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11.

º Ano - Filosofia
Correção questões do manual (páginas 86, 87, 88, 89)

Grupo I
1.C
2.D
3.D
4.A
5.B
6.D
7.C
8.A
9.A
10.C
11.B
12.C
13.D

Grupo II
1. Distinga, exemplificando (e usando em cada exemplo uma referência à cidade de Londres),
os principais tipos de conhecimento.
Podemos distinguir os seguintes tipos de conhecimento: prático (conhecimento de atividades
ou ações) – por exemplo, saber conduzir uma viatura em Londres –;
proposicional (conhecimento de proposições ou pensamentos verdadeiros) – por exemplo,
saber que Londres é a capital de Inglaterra –; e por contacto (conhecimento direto de
alguma realidade) – por exemplo, conhecer Londres, na medida em que se visitou esta cidade.

2. Explicite a definição tradicional de conhecimento.


De acordo com a definição tradicional, o conhecimento é crença verdadeira justificada. Isto
significa que saber implica acreditar naquilo que se sabe – a crença é uma condição necessária
para o conhecimento. Implica também que isso seja verdadeiro – a verdade é igualmente uma
condição necessária para o conhecimento. Implica, por fim, que se disponha de provas, razões
ou evidências para justificar a crença – a justificação é igualmente uma condição necessária para
o conhecimento. Crença, verdade e justificação são, pois, as três condições necessárias (e
conjuntamente suficientes) para o conhecimento.

3. Refira qual o principal aspeto da crítica de E. Gettier à definição tradicional de conhecimento.


Edmund Gettier contestou a definição tradicional de conhecimento, apresentando
contraexemplos que pretendem mostrar a possibilidade de termos uma crença
verdadeira justificada sem que tal crença seja conhecimento, ou seja, ainda que se verifiquem
as três condições tradicionalmente consideradas necessárias (e conjuntamente suficientes)
para o conhecimento – crença, verdade e justificação –, o sujeito pode não
possuir conhecimento.
4.1. Refira em que medida os argumentos de natureza “cética” que estudámos ameaçam as nossas
pretensões ao conhecimento.
Os argumentos do ceticismo radical estudados – os erros e ilusões dos sentidos, a discordância
e divergência de opiniões e a regressão infinita da justificação – ameaçam as nossas pretensões
ao conhecimento na medida em que nos procuram mostrar que não temos crenças justificadas.
Se não temos crenças justificadas, também não temos conhecimento.

4.2. Mostre de que forma o fundacionalismo procura responder ao ceticismo global.


O ceticismo global é o ceticismo radical ou absoluto, uma doutrina filosófica que nega a
possibilidade do conhecimento, considerando que não temos justificações suficientes para
mostrar a verdade das nossas crenças. O fundacionalismo é uma perspetiva segundo a qual o
conhecimento deve ser concebido como uma estrutura que se ergue a partir de fundamentos
certos, seguros e indubitáveis. Segundo os fundacionalistas, existem crenças básicas ou
fundacionais que suportam o sistema do saber. Essas crenças, justificando-se a si mesmas e
sendo autoevidentes, permitem evitar a regressão infinita da justificação, um dos principais
argumentos dos céticos radicais contra a possibilidade do conhecimento.

5. Explique, com base nesta proposição (Tudo o que acontece tem uma causa), a principal
diferença entre o racionalismo e o empirismo.
De acordo com o racionalismo, existe conhecimento a priori acerca do mundo, ou seja, a razão
(principal fonte de conhecimento, segundo os racionalistas) proporciona-nos verdades
substanciais, no sentido em que nos dizem algo acerca do mundo. Do conjunto dessas verdades
faz parte a proposição de que tudo o que acontece tem uma causa.
O empirismo discorda dessa perspetiva. Segundo os empiristas, qualquer conhecimento acerca
do mundo tem de ser adquirido através da experiência. Por isso, a proposição de que tudo o que
acontece tem uma causa, sendo acerca do mundo, também terá de ser obtida pela experiência.
Por outro lado, as ideias de “acontecimento” e de “causa” também derivam da experiência.

