Didatica

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Sumário

Conceituando Didática .................................................................................................................3


Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos ....................................................................................14
O docente e a necessidade de uma nova metodologia ..............................................................22

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Conceituando Didática

A didática não possui exatamente uma palavra ou termo que poderíamos


chamar de seu sinônimo, sabe-se que está intimamente ligada ao processo de ensino
e aprendizagem. Na atualidade, educadores e pesquisadores defendem a ideia de
que a didática é o estudo do processo de ensino e aprendizagem que compreendem
formas de organização do ensino, uso e aplicação de técnicas e recursos
pedagógicos, controle e a avaliação da aprendizagem, postura do professor e
principalmente objetivos políticos-pedagógicos e críticos sobre o ensino. Acontece
geralmente é que muitos educadores acabam por enfatizar somente uma destas
dimensões (ou algumas) didáticas e baseiam seu sistema de ensino e aprendizagem
em um único foco gerando um reducionismo didático, que infelizmente empobrece
todo o sistema educativo.
Retomando o conceito de didática, temos Comênio, (como foi visto),
considerado o “pai da didática”, é claro que outros pensadores contribuíram com
pressupostos significativos, mas como afirma Libâneo (1994) ele foi o primeiro
educador a teorizar a didática em sua obra “Didática Magna”, a formular a ideias da
difusão dos conhecimentos a todos e criar princípios e regras de ensino. Acreditava
poder definir um método capaz de ensinar tudo a todos, ou como ele cita em sua obra
“a arte de ensinar tudo a todos” e esclarece: A proa e a popa da Didática será
investigar e descobrir o método segundo o qual os professores ensinem menos e os
estudantes aprendam mais: nas escolas haja menos barulho, menos enfado, menos
trabalho inútil, e, ao contrário, haja mais recolhimentos, mais atrativo e mais sólido
progresso; na Cristandade, haja menos trevas, menos confusão, menos dissídios, e
mais luz, mais ordem, mais paz, mais tranquilidade (COMÊNIO apud VEIGA, 2006a,
p.18). Suas ideais eram aguçadas para a época, mas podemos perceber que Comênio
possuía uma visão diferente de sistema de ensino, onde se buscava um novo meio
de ensino e aprendizagem, mesmo com fundamentos religiosos, serviram de base
para primeira conceituação sobre a didática.
Entre outros educadores que contribuíram significativamente para a
conceituação da didática, encontramos Rousseau, que baseava seus estudos sobre
o ensino nos interesses e necessidades imediatas da criança; Pestalozzi que atribuía

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grande importância ao método intuitivo e a psicologia, consistindo suas ideias na


educação intelectual; Herbart que acreditava que o fim da educação é a moralidade
atingida através da instrução educativa e que deu origem a proposta dos cinco passos
formais na educação, sendo um grande influenciador da Pedagogia Tradicional.
Podemos citar também John Dewey (1859-1952) que propunha uma didática ativa,
educação pela ação, colocando o aluno em primeiro plano e o professor em segundo.
Montessori marcou a história da didática com suas teorias cognitivistas, além das
teorias fenomenológicas e interacionistas, baseadas na psicologia genética de Piaget,
grande estudioso francês que contribuiu para a percepção dessa dimensão no
processo educativo.
Paulo Freire, grande educador e criador da Pedagogia Libertadora pensava e
concebia uma didática baseada no desenvolvimento de um processo de ensino e
aprendizagem no interior dos grupos sociais. Na atualidade encontramos autores
como Vera M. Candau e Ilma P. A Veiga que se preocupam com a dicotomização das
dimensões da didática, aspecto crítico e político que a didática está tomando, bem
como a “fragmentada” formação e neutra que muitos professores estão recebendo e
exercendo. Dois autores da atualidade, Libâneo e Saviani buscam por meio da
Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos e da Pedagogia Histórico Crítica uma
didática que supere as teorias não críticas e críticas reproducionistas, numa escola
democrática e que cumpra sua função social e política, num ensino que propicie a
verdadeira formação cidadã, baseadas nos conteúdos sistematizados como preparo
para a vida e engajado nas lutas sociais.
Considerando o contexto histórico que a didática percorreu, percebe-se que
seguiu diferentes rumos de acordo com o modelo econômico do país (e suas
transformações, interesses políticos e educacionais, influências estrangeiras,
modismos, estudos e pesquisas em torno desta área). Na corrente tradicional, a
didática visava um homem passivo, acrítico e fiel a “religião”.
Na corrente Nova a didática deveria formar um homem capaz de aprender
autonomamente, mas não a pensar e a criticar. Na corrente Tecnicista a didática é
voltada para a formação de um “homem máquina”, que aprenda e viva
mecanicamente e de forma neutra. Nas correntes “críticas da educação” (Pedagogia
Libertadora, Crítico-social dos Conteúdos e Histórico Crítica) a didática que se propõe

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visa formar um homem que possui e usufrui seus direitos e deveres, mediante sua
aprendizagem na escola, posicionamento político e crítico diante da realidade.
A formação do professor e do aluno, a postura política e crítica, os conteúdos,
a avaliação, enfim, todos os componentes que fazem parte do processo de ensino
caminham de acordo com as concepções políticas, somos nós educadores quem
poderemos perceber e lutar para mudá-la. Concluindo, podemos citar o significado
que o dicionário nos traz sobre a palavra didática que é “a técnica de dirigir e orientar
a aprendizagem”, realmente a técnica deve fazer parte do processo de ensino-
aprendizagem, mas para um educador compromissado com a educação de qualidade
e democrática, sabemos que há de existir muitas outras dimensões deste processo e
que somente articulando–as se conseguirá uma educação plena.
Pode ser dividida em Didática Geral, quando estuda os princípios, as normas e
as técnicas que regulam qualquer tipo de ensino, para qualquer tipo de aluno,
oferecendo visão geral da atividade docente, e Didática Especial, quando analisa os
problemas e as dificuldades do ensino em cada disciplina organizando ao mesmo
tempo os meios e sugestões para resolvê-los. Destacam-se a instrução e o ensino
como elementos primordiais do processo pedagógico escolar, uma vez que possibilita
traduzir os objetivos sociais e políticos em objetivos de ensino, seleciona e organiza
conteúdos e métodos, indica diretrizes regulamentadoras da ação didática. Para tal é
necessário que se tenha uma pedagogia que além do que foi apresentado, atenda
necessidades não só presentes, mas também futuras.
Ressalta-se aqui o conceito da palavra pedagogia, originada dos dois termos
gregos paidós (criança) e agogé (condução), sendo o pedagogo aquele que conduz,
ampara.
O pedagogo era o escravo que conduzia as crianças, cada professor hoje é
considerado um pedagogo “mediador” que não pode mais levar essa palavra ao
radical, pois o professor não é mais escravo, apesar dos baixos salários, a profissão,
foi opção e escolha de cada um, agora a condução, essa sim, acompanha até hoje o
papel dos profissionais da educação. E que esteja claro o conduzir e jamais o
caminhar para o outro. E para que esse profissional esteja apto às novas tendências
da metodologia tal origem não poderia ser desprezada.

