestiva a arguição no recurso da sentença.
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8. Também a falta de notificação para julgamento, “em língua que entenda e de forma minuciosa” (art.
6º, nº3 da C.E.D.H.), equivale a impedimento de estar presente e ausência em acto em que a lei exige a
comparência, configurando, esta já, nulidade insanável do art. 119º, al. c) do Código de Processo Penal.

Acórdão do Tribunal Constitucional. Processo n.º 501/2006. Relator: Bravo Serra.


Sobre a preterição de tradução da decisão da decisão instrutória, nem da acusação e da sua consequência
para a validade do primeiro interrogatório judicial do arguido detido, em que o arguido espanhol esteve
acompanhado de intérprete.

Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça n.º 9/2012, de 10 de dezembro de 2012


Falta injustificada de arguido regularmente notificada para audiência de julgamento quando tribunal
considere que pode começar a audiência sem a sua presença, não tem de promover a sua presença e pode
encerrar o julgamento excepto quando o defensor requeria a audição do arguido na segunda sessão.

Acórdão do Tribunal da Relação de Évora de 10 de janeiro de 2017. Relator: José Proença da Costa
I – Notificado o arguido da audiência de julgamento por forma regular, e faltando injustificadamente à
mesma, se o tribunal considerar que a sua presença não é necessária para a descoberta da verdade, nos
termos do n.º 1 do art. 333.º do C.P.P., deverá dar início ao julgamento;
II – A dispensa de presença do arguido em audiência de julgamento tem sempre um carácter excepcional
e visa essencialmente estabelecer uma concordância prática entre as garantias de defesa com a
realização da justiça penal através dos Tribunais;
III – Porém, para que possa vir ocorrer o julgamento na ausência do arguido impõe-se que o Tribunal
venha a concluir pela sua dispensabilidade, como decorre do n.º 2, do art.º 333.º, do Cód. Proc. Pen., pois
só desta feita se poderá vir estabelecer uma concordância prática entre as garantias de defesa, no caso a
comparência do arguido na audiência de julgamento, com a realização da justiça penal através dos
Tribunais;
IV – Em conformidade com as proposições anteriores, comete a nulidade prevista no art.º 379.º, n.º 1,
al.ª c), do Cód. Proc. Pen. – o que implica a anulação quer da sentença, quer do julgamento –, o tribunal a
quo ao ter prosseguido o julgamento na ausência do arguido e sem que se tenha pronunciado sobre a
indispensabilidade da presença do mesmo.

Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra, de 14 de Julho de 2010. Relator: Paulo Guerra.


O n.º 6 do artigo 107.º estabelece que o prazo de 20 dias pode ser prorrogado «até ao limite de 30 dias»
e não que tal prazo pode ser prorrogado por mais 30 dias.

Processo n.º 450/2013 / 3ª Secção / Relator: Conselheiro Carlos Fernandes Cadilha


6. Pelo exposto, decide-se:
a) Não julgar inconstitucional a norma do artigo 107.º, n.º 6, do CPP, interpretado no sentido de que se
limita a permitir a prorrogação do prazo de recurso de 20 para 30 dias e que, mesmo havendo
impugnação da matéria de facto, o prazo não pode exceder os 30 dias;

Acórdão do Tribunal da Relação de Guimarães, de 4/12/2006. Relator: Cruz Bucho


Falta de assinatura do requerente determina sua inexistência. NO caso, falta de assinatura do
requerimento de abertura da instrução, determina a inexistência.

Conselho Superior do Ministério Público. Inquérito Disciplinar n.º 39/2016-RMP-I recusa de


protesto para os autos; disparidade entre declarações do arguido e auto de declarações.

Actos dos advogados – exercício do direito de protesto (ver também estatuto da Ordem dos Advogados)
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Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, de 9/5/2019. Relator: Almeida Cabral.


I - Nada na lei processual penal define o que dever ser entendido por “excecional complexidade”,
limitando-se a mesma a indicar, a título exemplificativo, circunstâncias que eventualmente podem
conduzir à sua declaração e que se prendem com o número de arguidos ou de ofendidos ou com o
carácter altamente organizado do crime (cfr. art.° 215°, n.° 3, do C. Proc. Penal). O juízo sobre a especial
complexidade constitui um juízo de razoabilidade e da justa medida na apreciação das dificuldades do
procedimento, tendo em conta nomeadamente, as dificuldades da investigação, o número de
intervenientes processuais, a deslocalização de atos, as contingências procedimentais das intervenções
dos sujeitos processuais, ou a intensidade da utilização dos meios;
II- O juízo sobre a excecional complexidade depende do prudente critério do juiz na ponderação dos
elementos de facto em concreto, que perante si se apresentam em determinado processo;
III- A declaração de especial complexidade do procedimento não se reporta exclusivamente à fase de
inquérito, nem tem que ser requerida ou determinada naquela fase processual, tendo como objectivo o
alargamento dos prazos da prisão preventiva até ao trânsito em julgado da decisão de condenação. O
que sucede é que a decisão de conferir ao procedimento aquela especial complexidade na 1ª instância é,
normalmente, requerida em inquérito e são referidas, então, as circunstâncias relevantes para a elevação
dos prazos da prisão preventiva, logo desde essa primeira fase processual, mas tal não implica que,
aquelas circunstâncias deixem de se verificar no final do inquérito, e logo que se deixe de verificar,
também, a especial complexidade do procedimento nas fases seguintes;
IV-O conceito de “excepcional complexidade” é um conceito aberto e amplo, o que ressalta, desde logo,
do preceituado no n.º 3 do referido art.º 215.º, o qual tem subjacente como razão de fundo, para além
do mais, a impossibilidade de cumprimento dos prazos legais previstos, designadamente para a prisão
preventiva, sobrepondo-se a esta o interesse numa melhor investigação;
IV- A “excepcional complexidade” tanto pode ser declarada oficiosamente pelo juiz como a requerimento
do Ministério Público, devendo, sempre, ser fundamentada, aliás, como resulta do princípio geral
consagrado no art.º 97.º, n.º 5 do CPP, e só poderá ser declarada depois de ter sido dada a possibilidade,
quer ao arguido, quer ao assistente, caso exista, de se pronunciarem sobre a mesma;
V- Uma vez reconhecida a “excepcional complexidade” de um processo numa qualquer fase, salvo
circunstâncias supervenientes excepcionais que o descaracterizem, a respectiva declaração manter-se-á
enquanto os autos permanecerem na primeira instância,

