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Aula 01 - Abordagens Da Administração - Prof. Rafael Ravazolo
Aula 01 - Abordagens Da Administração - Prof. Rafael Ravazolo
Administração
Olá! Boas-Vindas!
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Cada material foi preparado com muito carinho para que você
possa absorver da melhor forma possível, conteúdos de qua-
lidade!
Com carinho,
Equipe Ceisc. ♥
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Sumário
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para
concursos e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso, recomenda-
se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.
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1. Abordagem Clássica
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A ideia era racionalizar o trabalho, partindo do pressuposto de que uma estrutura ade-
quada que otimizasse a produção resolveria todos os problemas, inclusive aqueles de compor-
tamento dos trabalhadores. Além disso, foi acentuada a divisão entre aqueles que pensam (ge-
rentes) e os que executam (trabalhadores).
Maximiano agrupa 4 principais autores nessa escola (há outros, cujas contribuições serão
citadas ao longo desta apostila):
• Frederick Taylor liderou o movimento da administração científica, com ênfase na
eficiência, no combate ao desperdício;
• Henry Ford desenvolveu e implantou a linha de montagem;
• Henri Fayol explicou o papel dos gerentes e o processo de administrar;
• Max Weber lançou as bases para o estudo das organizações e da burocracia (obs:
Weber, na visão de outros autores, não é incluído na escola Clássica).
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Primeira Fase
• Ataque ao “problema dos salários” - pagamento por dia ou por peça.
• Estudo sistemático do tempo - dividir cada tarefa em seus elementos básicos e,
com a colaboração dos trabalhadores, cronometrá-las e registrá-las.
• Definição de tempos-padrão.
• Sistema de administração de tarefas - com seleção de trabalhadores e incentivos
financeiros para para manter os padrões.
Segunda Fase
• Ampliação de escopo, da tarefa para a administração - busca do parimoramento
dos métodos de trabalho.
• Definição de princípios de administração.
Terceira Fase
• Consolidação dos princípios.
• Proposição de divisão de autoridade e responsabilidades dentro da empresa.
• Distinção entre princípios e técnicas.
O seu livro Shop Management (Administração de Oficinas), de 1903, apresenta uma filo-
sofia de administração baseada em técnicas de racionalização do trabalho dos operários, por
meio do Estudo de Tempos e Movimentos (Motion-Time Study).
Taylor começou seus estudos pelos níveis mais baixos – operários –, analisando as tare-
fas de cada um, decompondo seus movimentos e dividindo processos de trabalho para aperfei-
çoá-los e racionalizá-los.
Concluiu que um operário médio produzia muito menos do que era capaz, seja por exe-
cutar “movimentos inúteis”, seja por usar ferramentas inadequadas, seja por perceber que obti-
nha a mesma remuneração de um colega menos produtivo.
A partir da decomposição do trabalho em tarefas simples, da análise e de testes científi-
cos, seria definida a melhor forma (the best way) de se realizar uma tarefa, resultando na padro-
nização da atividade e das ferramentas para os operários.
Além disso, os operários seriam escolhidos com base em suas aptidões para a tarefa e
treinados de acordo com “the best way”. Tais funcionários seriam remunerados pela produtivi-
dade, tendo, desta forma, um incentivo para produzir mais.
Neste livro, Taylor faz a distinção entre o homem médio e o homem de primeira classe: o
homem de primeira classe é altamente motivado e realiza seu trabalho sem desperdiçar tempo
nem restringir sua produção. Idealmente, tal pessoa deveria ser selecionada para a tarefa que
lhe fosse mais apropriada e incentivada financeiramente.
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Altos
salários e
Seleção e treinamento científicos
baixos
custos
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“A prosperidade do empregador não pode existir, por muitos anos, se não for acompanhada da
prosperidade do empregado e vice-versa; é preciso dar ao trabalhador o que ele mais deseja —
altos salários — e ao empregador também o que ele almeja — baixo custo de produção.”
Essa citação mostra a visão taylorista do trabalhador como homo economicus, ou seja,
um ser humano previsível, racional, egoísta e utilitarista; que otimiza suas ações após ponderar
as alternativas; interessado apenas em recompensas materiais.
Maximiano resume 4 objetivos da Administração Científica:
*Para todos verem: tabela.