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Verifica-se como a Didática assegura o fazer pedagógico na escola, em sua


dimensão político-social e técnica, uma vez que seu objeto de estudo é o próprio
processo de ensino -aprendizagem. Nesta multidimensional idade da Didática, é que
está o fazer do professor, ou seja, o saber organizar uma aula de forma que tenha
significado, relação com o contexto vivenciado por ele, sendo então uma disciplina
prática e necessária que deve ser levado em conta com muita proximidade na prática
docente de todo educador.
São exigências do século atual em que o aluno está marcado pela
instantaneidade, pela fragmentação do conhecimento. Sabe-se que o aluno, como
sujeito, não sujeito pronto, mas inacabado, é fonte criativa, e assim, ele é capaz de
alterar e multiplicar seu desempenho de acordo com as circunstâncias pessoais e
sociais.
No processo de ensino como objeto de estudo da Didática, fica caracterizado
as relações que a matéria mantém dentre outros com a metodologia, também com o
currículo, com o conceito de instrução a partir de suas definições apresentadas:
A Metodologia significa o estudo dos métodos (de ensino). Porém a
Metodologia não dar a eles juízo de valor, quem o faz é a Didática, a qual preocupa-
se com o caráter crítico do método estudado, levando em conta a relação
ensino/aprendizagem.
Para compreender a metodologia e o seu papel na prática pedagógica, faz-se
necessário explicar quem é o educador e como ele concebe o fenômeno educativo,
tendo em vista as diretrizes que orientam sua atuação pedagógica. Entendendo
educação no seu sentido mais amplo, pode-se dizer que educadores são todos os
membros de uma sociedade.
No entanto, a educação sistemática, planejada com objetivos definidos e
realizada através do ensino, que é um tipo de prática educativa, exige um profissional
da educação com formação adequada. Mas, qual é a formação adequada?
Já o currículo como foi apresentado anteriormente, explicita aqueles conteúdos
da instrução, de acordo com a matéria e o grau do processo de ensino.
Planejamento Curricular é o "processo de tomada de decisões sobre a dinâmica
da ação escolar. É previsão sistemática e ordenada de toda a vida escolar do aluno".
Portanto, essa modalidade de planejar constitui um instrumento que orienta a ação

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educativa na escola, pois a preocupação é com a proposta geral das experiências de


aprendizagem que a escola deve oferecer ao estudante, através dos diversos
componentes curriculares (VASCONCELLOS, 1995, p. 56).
Já a instrução está relacionada à formação intelectual do indivíduo, bem como
o desenvolvimento das suas habilidades mediante a assimilação de determinados
conhecimentos.
O ensino é referente às ações e os meios necessários para que a instrução se
efetive. E finalmente, a educação, que é: um conceito amplo e refere-se a toda
modalidade de influências inter-relações que convergem para a formação de traços
de personalidade social e caráter, implicando uma concepção de mundo, ideais,
valores, modos de agir, que se traduzem em concepções ideológicas, morais,
políticas, princípios de ação frente a situações reais e desafios da vida prática
(LIBÂNEO (1997, p. 23).
O educador olha os seus alunos como pessoas com necessidades,
dificuldades, fraquezas e pontos fortes, procurando, com esta postura, contribuir para
seu crescimento nos diferentes aspectos.
A importância da consciência política do educador é outro ponto a ser
ressaltado. Como diz Freire (1988), a educação é um ato político – um ato que sempre
é praticado a favor de alguém, de um grupo, de algumas ideias e, consequentemente,
contra outro alguém, contra outro grupo e contra outras ideias.
O educador é alguém que deixa sua marca na educação de seus alunos.
Dessa forma, entendemos que os diferentes posicionamentos pessoais e
profissionais do educador envolvem diferentes modos de compreender e organizar o
processo ensino-aprendizagem, e, por isso, a sua ação educativa e a sua prática
pedagógica retratam sempre uma opção política.
Segundo Mizukami (1986, p. 4), subjacente a esta prática estaria presente,
implícita ou explicitamente, de forma articulada ou não, “um referencial teórico que
compreendesse os conceitos de homem, mundo e sociedade, cultura, conhecimento
etc...”
Cada tendência metodológica está embasada em teorias do conhecimento
advindas de pesquisas nas áreas de Psicologia, Sociologia ou Filosofia e resulta de

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uma relação sujeito-ambiente, isto é, deriva de uma tomada de posições


epistemológicas em relação ao sujeito e ao meio.
No entanto, o educador pode adotar um ou outro aspecto das diferentes
tendências, desde que seja coerente com a sua filosofia de educação. Ou seja,
mesmo sendo um progressista, o professor pode adotar uma metodologia própria de
tendência escolanovista, considerando sempre as premissas básicas da abordagem
que privilegia em sua práxis.
É importante ressaltar que até hoje não se encontra uma teoria que dê conta
de todas as expressões e complexidades do comportamento dos indivíduos em
situações de ensino-aprendizagem. Daí a preocupação em ressaltar o caráter parcial
deste estudo sobre as correntes pedagógicas que serão apresentadas, podendo
outras abordagens teóricas vir a ser sugeridas por outros autores.
Para maior compreensão, analisando historicamente verifica-se que a
educação primitiva utilizava como metodologia de ensino a imitação, e a oralidade
como fonte de transmissão considerando aí que toda a fundamentação do ensino está
centrada em uma visão animista. Em sua evolução, mas tarde, já sob domínio grego,
reconhecia-se uma influência mútua resultante da integração cultura das sociedade e
criação individual. Em ambas as fases verificam-se ações educativas diferentes,
sendo que a primeira, influencia até hoje na metodologia utilizada ainda por muitos
professores, que insistem em atuar com o velho sistema de imitação, sem trabalhar
dentro de um plano de ressignificação de práticas. No outro Momento, tem-se um
exemplo digno de ser seguido em que alguns educadores hoje tem tomado por
baseado em suas práticas educativas, por envolver o aluno de forma integral com
vistas a uma formação cidadã. Mas por outro lado em Roma a prática educativa girava
em torno de outros interesses, uma vez que era de característica utilitária e militarista
como também organizada, disciplinadora, direcionada para a justiça e para a
fidelidade administrativa, educação voltada para os interesses nacionais.
A relação que se vê hoje com esta forma e objetivo de ensino que as propostas
do sistema educacional do país passam por este viés de interesses, onde prevalece
ainda uma educação utilitária, opressora e alienante, que engessa as possibilidades
de desenvolvimento de uma grande maioria. Graças à produção artística e científica
ocorrida e intensificada na Europa entre os séculos XV e XVI, período Renascentista

