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Título Genérico do Assunto:

Formação de Professores

Referência Completa:
IBIAPINA, Ivana Maria Lopes de Melo. Pesquisa colaborativa:
Investigação, formação e produção de Conhecimentos. Editora : Líber
Livro Editora, 2008.

Local onde se encontra a obra:


Acervo Pessoal

Descrição da Obra:

Esta obra caracteriza-se como um referencial de abordagem metodológica na


formação de professores. Identifica sujeitos no trabalho de investigação que
estejam envolvidos no processo de formação inicial ou continuada, mas que
fundamentalmente comprometam-se com uma perspectiva colaborativa, ou
seja, que vançaam em seus processo de aprendizagem e na investigação
como uma atividade de co-produção de conhecimentos e de formação em que
os pares colaboram entre si com o objetivo de resolver conjuntamente
problemas que afligem a a educação.

Citações:

A pesquisa colaborativa é uma forma de investigação que aproxima a


produção de saberes e a formação contínua de professores. Podemos dizer
que:

“Existem diferentes maneiras de pesquisar na ação, conquanto a prática


de pesquisa que privilegia processos de intervenções que visam
transformar determinada realidade, emancipando os indivíduos que dela
participam, parece ser a modalidade de pesquisa-ação que, a partir da
década de 1980, consolida-se no âmbito da educação. A pesquisa-ação
desenvolvida com o propósito de transformar as escolas em comunidades
críticas de professores que problematizam, pensam e reformulam
práticas, tendo em vista a emancipação profissional, parte de três
condições básicas: o estudo é desencadeado a partir de determinada
prática social susceptível de melhoria; é realizado levando-se em
consideração a espiral de planejamento, ação, observação, reflexão, nova
ação; é desenvolvido, preferencialmente, de forma colaborativa. (Pág 9)

Os trabalhos feitos nesta perspectiva são para aprofundar a compeensão e


intrepretação da prática docente para a emancipação destes profissionais que,

“De acordo com Kemmis (1987), a forma de realizar a investigação baseada


na perspectiva da emancipação não consiste em melhorar o debate educativo
e depois melhorar a educação. Esses aspectos estão entrelaçados e devem
acontecer, concomitantemente, por meio de ação emancipatória. Um dos
princípios a considerar nessa prática de pesquisa, é investigar a própria ação
educativa, nela intervindo. Dessa forma, tornam-se mais claros os elos que
interligam o pensamento à atividade dos professores. Nesse processo,
pesquisador e professores se tornam mais autoconscientes a respeito das
situações em que estão inseridos, fundamentados pela visão e compreensão
crítica do que-fazer educativo. A pesquisa-ação emancipatória coloca os
professores no centro da investigação, não simplesmente como objetos de
análises, mas como sujeitos cognoscentes, ativos; não somente como produtos
da história educativa, mas também como seus agentes” (Pág 11)

As idéias co-partilhadas contribuem para a construção de pensamentos e


práticas que priorizem a dimensão criativa da profissão e a possibilidade de
sua reconstrução dialética que o autor enfatiza:

“Destaco ainda que a relevância da reflexão crítica co-partilhada sobre as


práticas docentes está em refutar a oposição entre o conhecimento prático e o
teórico, especialmente no contexto de pesquisa, em que essa oposição não
deve ocorrer, uma vez que a teoria e prática não se excluem, complementam-
se. O conhecimento prático deve se articular ao teórico e vice-versa, portanto
refletir sobre a prática envolve tanto a necessidade de rever a teoria quanto de
desvelar vicissitudes da ação docente” (Pág 18)

Os elementos são considerados essenciais para o processo de construção de


conhecimentos que o autor justifica com as palavras de

“Celani (2003, p. 28) destaca que na prática de pesquisa colaborativa não


implica, [...] necessariamente simetria de conhecimento e/ou semelhança de
idéias, sentidos/significados e valores. Não significa tampouco que todos
tenham a mesma 'agenda'. O que significa é que tenham as mesmas
possibilidades de apresentarem e negociarem suas crenças e valores na
compreensão da realidade e de entenderem as interpretações dos envolvidos.
Além disso, não significa que, em todas as situações, professores e
formadores dividam igualmente o 'poder' nas decisões” ( Pág 19)

