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Grupo I – O desencadear do processo revolucionário português

Fonte 1 – A exposição dos males da pátria (1820)

Senhor: – Um dos primeiros e principais sentimentos que animam os leais corações do povo português é sem dívida o amor
que professam à sagrada pessoa da vossa majestade e à soberania da sua augusta casa.
Se fosse necessário dar a vossa majestade provas desta verdade, fácil nos seria achá-las na história portuguesa [...]. Basta,
porém, trazer à lembrança de vossa majestade as duas notáveis e gloriosas épocas de 1640 e 1808, nas quais esta briosa e leal
nação se vangloria de haver dado ao mundo inteiro os testemunhos mais autênticos e mais solenes da sua nunca desmentida
afeição à augusta Casa de Bragança [...].
Não é aqui lugar, senhor, nem de descrever miudamente os males públicos em que a nação se achava [...] A progressiva e
rápida decadência da nossa agricultura, indústria e comércio; [...] a ruína do tesouro e crédito nacional, [...] e que iam minando,
em todas as classes, a moralidade pública [...]. Para cúmulo dos nossos males, faltava-nos vossa majestade, que ouvisse de perto
as súplicas do seu povo; faltava-nos o seu trono, a cuja sombra os desvalidos e oprimidos se acolhessem e achassem [...] remédio
a seus males.
Lisboa, 6 de outubro de 1820.

Carta ao rei D. João V, Lisboa, 6 de outubro de 1820

Fonte 2 – Proclamação aos Portugueses (1820)


Portugueses! O horrendo crime de rebelião contra o poder e autoridade legítima do nosso Augusto Soberano, el-rei Nosso
Senhor, acaba de ser cometido na cidade do Porto.
Alguns poucos indivíduos mal-intencionados, alucinando os chefes dos corpos da tropa daquela cidade, puderam
desgraçadamente influenciá-los para que [...] quebrassem no dia 24 de agosto [...] o juramento de fidelidade ao seu rei [...] e se
atrevessem a constituir, por sua própria autoridade, naquela cidade um governo a que dão o título de Governo Supremo do
Reino.
Não vos iludeis pois, fiéis e valorosos portugueses, com semelhantes aparências: é evidente a contradição com que os
revoltosos, protestando obediência a el-rei [...], se subtraem à autoridade do governo legitimamente constituído por sua
majestade, propondo-se [...] que a si mesmos se constituíram debaixo do título de Governo Supremo do Reino, a convocar
cortes, que sempre serão ilegais, quando não forem chamadas pelo soberano, e a anunciar mudanças, e alterações, que, quando
muito, deviam limitar-se a pedir, por isso que só podem emanar legítima e permanentemente do real consentimento.
Gazeta de Lisboa, 30 de agosto, 1820 Juliana Gesuelli Meirelles, A Família Real no Brasil – Político e Quotidiano (1808-1821),
Editora UFABC, São Paulo, 2015, p. 58

1. Explicite duas razões do descontentamento em Portugal nas vésperas da revolução liberal portuguesa.
Fundamente a sua resposta com excertos relevantes do Fonte 1.

2. Nomeie o rei a que se refere a expressão “[...] sagrada pessoa da vossa majestade [...]” (Fonte 1).

3. A afirmação “O horrendo crime de rebelião contra o poder” (Fonte 2) refere-se:


(A) à Vila-Francada.
(B) à Abrilada.
(C) à Revolução de 1820.
(D) à conspiração de Gomes Freire de Andrade.
4. Transcreva um excerto do Fonte 2 que evidencie a defesa do absolutismo pelos subscritores da “Proclamação aos
Portugueses” (Fonte 2).

5. Apresente dois argumentos que sustentem a afirmação “O horrendo crime de rebelião contra o poder [...] cometido na cidade
do Porto” (Fonte 2).
Fundamente a sua resposta com excertos relevantes da Fonte.

Grupo III – O Brasil no quadro do processo revolucionário português

Fonte 1 – Conjunto de fontes

A. Carta da elevação do Brasil a Reino B. Porto do Rio de Janeiro aquando da sua abertura ao comércio estrangeiro

C. A coroação de D. Pedro como imperador do Brasil D. A chegada da família real do Brasil

Fonte 2 – A criação do Banco do Brasil (1808)