Acórdão do TRE, de 31/3/2009. Relator: Martinho Cardoso.


I - De harmonia com o disposto no n.º2 do art. 289.º do CPP, na redacção que lhe foi dada pela Lei n.º
48/2007, de 29 de Agosto, “o Ministério Público, os arguidos, os defensores, os assistentes e os seus
advogados podem assistir aos actos de instrução por qualquer deles requeridos e suscitar pedidos de
esclarecimento ou requerer que sejam formuladas as perguntas que entenderem relevantes para a
descoberta da verdade.” A falta de convocação de um arguido para comparecer, querendo, em acto de
instrução – ainda que requerido por um coarguido – constitui a nulidade sanável prevista no art.º 120.º,
n.º 2 alinea d) do Código de Processo Penal.
2. Tendo a defensora do arguido não convocado estado presente na diligência instrutória – ainda que em
representação de outros arguidos – sem que haja invocado a nulidade, considera-se esta sanada.

Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 21/07/2010. Relator: Armindo Monteiro.


I- As normas sobre a duração dos prazos de prisão preventiva apresentam-se com uma natureza mista:
elas são normas processuais penais formais porque regem sobre as condições em que se desenvolve a
marcha do processo, mas também de cunho substantivo, material, normas processuais materiais, por
implicarem com o direito fundamental da liberdade individual, que pré-conformaram.
II - E, por isso, na sucessão de leis disciplinando diversamente o regime da prisão preventiva, elas devem
ser de aplicação imediata – art. 5.º, n.º 1, do CPP –, salvo se importarem ao arguido um agravamento
sensível para a sua posição processual ou quebra para a harmonia, para a unidade processual, hipótese –
als. a) e b) do n.º 2 – em que cessa aquela imediata aplicabilidade a todos os processos pendentes.
III - A Lei 48/2007, de 29-08, redefinindo o regime da prisão preventiva, contemplou o CPP, no seu art.
215.º, n.º 6, com uma posição inovadora, agravativa em geral do regime antecedente, alargando os
prazos de prisão preventiva, em condições muitos especificadas, na medida em que dispôs que no caso
9

de o arguido ter sido condenado a pena de prisão em 1.ª instância e a sentença condenatória tiver sido
confirmada em sede de recurso ordinário, o prazo máximo da prisão preventiva eleva-se para metade da
pena que tiver sido fixada.
IV - Nesta especial hipótese, a norma do art. 215.º, n.º 6, do CPP, ditada por compreensíveis razões,
ligadas à forte probabilidade de acerto do decidido e a última instância de recurso também o
manter, prevalece sobre a regra enunciativa do regime de máxima duração da prisão preventiva, em
geral, contida no n.º 3, do citado art. 215.º, redutora, sem dúvida, da redução dos prazos em geral da
prisão preventiva, posto que comina para a hipótese de o procedimento ser, além do mais, pelo crime de
associação criminosa, por que o arguido foi condenado, duração que o arguido preconiza ser de 3 anos e
4 meses de prisão – n.ºs 1, al. d), e 2, al. a).
X - O processo de habeas corpus assume-se como de natureza residual, excepcional e de via reduzida: o
seu âmbito restringe-se à apreciação da ilegalidade da prisão, por constatação e só dos fundamentos
taxativamente enunciados no art. 222.º, n.º 2, do CPP.
XI - No caso concreto, o arguido lançou mão, para reagir contra a extemporaneidade da interposição do
recurso por si interposto de um incidente que a lei não consente, contra o estatuído na própria lei, sem
qualquer virtualidade para, a partir dele, com base nele, se decidir da admissibilidade do recurso como
estava em sua mente ao deduzi-lo. E por via dessa total inocuidade, ou inutilidade, começou a correr o
prazo dentro do qual opera o trânsito em julgado, pois o arguido não pode prevalecer-se de um acto
carente de fundamentação legal para o paralisar.
XII - Tendo o arguido sido notificado do acórdão que decidiu não conhecer o recurso, veio aquele acórdão
a transitar em julgado, antes de se completar o prazo de 3 anos e 4 meses, antes aludido, e, portanto,
neste momento, o arguido acha-se em cumprimento de pena, nem sequer se mostrando ajustado falar
de prisão preventiva e seus prazos, com ou sem a sua exaustão e, pois, que o arguido está em prisão
preventiva em excesso de prazo, nos termos do art. 222.º, n.º 2, al. c), do CPP.

Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça n.º 4/2012, de 21/05/2012 – Fixação de Jurisrudência


Sendo de seis meses o prazo que a lei confere ao exercício do direito de queixa, importa saber quando
termina esse prazo, como se identifica concretamente o seu limite final, ou seja, qual o seu términos,
enfim, como deve determinar-se o último dia do prazo de apresentação da queixa, de forma a garantir
que a queixa foi apresentada no prazo legalmente concedido.
Como salienta a recorrente: «Trata-se, assim, de uma questão de relevante interesse, uma vez que a
determinação do concreto dia em que o exercício do direito de queixa se considera extinto, contende
com a apreciação da tempestividade do exercício de tal direito.»
[..]
JURISPRUDÊNCIA FIXADA:
O prazo de seis meses para o exercício do direito de queixa, nos termos do artigo 115.º, n.º 1, do Código
Penal, termina às 24 horas do dia que corresponda, no 6.º mês seguinte, ao dia em que o titular desse
direito tiver tido conhecimento do facto e dos seus autores; mas, se nesse último mês não existir dia
correspondente, o prazo finda às 24 horas do último dia desse mês.
(No caso concreto do acórdão, os factos ocorreram a 22 de Fevereiro. A queixa foi apresentada em 23 de
Agosto e não foi aceite porque o prazo - segundo as regras do Código Civil), terminava em 22 de Agosto –
último dia do 6.º mês seguinte ao do evento que determina a contagem do prazo).

Acórdão n.º 54/2000, do Tribunal Constitucional, de 23/10/2000


III - Decisão. - Com estes fundamentos, o Tribunal Constitucional decide:

a) Julgar inconstitucional a norma do artigo 283.º, n.º 5, do Código de Processo Penal, conjugada com as
dos artigos 277.º, n.º 3, e 113.º, n.º 1, alínea c), do mesmo diploma, interpretada no sentido de, no caso
de notificação edital ao arguido da acusação, permitir que se conte a partir do momento em que se
considera efectuada o prazo para requerer a abertura da instrução, por violação do n.º 1 do artigo 32.º da
Constituição;

b) Conceder provimento ao recurso e determinar a reforma da decisão recorrida em conformidade com o


presente juízo de inconstitucionalidade.
10

Acórdão Tribunal da Relação do Porto, de 18/10/2006. Relator: Pinto Monteiro.


SUMÁRIO:
Se o condenado esteve detido das 1,30 horas de um dia até às 18,30 horas de outro, são descontados 2
dias no cumprimento da pena de prisão.
EXCERTO DO ACÓRDÃO
Tendo em conta as conclusões da motivação do recurso e que estas delimitam o seu objecto, temos que
a discordância do M.º P.º quanto ao despacho recorrido reside no facto de neste se ter contado como
dois dias, para efeito de desconto na pena única que lhe foi aplicada na sequência da efectuação de um
cúmulo jurídico, o período de tempo em que a arguida esteve detida à ordem de um dos processos,
período de tempo esse inferior a 48 horas.
Dos autos, com interesse para a decisão, constam os seguintes elementos:
A arguida esteve detida à ordem de um dos processos entre a 1h30 do dia 1/12/200 e as 18h40 do dia 2
do mesmo mês e ano, tendo o senhor juiz que proferiu o despacho recorrido, para efeito do disposto no
n.º1 do art. 80.º do Código Penal, contado dois dias. O M.º P.º discorda da decisão por aquele período de
tempo ser inferior a 48 horas, defendendo que deve ser contado apenas como um dia.
No recurso que deu origem ao processo n.º1798/06, deste tribunal e secção, foi suscitada uma questão
semelhante a esta – o M.º Pº defendia que a detenção e libertação de um arguido no mesmo dia, por um
período de tempo inferior a 24 horas, não podia ser considerada como um dia para o efeito do n.º1 do
art. 80.º do Código Penal – tendo sido decidido por acórdão datado de 17 de Março de 2006 que devia
contar como um dia para efeitos do referido desconto. Porque estamos de acordo com o decidido
naquele acórdão e por uma questão de economia de tempo passamos a transcrevê-lo na parte que
interessa a esta decisão.
“Face à actual redacção do art. 80.º do Código Penal, introduzida pelo D/L n.º48/95, de 15 de Março,
dúvidas não restam de que a detenção sofrida pelo arguido é descontada por inteiro no cumprimento da
pena de prisão (cfr. o n.º1 do artigo citado).
Como o art. 479.º do CPP regula a contagem do tempo de prisão sem fazer qualquer menção expressa à
contagem do tempo a descontar, outra solução não resta senão a de proceder à contagem do tempo a
descontar segundo as regras previstas neste mesmo artigo, procedendo-se depois ao respectivo
desconto na pena. Aliás, a própria lei processual penal equipara dentro de certos limites a detenção à
prisão preventiva, nomeadamente, ao determinar ser correspondentemente aplicável à detenção o
disposto no art. 194.º, n.º3, segunda parte e n.º4 (cfr. o art. 260.º, al. b), do CPP).
É certo que o art. 479.º do CPP apenas se refere à contagem do tempo de prisão fixada em anos, em
meses e em dias, determinando que esta última – prisão fixada em dias – será contada considerando
cada dia um período de 24 horas. Não prevê a lei o tempo de prisão contado em horas. Daí não se pode,
no entanto, retirar a conclusão de que a detenção por tempo inferior a 24 horas, porque não
expressamente prevista, não poderá ser descontada. Trata-se inequivocamente de uma privação da
liberdade, havendo que observar, na contagem da pena, a regra do art. 80.º, n.º1, do Código Penal, que
impõe o desconto por inteiro da detenção sofrida no cumprimento de pena de prisão. Como a unidade
de tempo mais pequena prevista para a contagem da prisão é o dia, correspondente a um período de 24
horas, tendo o arguido sido libertado no mesmo dia há que considerar o período mínimo previsto para
cumprimento da pena de prisão e proceder ao respectivo desconto, na medida em que é esta a forma
mais ajustada de dar cumprimento ao citado n.º1 do art. 80.º do Código Penal, com pleno respeito pela
dignidade constitucional do direito à liberdade, nos termos em que este se encontra consignado no art.
27.º da Constituição da República Portuguesa.”
No caso, o que o M.º pretende é que, tendo o arguido estado detido desde a 1h30 de um dia até às
18h30 do dia seguinte, para efeitos do disposto no art. 80.º, n.º1, do Código Penal, tal período de tempo
seja considerado como apenas um dia, uma vez que não perfaz o tempo total de 48 horas.
Ora, aplicando-se a doutrina do acórdão acabado de transcrever à situação sub judice, temos que na
pena única fixada à arguida há a descontar dois dias, tal como foi decidido no despacho recorrido.

Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra, de 03/02/2016. Relator: Abílio Ramalho.


Falsidade de testemunho, constituição de arguido nula, detenção verbal.

Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça n.º 1/2011, de 25/01/2011


11

SUMÁRIO:
Em procedimento dependente de acusação particular, o direito à constituição como assistente fica
precludido se não for apresentado requerimento para esse efeito no prazo fixado no n.º 2 do artigo 68.º
do Código de Processo Penal.
Aos prazos processuais aplicam-se as regras de contagem dos prazos previstas no artigo 104.º do CPP. Os
prazos são contínuos e apenas correm em férias os prazos relativos a processos nos quais se devam praticar
os actos previstos no artigo 103.º, n.º 2, alíneas a) a e), do CPP. Aos prazos substantivos, tais como os prazos
da prisão preventiva, prazos de prescrição, prazos para apresentação ao juiz de pessoa detida, prazos de
caducidade, não se aplicam aquelas regras de contagem - v. Figueiredo Dias, Direito Processual Penal, 1.ª
ed., reimpressão, Coimbra Editora, 2004, p. 34.

5 - Numa segunda linha de análise, mais concreta, considerando que no caso o prazo de 10 dias em questão
está direccionado à prática de um acto processual (requerer a constituição como assistente), integra-se no
direito adjectivo e tendo em conta as regras de contagem que lhe são aplicáveis, dúvidas não ternos de
que se trata de um prazo judicial/processual.

Acórdão do Tribunal da Relação de Évora, de 16/2/2016. Relator: Ana Barata de Brito.


SUMÁRIO:
O regime processual penal relativo a notificações de arguido é o de que, excetuando-se os casos que a lei
trate como de notificação obrigatória cumulativa (a fazer tanto ao defensor como ao arguido), elas
deverem ser efetuadas na pessoa do defensor. O advogado é a pessoa tecnicamente habilitada a reagir
no processo e a acompanhar, aconselhar e orientar o arguido na sua defesa.
II - Só a assistência de advogado informado das decisões proferidas no processo investe o arguido na
plena capacidade de exercício dos seus direitos processuais. Direitos que abrangem a possibilidade de se
manifestar sobre as razões do não pagamento de uma multa, previamente à decisão que ordena já o
cumprimento da prisão subsidiária correspondente.
III - A garantia de uma compreensão efetiva por parte do condenado, relativa a atos e a decisões
processuais de tão sérias consequências, não se pode reduzir a uma aparência de possibilidade de
compreensão.
IV - Independentemente das obrigações decorrentes de um TIR que o arguido prestou e que tem de
conhecer e cumprir, afigurar-se-ia excessiva a afirmação, feita no despacho subsequente ao da conversão
da multa em prisão, de que “o condenado poderia, pelo seu próprio punho, ter requerido ou informado o
que entendesse, como tantas vezes acontece. Se o condenado quisesse poderia ele próprio ter
contactado o seu Defensor, o que aparentemente não fez.”
V - A lei exige que seja o Tribunal a notificar o arguido e que o seja através do defensor. Na ausência de
notificação efetuada nos termos prescritos na lei, é de considerar que o procedimento adotado configura
irregularidade e, mais, que a notificação não se fez.

