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Aula 01 - A Antropologia Clássica
Aula 01 - A Antropologia Clássica
1. Introdução:
Sobre a didática das aulas: a forma com a qual nós fazemos as exposições
aqui nas aulas pode agravar um pouco a compreensão do ponto de vista que não há
desenhos, não é algo metódico, é uma exposição livre, mas eu faço questão de que
seja assim e não seja aquela aula com “decoreba”. Aqui na aula eu gostaria que
vocês exercitassem suas inteligências, esse é o ponto, já é um preparo para o
atendimento psicoterapêutico. Nesse tipo de atendimento, por mais que se tenha
um método e uma abordagem, você vai ver que nunca será possível encaixar o
atendimento e o paciente, dentro daquela tipologia, dentro daquele método. E o que
vale no ambiente terapêutico é essa espontaneidade, é saber lidar com
espontaneidade, porque é vida real, o ambiente terapêutico onde tudo é recortado…
por exemplo o método da psicanálise, aquela mais ortodoxa mesmo, temos alí o
Divã, zero envolvimento pessoal e afetivo entre o paciente e o terapeuta
O paciente chega, temos alí todo um ritual, por exemplo, uma pessoa que já
passou por um psicanalista ortodóxico, você vai ver que não é na primeira sessão
que se vai pro Divã, tem toda alí uma entrevista inicial, e depois ele te convida a ir
pro divã e então começa o processo de análise, está claro?
Tales era um pensador da filosofia grega antiga, que buscava entender como
funcionava o cosmos, para isso, o mesmo dedicou toda a sua vida, o que era
contrário ao espírito da época. Todas as pessoas, assim como em nosso tempo,
estavam interessadas em trabalhar, ganhar dinheiro, curtir a vida, viajar… Mas Tales
estava interessado em saber como funciona o mundo, e entender a ordem por trás
do mesmo.
Por ser discípulo de Platão, para Platão, o homem sábio não é aquele que
gosta das coisas boas, belas e verdadeiras, o homem sábio não é aquele que se
deleita sobre as coisas deste mundo. O homem sábio é aquele que contempla o
bem em si, não é aquele que gosta de coisas boas, mas aquele que tem o interesse
em contemplar o bem em si não é aquele que gosta de coisas verdadeiras, mas que
busca contemplar a verdade em si mesma, nem também aquele que gosta de coisas
Se você lê a República de Platão, corre o risco de achar que ele fala a respeito
da organização de uma sociedade e do estado, mas neste livro, ele fala a respeito de
como a mente humana deveria funcionar. A república, mais ou menos, se materializa
na pessoa de Aristóteles, um sábio, o pai da ciência.
4. Essencialidade X Acidentalidade
Eles descobriram que as coisas têm uma razão de ser, que têm uma ordem,
se relacionam entre si e que para tudo que existe no mundo, existe uma causa. o
homem sábio é aquele que consegue contemplar todo o encadeamento causal e
conhece todas as coisas, não que seja possível conhecer tudo em todos os
detalhes, mas que consegue contemplar as coisas em sua essência e o
encadeamento causal essencial a todas as coisas. Ou seja, conhecer os acidentes
(aqui precisamos entender o seguinte: existe a essência das coisas e existem os
acidentes, próprios de cada essência, por exemplo: na essência de um cachorro, já
vêm juntos os seus acidentes próprios. Por isso é estranho contar para uma pessoa
ou ouvir de alguém “eu vi um cachorro voando”, porque não faz parte da
acidentalidade do cachorro voar. Alguém pode até dizer que um cachorro subiu no
telhado, mas um cachorro que voa é um absurdo, não pode acontecer, porque não
faz parte da acidentalidade daquele ser.)
Então, quando Platão fala que o homem sábio é aquele que conhece todas as
coisas, ele não se refere à sua acidentalidade, como a ciência moderna tenta fazer,
ao se ramificar em disciplinas e estudar a medição dos fenômenos, ela tenta medir
por experimentação os fenômenos e a manifestação das coisas, no entanto para
fazer isso é necessário um recorte, e por isso existem os laboratórios. Nós tiramos
“a coisa” de seu estado normal de funcionamento, levamos a um laboratório e
testamos, é isso o que a ciência moderna faz.
Mas por exemplo: quando se fala em neurônios, você já viu, com seus olhos,
um neurônio? O microscópio não conta, é uma máquina, não é a coisa do jeito que
ela é. Você já viu, com seus próprios olhos, uma célula? Você pode ter visto uma
num microscópio, através de algo, você viu a coisa fora de seu padrão normal de
funcionamento. Você acreditou no que uma máquina te mostrou, mas nunca viu
uma célula em funcionamento, porque ela é pequena demais.