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em que muitos educadores contribuíram para uma revalorização da cultura Greco-


romana com uma educação significativa, prática, também o corpo também era
valorizado e os processos menos mecânicos e mais dinâmicos. No século XVII, será
favorável o ambiente para as ideias cartesiana sem que o educador René Descartes,
pai do Racionalismo, fez suas propostas embasados nos Métodos, principalmente na
Matemática como modelo de ciência, ao mesmo tempo em que criticou o ensino
fundamentado no humanismo, fé, em detrimento da razão. Significa que a educação
passa de humanista para científica, e há a partir de então uma valorização do
conhecimento como elemento preparador para a vida coletiva.
Este momento de uma pedagogia mais realista, é representado pelo reformador
social João Amos Comenio, (1592-1670) pedagogo e educador, que escreve a
primeira obra clássica sobre a didática, “Didática Mágna”, o qual valorizava um
sistema articulado de ensino, onde o saber não se estreitava a grupos privilegiados,
mas um direito de todos os homens, e de caráter permanente. Ele pregava a ideia de
uma teoria que objetive a investigação sistemática da relação ensino/aprendizagem.
É possível perceber a relação das propostas de Comenio, com o que defendia Paulo
Freire, século XX, o qual enfatizava a necessidade de uma educação libertadora, que
não só interpretasse como também alargasse as experiências cotidianas sem
descartar os valores religiosos e éticos.
A partir de Comenio, vários autores se preocuparam em escrever sobre
Didática, formulando teorias, visando a sistematização do ensino dentre eles
Rousseau, Pestalozzi, Herbart, este último, principal inspirador da Pedagogia
Conservadora. As ideias pedagógicas destes pensadores foram base para todo o
pensamento pedagógico europeu, espalhando-se para o resto do mundo, ao mesmo
tempo, inspirando o que conhecemos hoje como Pedagogia Tradicional e Pedagogia
Renovadora.
A Pedagogia Tradicional, como informa Libâneo (1997), em suas várias
correntes caracteriza as concepções de educação em que prevalece a ação de
agentes externos na formação do aluno, a primazia do conhecimento, a transmissão
do saber constituído na tradição e nas grandes verdades acumuladas pela
humanidade e uma concepção de ensino como impressão de imagens propiciadas
ora pela palavra do professor, ora pela observação sensorial, ou seja, a ênfase é dada

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à transmissão do conhecimento, como forma de educar um maior número de pessoas


para transformá-las em cidadãs, “redimindo os homens do seu duplo pecado histórico:
a ignorância, miséria moral e a opressão, miséria política” (ZANOTTI,1972, p. 22-23
apud Saviani, 2007).
Trata-se então de uma Didática extremamente normativa a serviço da
regularização do ensino, onde a disciplina não passa de um conjunto de princípios e
regras, com ênfase sobre o professor que utiliza método intuitivo, o aluno como
reprodutor da matéria, receptor passivo, observa a aula para formar imagens, com a
tarefa apenas de decorar conteúdos tratados isoladamente, desvinculados do
interesse desse aluno, da realidade social e da vida, sendo uma aprendizagem
receptiva e automática, fatos que comprovam a não eficácia deste modelo de
transmissão de informações, na verdade o caráter autoritário e antidemocrático da
não explicitação dos objetivos como instrumentos de afastamento do aluno da escola,
o que não é interessante na atualidade em que preciso, atrais o aluno para que seja
incluído e desenvolva suas potencialidades.
Em fins do século XVII e início do século XVIII, com a Revolução Francesa
surgem novas propostas agora dos pensadores iluministas, ou ilustrados que
defendiam o apego à racionalidade, a luta em favor das liberdades individuais, e a
rejeição à visão teocêntrica que dominava a Europa desde o período Medieval, daí
ser um período conhecido como Século das Luzes. Estes filósofos tinham como
objetivo libertar a sociedade das trevas em que se encontrava por imposição dos
governantes e do clero, propondo como lema Liberdade, igualdade e fraternidade,
para torná-la uma sociedade mais justa.
O século XVIII teve forte marca político-pedagógica com a inauguração da nova
era em educação quando se verifica historicamente a instituição da obrigatoriedade
da escola por parte do Estado, a exemplo do que ocorreu na Alemanha onde houve
intervenção do estado na educação, resultando na criação de Escolas normais,
também ao mesmo tempo, princípios e planos que vão repercutir na revolução
pedagógica nacional.
Os Ideais iluministas e burguesia fundamentam também duas forças
antagônicas, ou seja, o movimento popular socialista e o movimento elitista burguês
os quais se desembocam no século XIX sob o nome de Marxismo representado por

