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Justiça Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

15/04/2024

Número: 1037162-78.2023.4.01.3900
Classe: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL
Órgão julgador: 2ª Vara Federal Cível da SJPA
Última distribuição : 07/07/2023
Valor da causa: R$ 1.320,00
Assuntos: Classificação e/ou Preterição
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
MARIANA DUARTE SILVA FONSECA (IMPETRANTE) DANIELE SANTOS SENA (ADVOGADO)
JOANA DARC SILVA GALVAO DE CARVALHO
(ADVOGADO)
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
(IMPETRADO)
UNIÃO FEDERAL (IMPETRADO)
LEONARDO PEQUENO REIS (LITISCONSORTE) CATIANE DE SOUSA TELES (ADVOGADO)
ADRIANA MARIA GRIEBELER (LITISCONSORTE) CATIANE DE SOUSA TELES (ADVOGADO)
REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA
AMAZONIA (IMPETRADO)
Ministério Público Federal (Procuradoria) (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo Polo
Assinatura
182327467 22/09/2023 13:15 Sentença Tipo A Sentença Tipo A Interno
0
Documento id 1823274670 - Sentença Tipo A

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Pará
2ª Vara Federal Cível da SJPA

SENTENÇA TIPO "A"


PROCESSO: 1037162-78.2023.4.01.3900
CLASSE: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL (120)
POLO ATIVO: MARIANA DUARTE SILVA FONSECA
REPRESENTANTES POLO ATIVO: JOANA DARC SILVA GALVAO DE CARVALHO - BA28510 e DANIELE SANTOS
SENA - BA71645
POLO PASSIVO:UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA e outros

SENTENÇA

I - RELATÓRIO

MARIANA DUARTE SILVA FONSECA (CPF 033.068.095-19) impetrou o presente mandado de


segurança com pedido de medida liminar contra ato atribuído ao REITOR DA UNIVERSIDADE
FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA - UFRA, DIRETORA PRÓ TEMPORE DO CAMPUS DE
CAPITÃO-POÇO e COORDENADORA PRÓ TEMPORE DO CURSO DE ENGENHARIA
FLORESTAL DO CAMPUS CAPITÃO-POÇO, objetivando provimento judicial que garanta a sua
nomeação e aproveitamento para o cargo de professora para a área de Economia, Política e
Legislação Ambiental.

Narra a exordial que a impetrante se inscreveu no processo seletivo para o cargo de professor da
carreira do magistério superior em regime de dedicação exclusiva da Universidade Federal Rural
da Amazônia - UFRA, (edital nº 19/2021), concorrendo a uma das vagas destinada para a área de
Agrossilvicultura e Proteção Florestal, para o campus de Capitão-Poço/PA.

Afirma ter sido aprovada na 4ª colocação, com previsão de apenas uma vaga para o cargo.

Alega que, enquanto ainda válido o concurso no qual foi aprovada, tomou conhecimento de que
havia sido declarado vago o cargo de Professora no campus de Capitão-Poço ocupado por

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Marília Shibata, por ter tomado posse em outro cargo público, motivo pelo qual teria apresentado
pedido de reaproveitamento para ocupar a referida vaga, o que teria sido indeferido.

No entanto, afirm a qu e fo ram abe r tos o s p r ocesso s 230 84 .00 724 7/ 2023- 74 e
23084.007232/2023-14 pela diretoria pró tempore do campus de Capitão-Poço para
aproveitamento de candidatos aprovados em concurso público (edital n. 07/2022) realizado
posteriormente ao seu, que, repise-se, ainda estava válido, para vagas disponíveis no referido
campus, para as áreas de Sementes e Viveiros Florestais e Economia, Política e Legislação
Ambiental, com suas referidas nomeações.

A inicial veio acompanhada de procuração e documentos.

Ordenada a emenda à inicial, para retificação do valor da causa e juntada de documentos (ID
1702473482), a diligência foi cumprida (ID 1740080093).

Decisão proferida (ID 1741315548) indeferindo o pedido de liminar, deferindo, no entanto, a


gratuidade judicial, determinando a manutenção como autoridade coatora apenas o Reitor da
UFRA e a citação dos candidatos nomeados como litisconsortes passivos.

Parecer do MPF opinando pela sua não intervenção (ID 1770413076).

Manifestação da UFRA (ID 1789946548) requerendo o seu ingresso no feito.