O professor-pesquisador que compeende a prática docente em uma


perspectiva de aperfeiçoamento contínuo, percebe-se como um profissional
reflexivo, pois:

“O pesquisador que se engaja nesse tipo de trabalho cria condições


necessárias para que os docentes participem com ele do processo de reflexão
sobre determinadas necessidades formativas necessárias ao processo de
desenvolvimento profissional do professor. Dessa forma, pesquisar
colaborativa envolve considerar o lado e o ponto de vista da academia e o
lado e o ponto de vista do professor. Nesse sentido, quando o pesquisador
solicita a colaboração dos docentes para investigar certo objeto de pesquisa,
emprega dispositivos para a construção de dados que privilegiam também o
campo da formação, já que o processo de pesquisa prevê que os docentes
reflitam sobre certos aspectos de sua prática”. (.Pág 21)
É preciso compeender que será solicitado aos docentes o seu
engajamento no processo de reflexão para concretização dos ideais de
formação e desenvolvimento profissional e de produção de teorias:

“Com relação a esse aspecto, destaco que, mesmo que o pesquisador seja o
único assumir a dimensão da pesquisa, ele deve ter o cuidado de dar voz e vez
aos parceiros de quem ele solicitou a colaboração em todas as etapas de
pesquisa, não importando se os professores colaboraram ou não na construção
dessas etapas” ( Pág 22)

As teorias não são a realidade, apenas tentam representá-la e, talvez explicá-


la:

“O potencial da investigação colaborativa em dar conta da compreensão do


microssocial sem perder de vista o macrossocial dá mais poder aos indivíduos
para que eles compreendam, analisem e mudem essas realidades, desvelando
as ideologias existentes nas relações mantidas no cotidiano escolar e na
sociedade” (Pág 27)

A idéia de colaboração entre pesquisadores e docentes, para construção de


conhecimentos ligados à prática de ensino é expressa pelo autor, através das
palavras de

“ Desgagné (1997, 2001), no princípio desse século (XXI), começa-se a


discutir que esse distanciamento é decorrente do fosso existente entre a
universidade e a escola, entre teoria e prática, estando subentendido que os
conhecimentos construídos sobre a prática, sob a responsabilidade das
universidades e de suas faculdades de educação, não são transpostos para a
escola, não ajudado, assim, os professores a melhor enfrentar a complexidade
das situações educativas às quais eles se confrontam cotidianamente” (Pág
30)
Os professores devem participar das tarefas formais de pesquisa para
promover o aprimoramento profissional
“Esclareço, portanto, que a pesquisa colaborativa não exige que os
professores sejam co-pesquisadores, no sentido restrito do termo, ou seja,
participem de todas as tarefas formais de pesquisa com a mesma competência
do pesquisador, o objetivo de trabalhar colabora-tivamente representa
oportunidade para que os professores participem como co-produtores da
investigação, sem necessariamente tornarem-se pesquisadores”. ( Pág 32)

O processo colaborativo é muito complexo, pois ele tem que formra e


produzir os conhecimentos.
“Assim, como a atividade colaborativa tem o objetivo de satisfazer as
necessidades de formação do professores e as necessidades investigativas do
pesquisador, não se menospreza as exigências formais da academia, no que se
refere ao processo de construção de conhecimentos, tampouco o ponto de
vista do professor, no que se refere à reflexão e compreensão da prática
docente. Nesse sentido, no processo de desenvolvimento da pesquisa é
necessário que o pesquisador estimule o docente a manifestar o seu
pensamento durante todo o processo de pesquisa: no objeto de investigação,
que permitirá apontar questão de pesquisa centrada nas preocupações desse
profissional e nas suas necessidades formativas;
na metodologia de intervenção, que viabiliza a construção dos dados da
pesquisa; na metodologia de análise, que permitirá reconstituir o pensamento
teórico agora validado pêlos próprios professores; nas formas de divulgação
dos resultados da pesquisa, já que esses resultados são reinvestidos na própria
prática docente. Ademais, acrescento que o pesquisador necessita informar
aos parceiros quais são os elementos conceituais que fazem parte do quadro
teórico da pesquisa, que deve ser compreendido à medida que ele vai sendo
utilizado pelo pesquisador, visto que é esse referencial teórico quem vai
permitir a reconstrução do pensamento e da prática dos professores”. (Pág 35)