Eu, o Príncipe Regente,


Faço saber aos que este meu Alvará com força de lei virem que, atendendo a não permitirem as atuais circunstâncias do
Estado que o meu Real Erário possa realizar os fundos de que depende a manutenção da Monarquia, e o bem comum dos meus
fiéis vassalos [...] sou servido ordenar que nesta Capital se estabeleça um banco público que [...] ponham em ação os cômputos
estagnados assim em géneros comerciais, como em espécies cunhadas; promova a indústria nacional pelo giro e combinação dos
capitais isolados, e facilite juntamente os meios e os recursos de que as minhas rendas reais e as públicas necessitarem para
acorrer às despesas do Estado.
Dado no Palácio do Rio de Janeiro, 12 de outubro de 1808, in Juliana Gesuelli Meirelles, A Família Real no Brasil – Político e
Quotidiano (1808-1821), Editora UFABC, São Paulo, 2015
Fonte 3 – A Revolução Liberal e a Independência do Brasil (1822)
Brasileiros: – Está acabado o tempo de enganar os homens. [...] O Congresso* de Lisboa, arrogando-se o direito tirânico de
impor ao Brasil um artigo de nova crença, firmado em um juramento parcial e promissório, e que de nenhum modo podia
envolver a aprovação da própria ruína [...]. Portugal, destruindo todas as formas estabelecidas [...] não podia obrigar-nos a
aceitar um sistema desonroso e aviltador, sem atentar contra aqueles mesmos princípios em que fundara a sua revolução e o
direito de mudar as suas instituições políticas, sem destruir essas bases que estabeleceram novos direitos nos direitos
inalienáveis de povos, sem atropelar a marcha da razão e da justiça [...].
Então as províncias [...] do Brasil, [...] lançaram os olhos sobre mim [...] e depositaram em mim todas as suas esperanças [...].
Acedi a seus generosos e sinceros votos, e conservei-me no Brasil, [...] persuadido que este passo seria para as cortes de
Lisboa o termómetro das disposições do Brasil, e que os faria parar [...]. Resolvi-me, portanto, tomar o partido que os povos
desejavam, e mandei convocar a assembleia do Brasil, a fim de cimentar a independência política deste reino, sem romper,
contudo, os vínculos da fraternidade portuguesa [...].
Legislou o congresso de Lisboa sobre o Brasil, sem esperar pelos seus representantes [...]. Negou-lhe uma delegação do poder
executivo, de que tanto precisava para [se] desenvolver, vista a grande distância que o separa de Portugal [...]. Excluiu de facto os
brasileiros de todos os empregos honoríficos [...]. Desarmava vossas fortalezas [...], deixava indefesos vossos portos, chamando
aos de Portugal toda a vossa marinha, [...] fechava vossos portos aos estrangeiros, [...] reduzia os habitantes do Brasil outra vez
ao estado de pupilos e colonos. [...]
A honra e dignidade nacional [...] mandam que as colónias deixem de ser colónias [...]. Demais, o mesmo direito que teve
Portugal para destruir as suas instituições antigas [...], com mais razão o tendes vós [...].
Dar-vos-ão [vossos representantes eleitos] um código de leis adequadas [...], um código penal, ditado pela razão [...] [É]
minha glória reger um povo brioso e livre [...].
Palácio do Rio de Janeiro, 1 de agosto, 1822

*Cortes Constituintes de 1821.

1. Ordene cronologicamente as imagens A, B, C e D (Fonte 1) que se reportam à questão do Brasil no período da implantação do
liberalismo em Portugal.

2. Para além da questão relativa ao Brasil, o “Congresso de Lisboa” (Fonte 3) teve por objetivo elaborar…

(A) a Carta Constitucional.

(B) a Constituição.

(C) a Declaração dos Direitos dos Brasileiros.

(D) a Proclamação da independência do Brasil.

3. A imagem B, representada na fonte 1, está associada ao fim…

(A) do exclusivo colonial.

(B) do comércio triangular.

(C) da rota do Cabo.

(D) da rota do Levante.


4. Nomeie o motivo que esteve na origem do acontecimento representado na imagem D (Fonte 1).

5. Desenvolva o tema O Brasil no quadro do processo revolucionário português, articulando os dois tópicos de orientação
seguintes:

– o desenvolvimento do Brasil enquanto sede da monarquia portuguesa;

– da rutura com as Cortes de 1821 à consagração da independência.

Na sua resposta:

– apresente três elementos para cada tópico de orientação, evidenciando a relação entre os elementos dos dois tópicos;

– integre, pelo menos, uma informação relevante de cada uma das fontes de 1 a 3.

GRUPO IV – AS DIFICULDADES DE IMPLANTAÇÃO DO LIBERALISMO

Fonte 1 | PASTORAL DE D. FRANCISCO ALEXANDRE LOBO, BISPO DE VISEU (1828)

A todos os fiéis da nossa diocese [...].