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Karl Marx e o Positivismo representado por Augusto Comte. Enquanto para Comte o
Positivismo era o caminho para consolidar a ordem pública e base para a formação
científica da sociedade, para Marx, os ideais da Revolução Iluminista eram totalmente
contraditórios pois na prática, em decorrente do sistema econômico Capitalista, jamais
se realizavam.
Dentre as influências sociais resultantes deste movimento, destacam-se novas
propostas para a educação, principalmente com o representante iluminista Jean-
Jacques Rousseau que juntamente com outros pregava uma educação de acesso a
todos, porém, laica, cívica, patriótica e gratuita, ofertada pelo Estado dentro dos
princípios da democracia– o que marca o surgimento da escola pública- fato que
propiciou os ideais de unificação do ensino público.
A Pedagogia Renovada de acordo com Libâneo (1997), veio com propostas
diferentes uma vez que pregava a valorização da criança dotada de liberdade,
iniciativa e desinteresses próprios e por isso mesmo, sujeito da sua aprendizagem e
agente do seu próprio desenvolvimento, propunha ao mesmo tempo, tratamento
científico do processo educacional, considerando em etapas sucessivas do
desenvolvimento biológico e psicológico, respeito às capacidades e aptidões
individuais, individualização do ensino conforme os ritmos próprios de aprendizagem,
rejeição de modelos adultos em favor da atividade e da liberdade de expressão da
criança.
Assim, a disciplina era considerada como orientação da aprendizagem, não
direção do ensino, o professor é aquele que incentiva, orienta, organiza as situações
de aprendizagem, adequando-as as características individuais dos alunos. O aluno é
sujeito da aprendizagem, ativo, aprende melhor o que faz para si mesmo, porém, não
se ensina, ajuda-se o aluno a aprender. Quanto aos métodos desta Tendência
Pedagógica baseiam-se na reflexão e método científico de descobrir conhecimentos.
Pesquisa, trabalhos de grupo, estudo individual, dirigido, projetos. Os conteúdos não
são sistematizados, há a valorização do processo de aprendizagem e os meios que
possibilitem o desenvolvimento da capacidade intelectual dos alunos.
É sem dúvida uma visão renovadora da escola, surgida a partir das ideias de
Rousseau conforme apresentado anteriormente, sendo conhecida como Escola Nova
(Escolanovismo), Pedagogia Ativa e outras, abrangendo também outras correntes que

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defendem também estas ideias. Ressalta-se que o Escalanovismo não aceita que as
diferenças (culturais) sejam motivos para marginalização da educação, uma vez que
vê na rejeição o motivo da marginalidade, alegando ser normal existir diferenças e a
educação deve ter como objetivo incluir os rejeitados. Muda assim a ênfase do
aspecto transmissor (Pedagogia Tradicional) para o receptor (Pedagogia Nova),
propondo uma escola atrativa, como aquela que buscamos hoje, e que preocupa
também com as relações interpessoais entre aluno se professores, como fio condutor
do interesse dos alunos.
Verificam-se nesta proposta os altos custos para investir no preparo dos
professores para que esta escola cumpra seus objetivos, fato que a torna inacessível
para as massas, e privilegiadora de uma minoria
A Didática desta corrente pedagógica é vista como direção da aprendizagem,
a qual é tida como experiência própria do aluno, sendo a ênfase do processo
educacional voltada toda para este personagem, para o processo de aprendizagem,
com pouca valorização dos conhecimentos sistematizados, cabendo ao professor a
função de orientador, facilitador, que deve buscar condições apropriadas para
provocar o interesse e a identidade do aluno como forma de motivação para a
aprendizagem. Esta tendência no Brasil é incorporada nos anos 30com o Movimento
dos Pioneiros da Escola Nova, apoiados pelo educador Anísio Teixeira.
No entanto, não obstante os acontecimentos até aqui descritos, no século atual
ainda vivencia-se no Brasil, os reflexos do iluminismo educacional, representando o
fundamento da pedagogia burguesa, ou seja, de uma educação voltada ao ideal
burguês que privilegia alguns e condena a classe dominada ao fracasso, que como
em seu surgimento, voltava-se para aquela classe social surgiste que voltada para
interesses da produção e dos negócios e desenvolvimento de interesses individuais,
pressupostos da sociedade de Contratos.
Havendo chegado anteriormente no Brasil um novo modelo a Pedagogia
Tecnicista, ou Tecnicismo Educacional, na década de60, encontrou ambiente
apropriado naquele momento em que o país vivia a ditadura e as expectativas de
desenvolvimento, propagando-se uma técnica de ensino baseada nas experiências
de Skiner, de cunho comportamental e na abordagem sistêmica do ensino, em que os
comportamentos desejados (dos alunos) serão instalados e mantidos por

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condicionantes e reforçadores como elogios, graus, notas, prêmios, reconhecimentos


do mestre e colegas, prestígios e outros, os quais estão associados a outros
reforçadores mais remotos e generalizados como o diploma, vantagens da futura
profissão, aprovação final no curso, possibilidade de ascensão social, monetária,
status, prestígios e outros.
Esta Didática ficou conhecida como instrumental, inspirada no Behaviorismo da
aprendizagem, abordagem sistemática baseada na racionalização do ensino pelo
direcionamento baseado nas técnicas e nos métodos de controle de ensino, uma
educação vinculada à Segurança Nacional, passando a ser concebida como
estratégia para o alcance dos “produtos” previstos para o processo ensino-
aprendizagem, centrando novamente o ensino no professor, que se tornou um
gerente, um técnico da educação, cuja função principal era administrar a aplicação de
determinados estímulos para alcançar determinadas respostas.
O professor é o administrador e executor do planejamento, e o aluno assume
posição secundária, relegado à condição de executor de um processo cuja
concepção, planejamento, coordenação e controle ficam a cargo de especialistas
supostamente habilitados, neutros, objetivos, imparciais. Os conteúdos são baseados
em informações, princípios científicos, leis estabelecidos e ordenados numa
sequência lógica e psicológica por especialistas. Os livros são elaborados com base
na tecnologia da instituição, e os métodos utilizados dentro de um sistema de instrução
de etapas, ou seja, com especificação dos objetivos instrucionais operacionalizados;
a avaliação prévia dos alunos para estabelecer pré-requisitos para alcançar os
objetivos; ensino ou organização das experiências de aprendizagem; avaliação dos
alunos relativa ao que se propõe nos objetivos iniciais, enfim, uma escola sob as
influências da orientação econômica, política e ideológica do regime militar vigente,
mas que nos dias atuais ainda apresenta resquícios destas práticas seja na
organização do ensino, seja na prática dos professores e especialistas.
Segundo Saviani (1996, p. 23) uma vez a Tendência Pedagógica parte do
“pressuposto da neutralidade científica inspiração nos princípios da racionalidade,
eficiência, produtividade, ela advoga a reordenação do processo educativo de maneira
a torná-lo objetivo e operacional”. Mostra assim a transformação do trabalho artesanal
direcionado para o subjetivo (gosto, beleza, o trabalho) em fabril de característica