É preciso que estejam claros os limites da ação formativa e de pesquisa no


que se refere a formação que será desenvolvida entre o professor e o
pesquisador:
“Diante do exposto, ressalto que a pesquisa colaborativa envolve a seleção de
ações de pesquisa voltadas para a formação contínua de professores. Assim, é
necessário organizar ciclos reflexivos que motive o professor a exteriorizar
pensamentos e práticas docentes. Na visão de Vigotski (2001) e seus
seguidores, Leontiev (1978a, 1978b), Liublinskaia (1979) e Luria (2001), o
discurso exteriorizado desempenha um papel central no processo de formação
do ser humano, o que estendo à formação de professores.
Dessa forma, compreendo que a colaboração só se torna evidente em
situações dialógicas, isto é, na interação entre pares. As formulações emitidas
por meio da linguagem dão origem a um processo dialógico em que os
enunciados emitidos são reestruturados com base em uma nova apreensão.
Assim, afeiam e são afetados mutuamente na elaboração de novas sínteses”.
( Pág 37)

Os partícipes compartilham significados e sentidos, questionam idéias,


concordam e discordam das opiniões de seus companheiros, apresentando
suas razões e opções, responsáveis e colaborativo.
“O trabalho colaborativo e a negociação de atribuições que viabilizam a
colaboração entre professores e pesquisadores não exclui o conflito, ao
contrário, na pesquisa colaborativa, deve-se criar um clima democrático para
enfrentá-lo e gerilo coletivamente e, sempre que possível, resolve-lo de
maneira criativa”. (Págs 39/40)

Elas emergem de contextos históricos sociais concretos.

“As necessidades podem surgir ou a partir do contexto social que a originou,


ou de um conjunto de aspirações formativas individuais expressas pêlos
professores que possuem o interesse de passar de um nível atual de
conhecimento para um outro superior, construído por meio de um estudo
específico e sistemático que possibilite à condução da docência de forma mais
profissional (...)Emitir uma necessidade é declarar uma intenção de ação e de
mudança, ou seja, é expressar um motivo. Analisar as necessidades de
formação é, pois, retraduzir as motivações e os objetivos construídos pelo
grupo de professores para a construção permanente de seu desenvolvimento
profissional”. (Pág 42)

Os significados na elaboração devem ser conhecidos, pois devem existir


situações de aprendizagens que possam explicá-las e modificá-las.
“Nesse sentido, a pesquisa colaborativa amplia as possibilidades de os
professores conhecerem formalmente os significados internalizados,
confrontá-los e reconstruí-los por meio de um processo reflexivo que permite
a tomada de consciência dos conhecimentos que já foram internalizados e a
conseqüente redefinição e reorientação dos conceitos e das práticas adotadas
nos processos educativos por eles mediados. Vigotski (2000) afirma que os
sujeitos vivem em um contínuo processo de constituição, um processo
interativo que os tornam capaz de recriar sua compreensão de si mesmos e do
mundo. O autor ajuda a compreender que a construção de sentidos e
significados tem origem nas relações sociais e que é por meio delas que os
indivíduos internalizam as criações sociais feitas pêlos outros pares,
transformando-as em conhecimentos pessoais que possuem significantes
sociais”. (Pág 45)