1 Desenvolver uma ciência para cada elemento do trabalho, para substituir o velho método empírico.
Cooperar sinceramente com os trabalhadores, de modo a garantir que o trabalho seja feito de acordo
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com princípios da ciência que foi desenvolvida.
Reconhecer que existe uma divisão quase igual de trabalho e de responsabilidade entre a adminis-
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tração e os trabalhadores. A administração incumbe-se de todo o trabalho para o qual esteja mais
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bem preparada, enquanto no passado quase todo o trabalho e a maior parte da responsabilidade
recaíam sobre a mão de obra.
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incentivos não monetários (percebendo falhas na Adm. Científica), aplicou a racionalização fora
da produção (vendas e finanças) e ajudou a desenvolver o treinamento profissionalizante.
Hugo Munsterberg: é considerado o criador da psicologia industrial. Criou e empregou
testes de seleção de pessoal e deu consultoria sobre comportamento humano.
Harrington Emerson: simplificou os métodos de trabalho, popularizou a Administração
Científica, desenvolveu trabalhos sobre seleção e treinamento e preconizou 12 princípios de ren-
dimento, dentre eles: traçar um plano bem definido, de acordo com os objetivos; oferecer orien-
tação e supervisão competentes; manter disciplina; manter registros precisos, imediatos e ade-
quados; oferecer remuneração proporcional ao trabalho; fixar normas padronizadas; oferecer
incentivos ao pessoal.
Henry Ford: costuma ser incluído nessa escola pela aplicação dos princípios tayloristas
em seus negócios.
Foi Henry Ford quem elevou ao mais alto grau os dois princípios da produção em massa
(fabricação de produtos não diferenciados em grande quantidade): peças padronizadas e traba-
lhador especializado.
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Ford aperfeiçoou o sistema de linhas de montagem por meio da fabricação em série (pro-
dução em massa), com o uso de peças padronizadas e intercambiáveis. Baseou-se em três prin-
cípios: intensificação (velocidade), economicidade (diminuir estoques e variedade de peças) e
produtividade (especialização e linha de montagem).
As peças eram transportadas por plataformas volantes de um lugar a outro na linha de
montagem, enquanto os trabalhadores permaneciam em seus postos. Essas inovações elimina-
ram quase todos os movimentos desnecessários, permitindo realizar a tarefa (repetitiva) com “o
mínimo de força de vontade e esforço mental”.
Era adotada uma forma rígida de divisão do trabalho, tanto vertical quanto horizontal. Pela
linha de montagem se racionalizava ao máximo o trabalho para se conseguir economias em
escala.
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Funções Essenciais
1. Técnica (produção, manufatura). “A função técnica nem sempre é a mais importante
de todas. Mesmo nas empresas industriais, há circunstâncias em que qualquer uma das outras
funções pode ter uma influência muito maior no desenvolvimento da empresa do que a função
técnica.”
2. Comercial (compra, venda, permuta). “A prosperidade de uma empresa industrial de-
pende tanto da função comercial quanto da função técnica; se o produto não se vende, temos a
ruína.”
3. Financeira (procura e utilização de capitais). “Constitui condição essencial de êxito ter
constantemente à vista a situação financeira da empresa.”
4. Segurança (proteção/preservação dos bens e das pessoas). “Sua missão é proteger
os bens e as pessoas contra o roubo, o incêndio e a inundação, e evitar as greves, os atentados
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Funções Administrativas
Para Fayol, a função administrativa tem por órgão e instrumento o corpo social. Enquanto
as outras funções preocupam-se com máquinas e matérias-primas, a Administração restringe-
se ao pessoal.
No livro, Fayol faz distinção entre o governo/direção (gouvernement) da empresa e a ad-
ministração da empresa: o governo consiste em conduzir o empreendimento na direção de seus
objetivos, com o melhor uso dos recursos disponíveis; a administração consiste em dar apoio a
esse propósito principal.
“Dirigir é conduzir a empresa, tendo em vista os fins visados, procurando obter as maiores
vantagens possíveis de todos os recursos de que ela dispõe; é assegurar a marcha das seis
funções essenciais. A administração não é senão uma das seis funções, cujo ritmo é assegurado
pela direção.”
As funções administrativas não estão concentradas exclusivamente no topo da organiza-
ção. Cada uma das funções corresponde a uma capacidade (capacidade técnica, financeira,
administrativa etc.) e cada capacidade corresponde a um conjunto de qualidades (físicas, inte-
lectuais, morais, cultura geral, conhecimentos especiais e experiência).