Acórdão do Tribunal Constitucional n.º 389/2005


Diário da República de 19/10/2005

«Os assistentes interpuseram recurso para o Tribunal da Relação de Lisboa, sustentando a


inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual não há lugar à prolação de um despacho de
aperfeiçoamento do requerimento para a abertura de instrução apresentado pelo assistente no caso de
não serem cumpridas as exigências do n.º 3 do artigo 287.º do Código de Processo Penal. [...]
III - Decisão. - 9 - Ante o exposto, o Tribunal Constitucional decide não julgar inconstitucional a norma
constante dos artigos 287.º e 283.º do Código de Processo Penal, segundo a qual não é obrigatória a
formulação de um convite ao aperfeiçoamento do requerimento para abertura da instrução, apresentado
pelos assistentes, que não contenha uma descrição dos factos imputados ao arguido, negando,
consequentemente, provimento ao recurso e confirmando o acórdão recorrido».
12

Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, de 12/09/2019


Relator: Almeida Cabral
Recuso do requerimento por extemporaneidade
Notificação da acusação a recluso
Contagem do prazo para prática do acto; momento em ue se considera efectuada a notificação.

«Na sequência do despacho de acusação proferido pelo Ministério Público (fls. 222227), veio o arguido JJ, a fls. 270 e
seguintes, apresentar requerimento de abertura da instrução, o qual deu entrada, via e-mail, em 22.07.2019.
Ora, ao contrário do afirmado em tal peça processual, o arguido "não foi notificado por via postal simples" e
"levantada no passado dia 1 de Julho de 2019", pois o mesmo está detido à ordem dos presentes autos desde
10.04.2019. A ser assim, foi dado cumprimento ao disposto no artigo 114.°, n.° 1 do CPP, tendo o arguido sido
notificado pessoalmente do teor do despacho de acusação no dia 19.06.2019 (fls. 252).
Deste modo, constata-se que o terminus do prazo de 20 dias - previsto no artigo 287.°, n.° 1 do CPP para requerer a
abertura de instrução ocorreu em 09.07.2019.
Em face do exposto, nos termos do artigo 287.°, n°s. 1, alínea a) e n.° 3 do CPP, rejeito liminarmente o requerimento
de abertura da instrução apresentado pelo arguido JJ…, por extemporâneo. (...)".
Porém, com esta decisão não se conformou o arguido, pelo que da mesma interpôs o presente recurso, o qual
sustentou na tempestividade da apresentação do respectivo requerimento, pois que o seu defensor "foi notificado
via postal no dia 21/06/2019, tendo levantado a referida notificação no dia 01/07/2019", razão por que o prazo para
requerer a abertura da instrução terminou no dia 22/07/2019.

Decisão:
A argumentação invocada pelo arguido de que o seu defensor apenas levantou a correspondência registada que lhe
foi enviada nas instalações dos CTT no dia 01/07/2019, devendo o prazo para apresentação do requerimento da
instrução ser contado, apenas, a partir desta data, é de todo descabia.
Efectivamente, para além de a mesma contrariar, inequivocamente, a letra e o espírito da lei, constituiria a sua
aceitação um grave e inconcebível atropelo à disciplina processual, a qual cairia no caos, ao deixar-se na vontade do
advogado a possibilidade de, segundo os seus interesses, ser fixada a data a partir da qual um qualquer prazo judicial
haveria de começar-se a contar, sempre que a sua notificação fosse feita nos termos do n.° 1, alínea b), do art.° 113.°,
levantando a respectiva correspondência nos CTT se e quando lhe apetecesse, dentro do prazo por estes fixado no
respectivo aviso.
Como bem diz o Ministério Público no acórdão que transcreve, o aviso deixado pelo funcionário dos CTT na caixa do
correio, quando a respectiva carta registada não puder ser entregue, nada mais constitui do que uma informação
dada ao destinatário sobre a data da sua devolução à entidade emitente, caso a mesma não seja, entretanto,
levantada.

Nestes termos, embora com fundamento diferente do invocado pelo tribunal "a quo", confirma-se a decisão
recorrida relativamente à intempestividade do requerimento para a abertura da instrução, razão por que se acorda
em negar provimento ao recurso.

LEGISLAÇÃO AUXILIAR

CÓDIGO CIVIL Art. 279.º - Cômputo do termo

À fixação do termo são aplicáveis, em caso de dúvida, as seguintes regras:


a) Se o termo se referir ao princípio, meio ou fim do mês, entende-se como tal, respectivamente, o
primeiro dia, o dia 15 e o último dia do mês; se for fixado no princípio, meio ou fim do ano, entende-se,
respectivamente, o primeiro dia do ano, o dia 30 de Junho e o dia 31 de Dezembro;
b) Na contagem de qualquer prazo não se inclui o dia, nem a hora, se o prazo for de horas, em que
ocorrer o evento a partir do qual o prazo começa a correr;
c) O prazo fixado em semanas, meses ou anos, a contar de certa data, termina às 24 horas do dia que
corresponda, dentro da última semana, mês ou ano, a essa data; mas, se no último mês não existir dia
correspondente, o prazo finda no último dia desse mês;
d) É havido, respectivamente, como prazo de uma ou duas semanas o designado por oito ou quinze dias,
sendo havido como prazo de um ou dois dias o designado por 24 ou 48 horas;
13

e) O prazo que termine em domingo ou dia feriado transfere-se para o primeiro dia útil; aos domingos e
dias feriados são equiparadas as férias judiciais, se o acto sujeito a prazo tiver de ser praticado em juízo.

O tempo e a repercussão nas relações jurídicas


Art. 296.º Contagem dos prazos
As regras constantes do artigo 279.º são aplicáveis, na falta de disposição especial em contrário, aos
prazos e termos fixados por lei, pelos tribunais ou por qualquer autoridade.