Os processos reflexivos inter e intra pessoal são sequenciados


intencionalmente com o propósito de intermediar a apreensão de sentidos e
significados.
“Nesse processo de reconstrução, as significações elaboradas ultrapassam o
espaço de compreensão do texto em si, uma vez que penetraram no sistema
conceituai já elaborado pelo docente, fazendo-o evoluir para outro nível. Na
reflexividade, o professor mergulha na prática e traz à tona a teoria para
compreender de forma mais clara os conceitos que guiam a atividade docente.
Assim, ao passar da reflexão com base no texto à análise da ação prática, é
possível reconstruí-la”. (Pág 47)
A prática de pesquisa colaborativa cria espaço para desencadear a reflexão,
gerando mudanças para contribuição e elaboração da ação docente.
“A reflexão intrapessoal motiva os professores a questionar criticamente os
conceitos e as práticas já construídos, levando-os a assumir posicionamentos
teóricos e o compromisso de transformação de pensamentos e práticas
dominantes, em um processo no qual o conhecimento aprofunda-se em uma
relação dialética com a própria ação. Nesse contexto, refletir criticamente
implica em que o professor deixe claro, para ele mesmo e para os outros
colaboradores da pesquisa, o que faz, como faz e porque faz, isto é, no
processo colaborativo o professor deve ser estimulado a demonstrar
consciência da relação sócio-histórica construída com os estudantes e com a
instituição escolar, bem como das relações sócio-históricas entre pensamentos
e a ação. Esse tipo de reflexão, portanto, ajuda os professores a compreender
a prática docente, fazendo-os pensar volitivamente, auxilia na reformulação
de pensamentos e planos, levando-os a perceber as conseqüências de suas
ações e da sua práxis. Esses elementos favorecem o processo de co-produção
de conhecimentos entre pesquisadores e professores, que é o alvo da pesquisa
colaborativa”. (Págs 48/49)

Revitaliza os processos interpessoal e intrapessoal surgindo novas demandas


formativas e interpretações sobre a atividade docente:
“Assim, concluo que, mediante a análise volitiva da prática decorrente de
processos colaborativos, é possível criar condições objetivas para configurar a
singularidade do ser professor, ampliando as condições deles se tornarem
mais responsáveis e mais conscientes, não somente da atividade docente, mas
também da capacidade de transformá-la. Essas condições somente são
possíveis por intermediação da linguagem, da reflexão e da colaboração, uma
vez que essas ferramentas psicológicas fazem a mediação entre a atividade e a
consciência humana, ajudando a criticar a complexidade do real e as
possibilidades de reconstruir o cotidiano com a finalidade de transformá-lo”.
(Pág. 51)

A produção e difusão da pesquisa colaborativa utilizam-se ferramentas e


recursos tecnológicos sobre os quais:
“Os processos de pesquisa construídos colaborativamente oferecem um
potencial que auxilia o pensamento teórico, fortalece a ação e abre novos
caminhos para o desenvolvimento pessoal e profissional. Na pesquisa em
educação, motivar a colaboração envolve também a reflexividade conjunta de
conhecimentos, práticas, atitudes e valores, trajetória em que os parceiros em
momentos inter e intrasubjetivos interpretam o material que obtêm do mundo
externo, transformando-o internamente” (Pág 55)

A visão de que os professores são apenas aplicadores de teorias,


impede que se faça uma análise micro e macro das condições sociais e
políticas que se encontram na educação escolar.

“Nas últimas décadas, a despeito da continuada predominância de um modelo


de educação escolar baseado na transmissão e no modelo bancário de
educação, em que ensinar é dizer, e aprender é absorver, os slogans do ensino
reflexivo, da pesquisa-ação e do professor como pesquisador, vêm tendo a
adesão de professores, formadores de professores e pesquisadores sociais em
todo o mundo, como uma alternativa ao modelo da racionalidade técnica”
(Págs 63/64)

A reflexão não é apenas um processo psicológico passível de ser estudado a


partir de esquemas formais, desvinculados do conteúdo, do contexto e das
interações. Os professores buscam respostas na sua própria prática,
fundamentando-se no conhecimento de mundo e no senso comum:
“Nessa perspectiva, refletir significa extrair significados decorrentes das
experiências advindas da ação concreta. O ato de pensar, característico do
exercício reflexivo. Esse modelo reflexivo está atrelado à experiência pessoal
e ao modo de agir do professor, antecipando as conseqüências que podem
ocorrer diante das opções realizadas na prática. Nessa direção, reflexão é o
mergulho consciente no mundo da experiência e das inter-relações pessoais
com o objetivo de desvelar valores, crenças, símbolos, relações afetivas,
interesses pessoais e sociais construídos ao longo do percurso pessoal e
profissional”. (Pág 65)
O ideário do professor como pesquisador de sua prática está
fundamentado nos princípios da racionalidade prática, afirmando que
“A formação do professor como pesquisador sustenta-se na idéia básica de
que as situações educativas são singulares e significativas e dependem das
intenções atribuídas por seus protagonistas. Por essa razão, os teóricos dessa
corrente rejeitam toda pretensão teórica de determinação de técnicas para
serem aplicadas na sala de aula. Defendendo, predominantemente, que o
professor é um pesquisador de sua própria prática, devendo refletir sobre os
conceitos nela implícitos. A ênfase na atividade reflexiva está no ato de
pensar, de examinar com senso crítico e sistemático a própria atividade
prática. Os modelos de formação que trabalham com essa idéia superam as
ações formativas que fragmentam a teoria e a prática; ultrapassam as
concepções fragmentárias, exclusivas, maniqueístas ou polarizadoras de
qualificação docente”. ( Pág 67)