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industrial, onde muitos Produzem bens sem perceber o que estão produzindo,
chamando a atenção para o fato que a excessiva valorização da técnica de ensino
provocaria miopia do processo, não permitindo uma visão mais ampla dos objetivos
da educação, tanto para o professor como para o aluno. Os que não conseguiram
apresentar competências para alcançar nível igual os que alcançaram, ficam
marginalizados educacionalmente.
As ineficiências dos modelos de Pedagogia apresentados contribuíram para
que os educadores buscassem novos rumos para a questão da marginalidade
educacional, surgindo os movimentos de educação popular como foi mencionado
anteriormente, que configuraram a chamada Pedagogia Libertadora, defendida por
Paulo Freire, na década de 70, retomando as propostas de educação popular da
década de 60, tendo o movimento voltado em especial para atender necessidades
das camadas socioeconômicas inferiores na principalmente na tarefa da alfabetização
dos adultos, com um método que respeita e preserva sua cultura popular. Corrente
bem aceita dentre outros pelos sindicatos, comunidades religiosas, aplicada
principalmente entre os adultos.
Também na mesma época surge a Pedagogia Crítico Social dos Conteúdos,
juntamente com a Pedagogia Libertadora, conhecidas como Tendências de cunho
progressistas. Esta Pedagogia inspirada no materialismo histórico dialético de Karl
Marx, que defende o fortalecimento da escola pública e o trabalho do professor pois
só pela consolidação de conteúdos científicos de ensino pelos alunos e professores,
o povo poderá participar efetivamente das lutas de classe.

Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos

As propostas desta tendência foram desenvolvidas, no Brasil, por Dermeval


Saviani, o qual se baseia em vários autores, como: Marx, Grasmci, Kosik, Snyders,
entre outros. Junto a Saviani, temos vários outros educadores que elaboram a favor
desta corrente, dos quais destacamos José C. Libâneo, Carlos R. J. Cury e Guiomar
N. de Mello. Como as outras tendências progressistas, a Crítico-social dos conteúdos
também está preocupada com a função transformadora da educação em relação à

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sociedade, sem, com isso, negligenciar o processo de construção do conhecimento


fundamentado nos conteúdos acumulados pela humanidade.
Segundo Aranha (1996), a Pedagogia Crítico-social dos conteúdos, ou, como
também é conhecida, a Pedagogia Histórica-crítica, busca: “Construir uma teoria
pedagógica a partir da compreensão de nossa realidade histórica e social, a fim de
tornar possível o papel mediador da educação no processo de transformação social.
Não que a educação possa por si só produzir a democratização da sociedade, mas a
mudança se faz de forma mediatizada, ou seja, por meio da transformação das
consciências”. (ARANHA, 1996, p. 216).
Pode-se perceber, na fundamentação desta tendência, uma preocupação com
a transformação social, contudo, para tal, parte-se da compreensão da realidade, a
partir da análise do mundo do trabalho, das vivências sociais, buscando entendê-lo
não como algo natural, mas sim construído culturalmente - torna-se importante no
processo de transformação social a mediação cultural. Da mesma maneira, é
imprescindível conceber que a educação - via escola - trabalhe amplamente com os
conteúdos.
Neste caso, Libâneo (1994), a respeito do papel da escola, diz que: “A difusão
de conteúdos é a tarefa primordial. Não conteúdos abstratos, mas vivos, concretos e,
portanto, indissociáveis das realidades sociais. A valorização da escola como
instrumento de apropriação do saber é o melhor serviço que se presta aos interesses
populares, já que a própria escola pode contribuir para eliminar a seletividade social e
torná-la democrática. Se a escola é parte integrante do todo social, agir dentro dela é
também agir no rumo da transformação da sociedade. Se o que define uma pedagogia
crítica é a consciência de seus condicionantes histórico-sociais, a função da
pedagogia 'dos conteúdos' é dar um passo à frente no papel transformador da escola,
mas a partir das condições existentes”. (LIBÂNEO, 1994, p. 69).
E continua afirmando: “Assim, a condição para que a escola sirva aos
interesses populares é garantir a todos um bom ensino, isto é, a apropriação dos
conteúdos escolares básicos, que tenham ressonância na vida dos alunos. Entendida
nesse sentido, a educação é 'uma atividade mediadora no seio da prática social
global', ou seja, uma das mediações pela qual o aluno, pela intervenção do professor
e por sua própria participação ativa, passa de uma experiência inicialmente confusa e

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fragmentada (sincrética) a uma visão sintética, mais organizada e unificada”.


(LIBÂNEO, 1994, p. 69).
Para Libâneo, portanto, é fundamental que se entenda que: “A atuação da
escola consiste na preparação do aluno para o mundo adulto e suas contradições,
fornecendo-lhe um instrumental, por meio da aquisição de conteúdos e da
socialização, para uma participação organizada e ativa na democratização da
sociedade”. (LIBÂNEO, 1994, p. 70).
Entende-se que o processo educativo: “É passagem da desigualdade à
igualdade. Portanto, somente é possível considerar o processo educativo em seu
conjunto como democrático sob a condição de distinguir-se a democracia como
possibilidade no ponto de partida e a democracia como realidade no ponto de
chegada. Consequentemente, aqui também vale o aforismo: democracia é uma
conquista; não um dado. (...) Não se trata de optar entre relações autoritárias ou
democráticas no interior da sala de aula, mas de articular o trabalho desenvolvido nas
escolas com o processo de democratização da sociedade. E a prática pedagógica
contribui de modo específico, isto é, propriamente pedagógico para a democratização
da sociedade, na medida em que se compreende como se coloca a questão da
democracia relativamente à natureza própria do trabalho pedagógico”. (SAVIANI,
1987,80-82).
Não se tem a pretensão de esgotar, a discussão sobre as tendências
progressistas, muito pelo contrário, o intuito é o de fazer uma introdução a respeito de
cada uma delas, para, a partir daqui, indicar um processo de aprofundamento
posterior. Contudo, ainda abordar, de forma sucinta, características gerais do
Construtivismo.
O Construtivismo sintetiza as teorias que buscam vislumbrar os processos de
construção do conhecimento, assim como discutir a complexidade do processo de
aprendizagem. Vários autores dedicaram-se a estudos nesta linha, dos quais
destacamos: Piaget (Epistemologia genética ou Construtivismo liberal piagetiano) e
Vygotsky (Construtivismo sócio histórico); mas também, é importante lembrar-se de
Emília Ferreiro e Remi Wallon.
Neste momento, é importante frisar que as teorias construtivistas buscam uma
superação das teorias inatista e empirista, as quais buscam explicar as origens