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Artigo 136.º
Lei reguladora da forma dos atos e do processo (ver art. 45.º CPP)

1 - A forma dos diversos atos processuais é regulada pela lei que vigore no momento em que são praticados.
2 - A forma de processo aplicável determina-se pela lei vigente à data em que a ação é proposta.

Artigo 138.º
Regra da continuidade dos prazos

1 - O prazo processual, estabelecido por lei ou fixado por despacho do juiz, é contínuo, suspendendo-se,
no entanto, durante as férias judiciais, salvo se a sua duração for igual ou superior a seis meses ou se
tratar de atos a praticar em processos que a lei considere urgentes.
2 - Quando o prazo para a prática do ato processual terminar em dia em que os tribunais estiverem
encerrados, transfere-se o seu termo para o 1.º dia útil seguinte.
3 - Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se encerrados os tribunais quando for
concedida tolerância de ponto.
4 - Os prazos para a propositura de ações previstos neste Código seguem o regime dos números
anteriores

Artigo 139.º

Modalidades do prazo

1 - O prazo é dilatório ou perentório.


2 - O prazo dilatório difere para certo momento a possibilidade de realização de um ato ou o início da
contagem de um outro prazo.
3 - O decurso do prazo perentório extingue o direito de praticar o ato.
4 - O ato pode, porém, ser praticado fora do prazo em caso de justo impedimento, nos termos regulados
no artigo seguinte.
5 e 6 – prática nos três dias seguintes (ver CPP)
8 - O juiz pode excecionalmente determinar a redução ou dispensa da multa nos casos de manifesta
carência económica ou quando o respetivo montante se revele manifestamente desproporcionado,
designadamente nas ações que não importem a constituição de mandatário e o ato tenha sido praticado
diretamente pela parte.

Artigo 140.º
14

Justo impedimento

1 - Considera-se «justo impedimento» o evento não imputável à parte nem aos seus representantes ou
mandatários que obste à prática atempada do ato.
2 - A parte que alegar o justo impedimento oferece logo a respetiva prova; o juiz, ouvida a parte
contrária, admite o requerente a praticar o ato fora do prazo se julgar verificado o impedimento e
reconhecer que a parte se apresentou a requerer logo que ele cessou.
3 - É do conhecimento oficioso a verificação do impedimento quando o evento a que se refere o n.º 1
constitua facto notório, nos termos do n.º 1 do artigo 412.º, e seja previsível a impossibilidade da prática
do ato dentro do prazo.

LEI N.º 62/2013, DE 26 DE AGOSTO – LEI DA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA JUDICIÁRIO

Artigo 28.º
Férias
As férias judiciais decorrem de 27 de dezembro a 3 de Janeiro, de domingo de Ramos1 à segunda-feira de
Páscoa e de 16 de Julho a 31 de agosto.

Artigo 36.º
Turnos
1 - Nos tribunais organizam-se turnos para assegurar o serviço que deva ser executado durante as férias
judiciais ou quando o serviço o justifique.
2 - São ainda organizados turnos para assegurar o serviço urgente previsto na lei que deva ser executado
aos sábados, nos feriados que recaiam em segunda-feira e no segundo dia feriado, em caso de feriados
consecutivos.
3 - Pelo serviço prestado nos termos do número anterior é devido suplemento remuneratório, a definir
por decreto-lei.

Atenção:
NULIDADES ESTABELECIDAS FORA DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Exemplo, art. 11.º do Estatuto do Jornalista
2 - As autoridades judiciárias perante as quais os jornalistas sejam chamados a depor devem informá-los
previamente, sob pena de nulidade, sobre o conteúdo e a extensão do direito à não revelação das fontes
de informação.

ESTATUTO DA ORDEM DOS ADVOGADOS


Artigo 78.º
Direito de comunicação com arguidos presos

Os advogados têm direito, nos termos da lei, de comunicar, pessoal e reservadamente, com os seus
patrocinados, mesmo quando estes se encontrem presos ou detidos em estabelecimento civil ou militar.
Artigo 79.º
Informação, exame de processos e pedido de certidões

1 - No exercício da sua profissão, o advogado tem o direito de solicitar em qualquer tribunal ou repartição
pública o exame de processos, livros ou documentos que não tenham caráter reservado ou secreto, bem

1
Festa móvel cristã que comemora a entrada de Jesus em Jerusalém. Corresponde ao Domingo anterior à Páscoa.
15

como de requerer, oralmente ou por escrito, que lhe sejam fornecidas fotocópias ou passadas certidões,
sem necessidade de exibir procuração.
2 - Os advogados, quando no exercício da sua profissão, têm preferência para ser atendidos por quaisquer
trabalhadores a quem devam dirigir-se e têm o direito de ingresso nas secretarias, designadamente nas
judiciais.
Artigo 80.º
Direito de protesto

1 - No decorrer de audiência ou de qualquer outro ato ou diligência em que intervenha, o advogado deve
ser admitido a requerer oralmente ou por escrito, no momento que considerar oportuno, o que julgar
conveniente ao dever do patrocínio, sem necessidade de prévia indicação ou explicitação do respetivo
conteúdo.
2 - Quando, por qualquer razão, não lhe seja concedida a palavra ou o requerimento não for exarado em
ata, pode o advogado exercer o direito de protesto, indicando a matéria do requerimento e o objeto que
tinha em vista.
3 - O protesto não pode deixar de constar da ata e é havido para todos os efeitos como arguição de
nulidade, nos termos da lei.