Os efeitos formadores do exercício reflexivo auxiliam na análise da


prática educativa, oportunizando a compreensão da realidade educacional e
do inter-relacionamento entre teoria e empiria.
“A formação que tem como eixo a reflexividade crítica auxilia os professores
a tornar as observações do contexto da ação docente mais objetivas, a
compreender os condicionamentos impostos pela situação prática e a
possibilitar a internalização de conceitos e práticas docentes autônomas e
conscientes”. ( Pág 72)

Na pesquisa colaborativa utilizam-se ações reflexivas que segundo o autor,


“Para operacionalizar a reflexividade no contexto de uma pesquisa
colaborativa, sugiro, com base em Freire (2004) e Smyth (1992), a
sistematização do processo reflexivo por meio de três ações reflexivas: a
descrição, a informação e o confronto, que desencadeiam a quarta ação, a
reconstrução”. (Pág 73)
Os questionamentos fazem com que os professores tenham oportunidades de
discutir sobre os conceitos para condução do processo de ensino-
aprendizagem, possibilitando o entendimento do significado das escolhas
feitas no decorrer da atividade docente.
“A análise feita por meio da ação de informar permite compreender o que de
falo acontece durante o ato educativo; distinguir quem fala e para que se fala,
quem controla e detém a linguagem e o que isso significa para o contexto
social; descobrir porque o professor age de uma forma e não de outra, e se
essa ação é realizada conforme ou não aos propósitos; além de contribuir para
identificar as razões pelas quais os alunos não aprendem e tornar possível a
compreensão dos significados construídos no processo ensino-aprendizagem,
levando ao entendimento dos interesses que embasam as ações diárias da sala
de aula, isto é, das significações que estão sendo negociados e ou transmitidas
na escola. Nessa perspectiva, a análise reflexiva tem como foco, não somente
o micro contexto da sala de aula, o conhecimento programático transmitido,
as atividades didáticas, as questões de ensino-aprendizagem, os papéis de
aluno e de professor, mas também o macro contexto social em que essas
práticas estão sendo geradas”. (Pág 74)

Com o apoio dos princípios explicativos da pesquisa colaborativa, podem ser


utilizadas:
“As técnicas utilizadas nas pesquisas sociais compreendem os procedimentos
de construção e organização das informações no sentido de transformá-las em
elementos pertinentes à problemática geral levantada pelo estudo. São
operações que visam à construção de sentidos, estando sempre relacionadas à
perspectiva teórica adotada no estudo”. ( Pág 76)

A entrevista nas pesquisas colaborativas são marcadas pela dimensão social


que
“Dentre os tipos de entrevistas encontrados na literatura, indico, como opção
para o trabalho com a pesquisa colaborativa, as entrevistas individuais e
coletivas, de preferência aquelas que sejam reflexivas. Nessa perspectiva, a
entrevista apresenta diferentes condições que favorecem a produção do
discurso e o dialogismo, possibilitando análises mais aprofundadas e
substanciais do objeto em estudo”. (Pág 77)