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Para Fayol, a importância das capacidades varia ao longo da cadeia hierárquica, conforme
a figura a seguir.
*Para todos verem: esquema.
- Prever
- Organizar Comercial –
Financeira – Cadei
- Comandar
de Segurança – a
- Coordenar
de Contabilidade – Hierár
- Controlar quica
Técnica –
Operários
Outras Capacidades
Elementos da Administração
Para Fayol, a Função Administrativa consiste em PO3C:
1. Previsão: é o planejamento - visualizar o futuro e traçar o programa de ação. Fayol usa
duas palavras para tratar deste tema: prevoyance (que significa previdência, cuidado com o fu-
turo) e prévision (previsão, no sentido de planejamento). “Prever”, em suas palavras, “significa
ao mesmo tempo calcular o futuro e prepará-lo; é, desde logo, agir […] seu instrumento mais
eficaz é o programa de ação.” O programa define resultados esperados, linhas de conduta a
seguir, etapas a percorrer, meios a empregar; é um “quadro do futuro em que os acontecimentos
próximos figuram com certa clareza […] e os acontecimentos distantes são mais vagos.”
*Para todos verem: esquema.
Contro
Prever
lar
Coord Organ
enar izar
Coma
ndar
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Em uma empresa bem coordenada, cada serviço caminha de acordo com os outros ser-
viços, as divisões e subdivisões sabem a parte que lhes cabe do todo, há ajuda mútua, o pro-
grama de ação (e suas divisões) são mantidos em harmonia com as circunstâncias.
Para assegurar que haja coordenação, Fayol propõe a conferência semanal dos chefes
de serviços. As conferências de chefes são a ferramenta da coordenação, assim como o pro-
grama de ação é a da previsão e o quadro sinóptico é a ferramenta da organização.
4. Controle: verificar se tudo ocorre em conformidade com o plano adotado, as ordens
transmitidas e os princípios estabelecidos. O objetivo é localizar as fraquezas e erros no intuito
de repará-los e prevenir a repetição.
Administrativamente, verifica se os demais elementos (PO2C) estão funcionando. Es-
tende-se também às demais funções essenciais (comercial, técnico, financeiro, contábil e de
segurança).
Controlar é responsabilidade dos próprios chefes e seus colaboradores que trabalham nas
operações. Mas, quando o volume do que deve ser controlado aumenta além da capacidade de
trabalho dessas pessoas, é necessário recorrer a agentes especiais – os controladores ou ins-
petores.
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Cada um tem vantagens e inconvenientes, seu uso depende das circunstâncias e das habilida-
des do chefe.
Busca-se com o modo de retribuição garantir remuneração equitativa, recompensar o es-
forço útil e evitar excessos de remuneração.
8. Centralização (grau de centralização e descentralização): refere-se à concentração
da autoridade no topo da hierarquia da organização. Para o autor, centralizar é uma questão de
ordem natural, porém, de acordo com a circunstância
“Centralizar ou descentralizar é uma questão de medida; a questão é encontrar o ponto
que dê o melhor rendimento à empresa.”
“[...] tudo que aumenta a importância das funções dos funcionários é do terreno da des-
centralização; tudo que diminui a importância dessas funções pertence à centralização.”
9. Cadeia Escalar (Hierarquia): é a cadeia escalar, a linha de autoridade que vai do es-
calão mais alto ao mais baixo em função do princípio do comando.
“A via hierárquica é o caminho que seguem, passando por todos os graus da hierarquia,
as comunicações que partem da autoridade superior ou que lhe são dirigidas.”
Nem sempre é o caminho mais rápido, por isso Fayol propõe uma forma de conciliar a
hierarquia com a rapidez: com a devida autorização prévia dos chefes, os funcionários poderão
se relacionar diretamente (“ponte”). Após o contato, deve-se deixar o chefe a par do que acon-
teceu.
“É erro afastar-se da hierarquia sem necessidade, mas é erro muito maior segui-lo quando
daí resulta prejuízo para a empresa.”
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Tipo de Organiza-
Formal e Funcional (descentralizada) Formal e Linear (Centralizada)
ção
Sistema Fechado
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2. Burocracia
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O conceito de Burocracia teria sido usado pela primeira vez em meados do século XVIII
pelo economista Vincent de Gournay para designar o poder exercido pelos funcionários da
administração estatal sob a monarquia absolutista francesa.