Você nunca viu uma célula, mas uma pessoa já. Algo curioso, você nunca viu
o coração humano… Esse é um exercício filosófico. Como você pode ter certeza
absoluta que tem um coração, um pâncreas, um rim, um estômago? Não é possível.
Você pode dizer: “é provável que eu tenha um coração, um rim e um pâncreas”, você
não consegue se abrir e ver a coisa em você, é uma dedução.
Aqui já tem-se uma gradação dos discursos humanos, a ciência moderna lida
com o que é provável/probabilidade, não com a certeza absoluta. Então, quando eu
digo que o sábio é aquele que contempla a verdade e conhece todas as coisa em
essência, não nos acidentes (porque conhecer o mundo do jeito que é, em todos os
mínimos detalhes, somente Deus consegue. Nós conhecemos todas as coisas na
essência, não é possível ter dimensão da acidentalidade do mundo, não é possível
medir, fragmentar tudo e depois montar esse quebra-cabeça, mas nós conseguimos
fazer isso na essência, pois esta é o ser de cada coisa, o que faz cada coisa ser o
que é.)
Aristóteles viu que era possível ler essa gramática na realidade, que era
possível conhecer todas as coisas, e ele fez isso, o que está registrado em sua obra.
Não só é possível conhecer uma coisa ou outra, mas é possível conhecer todas as
coisas, inclusive Deus. É só em nosso tempo, e também porque somos filhos desse
tempo, nem existe mais essa pretensão, porque se acha impossível. Dedicar a vida
para conhecer as coisas como são, e a lógica que existe no mundo, atualmente é
visto como coisa de maluco ou algo impossível que traz desânimo. Como assim
conhecer todas as coisas, o que elas são e entender como o mundo funciona?
Isso foi algo que Aristóteles fez durante toda sua vida e acabou por deixar
uma obra, enquanto estava preocupado em entender o que cada coisa é: O que é o
homem? A cidade, a política, o que é Deus, o que é a alma? O amor, a virtude, a
amizade? o que são os animais e os seres viventes?... Mas como ele fazia isso?
Por exemplo, eu tenho uma posição favorável a algo (tese), uma posição
contrária (antítese), e consigo, de certa forma, descobrir o que é a verdade (síntese),
já que algo não pode ser e não ser ao mesmo tempo. Esse é o método pelo qual se
descobre a verdade a respeito das coisas, mas porquê é isso e não o contrário?
Nesse ponto existem os argumentos favoráveis e os argumentos contrários e
consegue-se ter uma noção do que a coisa é. Até o ponto em que se vai por esse
método, chega-se num resultado e limite onde a coisa se resume do seguinte modo:
“ou é isso, ou é nada. Ou isso daqui é verdade ou nada disso é verdade (a
característica da verdade é ser absoluta)” Ser ou não ser.
Ele fez isso a respeito de muitas e muitas coisas, pois é assim que a mente
humana trabalha. E pegando esse gancho na ética, ao se perguntar para um
psicólogo, psiquiatra, terapeuta ou qualquer estudante da área de humanas: O que é
homem, vai haver um grande silêncio, pois as pessoas já não querem mais saber o
que as coisas são. Se você perguntar a um professor universitário, um PHD em
Harvard ou a um médico, “o que é a vida humana?” ele provavelmente responderá:
“eu sei lá, sei fazer cirurgias, curar meus pacientes, fazer várias coisas, mas dane-se.
Para que eu vou querer saber sobre a vida humana? se você perguntar a um
psicólogo: “o que é um homem?”, se você perguntar a um advogado: “o que é
realmente a justiça?”, se você perguntar a alguém o que é a amizade?
Se eu quero saber qual o melhor modo de vida desse ente, eu preciso saber
necessariamente o que é esse ente, essencialmente falando, o que é próprio do
homem. Essa pergunta raramente terá uma resposta satisfatória vinda da boca de
um psicólogo ou psiquiatra. Então Aristóteles reunia os conceitos da época, o que
os mais sábios diziam, e investigava o que estava sendo dito. Ao se ler diretamente
o De Anima e a ética de Aristóteles, provavelmente não se entende muita coisa,
nesse caso é melhor usar os comentários, sendo o melhor deles, o comentário de
São Tomás de Aquino, onde ele discorre a respeito dos livros por completo.