Com grande dor temos sabido, amados filhos, das perturbações [...] a que tendes vivido expostos, e tendes [...] suportado nestes
dias infelizes da geral inquietação do reino. [...]

Uma resolução inesperada encaminhou à pátria o herdeiro legítimo do trono, e com ele tudo o que podiam abranger os mais
largos desejos de um sincero português. Nele vos veio a firmeza do poder soberano, o respeito e a execução das nossas leis, a
boa ordem e a paz interior do Estado, que procedem da discreta e constante observância das leis. A sua vinda, a sua entrada
pacífica, as medidas que tomou para remediar um desconcerto tão geral e para reparar tantas e tamanhas ruínas, o bom sucesso
destas medidas, a felicidade com que em tão pouco tempo e com tão leves sacrifícios venceu [a] oposição e obrigou os seus
cabeças a cobarde fuga.

[...] a revolução que há oito anos pretendeu tirar-nos as leis, os costumes e o ser de portugueses [...] a que por último procurou
meter-vos em dependência estranha e conduzir-nos por este caminho à confusão e total ruína. [...]

Obedecer às autoridades que o são da parte do príncipe é o mesmo que obedecer a Deus. Deus o manda na sua lei; para ser de
nós obedecido o fez Deus imagem na sua terra, e o príncipe não é mais do que um sublime e venerável instrumento de que Deus
se serve para o dirigir, segundo a profunda sabedoria dos seus conselhos, os impérios e reinos do seu mundo.

Nós o temos visto e o temos sentido nas imprudentes tentativas de política mudança, de que temos sido testemunhas no nosso
Portugal e fora dele. Trataram todas, ou como fim ou como meio necessário de afrouxar a obediência civil e todas conseguindo
[...] este seu inconsiderado propósito provaram as ruinosas e fatais consequências da desunião.

Lisboa, 5 de agosto de 1828.


Fonte 2 | PASTORAL DE D. FRANCISCO JOSÉ RODRIGUES, BISPO DO FUNCHAL (1828)

Amados filhos: um acontecimento extraordinário, e de que se encontram bem poucos exemplos na história, acaba de suceder no
meio de vós. Por efeitos de uma resolução heroica e firme do digno chefe deste estado em poucos momentos ouvistes ressoar os
augustos nomes de D. Pedro IV e de sua filha, a senhora D. Maria II, e da carta constitucional, que a sábia mente de um rei
legislador ordenou para reger a monarquia portuguesa e firmar a base dos direitos que haviam de gozar os seus súbditos [...]

É um dever da santa religião que professamos reconhecer o legítimo que nos foi dado, e obedecer ao seu poder. Esta verdade
não sofre contradição; ela é uma das mais recomendadas, e que forma o mais firme esteio do pacto social. [...]

Tais são, amados filhos, os motivos que reclamam a vossa obediência à augusta pessoa de D. Pedro IV e às suas soberanas
determinações. A ele jurastes fidelidade, que cumpre não a perder. É a este dever que agora vos chamamos [...]; porém, ao
mesmo tempo não podemos deixar de vos exortar que não deis ouvidos às doutrinas que em contrário se vos tenham anunciado
[...]. Se alguns eclesiásticos, abusando indiscretamente dos deveres do seu sagrado ministério, procuram persuadir-vos contra o
que deveis ao legítimo monarca, quiseram trair-vos e arrastar-vos ao precipício. [...]

Agora [...] empregai a solicitude do vosso ministério em manter os povos na obediência ao nosso monarca o senhor D. Pedro IV e
a sua augusta filha a senhora D. Maria II, que pela abdicação de seu pai é destinada para nossa rainha [...] e sejam estes augustos
nomes um nobre laço que aperte estreitamente todos os corações.

Funchal, 28 de junho de 1828.

1. Compare as duas perspetivas sobre a legitimidade da sucessão ao trono, em 1828, entre D. Miguel e D. Pedro, expressas nos
documentos 1 e 2, quanto a dois aspetos em que se opõem.

2. A expressão “venceu [a] oposição e obrigou os seus cabeças a cobarde fuga” (Doc. 1, l. 9) refere-se ao exílio forçado dos
liberais na sequência…

(A) do desastre da ponte das barcas.

(B) da Revolução liberal.

(C) do cerco do Porto.

(D) da Abrilada.

3. A afirmação “imprudentes tentativas de política mudança, de que temos sido testemunhas no nosso Portugal e fora dele.”
(Fonte 1) refere-se:

(A) aos golpes contrarrevolucionários.

(B) às conquistas napoleónicas.

(C) à reação absolutista.

(D) às revoluções liberais.

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