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CArlTULO 7. ESPECIFICIDADES DA PRÁTICA


CLINICA NA TERAPIA COGNITIVA SEXUAL

Nl) t rahalho corn 'l, t-ct·'l}'t·,


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· daçao
, terapeutJca
" · ser<. le an1 1J<>s cstar<.:111 na~
scssúcs de a,·aliação e tratamento, é itnportantc entrevistar cada um sera
radan1ente para que infonnações não sejam distorcidas ou omitidas cm
funçào da presença do outro.
ll1na anan1nese con1pleta dos pares, tanto individual lJUanto cm casal,
é fundan1ental para u1na boa fonnulaçào de caso. Tc>davia, a presença elc
;lpenas un1 dos componentes do par em busca de psicoterapia é o que, cm
geral, ocorre no consultório com 1nais frequência e pode levar o processo
a se desenvolver de fonna na qual não haja mais a possibilidade de estabe-
lecer un1a intervenção de casal. Ainda assim, é possível encontrar opçô es
para desenvolYer a parceria nesse processo, co1no propondo convites para
:1.lo-u1nas
~
sessões coni·untas (veja n1ais sobre isso no Capítulo 8).
() terapeuta cognitivo-sexual, ao trabalhar com casais, deve estar cons-
t:lnte n1ente atento às questões da dinâmica relacional dos parceiros e ao
cntcndin1ento <le cada u1n deles en1 relação ao processo terapêutico. Corno
ctn toda psicoterapia, o terapeuta deve estar constantetnente monitorando
os aspectos é ticos de sua intervenção, principalmente quando se atende
utn casaL exernplo disso seriain as questões relativas a sigilo e segredos
não co n1parti1hados con1 a parceria. A postura do terapeuta e a confiança
~30 essenciais ao 60111 andamento da terapia (Conte & Brandão, l 999).
~Iuitas yezes não está claro para o cliente cotno se dá o pron:sso
tcrapt:ut.ico. i\luitos tên1 ideias preconcebidas so b~·e psico~crapia, al~n~ de
lt.'.l \·idas e: tabus sobre o que esperar de unrn pstcoternpta da scxualtda-
~k, ~t·ndo essencial y_uc o tcra~ct~ta cognitiYo_-scxual _c_xplit1uc clarat~ll'lltl'
. , Lh O 11roc csso rera1x·ut1co da terapia cogn1t1,·a sc:xu~ll. ~fttos e
('( )1110 S L • . .' . .
. .. . •111 relação .'t teraJ)ta sexual dcYcn-1 Sl'r d1scuttdns crnn o c l1cntl'
~n :n <,.: ..t~ t .
L · . , l)rinwira consulta, assim como dcn.·m ser ;1hordados a in1porti.n-
lo ~l) n,1 , • . . -
.' 1 , • ri culabora1.,'. ao no processo ll'rapcuuco e t > papel do psteulo go na
Cl,\ Lll Sl ' •
·180 • Tera pi a cogn iti va sexual