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(fontes) do conhecimento, em que o inatismo afirma que o conhecimento é a priori (o


sujeito nasce com os saberes) e, por outro lado, o empirismo acredita que o
conhecimento é produzido a partir das sensações, das experiências (o sujeito é uma
tábula rasa e suas experiências vão fornecendo os conhecimentos ao longo da vida).
O conhecimento não pode ser concebido nem de uma forma (inata) nem de
outra, ou seja, o conhecimento somente científico (conhecimento a posteriori) e, sim,
o conhecimento necessariamente vai ser construído a partir das experiências (fatores
externos ao indivíduo) e pelas características próprias do sujeito (fatores internos do
indivíduo), ou seja, cada indivíduo passa por várias etapas, em que organiza o
pensamento e a afetividade.
Diante dessa perspectiva, Aranha (1996, p. 202) destaca a ideia de que, para
os construtivistas, "a criança não é passiva nem o professor é simples transmissor de
conhecimento. Nem por isso o aluno dispensa a atuação do mestre e dos
companheiros com os quais interage. Mais propriamente, o conhecimento resulta de
uma construção contínua, entremeada pela invenção e pela descoberta".
Assim, verifica-se que a preocupação de Freire girava em torno da educação
das classes populares, inicialmente de caráter extraescolar, não formal, em que seus
princípios e práticas tornaram-se pontos de referência para professores no mundo
todo, uma vez que ele primava pela valorização do cotidiano do aluno.
Libâneo (1997) vê a Didática como importante instrumento a ação pedagógica,
entendendo como seu objeto de estudo o processo de ensino nas suas relações e
ligações com a aprendizagem, e o seu objeto aferição do processo de ensino/
aprendizagem. Como a Pedagogia Libertadora de Freire, e esta tendência também
conhecida progressista, ambas propuseram uma educação escolar crítica a serviço
das transformações sociais e econômicas, isto é, da superação das tão fortes
desigualdades sociais capitalistas de organização da sociedade, porém ambas se
diferem em relação aos objetivos imediatos, meios e estratégias de atingir essas
metas gerais comuns.Libâneo (1990).
Uma das disciplinas da Pedagogia que estuda o processo de ensino através de
seus componentes – os conteúdos escolares, o ensino e aprendizagem – para, com
o embasamento numa teoria da educação formular diretrizes orientadoras da
atividade profissional dos professores.

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A Didática na Pedagogia Libertadora os seguidores não tinham uma proposta


explícita de didática para a formação de professores, a atividade escolar era centrada
na discussão de temas sociais e político sendo o ensino visto como condição para
participação do povo mas lutas sociais e culturais, centrado na realidade social em
que professor (mediador de aprendizagem, pesquisador) e aluno (pensante, ativo,
crítico) analisam problemas desta realidade econômico-social-cultural coletiva (o
ensino eficiente). Como Método desta Tendência, parte-se do conhecimento trazido
pelo aluno, reflexão, discussão, análise e compreensão. O professor tem o papel de
coordenador das atividades que se organizam pela ação conjunta. Uma tendência
defendida dentre outros, pelos sindicatos, as Associações de bairro, comunidades
religiosas.
Ressalta-se a estreita relação entre Didática / Pedagogia para a realização do
trabalho docente, uma vez que contribui para modificar no ser humano aquilo que é
suscetível à educação, pois este é passível de ser transformado, daí a necessidade
desta relação ser pautada sempre na ética e na verdade que conforme afirma Matos
(2008), “a ética e a verdade, por habitarem a consciência, vêm de dentro, têm a ver
com o ser: ou é ou não se é! ” Urge um aprofundamento maior em relação a vivência
da ética, pois neste tempo de relativismo, muitas inverdades ainda circulam no meio
social para atender interesses individuais, em detrimento do coletivo, demonstrando a
falta de compromisso com o outro, fato que ocorre em serviços públicos e privados
com profissionais de todas as áreas incluindo a educação, lideranças cujas ações
devem ser pautadas na verdade, sem autoritarismo.
A palavra ética vem do grego ethos, possuindo dois significados, sendo o
primeiro costume, e o segundo significa propriedade do caráter (GOLDIM, 2000). A
Ética surgiu com os filósofos na Grécia Antiga, sendo grego um saber normativo
universal, porém, não é lei, ainda quês esta venha ser omissa, não aplica sanções,
mas deve fundamentar a lei e os que a fazem, através dos seus princípios, uma vez
que é capaz de propiciar orientações para as ações, modo de ser, caráter,
comportamento humanos. Como ramo da Filosofia, a Ética investiga sobre o que é
bom, como viver melhor no nosso dia-a-dia e na sociedade.
A ética pode ser um conjunto de regras, princípios ou maneiras de pensar que
guiam, ou chamam a si a autoridade de guiar, as ações de um grupo em particular

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(moralidade), ou é o estudo sistemático da argumentação sobre como nós devemos


agir (filosofia moral). (SINGER, 1994).
Moral e Ética possuem o mesmo significado, porém o que as diferencia é que
é a Moral é um saber que orienta para a ação, ao mesmo tempo em que propõe ações
concretas em casos concretos, uma vez que ela é imposta a partir do exterior como
um sistema de regras obrigatórias que devem ser assumidas pelas pessoas como
uma forma de garantir o seu bem-viver e o da coletividade.
Enquanto Filosofia Moral, a Ética é o estudo sistemático da argumentação
sobre como nós devemos agir ao que informam Cortina; Martínez (2009);

 remonta à reflexão sobre as diferentes morais e as diferentes


 maneiras de justificar racionalmente a vida moral, de modo que sua
 maneira de orientar a ação é indireta: no máximo, pode indicar qual
 concepção moral é mais razoável para que, a partir dela, possamos
 orientar nossos comportamentos.

Variadas profissões são regidas pelo seu próprio código de ética profissional,
ou seja, elas são orientadas por um conjunto de normas de cumprimento obrigatório,
derivadas da ética, frequentemente incorporados à lei pública que devem ser
observadas e cumpridas pelos profissionais. Ética e responsabilidade social são
termos que caminham lado a lado, já que não é possível assumir responsabilidades
sociais sem ser ético. (CHALITA, 2010).
As atitudes dos profissionais da educação devem ser pautadas pela ética e pela
moral, entendendo que a moral como um sistema de regras obrigatórias que devem
ser assumidas por todas as pessoas como garantia do seu bem-viver.
A Ética é um saber prático que nos orienta em aspectos como na tomada de
decisões prudentes, na boa administração dos bens da casa e da cidade no governo
da polis e também para uma vida melhor.
As atitudes dos profissionais da educação devem ser pautadas pela ética e pela
moral, entendendo que a moral como um sistema de regras obrigatórias que devem
ser assumidas por todas as pessoas como garantia do seu bem-viver.