6. Refira as principais características do cogito.


Na filosofia de Descartes, o cogito é a primeira verdade, constituindo uma afirmação evidente e
indubitável, uma certeza obtida por intuição, de modo inteiramente racional e a priori. Trata-se
de uma ideia clara e distinta. Além disso, ele fornece o critério de verdade, que consiste na
clareza e distinção das ideias. O cogito surge-nos como crença fundacional ou básica, uma
crença autoevidente e autojustificada que permite, por isso, evitar a regressão infinita da
justificação. O cogito revela também o atributo essencial da alma: o pensamento.

7. Refira, com base neste excerto, a importância de Deus no sistema cartesiano.


Descartes considera que Deus é «muito verdadeiro e a fonte de toda a luz». Sendo assim, ele
não é enganador. Sendo perfeito, Deus é a garantia da verdade das ideias claras e distintas. Uma
vez que Deus existe, tudo aquilo que concebemos clara e distintamente é necessariamente
verdadeiro. Podemos, assim, confiar nas nossas ideias claras e distintas, nos nossos argumentos
e demonstrações que as tomam como premissas e nas nossas faculdades racionais, que
recebemos de Deus. Embora sendo o criador do Universo, Deus não é responsável pelos nossos
erros – que decorrem de um mau uso da liberdade.

8. Caracterize o modo de conhecimento implícito nestas afirmações, diferenciando-o do modo


de conhecimento cuja negação implica contradição.
O modo de conhecimento implícito nesta afirmação é relativo a questões de facto. Trata-se de
conhecimento a posteriori. A justificação de enunciados relativos a factos encontra-se na
experiência sensível, nas impressões. Tais proposições expressam verdades contingentes. Negá-
las não implica uma contradição. Dizer, por exemplo, que a Terra não é esférica não é
logicamente contraditório. Este modo de conhecimento diferencia-se daquele cuja negação
implica contradição: o conhecimento de relações de ideias. As relações de ideias são
enunciados a priori, independentes dos factos, daquilo que acontece no mundo. O valor de
verdade destas proposições não está dependente do confronto com a experiência. Sendo
evidentes, elas expressam verdades necessárias, e negar uma proposição como “2 + 2 = 4”
implica uma contradição.

9. Indique as características que definem, no empirismo de Hume, a relação de causa e efeito.


(Resposta breve) É na relação de causa e efeito que se baseiam todos os nossos raciocínios
acerca dos factos. O conhecimento desta relação é a posteriori e não a priori. Normalmente
concebida como sendo uma conexão necessária, a relação de causa e efeito consiste apenas,
segundo Hume, numa conjunção constante e sucessão temporal entre dois fenómenos. É o
hábito ou costume que cria em nós a expectativa de que essa conjunção continuará a verificar-
se no futuro, levando-nos, assim, à crença de que entre tais fenómenos existe uma conexão
necessária.

10. Estabeleça, com base nestes excertos, uma comparação entre as teorias de Descartes e de
Hume no que se refere à origem e à possibilidade do conhecimento.
A razão é, para Descartes, a fonte principal de conhecimento – racionalismo. Descobertas por intuição as
ideias fundamentais (inatas), o conhecimento constrói-se dedutivamente, existindo conhecimento a
priori acerca do mundo. É a priori que conhecemos que somos e que há um Deus de que dependemos.
Para Hume, por sua vez, a experiência é a fonte principal de conhecimento e todas as ideias têm uma
origem empírica – empirismo. Todo o conhecimento acerca do mundo é a posteriori.
No tocante à possibilidade do conhecimento, tanto para Descartes como para Hume o conhecimento é
possível. Usando a dúvida, Descartes adotou um ceticismo metódico. Mas, depositando inteira confiança
na razão, mostrou que podemos conhecer muitas coisas, apoiados na garantia divina. Hume, por sua vez,
é um filósofo cético, embora moderado ou mitigado. Dado o carácter injustificável da indução e a
impossibilidade de saber se há́ relações causais reais entre os fenómenos, aquilo que podemos conhecer
é menos do que supomos. Não temos justificação racional para afirmar a existência de algo que ultrapasse
as perceções ou que vá́ «para além das aparências dos objetos dos sentidos».

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