O vídeo vem sendo utilizado como instrumento versátil e útil na pesquisa


colaborativa, assim
“As reflexões retratadas por meio do vídeo auxiliam no exercício de
reflexibilidade, formando a consciência reflexiva, dotando esses professores
de autonomia que os levam a fazer opções e defendê-las convincentemente.
Esse procedimento concilia ação, pesquisa, reflexão e formação, já que
emerge como um recurso por meio do qual as observações do contexto da
sala de aula se tornam mais objetivas. As situações vivenciadas no ambiente
didático da aula são recriadas pela ação do vídeo, tornando-se objeto de
reflexão e análise compreensiva do que foi observado. Os professores,
libertos dos condicionamentos impostos pela situação prática, externalizam
conceitos, conflitos e as teorias subjacentes às práticas pedagógicas. (Pág 80)

As narrativas (auto) biográficas como instrumento de investigaçãoe


procedimento de formaçãopara que
“Os pesquisadores que trabalham com esse procedimento utilizam
denominações variadas como pesquisa (auto)biográfica, depoimento oral,
história de vida, história oral temática, relato oral de vida, narrativa de
formação, dentre outros. A diferença entre essas várias denominações está na
forma específica de agir do pesquisador. Na história de vida e na história oral
de vida, embora o pesquisador dirija o diálogo, o narrador é quem determina
o fio condutor de seu discurso. Na história oral temática, no relato oral de
vida, no depoimento oral e na narrativa de formação, o diálogo é conduzido
pelo pesquisador que opta pêlos temas que interessam diretamente ao estudo.
Outra diferença que pode ser citada é com relação ao depoimento oral, a
história de vida e relato oral de vida”. (Págs 84/85)

A observação colaborativa é um procedimento que faz a articulação entre o


ensino e pesquisa, teoria e prática, bem como possibilita pensar com os
professores em formação sobre a prática pedagógica no próprio contexto de
aula, afirmando que
“A observação colaborativa inicia pela observação de aulas em contextos
escolares, esse procedimento constrói momentos reflexivos que permitem a
formação e o desenvolvimento de uma prática pedagógica mais autônoma.
Nessa direção, a observação colaborativa é procedimento metodológico que
valoriza a participação, a colaboração e a reflexão crítica, conquanto
princípios formativos, A observação casual faz parte do cotidiano das
atividades sendo responsável por parte do que sabemos sobre as pessoas e os
fenômenos, entretanto esse tipo de olhar sobre a realidade não dá conta da
complexidade que os envolve. Para planejar e implementar uma observação
que tenha um valor científico, é preciso usar metodologias adequadas que a
transforme em uma atividade científica. Utilizada nessa perspectiva, a
observação tem contribuído para o desenvolvimento do conhecimento, sendo
essa uma técnica metodológica valiosa para a interpretação da realidade”.
( Pág 90)

A observação reflexiva descreve o contexto observado e interpreta os


resultados descritos com ajuda do próprio observado que é levado a retomar
os momentos vividos pelo olhar do observador, tendo a oportunidade de
manifestar-se por meio de reflexões distanciadas da prática observada.
Podemos ainda dizer
“Nessa direção, a observação reflexiva é realizada por meio de processos
cíclicos e sistemáticos de reflexão na e sobre a ação. No caso da observação
de espaços educativos, a sala de aula se constitui no centro e no motor da
ação em que observador e observado interagem na procura de caminhos que
superem os dilemas da prática pedagógica. Esse procedimento exige uma
redefinição de papéis e práticas de observação, exigindo novas atitudes tanto
por parte do observado quanto do colaborador. Uma dessas atitudes é a
colaboração. A observação, além de reflexiva é também colaborativa”. (Págs
91/92)

Para a produção acadêmica é de fundamental importância


“As práticas de escrita têm presença ínfima no processo de escolarização dos
indivíduos, dessa forma é lógico que sejam penosas e difíceis, uma vez que a
maioria dos indivíduos, ao longo dos anos de escolarização, teve pouca
intimidade com o exercício da escrita. Essa situação também envolve os
pesquisadores que trabalham com a pesquisa colaborativa, fazendo com que a
atividade de escrita se\a realizada com dificuldade e até mesmo com
sofrimento. Nesse sentido, segundo Machado Netto (2006, p.52), "[...] não é
raro que o desespero tome conta e seja a tónica [...]" nos momentos em que é
necessário produzir um texto acadêmico”. (Págs 98/99)