Um cachorro, tem uma alma animal, irracional, o que significa que ele tem a
função da locomoção, do sono, da procriação, de comer, beber, dormir e etc… Mas o
homem se comporta como a síntese de todas essas coisas, ele tem sua vida
nutritiva, tem os apetites que um animal tem, mas também possui algo que o
diferencia de todos esses entes, que é o modo de operação próprio da natureza,
sendo este, o modo de operação do que é essencial no homem, a inteligência, o seu
espírito. Isso quer dizer que o homem foi feito para conhecer e contemplar a
verdade, pois o objeto da inteligência é a verdade. Uma planta não vive para
conhecer o sentido da vida e a verdade, ela apenas nasce, cresce e morre, bem
como um cachorro não vive para entender o que ele é, o que é a vida canina, qual a
relação e qual a ordem do mundo, ele simplesmente vive e sobrevive, é isso que os
animais fazem.
No ser humano isso é muito diferente. Para nós não basta apenas comer,
beber, dormir e fazer tudo o que fazemos, nós estamos impelidos a encontrar um
sentido e uma razão para o que fazemos e para o que chamamos de vida humana.
Isso mostra que o homem tem uma natureza espiritual e intelectual, capaz de
conhecer as coisas como elas são em sua essência. Então, se esse é o modo
próprio de operação humana, a vida perfeita está tanto mais próxima quanto maior o
uso de sua inteligência. Quanto mais o homem conhece as coisas como são, mais
humano e mais homem ele se torna, pois existe uma certa semelhança entre nós e
todos os outros entes.
Isso quer dizer que modo próprio de operação de cada ente, é seu modo de
realização, ou seja, se temos uma inteligência e temos uma alma espiritual, nosso
modo próprio de operação será esse, e isso quer dizer que a realização e a felicidade
estarão dentro do que é próprio, por natureza de cada ente. Desse modo, qual o
objeto da felicidade humana? O ponto de realização máximo da vida humana, está
na contemplação da verdade, a felicidade humana depende do uso da inteligência
até os seus limites, o homem estará tanto mais feliz quanto maior for o uso de sua
inteligência, quanto mais verdades ele for capaz de aprender e quanto mais altas
forem essas verdades.
É nesse sentido que tanto Aristóteles, quanto São Tomás dividem a alma e a
natureza humana em três esferas (alma tripartida) corpo, alma e espírito. Isso
significa que essas coisas são indissociáveis e só serão separadas com finalidade
pedagógica.
Então de que forma a inteligência humana trabalha? Nós temos contato com
o mundo através dos 5 sentidos e do senso comum, de certa forma, essas coisas,
imagens que tivemos contato, coisas que lemos, ouvimos e etc… É da nossa
fantasia que a inteligência abstrai o conhecimento. Quando a inteligência abstrai o
conceito, por exemplo, você tem mãe, eu também tenho mãe. Ao dizer somente
“mãe”, quer dizer que mãe é a sua mãe? Existe um conceito de mãe, essa é uma
palavra que não traz consigo um conceito, mas se eu digo, “sua mãe” você se lembra
do aspecto físico de sua mãe, mas o conceito da palavra mãe em si, não tem uma
forma, não se refere a nada em particular, se refere à abstração daquilo que é mãe.
Em essência, necessariamente, a palavra mãe não tem um formato material.
Mais um exemplo: quando eu digo “uma coisa não pode ser e não ser ao
mesmo tempo” tipo “eu não posso ser um homem e uma mulher ao mesmo tempo,
eu não posso ser um homem ou um macaco ao mesmo tempo, ou sou um ou o
O conceito é algo imaterial, porque pela própria experiência é possível ver que
isso não remete ou evoca alguma imagem, no entanto, é plenamente possível
entender o que se diz sem essa imagem “eu não posso ser o Thiago e não sê-lo ao
mesmo tempo”, mas quando eu enuncio num conceito mais amplo:“ uma coisa não
pode ser e não ser ao mesmo tempo” esse conceito não está remetido a nada, mas
entende-se o que quer dizer.
Esse é o princípio da não contradição, que se resume em: “uma coisa não
pode ser e não ser ao mesmo tempo”, essa é uma verdade da estrutura da realidade,
que está presente em nossa percepção, quando percebemos algo, percebe-se o ser
dessa coisa. “Ah, mas eu vi um gato, só que não sei se é um gato ou um cachorro.
Impossível, ou é um gato ou não é!” Nessa lei, nós não conseguimos dar um tiro,
pegar com a mão, sentir ou comê-la, justamente por conta de não ser material.
Porque fala-se em abstrato? Por não ter um formato material, é importante
não confundir com arte abstrata, que é algo sem sentido, que só traz algo na cabeça
de quem a criou. é abstrato no sentido de não ter um formato material, mas ser
inteligível e compreensível, não que seja uma bagunça… É a essência das coisas.