Bureau = escritório + Krátos = poder, força
A burocracia remonta à época da Antiguidade, quando o ser humano elaborou e registrou
suas primeiras normas estatais e sociais. Contudo, a burocracia, tal como existe hoje, teve sua
origem nas mudanças religiosas verificadas após o Renascimento – séc. XV.
O grande teórico da Burocracia é o sociólogo alemão Max Weber.
Importante ressaltar que Weber não inventou a burocracia, tampouco a defendia. Ele
relacionou as características de uma sociedade racional-legal ao estudar a modernização da
sociedade alemã no século XIX. Em outras palavras, a administração burocrática já era praticada
na sociedade, mas não era conhecida em detalhes porque ninguém a tinha estudado a fundo e
conceituado suas principais características.
A Burocracia Weberiana
No livro A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Weber busca compreender
quais foram as especificidades que levaram algumas sociedades ocidentais ao desenvolvimento
do capitalismo, enquanto outras sociedades não desenvolveram (ou demoraram a desenvolver)
este movimento.
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Tipos de Dominação
Dentre os fundamentos da dominação está a crença na legitimidade, portanto, quem é
dominado crê que tal dominação é legítima.
Existem três tipos puros de dominação legítima, que se distinguem pelo objeto de sua
crença: carismática, tradicional e racional-legal.
Importante: “tipo puro” ou “tipo ideal” mostra como se desenrolaria uma ação humana se
estivesse orientada para o fim de maneira estritamente racional, pura, sem perturbações
ou desvios irracionais. É uma construção conceitual, abstrata, formada a partir de elemen-
tos empíricos e, portanto, não é encontrada nessa forma pura na vida real, mas sim mis-
turada com as demais e influenciada por fatores irracionais.
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Características
A Burocracia é definida como o conjunto de regulamentos, leis e normas que os
funcionários devem cumprir, sempre supervisionados e respeitando a hierarquia. Em outras
palavras, ela traduz uma organização legal, formal e racional.
Pode-se dizer, também, que ela parte de uma desconfiança prévia nos administradores
públicos e nos cidadãos que buscam serviços e que, por isso, são sempre necessários controles
rígidos dos processos.
Segundo Weber, a burocracia é um sistema que busca organizar, de forma estável e
duradoura, a cooperação de um grande número de pessoas, cada qual detendo uma função
especializada. O homem organizacional é um ser que age racionalmente (racionalidade
funcional) com base nas regras formais que lhe estabelecem um papel na organização (função).
Separa-se a esfera privada e familiar da esfera do trabalho, esta vista como a esfera pública do
indivíduo.
A racionalidade da burocracia permite adequar os meios da melhor forma possível para o
alcance dos fins, ou, em outras palavras, alcançar a máxima eficiência da organização.
Para o Estado, ela representa uma forma de profissionalização, a qual preconiza o
controle a priori das ações, o formalismo, a racionalidade, o atendimento fiel às regras, a
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Palavras que a banca usa para definir burocracia: formal, legal, racional, impessoal,
eficiente, profissional, mérito, especialização, controle a priori (de processos).
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Vantagens:
Diversas razões explicavam o avanço da burocracia sobre as outras formas de
associação. Essas chamadas “vantagens” da Burocracia são:
• Racionalidade em relação ao alcance dos objetivos da organização.
• Precisão na definição dos cargos e operações.
• Rapidez nas decisões - cada um conhece as regras e os canais de comunicação.
• Univocidade de interpretação - regulamentação específica e escrita, transmitida para
quem deve recebê-la.
• Uniformidade de rotinas e procedimentos - favorece a padronização e a redução de
erros.
• Continuidade da organização, mesmo com a substituição do pessoal.
• Redução do atrito entre as pessoas - cada funcionário sabe seu papel e responsabili-
dades.
• Constância - os mesmos tipos de decisão devem ser tomados nas mesmas circuns-
tâncias.
• Confiabilidade - regras conhecidas, processos previsíveis (gerando os mesmos resul-
tados).
Benefícios para as pessoas - hierarquia formalizada, trabalho ordenado, treinamento, car-
reira e meritocracia.
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uma formiga em um formigueiro. Essa mesma interpretação errada fez alguns autores incluírem
Weber na Escola Clássica de Administração.