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A Ética é um saber prático que nos orienta em aspectos como na tomada de


decisões prudentes, na boa administração dos bens da casa e da cidade no governo
da polis e também para uma vida melhor.
Como não podemos viver sem ética, ela estará sempre represente em todas as
sociedades humanas podendo constituir-se em um conjunto de regras, princípios ou
maneiras de pensar que guiam, ou chamam a si a autoridade de guiar, as ações de
um grupo em particular (moralidade), como é o caso de variadas profissões, que são
regidas pelo seu próprio código de ética profissional, ou seja, elas são orientadas por
um conjunto de normas de cumprimento obrigatório, derivadas da ética,
frequentemente incorporados à lei pública que devem ser observadas e cumpridas
pelos profissionais, em que a não inobservância resultará em sanções e até perda da
identidade profissional.
Ressalta-se aqui a importância do professor procurar conhecer o Estatuto do
Pessoal Magistério Público do Estado de Minas Gerais- Lei 7109 de 13 de outubro de
1977, também a Lei nº15.293 de 05 de agosto de 2004 e demais emendas.
Desta forma, a Ética se torna então um saber prático que nos orienta em
aspectos como na tomada de decisões prudentes, na boa administração dos bens da
casa e da cidade no governo da polis e também para uma vida melhor.
Em suas definições, Martins (2002), faz a distinção entre o que é ética, antiético
e aético:
Ética, é análise da capacidade humana de escolher, ser livre e responsável por
sua conduta entre os demais, alguns autores identificam como moral. Antiético, contra
uma ética estabelecida ou contra a ideia (da ética) de estabelecer o que devemos
fazer ou quem queremos ser levando os outros em consideração. Muitas vezes, o
antiético tem ideias éticas próprias. Aético: sem ética, mas não contra uma ou outra
ética.
A ética orienta também as ações da educação tendo em vista ao educar, é
preciso respeitar as diferenças, fato que se torna cada vez mais urgente na atual
sociedade, onde ações de desrespeito, violências e outras mazelas constantemente
são praticadas, principalmente nos ambientes escolares. Vale ressaltar que a
educação para o grego não poderia acontecer de forma isolada, ou seja, toda a

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sociedade e a cultura deveriam estar presentes nesta formação cidadã, isto a ética
exige que o espaço onde ela está seja também ético
Desta feita, educar para a cidadania, para a tolerância, civilidade juntamente
com os programas educacionais direcionados para esse fim, propicia um
relacionamento melhor dos homens entre si, além do respeito aos diferentes, vindo
ao encontro dos princípios normativos da Ética ao mesmo tempo em que atende às
instituições previstas na LDB (1996), O artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB) diz que a educação abrange os processos formativos que
se desenvolvem em várias esferas, família, convivência, trabalho, escola, movimentos
sociais [...]
O artigo 2º da LDB considera que, inspirada nos princípios da liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, é finalidade da educação nacional o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.
Segundo Jaeger (1986) “os gregos viram pela primeira vez que a educação tem
de ser também um processo de construção consciente”, apresentando assim a ideia
de Paidéia (formação), ou seja, trata de uma educação do homem como membro de
uma cultura, de um homem sem falhas, um homem virtuoso educado para a areté
(virtudes), o que tornaria possível atingir o ideal de excelência não só do homem, mas
também das instituições e das cidades através da educação.
Verifica-se nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o esforço para
inserção da ética no espaço escolar vinculando-a ao processo de ensino-
aprendizagem proposto para cada área de conhecimento, no qual deve perpassar
dentre outros, atitudes críticas, reconhecimento de limites e possibilidades dos
sujeitos e das circunstâncias, valores e regras que os norteiem, para que de fato
através da articulação da ética, se promova uma educação moral propiciadora de
autonomia, capacidade de escolhas e Posicionamentos diante da realidade, por parte
de todos, principalmente das crianças e adolescentes do nosso país (BRASIL, 1998).
Percebe-se então que Ética e didática caminham juntos pois ao ensinar,
prepara-se para a vida e ética é a favor da vida.

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O docente e a necessidade de uma nova metodologia

Por volta do século XVIII, o simples fato de se falar em cursos por


correspondência era motivo piada e risos. Isso porque para as pessoas daquela época
seria impossível que uma pessoa pudesse ser um bom profissional, fazendo cursos à
distância, isso fez com que a educação à distância fracassasse durante esse período.
Em 1969, durante a Guerra Fria, os Estados Unidos precisavam de um meio
de comunicação entre suas bases militares, surgiu então, uma rede que faria essa
comunicação a “ArphaNet”, com o fim da guerra essa rede tornou-se inútil e os
militares americanos abriram o acesso, foram feitas algumas melhorias e hoje a
conhecemos como Internet.
A Internet é uma Rede Mundial de Computadores também conhecida como
“World Wide Web” ou “www” e é um dos meios de comunicação que mais crescem no
mundo, por ser mais barato e, além disso, possui uma diversidade de informações
que podem ser aproveitadas por pessoas nos cinco continentes, sabendo disso
algumas instituições de ensino, acharam por bem utilizar a Internet para oferecer
cursos on-line, ministrando aulas através de webcams, simuladores on-line com
grande interação entre os alunos e a instituição de ensino, disponibilizando materiais
para estudo.
O Canadá foi um dos primeiros países do mundo a implantar a educação a
distância (EAD) de uma maneira massiva, a partir do século XIX, quando se usava
material impresso enviado por correio. Até ensino fundamental lá tem disciplinas a
distância.
Hoje, mais de 80 países no mundo, adotam os sistemas de educação à
distância (EaD) em todos os níveis de ensino, ajudando milhões de estudantes. A
educação à distância também tem sido utilizada para o treinamento e aperfeiçoamento
de professores em serviço e funcionários de empresas públicas e privadas. Em
algumas universidades europeias, novas tecnologias como a de informática e a de
telecomunicações vem sendo pré-requisito para um bom ensino, já que antes essas
universidades só utilizavam livros velhos como materiais de estudo, hoje elas
oferecem material didático em áudio e DVD’S, videotexto interativo e
videoconferências.