Possível pergunta do chat: “Por isso Deus é imaterial” R: Justamente, por isso você
verá que a lei própria do princípio da não contradição é mais real e essencial, do que
uma garrafa plástica, por exemplo. Porque uma garrafa obedece a essa lei, que é
própria da estrutura da realidade.
Por exemplo, o ser das coisas. A filosofia nasceu sobre 3 pilares: algo existe,
algo se movimenta e isso é uma verdade (não é produto da cabeça humana). Vamos
fazer o mesmo exercício que os filósofos fizeram lá atrás para facilitar a
compreensão. “algo existe” é verdade, porque se algo não existisse, eu nem
conseguiria afirmar nada, então positivamente algo deve existir, eu não estou
falando que alguma coisa específica exista, mas o conceito geral, o nada não existe.
Porque eu consigo ver que algo existe? Pois as coisas se movimentam, e o
Todas as coisas do mundo estão o tempo todo numa sucessão entre ato e
potência. Isso que estou falando não é um produto da invenção de alguém, é uma lei
própria da estrutura da realidade. Se eu negar que algo existe, que algo se
movimenta ou que isso é uma verdade, não é possível afirmar nada neste mundo.
Por exemplo, partindo do princípio de que nada exista, o que você seria capaz de
afirmar? Ao dizer que não existe movimento no mundo… se não existe movimento,
como é possível dizer que não existe movimento? se falar já se trata de um
movimento?
Então você vê que essa é a realidade em si, e esses 3 princípios passam a ser
mais reais que o próprio objeto, como uma garrafa que depende dessas 3 leis. Sem
elas, nada existiria, todas as coisas materiais dependem dessa lei para existir. Por
exemplo, a fórmula de Bhaskara, não é possível pegá-la, ou mordê-la, ela se trata de
um conceito, de uma lei do cosmos.
O que eu quero dizer é que as coisas imateriais são mais reais que as coisas
materiais. O teorema de Pitágoras se enquadra da mesma forma: ”em qualquer
triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa é igual a soma dos quadrados dos
catetos”, em qualquer triângulo retângulo, encontra-se esse teorema. Pitágoras foi
aluno de Tales de Mileto, e descobriu uma lei própria da realidade. Você consegue
pegar o teorema de Pitágoras? Onde ele se encontra ou qual a sua imagem? Não
existe.
Ele é mais real do que uma mesa, uma cadeira, uma garrafa, mais real do que
eu, do que você… Por que sem ele, nada disso existiria e as leis metafísicas, a
exemplo da fórmula de Bhaskara, o teorema de Pitágoras, os números e etc… estão
nele, e são verdades que nos levam a conhecer de modo muito reduzido, a essência
do ser que é Deus. Nossa inteligência é quem vê isso, o que significa que o objeto da
inteligência é a verdade no campo metafísico (metafísico significa aquilo que está
para além do mundo físico).
Se esses dois apetites não forem ordenados, não se consegue fazer uso da
inteligência. Não é possível, sequer, perceber a inteligência agindo e em
funcionamento, é por isso que se ordenar moralmente, praticar a castidade e a
paciência, não são invenções do cristianismo nem do judaísmo (no sentido que
foram as religiões que inventaram isso) a própria escola de pitágoras e os maiores
filósofos gregos viviam isso. Imagine São Tomás escrevendo a Suma Teológica, a
Você acha que existe algum cientista sério, comprometido com os bens
intelectuais que vive bebendo, pratica o sexo sem compromisso e tem uma vida
desordenada… Teria concentração e paz para ter um trabalho intelectual? De modo
algum, essa pessoa está assaltada por 1000 impulsos e tentações, ela não
consegue parar para fazer o exercício da inteligência. Você pode fazer o exercício
por você mesmo (eu não recomendo) mas se você quiser entrar na balbúrdia… tente
fazer isso e estudar de verdade, como se fosse um filósofo, um sábio, um teólogo.
Eu duvido que você produza alguma coisa relevante ou que você consiga
viver bem, simplesmente não dá! Não que você precise ser bonzinho ou
politicamente correto, isso não é possível pela própria anatomia de sua alma. Uma
pessoa que ainda não ordenou suas paixões vive buscando um desejo, um prazer ou
a felicidade em alguma mentira. Alguém que faz isso tem uma ansiedade em se
satisfazer e se deleitar o tempo inteiro, alguém que só pensa nos prazeres do apetite
concupiscível, mais propriamente falando o sexual, não consegue ir atrás dos bens
árduos, esses são os que custa mais, que demandam mais paciência e um engenho
da inteligência.