Não se pode esquecer que o ponto central da obra de Weber era a dominação racional-
legal, não a estrutura burocrática em si como um modelo a ser seguido para organizações. As
críticas à burocracia “tipo puro” de Weber são, portanto, oriundas de um erro de interpretação,
pois ele não tinha a intenção de tornar a burocracia um modelo administrativo para as
organizações modernas, ele apenas descreveu as características mais básicas de algo que já
existia na sociedade.
As críticas a seguir são de autores que consideravam a burocracia como uma teoria da
administração defendida por Weber. Para eles, existe uma discrepância entre o modelo
burocrático oficial e a vida real, na qual as práticas informais, sentimentos e demais ações
humanas gerariam uma série de disfunções. Alguns autores chegam a propor modelos próprios
de burocracia, os quais prezam principalmente pela “humanização” e necessidade de adaptação
ao ambiente.
Um desses autores foi Robert K. Merton. Segundo ele, o homem foi excluído dos estudos
de Max Weber – o qual descreveu um sistema social desumano e mecanicista. Quando participa
da burocracia, o homem passa por transformações que fazem com que toda a previsibilidade,
que deveria ser a maior consequência da organização, escape ao modelo preestabelecido.
Merton diagnosticou e caracterizou as seguintes disfunções:
• Valorização excessiva dos regulamentos – internalização das normas.
• Excesso de formalidade e papelada.
• Resistência a mudanças.
• Despersonalização dos relacionamentos.
• Hierarquização/categorização do processo decisório
• Superconformidade às rotinas e procedimentos - maior importância ao modo de fazer
do que ao resultado.
• Exibição de sinais de autoridade.
• Dificuldades no atendimento dos clientes.
Perrow cita:
• Particularismo - as pessoas levam para dentro das organizações os interesses dos
grupos de que participam fora dela;
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Roth cita:
• Mecanicismo - pessoas desempenham papéis limitados, com responsabilidades
limitadas e autonomia reduzida. As pessoas são vistas como seguidoras de regras em
um sentido mecanicista e não como criaturas sociais interagindo dentro de
relacionamentos sociais;
• Individualismo - oferece muitas vantagens para as pessoas que são alçadas às
posições de chefia, como símbolos diferenciadores e vantagens materiais, realçando
a vaidade;
• Interrupção do fluxo de informação - executivos que tomam as decisões estão
formalmente separados dos trabalhadores que as executam;
• Desestímulo à inovação - escalões intermediários não têm interesse em que os
subordinados revelem talentos para a administração superior;
• Indefinição de responsabilidade - administração hierarquizada não tem
responsabilidade pelos resultados e sua eficiência não pode ser avaliada com
precisão.
De acordo com Crozier, é impossível conceber nas organizações burocráticas uma política
de mudança gradual e permanente. A mudança é causada por crises - a crise constitui o meio
para chegar a operar os reajustes necessários. O ritmo essencial que caracteriza uma
organização burocrática é, particularmente, a alternância de longos períodos de estabilidade e
curtos espaços de crise e mudança.
Por fim, há uma terceira visão sobre Burocracia (além da weberiana e da popular).
Alguns autores enxergam a burocracia (mais especificamente os burocratas) como uma classe
social, a qual assume várias formas: burocracia estatal, burocracia empresarial, partidária,
sindical etc. Os burocratas teriam a tendência a se unir como um segmento social diferenciado
da população em geral, buscando privilégios e poder. No caso dos burocratas do serviço público,
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por exemplo, entrar nessa classe exige certo nível de instrução, que na maioria dos casos só
está amplamente disponível a uma minoria da população, e dessa forma a Burocracia se torna
mais uma fonte de captação de segmentos sociais privilegiados.
Há diversos exemplos de países que possuíram, ou ainda possuem, uma classe burocrata
dominante, como por exemplo, a Rússia da época comunista e a China (até hoje, com o partido
comunista no poder). Nesses casos, o burocrata administra diretamente o Estado, tem acesso
aos poderes de execução e de veto e muitas vezes é suscetível à corrupção. Assim, tal classe
consegue privilégios, do mesmo modo diversas classes dominantes foram privilegiadas ao longo
da história.