Manifestação da parte impetrante informando que não houve pedido seu de aproveitamento (ID
1790124578).

O litisconsorte passivo Leonardo Pequeno Reis apresentou contestação, requerendo a gratuidade


judicial; no mérito, defende que a área para a qual foi aprovada a impetrante não possui
correlação com a qual ele foi nomeado, que possui correlação com a área para a qual ele foi
aprovado, tendo apenas ele apresentado pedido de aproveitamento, pugnando pela denegação
da segurança (ID 1803205186). Acostou documentos.

Ato contínuo, a litisconsorte passiva Adriana Maria Griebeler apresentou contestação (ID
1803245170) também requerendo a gratuidade judicial e, no mérito, repetiu a fundamentação
apresentada por Leonardo Reis, alegando que a área para a qual a impetrante foi aprovada não
possui correlação com a qual a litisconsorte foi nomeada, que possui correlação com a área que
esta foi aprovada, também requerendo a denegação da segurança. Juntou documentos.

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A autoridade coatora apresentou informações (ID 1809311187), defendendo que a IFES foi
surpreendida coma a saída de duas professoras, o que ocasionou a necessidade célere de
preenchimento das vagas, o que foi feito pela apresentação de solicitação de aproveitamento de
vaga realizada pelos litisconsortes passivos, o que originou a abertura de processos
administrativo em que foram feitas comparações entre as áreas da ex-professoras com as dos
candidatos aprovados, observando-se similaridade, bem como o perfil técnico exigido; defende a
perda superveniente do objeto, uma vez que o candidato Leonardo Pequeno Reis foi nomeado
para o cargo de Professor para a área para a qual foi aprovado em seu concurso (07/2022), sem
relação com o concurso realizado pela impetrante, pugnando pela denegação da segurança.

A autoridade coatora também acostou documentos (ID 1810230183).

É o relatório.

II - FUNDAMENTOS E DECISÃO

O mandado de segurança é meio processual adequado, consoante definição constitucional, para


proteger direito líquido e certo, sempre que ilegalmente ou com abuso de poder, alguém sofrer
violação por parte de autoridade pública.

De outra parte, no âmbito do controle jurisdicional dos procedimentos administrativos, a atuação


do Poder Judiciário deve se circunscrever ao campo de sua constitucionalidade e legalidade,
sendo-lhe defeso enveredar-se no mérito administrativo para aferir o seu grau de justiça,
oportunidade e conveniência, consoante sedimentado no Superior Tribunal de Justiça, assim
como do Supremo Tribunal Federal.

A autoridade coatora defende a extinção do feito sem exame do mérito, pela perda superveniente
do objeto, uma vez que o litisconsorte passivo Leonardo Pequeno Reis teria sido nomeado, em
caráter definitivo, para o Quadro de Pessoal da UFRA, habilitado em concurso público, realizado
pela referida Instituição, Edital nº 07/2022, publicado no D.O.U. nº 79 de 28/04/2022, seção 03,
páginas 107 a 112, sendo homologado pelo Edital nº 09/2022, publicado no D.O.U. nº 121,
de29/06/2022, seção 03, página 119, classificado em 3º lugar, Área: MANEJO DE FLORESTAS
NATIVAS, campus Capitão-Poço, vaga esta para a qual concorreu no concurso em que se
inscreveu.

Conforme ressaltado na decisão liminar, tratando-se os autos de mandado de segurança, não


caberia a análise dos vícios de condução dos processos de aproveitamento dos litisconsortes
passivos, matéria atinente a uma ação popular, limitando-se o writ a eventual preterição ou não

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de nomeação da impetrante em razão de nomeação de candidato aprovado em concurso


posterior.

De acordo com o exposto na exordial, a parte impetrante almeja sua nomeação para o cargo de
professora na área de Economia, Política e Legislação Ambiental, que estaria ocupado pelo
litisconsorte passivo Leonardo Pequeno Reis.

Entendo não assistir razão à autoridade coatora.

Conforme se vê no documento ID 1810230183 (fl. 99), o referido litisconsorte passivo foi


nomeado para o cargo indicado pela autoridade coatora, preenchendo o código de vaga n.
0933033.