O trabalho escrito deve ser reflexivo, lido e relido, por pessoas diferentes para
depois ser publicado para que
“A produção de textos de qualidade é exercício gradativo que envolve,
permanentemente, a superação de limites. Dificilmente os textos são
produzidos na primeira tentativa, uma vez que até mesmo escritores
experientes produzem muitas versões de suas produções escritas. Como esse
exercício é sempre de reescrita, há necessidade de reiterados movimentos de
escrita e crítica, construção gradativa que conduz à produção de textos cada
vez mais bem elaborados”. ( Pág 103)

A narração realista define-se,


“Na narração realista, o pesquisador torna-se o menos visível possível,
descrevendo os fatos com o distanciamento necessário. Esse estilo de escrita é
o mais difundido nos manuais de redação científica. Conforme ressalta
Barrass (1986, p.34), em escritos científicos nada deverá ficar subentendido
ou por conta da imaginação do leitor”. (Pág 105)

A narração processual define-se,


“O estilo de escrita processual consiste no destaque poético da narrativa ao
longo do texto acadêmico. O argumento de que os processos histórico e
lingüístico, os gêneros literário e acadêmico se interpenetram é utilizado,
principalmente pêlos etnografistas que adotam o estilo de construção textual
processual”. (Pág 107)
A narração reflexiva define-se,
“A narração reflexiva introduz no texto acadêmico a reflexividade, já que a
interpretação do pesquisador é continuamente tanto colocada em comparação
com outras interpretações quanto testadas por elas. Nessa perspectiva, o autor
explicita de onde e para quem escreve por meio de descrição e análise as mais
fiéis possíveis ao contexto original em que a pesquisa foi realizada. Dessa
forma, o pesquisador detalha como construiu os dados, como analisou as
situações observadas; explicita as questões que orientam o escrito, as posições
teóricas; reflete sobre os erros e os obstáculos encontrados, assumindo o
caráter reflexivo do texto escrito, que torna consciente e visível o processo de
construção da pesquisa”. (Págs 108/109)

As dificuldades na escrita existem podem ser superadas, segundo o autor


“Escrever é difícil, porém é possível, desde que o autor faça escolhas que
possibilitem a compreensão e a comunicação dos fenômenos investigados,
com precisão e qualidade. Para tanto, requer que se opte por estilo retórico
construído a partir de um dos gêneros narrativos, o realista, o processual ou o
reflexivo”. (Pág 111)

As possibilidades e os desafios de produzir colaborativamente são retratas


“Com base nas discussões anteriores, destaco, mais uma vez, três elementos
considerados essenciais para a condução de pesquisas colaborativas. O
primeiro deles é de co-produção de conheci mentos, o segundo é o do uso
dessa prática d(investigação como estratégia de formação < desenvolvimento
profissional, e o terceiro (último é o de mudança das práticas educativas via
mediação do pesquisador)”. (Págs 112/1113)

As pesquisas colaborativas apresentam modelos investigativos que rompem


com a lógica empírico-analítica a partir do uso da reflexão e da prática de
colaboração como estratégias que servem para os professores compreenderem
ações, desenvolverem a capacidade de resolver problemas e trabalharem com
mais profissionalismo. O autor afirma que,
“A atividade como pesquisadora que trabalha com a pesquisa-ação
colaborativa me faz compreender que, para mudar a teoria, a política e a
cultura escolar, é necessário optar pelo desafio de co-produzir conhecimentos
com os professores, aproximando o mundo da pesquisa ao da prática. Na
démarche de pesquisa colaborativa, o pesquisador não dirige olhar normativo
e exterior "sobre" o que fazem os docentes, mas procura, com eles,
compreender as teorias que regulam a prática docente, de forma a favorecer o
desenvolvimento da capacidade de transformar reflexivamente e
discursivamente a atividade desenvolvida por esse profissional.
Além do já exposto, a pesquisa realizada na perspectiva colaborativa oferece
oportunidade de criar fóruns em que as pessoas possam se reunir enquanto
co-participantes da luta em prol de mudanças sociais, isto é, das práticas nas
quais interagem. Assim, os partícipes desse processo se voltam para as
práticas de estudo, reflexão e reconstrução das ações constituídas na interação
social a partir do envolvimento com outros parceiros durante todo o percurso
da investigação”. (Pág 116)

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