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3. Abordagem Sistêmica
Nascem, herdam seus traços estruturais São organizados, adquirem sua estrutura em
estágios
Morrem, seu tempo de vida é limitado. Podem ser reorganizados, tem uma vida ilimi-
tada e podem ser reconstituídos.
São concretos – o sistema é descrito em termos São abstratos – o sistema é descrito em termos
físicos e químicos. psicológicos e sociológicos.
São completos. O parasitismo e simbiose são ex- São incompletos: dependem de cooperação
cepcionais. com outras organizações. Suas partes são in-
tercambiáveis
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A doença é definida como um distúrbio no pro- O problema é definido como um desvio nas nor-
cesso vital. mas sociais.
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Feedback
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Com base em estudos de sistemas biológicos, Bertalanffy pontua que estes devem ser
entendidos como processos abertos. Nessa proposição, o autor destaca uma série de concep-
ções centrais:
• Um sistema não vive isolado, sendo sempre parte de um todo.
• Todas as partes estão inter-relacionadas, dando suporte a sua integridade.
• Cada sistema tem seu espaço de existência e suas fronteiras.
• Os sistemas são abertos, caracterizados por um processo de intercâmbio infinito com
seu ambiente (e outros sistemas).
• Como sistemas são interdependentes, as funções de um sistema dependem de sua
estrutura.
Chiavenato aponta três premissas básicas da Teoria Geral de Sistemas possui (bastante
semelhantes aos conceitos de Bertalanffy):
Os sistemas existem dentro de sistemas - cada sistema é constituído de subsistemas
interdependentes e, ao mesmo tempo, faz parte de um sistema maior. Cada subsistema pode
ser detalhado em seus subsistemas, e o suprassistema também interage com outros. É o todo
dentro do todo.
Os sistemas são abertos – são permeáveis ao ambiente e cada sistema existe dentro
de um ambiente constituído por outros sistemas, com os quais interage.
As funções de um sistema dependem de sua estrutura - cada sistema tem um obje-
tivo, que constitui seu papel no intercâmbio com outros sistemas (funcionalismo dos sistemas);
à medida que suas funções se contraem ou expandem, sua estrutura acompanha.
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dentro de limites, mesmo quando os estímulos do meio externo forçam essas variáveis a assu-
mirem valores que ultrapassam os limites da normalidade. Esse equilíbrio é obtido pela autorre-
gulação (autocontrole), por meio de dispositivos de retroação (feedback). A organização atinge
o estado de equilíbrio quando satisfaz dois requisitos: a unidirecionalidade – constância de dire-
ção - e o progresso em relação aos objetivos. Esses dois requisitos exigem liderança e compro-
metimento das pessoas. Além disso, a organização como um sistema aberto precisa conciliar
dois processos opostos, mas ambos imprescindíveis: Homeostasia – tendência do sistema em
permanecer estático ou em equilíbrio, mantendo inalterado o seu status quo interno; Adaptabili-
dade – mudança do sistema no intuito de ajustar-se aos padrões requeridos pelo ambiente ex-
terno, alterando o seu status quo interno para alcançar um novo equilíbrio.
Fronteiras ou Limites: é a linha que define o que está dentro e o que está fora do sistema
ou subsistema. Nem sempre existe fisicamente, ou é tangível. Muitas vezes depende do ponto
de vista subjetivo. Através da fronteira que existe a interface, que é a área ou canal entre os
componentes de um sistema, onde a informação é transferida. A permeabilidade das fronteiras
define o grau de abertura do sistema em relação ao ambiente.
Morfogênese: capacidade do sistema de modificar a si próprio. A organização pode modi-
ficar sua constituição e estrutura para corrigir e modificar uma situação.
Resiliência: capacidade de superar o distúrbio imposto por um fenômeno externo. O grau
de resiliência determina o grau de defesa ou de vulnerabilidade do sistema a pressões ambien-
tais externas.
Uma teoria distinta faz uma analogia aos seres vivos e diz que as organizações têm seis
funções principais inter-relacionadas:
• Ingestão: adquirem ou compram materiais para processá-los de alguma maneira,
como os organismos vivos se alimentam para suprir outras funções e manter a ener-
gia.
• Processamento: os materiais são processados havendo certa relação entre entradas
e saídas no qual o excesso é o equivalente a energia necessária para a sobrevivência
da organização (transformação em produtos).
• Reação ao ambiente: as organizações reagem ao seu ambiente, mudando produtos,
processos ou estrutura.