Uma pessoa impaciente que não suporta passar por dificuldades com
paciência e mansidão, não consegue também estudar, ela não consegue ter
concentração e o estudo, a busca da verdade e da sabedoria é um bem árduo.
Alguém que não é paciente, não ordenou a faculdade concupiscível e não é mansa
de coração, não consegue buscar os bens árduos, pois o único bem árduo que ela
consegue enxergar é a fuga da morte, a fuga do incômodo. Ela não consegue
enxergar que existem bens mais árduos e mais excelentes que apenas fugir da
morte e do incômodo.
É por isso que para todo estudante sério e para a inteligência humana
funcionar é necessário o mínimo de ordenamento moral. Pois o modo próprio de
operação humana é o modo intelectual e o objeto da inteligência é a verdade, o que
significa que a felicidade humana depende do uso da inteligência na contemplação
da verdade. Quanto mais verdade você descobre, mais feliz você é.
É uma mentira aquela falácia que as pessoas dizem de que: “quanto mais
você estuda e se dedica à vida intelectual, mais triste você fica, porque você fica
isolado e ninguém te entende”. Buscar a erudição é um caminho, no entanto, esse
não é necessariamente vida intelectual. Um sujeito erudito não é em si um sábio,
pois um sábio é aquele que contempla a verdade e sabe o que é cada coisa. Então,
Eu não pretendo desanimar ninguém, mas simplesmente não dá. Se você não
souber isso, você será um profissional como um outro qualquer, (no nível que todos
já sabem qual é) que dá respostas óbvia que todos já conhecem, que dá conselhos
rasos, e a prática da psicoterapia se limitará a um moralismo, ou seja, você vai
considerar que o paciente está bem e saudável, apenas quando ele para de: “bater
“Ahh, meu namorado, não me trai, meu namorado não vê pornografia, meu
namorado arruma sua cama…” Recentemente me perguntaram o que eu acho do
Jorda Peters, eu acho ele uma pessoa importante pro nosso tempo, para a nossa
“geração de merda”, as pessoa que o ouvem terão uma melhora moral, talvez ele dê
umas cutucadas ou uns tapas na cara dos jovens… “não queira arrumar o mundo se
você não arruma sua própria cama” se um jovem babaca, com um coração sincero
ouve isso pensa, “Ah, legal, vou para de encher o saco dos outros, vou começar a
arrumar minha cama e já basta.” “Cuide de você mesmo como se você fosse uma
pessoa sobre a sua própria responsabilidade” Mas as pessoas ficam: “Nossa, isso é
tudo…”
De verdade, porque não passa de decoreba, você não precisa saber do que se
trata. Para ser um juiz de direito, você só precisa decorar algumas coisas, passar na
prova, decorar meia dúzia de coisas, passar na prova oral e fim… Você pode decidir
sobre a vida dos outros. “Tudo bem, não pode ter antecedentes criminais, mas se
você come a mulher do próximo, foda-se, isso pouco importa para você ser um juiz,
enquanto as pessoas não souberem. Você pode até dar uns tecos em cocaína de
vez em quando, enquanto for escondido não tem problema” Para ser juiz, você não
precisa ter sinceridade, moral e nem vida interior, basta não deixar ninguém saber.
Para ser um juiz do STF: “profundo saber jurídico e moral elevada”.
Como você pretende estudar uma abordagem ou escolher alguma para atuar
e como você vai saber a hora certa de aplicar aquela metodologia? Aí fica um tiro no
escuro, vira a terapia do senso comum e tudo o que foi dito é a base do que
chamamos de psicologia tomista, ou não existe esse nome, é antropologia
Aristotélico-tomista. Não existe uma abordagem tomista, porque todas as
abordagens da psicologia nascem a partir da ciência moderna, amanhã vou explicar
como se deu o começo disso.
Por exemplo, a ciência moderna não trata do ser, não quer saber o que as
coisas são, ela busca medir e estudar os fenômenos. Mas como você vai estudar,
medir os fenômenos ou algo nesse sentido, sem saber o que a coisa é e qual a
relação que ela tem com todas as outras coisas no mundo? Dá para acertar
observando os fenômenos, criando um método e medindo, mas não se sabe onde
Se o homem age como age, porque foi condicionado para tal e não por
vontade própria, quem condicionou Skinner para ser assim? É claro que o
comportamento do homem compreende estímulo e resposta, mas não existe
causalidade direta entre estímulo e resposta. Esta pode ser encontrada num animal,
mas se o homem age desse modo, esse comportamento não pode ser nomeado um
comportamento humano. Pois entre estímulo e resposta existe escolha e
inteligência que vêem a verdade, mas se alguém age por estímulo e resposta, esse
não pode ser considerado um comportamento propriamente humano.