TESTAR CONHECIMENTOS

QUESTIONÁRIO ESPECÍFICO

DOS ACTOS PROCESSUAIS


1. Defina o conceito de acto processual.
2. Distinga actos substantivos e actos processuais quanto ao regime.
3. Como se designam os actos decisórios dos magistrados judiciais?
4. Que modalidades de actos judiciais conhece?
5. Como se designam os actos decisórios dos juízes?
6. Dê um exemplo de um acto decisório e de um acto não decisório de juiz.
7. Podem os procuradores proferir despachos?
8. Quanto à tipologia, como se designam os actos praticados por arguido, assistente e por
participantes no processo quando se dirigem ao processo?
9. Podem os actos ser praticados oralmente?
10. Que actos são documentados por actas?
11. É obrigatória a documentação de actos? Fundamente a sua resposta.
12. Qual a regra relativamente aos actos processuais, a publicidade ou o segredo?
13. Existe alguma fase obrigatoriamente secreta?
14. O segredo de justiça constitui uma garantia processual ou pessoal? Fundamente a sua resposta.
15. Pode o Ministério Público decretar o segredo de justiça?
16. Qual a finalidade da publicidade e com que valores constitucionais se compatibiliza?
17. Qual a finalidade do segredo e que valores visa proteger?
18. A quem cabe manter a ordem dos actos?
19. Distinga juramento de compromisso.
20. Quem presta juramento?
21. Quem não presta juramento e porquê?
22. Qual o sentido e finalidade de se prestar juramento?
16

23. Deve prestar-se juramento de cada vez que tenha de se intervir num processo, ou uma vez
prestado serve para sempre?
24. Quem presta compromisso?
25. Quem não presta compromisso?
26. Os assistentes e as partes civis são ajuramentadas?
27. Qual a consequência jurídica para a falsidade de declarações pelo assistente?
28. Os intérpretes prestam compromisso, ou juramento? Porquê?
29. Nos termos da legislação processual penal, os actos devem ser praticados em língua portuguesa.
30. Quem deve facultar a tradução de documentos de actos redigidos em língua estrangeira? Onde
se encontra regulamentada essa matéria? Veja art. 134 CPC
31. Qual a consequência da falta de designação de tradutor ou intérprete?
32. Qual a língua a adoptar na prática dos actos
33. Qual a consequência de alguém:
34. Se recusar a prestar juramento ou compromisso?
35. Se recusar a depor ou a entregar relatório depois de ter prestado juramento ou compromisso?
36. Existe alguma consequência jurídica para quem preste declarações falsas após ter prestado
juramento?

DA PRÁTICA DOS ACTOS PROCESSUAIS

37. Quando se praticam os actos?


38. Quando não se praticam os actos?
39. Há excepções à regra relativa ao momento da prática dos actos? Explicite o seu raciocínio,
fundamentando com o CPP e outra legislação que lhe pareça pertinente.
40. Que modalidades de prazos conhece?
41. Distinga, definindo, prazos peremptórios/preclusivos e prazos dilatórios;
42. O que são prazos meramente ordenadores? Conhece algum caso?
43. O que são prazos legais supletivos?
44. Em Processo Penal, pode praticar-se o acto após o decurso do prazo legalmente estabelecido? Em
que circunstâncias?
45. Distinga interrupção do prazo de suspensão do prazo, dando exemplos;
46. Os prazos podem ser estatuídos pela lei penal adjectiva ou por determinação de um magistrado.
Pode um magistrado encurtar o prazo prescrito na lei?
47. Qual o prazo supletivamente previsto na lei para a prática dos actos processuais?
48. Qual o prazo para a prática de actos de expediente?
49. Os prazos processuais são contínuos, ou suspendem-se nos dias não úteis?
50. Que prazos podem ser prorrogados no caso de excepcional complexidade?
51. O que entende por excepcional complexidade? Existe definição legal? Quais os critérios para a sua
ponderação?
52. A quem cabe o impulso para a apreciação da excepcional complexidade?
53. Pode o Ministério Público determinar a excepcional complexidade no inquérito?
54. Quem deve ser ouvido para que possa ser determinada a excepcional complexidade? Quid iuris
se houver preterição dessa formalidade?
55. Quais as consequências da declaração da excepcional complexidade?
56. Que finalidade se pretende com o pedido de aceleração do processo previsto no artigo 108.º do
CPP?
57. A quem cabe a decisão deste incidente (art. 108.º CPP)?
17

REGRAS DE CONTAGEM DE PRAZOS

58. Distinga o regime dos prazos processuais dos prazos substantivos.


59. Como é feito o cômputo do tempo em processo pena? Diga, nomeadamente, a partir de que
momento se inicia a contagem do prazo processual.
60. Em que dia se inicia a contagem dos prazos?
61. O Código de Processo Civil consagra regras sobre dilação para a prática dos actos.
62. Quid iuris, quando um prazo termine num dia não útil?
63. Distinga suspensão de prazos de interrupção de prazos.
64. Quais os períodos de férias judiciais e onde se encontram estabelecidos?
65. Que processos correm em férias judiciais?
66. As férias suspendem ou interrompem os prazos?
67. Suponha que num determinado processo exista um arguido preso à ordem desse processo. Tendo
sido notificado da acusação a 13 de Julho, diga quando termina o prazo para requerer a abertura
da instrução, sabendo que apenas o arguido que se encontra em liberdade pretende fazê-lo.

