Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Trabalho Felipe
Trabalho Felipe
História do Direito
Plano de Aula
Direito Canônico
O processo inquisitorial
Dentre as diferentes fases históricas da humanidade, aquela que talvez mais dúvidas
suscite, é o período medieval. Falar em medievo remete-nos sempre a um período de
obscuridade, sendo tratado como “idade de trevas”. Não obstante, a era medieval pode ser
considerada imprescindível para compreendermos o significado da formação do direito
moderno, do Estado moderno, e de toda a organização social e política a que chamaremos
modernidade.
A Idade Média é constituída por dois grandes períodos: a alta idade média, que se
estende dos séculos V a IX , é marcada pelos direito romano e germânico, bem como pela
formação e desenvolvimento do direito canônico; e a baixa, dos séculos IX a XV, pelo direito
feudal e pelo renascimento do direito romano nas universidades. Podemos, pois, vislumbrar
esse momento histórico embasado na vigência de quatro grandes ordenamentos jurídicos: um
direito de povos germânicos; o direito oriundo da organização eclesiástica, chamado de direito
canônico; o direito feudal; e um processo de sobrevivência e renascimento do direito romano.
O direito canônico: A Igreja era a força espiritual de longe mais importante; era a
mais coerente e mais extensa organização social da Idade Média; a sua ordem jurídica interna
era a mais poderosa da Idade Média (Wieacker, 1967, p. 67). O direito canônico, assim, é um
direito religioso, retirando suas regras de princípios divinos, revelados nos livros sagrados, o
Antigo e o Novo Testamento. É o direito de todos os que adotam a religião cristã, onde quer
que se encontrem.
1
Os gregos, depois os romanos, designavam pelo nome de bárbaros todos os povos declaradamente
estrangeiros, rebeldes à sua civilização, seu modo de vida, suas estruturas econômicas e sociais, sua
cultura, e mesmo à sua língua. De fato, o bárbaro, ao longo de todo o Império, é o homem das estepes
ou das florestas, nômade mesmo nas cidadelas de agricultores, incapaz em todo caso de assimilar a
civilização greco-romana, essencialmente urbana.
1
Sendo assim, vemos uma grande primazia do direito canônico na Europa,
principalmente por seu caráter unitário, sua predominância escrita, uma grande supremacia na
regulação do direito privado. O direito canônico teve uma importância crucial na formação e
manutenção das instituições e da cultura jurídica ocidental. Toda a reorganização da vida
jurídica europeia, com o desenvolvimento das cortes, dos tribunais, e das jurisdições tem
influência do direito da Igreja.
Foi a partir do século VIII que o Direito Canônico começou a ser chamado assim. Até
o Decreto de Graciano em 1140, o direito canônico não era uma ciência autônoma em relação
à teologia. Depois do Decreto até o Concílio de Trento cada vez mais a ciência canônica toma
uma direção própria, e com a promulgação do primeiro código em 1917, alcança o seu auge
como ciência jurídica dentro da Igreja.
O Direito Canônico foi, durante a maior parte da Idade Média, o único direito escrito;
foi redigido, comentado e analisado a partir da Alta Idade Média e prossegue até os nossos
dias. A Igreja admitiu (quase sempre) a dualidade de dois sistemas jurídicos: o direito religioso
e o direito laico.
A religião cristã se impôs na Idade Média por toda parte, adquirindo um caráter
unitáio. Certos domínios do direito privado foram redigidos exclusivamente pelo direito
canônico, os conflitos nessa área eram resolvidos pelos tribunais eclesiásticos, com exclusão
dos tribunais laicos.
A finalidade do Direito ou Código Canônico se resume no fato de que a Igreja,
constituída como corpo social visível, precisa de normas: para que se torne visível sua
estrutura hierárquica e orgânica; para que se organize devidamente o exercício das funções
que lhes foram devidamente confiadas; para que se componham, segundo a justiça inspirada
na caridade, as relações mútuas entre os fiéis e finalmente para que as iniciativas comuns
empreendidas em prol de uma vida cristã mais perfeita, sejam apoiadas, protegidas e
promovidas pelas leis canônicas.
Dentre as discussões sobre o direito medieval de origem eclesiástica, temos ainda
que salientar a Reforma Gregoriana e o significado político do Tribunal do Santo Ofício.
A Reforma Gregoriana, levada a cabo pelo Papa Gregório VII, teve como objetivo um
processo de autonomização e centralização da Igreja, a partir de um movimento conhecido
como Querela das Investiduras, que cerceou nas mãos do pontífice o processo de nomeação
de bispos (o único senhor da cidade, encarna a única força espiritual do momento e, muitas
vezes, identifica-se mesmo com a “nação” romana), o que culminará com a organização de um
poder político, que será a origem do Estado Moderno: dominação burocrática, racional, legal e
formal (Weber, 1999). A partir da reforma, inaugura-se o modelo que irá vigorar na Europa até
o período das reformas, no século XVI, da Igreja constituindo-se em poder paralelo ao Estado.
2
oficiais e de estratificação social, escoradas em argumentos religiosos. A vinculação do poder
da fé ao poder político e jurídico conferiu à Inquisição espanhola, na prática e no senso
coletivo, a condição de uma das mais nefastas e tenebrosas realizações da humanidade.
(a) o direito de acusar pertencia somente à parte lesada, com uma diferenciação na
aplicação das penas entre nobres e plebeus. A origem do processo baseava-se
em acusações secretas, os atos e provas eram mantidos em segredo e a prova
testemunhal era a mais utilizada. Além disso, a prova de confissão era a mais
importante, sendo na maioria das vezes alcançada mediante tortura. Os juízes
eram livres para interpretar as leis, além de poderem utilizar penas variadas;
(c) Nos Tribunais do Santo Ofício, podiam acontecer três tipos de processo: por
acusação, por denúncia, por inquérito. A investigação do processo resumia-se a
perguntar às pessoas informadas ou envolvidas no caso; aceitavam-se denúncias
de qualquer categoria de pessoas e mesmo cartas anônimas;
3
investigados, uma vez que a prática de certos crimes era considerada
hereditária.
Referências