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Linguística
Linguística
estudos culturais e pós-coloniais. No entanto, autores como Costa (2006, pp. 1-3)
argumentam que, embora os estudos pós-coloniais e culturais abordem temas como
diversidade cultural, multiculturalismo, interculturalidade e transculturalidade, eles não
formam uma matriz teórica unificada. Em vez disso, representam uma gama de
contribuições que servem como uma "referência epistemológica crítica às concepções
dominantes da modernidade" (COSTA, 2006, p. 1).
Diversidade linguística
Em Moçambique, a diversidade cultural e linguística é vasta, com múltiplas formas de
organização social, cultural, política e religiosa, além de várias línguas, crenças e
tradições. Apesar de o português ser a língua oficial, ele é minoritário e foi escolhido
por razões políticas para promover a unidade nacional após a Independência, já que
nenhuma língua local estava suficientemente modernizada para ser usada como língua
franca. A cultura moçambicana é marcada pela miscigenação decorrente das migrações
bantu e do contato com civilizações árabe e asiática, além das influências europeias
trazidas pela colonização portuguesa e das comunidades imigrantes da Índia e China.
( Dias , 2006)
Educação
Na visão de Michel (1977), o Sistema Nacional de Educação (SNE) em Moçambique
foi criado com o objetivo de formar o “Homem Novo”. Esse conceito referia-se a um
indivíduo liberto das superstições e obscurantismos da sociedade tradicional e feudal,
bem como da mentalidade burguesa associada à colonização, marcada pela
subserviência ao estrangeiro e pela imitação dos comportamentos decadentes da
burguesia imperialista
Este sistema educacional tinha um caráter fortemente ideológico. Para o governo da
época, a construção de uma sociedade socialista, o objetivo desejado, dependia da
criação de uma nova subjetividade entre os moçambicanos, que precisavam desenvolver
a “consciência social” necessária para as transformações revolucionárias.
De acordo com Gomes (1995, p. 372), com a nova constituição, a educação tornou-se
um direito e um dever de todos os cidadãos moçambicanos, sendo obrigatória e gratuita.
O sistema educacional foi unificado, eliminando a discriminação baseada em grupos
sociais. O Estado assumiu um papel central, responsável pela concepção e
implementação da educação escolar, e fez grandes investimentos na expansão da rede
escolar e na provisão de material didático.
Entretanto, a escola pós-independência não conseguiu superar totalmente o
autoritarismo da escola colonial, impondo valores sem promover a discussão e o diálogo
sobre diferentes concepções políticas, econômicas e culturais. Assim como no período
colonial, houve um alinhamento entre o quadro político-ideológico e a educação escolar.
A FRELIMO, como força política com um forte propósito de transformação social
revolucionária, investiu fortemente na educação para desconstruir os valores coloniais e
criar um novo cidadão, livre dos valores implantados pelo colonialismo e da visão
idealista do mundo e da natureza presentes na educação tradicional africana.
Para isso, propõe-se uma educação multicultural que promova o diálogo, a democracia e
o respeito mútuo entre diferentes culturas. Isso pode envolver tanto o reconhecimento e
respeito às diferenças étnico-culturais quanto a promoção da interação e mistura de
culturas, conhecida como interculturalidade.