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No Brasil, infelizmente, esse processo é bem mais lento, apesar de que desde
1939 houve várias tentativas de implantação desse método, de âmbito governamental
e privado, algumas obtiveram relativo sucesso, mesmo assim esses resultados do
passado não foram suficientes para o governo e a sociedade aceitar a educação a
distância, no entanto, essa realidade brasileira, já mudou, pois, o governo criou leis e
estabeleceu normas para esta modalidade de ensino.
O Ministério da Educação (MEC) publicou nesta quarta-feira (21) junho/17
portaria que regulamenta o Decreto 9057/2017, com a intenção de ampliar a oferta de
cursos superiores na modalidade a distância.
A novidade é que o governo federal baixou uma portaria junho de 2017 que
permite a criação de faculdades 100% à distância, sem atividades presenciais. A
decisão do Ministério da Educação veio em uma portaria publicada no Diário Oficial.
A regra anterior para educação à distância era de 2005. Ela classificava como atividades
presenciais obrigatórias as avaliações, estágios, apresentação e defesa de trabalhos e
práticas de laboratório. A nova regra permite cursos de graduação e de pós-graduação à
distância sem a obrigação de atividades presenciais. Uma crítica é que a medida também
enfraquece a fiscalização do MEC, que não fará mais visitas às unidades regionais das
instituições de ensino superior à distância, mas apenas aos centros operacionais. Antes, para
que uma instituição de ensino superior funcionasse, ela obrigatoriamente precisava oferecer
um curso presencial. Com a nova regra, essa exigência também caiu. O professor da USP
Arlindo Phillip Jr., que foi diretor de Avaliação da Fundação Capes, defende a expansão dos
cursos à distância, mas diz que as atividades presenciais são imprescindíveis.
O Censo da Educação Superior 2016, divulgado em agosto de 2017 pelo governo
federal, constatou um aumento de 21% no grupo de ingressantes na modalidade a
distância no Brasil, enquanto houve queda no número de novos alunos nos cursos
presenciais no ano passado. O crescimento, apesar de ter tornado possível a matrícula
de mais alunos no Ensino Superior do que em 2015, trouxe também uma preocupação ao
Ministério da Educação (MEC): a maior oferta de cursos de educação a distância (EAD)
na área da saúde.
Depois de divulgar o censo, o ministro da Educação, Mendonça Filho, afirmou que
cursos nas áreas de saúde, como Medicina, Enfermagem e Fisioterapia, por exigirem
formação prática maior, não poderiam ser ofertados em modalidade a distância.

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Apesar de dizer que a oferta é uma tendência mundial, e que o país não pode ficar
fora das inovações tecnológicas na educação, o ministro afirmou que o órgão será rígido
no que for de sua responsabilidade. A oferta de cursos com aulas predominantemente a
distância, autorizada em junho pelo ministério, tem encontrado resistência também de
conselhos profissionais da área da saúde. Ainda que a regulamentação prever que
atividades presenciais obrigatórias, definidas em diretrizes curriculares nacionais,
continuem sendo realizadas, a intenção de aumentar o acesso ao Ensino Superior com a
desburocratização dos cursos EAD preocupa entidades
Alguns estudiosos deram suas definições à educação a distância, alguns deles
são:
Dohmem (1967) - Educação à distância (Ferstudium) é uma forma
sistematicamente organizada de auto estudo em que o aluno se instrui a partir do
material de estudo que lhe é apresentado; o acompanhamento e a supervisão do
sucesso do estudante são levados a cabo por um grupo de professores. Isto é possível
através da aplicação de meios de comunicação capazes de vencer longas distâncias.
Peters (1973) – Educação ou ensino à distância (Fernunterricht) é um método
racional de partilhar conhecimento, habilidades e atitudes, através da aplicação da
divisão do trabalho e de princípios organizacionais, tanto quanto pelo uso extensivo
de meios de comunicação, especialmente para o propósito de reproduzir materiais
técnicos de alta qualidade, os quais tornam possível instruir um grande número de
estudantes ao mesmo tempo, enquanto esses materiais durarem. É uma forma
industrializada de ensinar e aprender.
Moore (1973) – Ensino à distância pode ser definido como a família de métodos
instrucionais em que as ações dos professores são executadas a parte das ações dos
alunos, incluindo aquelas situações continuadas que podem ser feitas na presença
dos estudantes. Porém, a comunicação entre o professor e o aluno deve ser facilitada
por meios impressos, eletrônicos, mecânicos ou outros.
A verdade é que todas essas definições estão corretas, porém, a que mais se
encaixa a nossa realidade, hoje é que a educação a distância é um método de ensino
ao qual, não é necessário que os alunos estejam presentes fisicamente, porém é
preciso que se utilize uma correspondência regular (hoje em dia utiliza-se mais a
internet), para enviar materiais, escritos, vídeos, arquivos em áudio. E para que seus

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alunos tenham seus materiais corrigidos, com a internet esses procedimentos ficaram
bem mais rápidos e fáceis de serem realizados.
O grande diferencial de algumas instituições, universidades, faculdades, no
Brasil é o fator de oferecerem encontros presenciais, em matérias básicas e
essenciais ao bom desempenho de qualquer profissional que se dispõe a cursar, um
exemplo é o caso em questão, uma pós-graduação latu senso.
Todo método de ensino necessita de um suporte, no caso das escolas, existem
as salas de aula, que dão esse suporte aos professores. E na educação a distância
existe o LED (Laboratório de Educação à Distância) que tem como finalidade dar
suporte aos professores, esse suporte é dado com o gerenciamento de programas em
educação, além disso, inclui também auxílio no planejamento, design, elaboração e
processamento de mídias, animações, programação, além de auxílio na criação e
edição de textos. O LED também tem outro objetivo, o de promover a integração de
materiais didáticos a novas tecnologias.
Graças a esses recursos tecnológicos, hoje podemos desfrutar de um
aprendizado rápido e eficiente, sem perder tempo com deslocamento físico e com
muito mais variedades de materiais de pesquisa, já que além dos materiais cedidos
pela instituição, os alunos também podem contar com materiais de pesquisas,
dispostos na internet por outras instituições. Agora, educação a distância é sinônimo
de boa qualidade de ensino e tecnologia avançada e não é bom lembrar que não vai
parar por ai, então, os professores do atual contexto devem se preparar cada vez mais
para atuar dentro das exigências educacionais com as novas tecnologias.

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