• Suprimento das partes: os participantes da organização são supridos de informa-
ções para o trabalho e recebem recompensas - salários e benefícios.
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Katz e Kahn
O modelo de organização como sistema aberto de Katz e Kahn apresenta quatro elemen-
tos-chave:
• Natureza dos Sistemas Sociais – são idealizados. Fatores psicológicos dão coesão aos
sistemas. As pessoas criam padrões estáveis de comportamento que são transmitidos
e mantidos.
• Componentes – são três: o comportamento (papel) dos membros; as normas; os valo-
res que embasam os comportamentos.
• Subsistemas – produtivos, de apoio, de manutenção, adaptativos e administrativos.
• Relacionamento com o Ambiente – são estruturados de acordo com o ambiente e de-
pendentes de outros sistemas.
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Parsons
O procedimento adotado por Parson para analisar o sistema de ação social e seus sub-
sistemas é o chamado Paradigma AGIL: Adaptation – adaptação; Goal Attainment – alcançar
objetivos; Integration – integração; Latency - latência.
As duas primeiras funções (adaptação e atingimento de objetivos) dizem respeito à rela-
ção do sistema com o respectivo ambiente; as outras duas (integração e latência) estão voltadas
para as relações internas sistema.
Em suma, para sobreviver ou manter um equilíbrio respeitoso com o seu ambiente, um
sistema deve se adaptar ao ambiente, atingir seus objetivos, integrar seus componentes e man-
ter seu modelo cultural latente.
• Adaptation – adaptação: capacidade de se ajustar permanentemente às demandas
o ambiente; o sistema social deve se adaptar ao ambiente onde vive, recolher recur-
sos, armazená-los e, em contrapartida, contribuir para o ambiente com produtos pró-
prios.
• Goal-attainment – alcançar objetivos: capacidade de estabelecer metas / objetivos
para o futuro e de tomar decisões coerentes visando atingi-los.
• Integration – integração: harmonia, coerência e coordenação entre os indivíduos e
grupos que compõem o sistema (fatores internos).
• Latency - latent pattern maintenance – manutenção do padrão latente – é a manu-
tenção da cultura organizacional (dos modelos culturais), como forma de conservar o
sistema e superar eventuais conflitos. O sistema se sustenta e se reproduz, garantindo
a continuidade e transmissão de valores para novos participantes.
Trist
A perspectiva sociotécnica partiu da noção de sistema aberto na qual a organização é
formada por dois subsistemas: técnico – máquinas, equipamentos etc. –; social – indivíduos,
grupos e seus comportamentos capacidades, cultura etc.
O comportamento das pessoas face ao trabalho depende da forma de organização desse
trabalho e do conteúdo das tarefas a serem executadas, e ambos os subsistemas devem ser
otimizados conjuntamente.
A base do trabalho sociotécnico está nos grupos semiautônomos (autorreguláveis e com
certo grau de autonomia), os quais se responsabilizam coletivamente frente às tarefas, definem
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o arranjo do trabalho, fazem rotação de funções, têm autoridade para utilizar recursos e coope-
ram mutuamente. Essas características trariam uma solução satisfatória para a sobrevivência
das organizações a ambientes turbulentos.
A tarefa primária da organização reside em sobreviver ao processo cíclico de:
• Importação - aquisição de matérias-primas;
• Conversão - transformação das importações em exportações, ou seja, dos insumos
em produtos ou serviços
• Exportação - colocação dos resultados da importação e da conversão no mercado.
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Principais conceitos:
• Input: entrada.
• Output: saída.
• Caixa negra (black box): um sistema cujo interior não pode ser desvendado, cujos
elementos internos são desconhecidos e que só pode ser conhecido "por fora", atra-
vés de manipulações externas ou de observação externa.
• Feedback: retorno, reavaliação.
• Homeostasia: equilíbrio dinâmico obtido pela autorregulação.
• Informação: conjunto de dados com um significado, ou seja, que reduz a incerteza
ou que aumenta o conhecimento a respeito de algo. Dado é um registro ou anotação
a respeito de um evento ou ocorrência.
• Comunicação: ocorre quando uma informação é transmitida a alguém, sendo então
compartilhada/compreendida também por essa pessoa.
• Automação: é uma síntese de ultramecanização, super-racionalização (melhor com-
binação dos meios), processamento contínuo e controle automático dos processos.
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