Ao se analisar o processo n. 23084.007247/2023-74, de pedido de aproveitamento de vaga


apresentado pelo litisconsorte passivo mencionado, verifica-se que o referido código corresponde
exatamente àquele que foi obtido pela redistribuição da professora Ana Paula Donicht Fernandes,
como informado pela parte impetrante na exordial, que ocupava a vaga de magistério na área de
Economia, Política e Legislação Ambiental.

O simples fato de o litisconsorte passivo indigitado já estar em atividade no cargo de magistério


não configura perda de objeto, uma vez que, caso constatada a irregularidade na sua nomeação,
é plenamente possível a sua anulação e determinação de nomeação da impetrante para
ocupação do cargo, desde que demonstrado seu direito líquido e certo.

Nesse desiderato, rejeito a preliminar e passo à análise do mérito da questão.

A parte impetrante defende fazer jus ao cargo informado, alegando ter ocorrido preterição da sua
nomeação, com o deferimento de aproveitamento de vaga por dois candidatos que foram
aprovados em concurso posterior ao seu.

Conforme ressaltado na decisão liminar, a parte impetrante não demonstrou ter requerido o
aproveitamento de vaga na esfera administrativa, o que, posteriormente justificou alegando que,
quando tomou conhecimento da possibilidade de pedir seu aproveitamento, os litisconsortes
passivos já haviam sido nomeados e ocupado as vagas, contrariamente ao que havia alegado na
exordial.

Portanto, não houve prévia análise na via administrativa do pedido de aproveitamento porquanto
a parte interessada sequer formulou o requerimento nesse sentido.

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Ademais, como também ressaltado, resta demonstrado que a impetrante foi aprovada em seu
concurso na 4ª colocação para vaga destinada para a área Agrossilvicultura e Proteção Florestal,
sendo certo que não foi por ela informado se os candidatos aprovados na 2ª e 3ª colocação já
teria sido nomeados ou aproveitados em outro cargo.

Tal fato impede que se reconheça o alegado direito líquido e certo da impetrante, uma vez que
ela somente poderia ser nomeada para a vaga que almeja se os candidatos aprovados na 2ª e 3ª
colocação aprovados na sua área em seu concurso tenham sido aproveitados em outro cargo ou,
ao menos, tenham declinado de tal possibilidade, sob pena de preterição desses candidatos, que
foram aprovados em posição superior à da impetrante.

Para mais, a autoridade coatora informou que foi realizado o aproveitamento dos litisconsortes
passivos porque a área para a qual foram aprovados teriam afinidade com as vagas existentes, o
que não ocorreria com a impetrante, matéria esta que não cabe análise em juízo de cognição
limitada no plano material em sede de mandado se segurança, uma vez que exige prova pré-
constituída, sendo vedada a dilação probatória.

Lado outro, como sequer houve requerimento administrativo da candidata, e, portanto, análise do
pedido, incabível o controle jurisdicional o qual está adstrito ao exame da legalidade do ato
administrativo.

Por fim, não há que se falar em preterição ao direito subjetivo da impetrante, haja vista que a
matéria da impetração não versa sobre nomeação de candidato aprovado dentro do número de
vagas do certame.

Em suma, não foram trazidos aos autos quaisquer novos argumentos que tenham o condão de
afastar as conclusões apresentadas na indigitada decisão, sendo reconhecido, portanto, a mera
expectativa de direito da impetrante.

Ante o exposto, ratificando a decisão que indeferiu tutela de urgência, DENEGO a segurança.

Sem honorários advocatícios, nos termos do art. 25, da Lei nº 12.016/2009. Custas suspensas
em face da gratuidade judicial concedida em favor da Impetrante.

Indefiro o pedido de gratuidade judicial formulado pelos litisconsortes, não comprovada a situação
de hipossuficiência.

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Aponto a impossibilidade de intimação do(a) patrono(a) dos litisconsortes passivos pelo sistema.
Ressalto que o cadastramento dos advogados procuradores/substabelecidos nos autos, é
atribuição dos patronos da causa, não devendo esta atribuição ser suportada pelo juízo, sob pena
de prejuízo das intimações futuras. Para habilitação nos autos deve ser adotado o procedimento
constante do manual de usuários do PJE.Segue o link:
https://www.pje.jus.br/wiki/index.php/Manual_do_Advogado#Como_realizar_o_cadastro_do_advo
gado_no_PJe

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Belém/PA, data registrada pelo sistema.

(assinado digitalmente)

Hind G. Kayath

Juíza Federal da 2ª Vara

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