NOTIFICAÇÕES E COMUNICAÇÃO PARA A PRÁTICA DOS ACTOS

1. Que modalidades de notificação existem?


2. Como se determina a modalidade de notificação?
3. De que circunstâncias depende a escolha?
4. Como se notifica o arguido?
5. O arguido notifica-se sempre do mesmo modo?
6. E o assistente?
7. E as partes civis?
8. E os lesados que tenham manifestado o propósito de requerer indemnização civil?
9. O advogado é notificado de todos os actos?
10. O arguido é notificado de todos os actos ou pode ser notificado pessoa do seu defensor
nomeado ou advogado constituído?
11. Quando é que se considera efectuada a notificação.
12. A denúncia pode ser feita numa língua diferente do português? Art. 246.º/
13. Qual a finalidade da comunicação dos actos?
14. A quem cabe a iniciativa da comunicação?
15. Quem procede à comunicação?
16. Quem executa a comunicação dos actos?
17. Que forma reveste a comunicação entre serviços de justiça e entre autoridades
judiciárias e os órgãos de polícia criminal?
18. Distinga citação de notificação, referindo qual das duas modalidades de comunicação
não existe em processo penal.
19. Que comunicações ou convocações devem revestir necessariamente a forma de
notificações?
20. Pode notificar-se a acusação ao arguido, por edital? Poderá contar-se o prazo para
requerimento de abertura da instrução a partir desse momento?
21. Distinga carta precatória e carta rogatória e refira o seu âmbito de aplicação.
22. Que meios de notificação conhece?
18

23. Quando se consideram as pessoas notificadas? (responda relativamente a cada um dos


modos de comunicação dos actos)
24. Na impossibilidade de notificação por outros meios, pode sempre, por regra, recorrer-se
à notificação edital?
25. Quando se presume feita a notificação no caso de notificação por via postal simples?
26. Quando se considera feita a notificação no caso da notificação por contacto pessoal?
27. Quando se presume feita a notificação feita por via postal registada?
28. O que se pretende transmitir através da comunicação dos actos processuais?
29. Quem efectua a comunicação dos actos?
30. Quem executa a comunicação?
31. O que é um mandado?
a. Qual a sua finalidade?
b. Qual seu âmbito territorial de aplicação?
c. Quem o decreta?
32. Diga qual a finalidade de uma carta precatória e qual o seu âmbito territorial de execução.
33. Podem comunicar-se actos mediante contacto telefónico? Em que circunstâncias? Que
formalidades devem decorrer nessa sequência?
34. Como se procede para a convocação para comparecimento a actos processuais?
35. Todas as convocações revestem a forma de notificação?
36. A notificação ao arguido pode ser feita na pessoa do seu defensor?
37. Podem as notificações ao assistente ser feitas na pessoa do seu advogado?
38. Como se procede à notificação de uma pessoa presa?
39. Como se procede à notificação de um funcionário público?
40. Pode solicitar-se a colaboração dos agentes da PSP para efectuarem uma notificação
pessoal?
41. Como são notificados os advogados e defensores?
42. Que actos têm necessariamente de ser notificados pessoalmente ao arguido?
43. Como, e até quando, pode justificar-se uma falta de comparência a acto para que se
esteja regularmente notificado?
44. Qual a consequência da falta a acto processual, cometida por Ministério Público ou
advogado constituído ou nomeado?
45. Qual a consequência da falta injustificada de comparência a acto processual?
46. A quem deve ser notificada a acusação?
47. Pode a acusação ser notificada apenas ao advogado, na qualidade de representante do
arguido e não ao arguido?

DA DENÚNCIA E DA QUEIXA

68. O que distingue uma denúncia de uma queixa e de uma participação?


69. Existe alguma diferença em termos formais, entre uma denúncia e uma queixa?
70. Qual o conteúdo de uma denúncia?
71. Todas as denúncias dão origem a um processo penal?
72. Perante um crime público, quem tem obrigação de denunciar?
19

73. Pode um cidadão denunciar um facto de que tenha tido conhecimento?


74. Se for crime público
75. Se for crime semi-público ou particular
76. Distinga auto de notícia, auto de ocorrência e auto de denúncia.
77. E se se tratar de uma queixa por crime particular? Existe alguma diferença relativamente
uma queixa por crime semi-público?
78. Imagine que o Ministério Público não promoveu o processo, na sequência de uma
denúncia. Quid iuris?
79. Pode o Ministério Público aceitar uma denúncia anónima?
80. Pode a queixa ser apresentada por advogado em nome do queixoso? Que requisitos têm
se estar preenchidos para tal?
81. O que se pretende com a apresentação de uma queixa?
82. Qual o seguimento da dar a uma denúncia/queixa formulada junto de um órgão de polícia
criminal?
83. Para além do Ministério Público e dos órgãos de polícia criminal, quem pode receber
denúncias/queixas?
84. Pode uma queixa ser feita contra desconhecidos?
85. Pode haver desistência de queixa? Em que casos?
86. A desistência de queixa é sempre eficaz?
87. Até que momento pode desistir-se da queixa?

CASOS PRÁTICOS

A enviar em cada aula

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