terapia. A desinformação de como trabalha o psicólogo é um dos grandes


fantasn1as que afastam os pacientes do tratamento. lnfortnaçócs oriundas
da internet podem tatnbén1 gerar expectativas disto rcidas no cliente e de-
Yem s~r discutidas cotn regularidade na terapia.
E in1prescinJível que o profissional avise gue a terapia cognitiva se-
xual é participativa e que nenhuma das partes deve ficar presa a monó-
logos, sendo a atuação do cliente ao longo do processo essencial para o
sucesso do tratainento. O terapeuta deve estar atento que a terapia fun -
cionará melhor se, após abordar as questões do paciente, algumas forem
priorizadas, sempre levando e1n consideração os tópicos mais críticos e
outras questões que porventura possam vir a se tornar prioritárias. T ào
itnportante quanto é deixar o cliente ciente de como se dará esse processo.
A terapia cognitiva sexual é uma abordagem específica para os trata-
tnentos dos transtornos sexuais e apresenta prognósticos muito favoráveis
ao paciente. Meyer et ai. (2002) demostraram em sua pesquisa gue pacien-
tes cotn expectativas positivas em relação à eficácia do tratamento tendem
a se envolver de forma 1nais construtiva nas sessões terapêuticas e formam
utn vínculo mais efetivo na terapia. Fomentar expectativas positivas, den-
tro da dimensão do problema do paciente, é, portanto, uma habilidade que
o terapeuta deve nutrir sem, todavia, gerar falsas expectativas ou superes-
titnar o programa de tratamento, prometendo ou garantindo ao cliente a
solução ünediata de seus problemas. Sabe-se que uma postura positiva do
terapeuta acentua a eficácia das intervenções, mas alimentar falsas espe-
ranças pode passar a impressão de um tratamento duvidoso.
Co1no nas demais abordagens cognitivo-comportamentais, o cliente
é um agente dinâmico no processo terapêutico e deve saber exatamente
coino O terapeuta procederá no tratamento de seu caso, desde O início
do processo terapêutico. Na entrevista inicial, o terapeuta deve conduzir
a sessão focando as queixas que levaram o paciente a buscar a consulta.
Uma das vantagens da terapia cognitiva sexual é exatan1ente ter un1a 111e-
todologia clara, objetiva, didática e cientificamente embasada, que de,·e ser
apresentada ao cliente no prin1eiro n1omento.
Esse procedimento torna o cliente 1nais ativo no processo terapêuti-
co c fortalece sua confiança, dando credibilidade ao tratamento e contri-
buindo para O cstabclt:cimento do víncul:>. Na \1rimcira c ~nsulra, as ins-
truçôcs sobre O tratamento devem ser n.:ahza_da~ Junto ao l~ltentc, poJendo
então ser determinadas uma hipútcsc d1agnost1ca e a cluc1daç,1o de con10
se daria a conccitualizaç;'io de seu casu clínico.
Especificid a des d- ,-.r :.. t · - I' . . . . .
d 1J d IC d c.1n,ca r,a te rap ia cogn itiva sexual • 181

.Ao se trabalhar como t ·j


_
. ,
erapeuta sexua1, e re 1e,-ante le\-ar em consi-
_ ,- . o conhecimento
deraçao _ - - lid acle em todos os seus asp ectos
· - sob re a sexua
lustoncos
. ' culrura1s, e antropo l'ogicos, · a Iem
' d e manter-se co nstanten1entc
atualizado.
_ . , Para uma' b<)a ap uraçao - d a h 1stona
. , · d e Yl·d a d e um casal o u um
_ _ e n1 terapia
1ndl\-1duo ' . 1, faz -se ,·1ta
s·• exua .
· 1 esse entendimento por parte do
l)rohss1onal
A •
o que
,
t d lid
en e a va ar e a aumentar a confiança na relaçao _
terapeuuca.
U~n planejamento adequado em terapia cogniti,-a sexual requer que o
p_rofissional. estabeleça um bom vínculo terapêutico. Esse vínculo profis-
si_o nal, c~~s1derado na literatura uma aliança terapêutica, oriundo da tera-
pia cogruuvo-comportamental, é de vital importância para a e;,-olução do
tratarnento, pois se sabe que a negligência em relação ao rapport pode ser
tida como uma das maiores explicações para o fracasso dos tratamentos
em geral (Conte & Brandão, 1999). É preciso ter em vista que, durante o
processo, o comportamento do terapeuta é modelado pelo cliente.
Na terapia cognitiva sexual, chama-se mirroring a capacidade do tera-
peuta de se adaptar ao perfil de seu cliente, tanto gestualmente, ao captar
sua linguagem não verbal e replicá-la de modo similar, quanto oralmente,
adaptando-se ao tom de voz e ritmo de fala, e emocionalmente, procuran-
do demonstrar empatia. Estar atento ao mirroring facilita o diálogo sobre
ternas ainda tabus na sociedade, principalmente os relacionados com a in-
timidade do casal. Assim, é importante estar atento aos termos utilizados
pelos pacientes de modo a não introduzir os termos do terapeuta co1n um
caráter nonnatizador.
Un1.a das estratégias utilizadas na terapia cogniti,·a sexual, , -isando
a 111elhorar O ,·ínculo terapêuúco e facilitar a comunicação, consiste en1
abordar assuntos diYersos de interesse do cliente, mesmo que não neces-
. te ligados ao conre.xto sexual. Isso cria rnn ambiente descontraído
sartamen ' .. .
· e ao cliente a possibilidade de abordar o tema sexual no seu ntn10.
e penmt , . _ . .
.· de,·e-se ter o cwdado de nao se afastar demasiadamente das lllre-
To<la, ia, . . , . . .
. ·tas JJclo tratatnento; dai a 1mportane1a de un1a boa conce1n1ah-
tnzcs propo~ ·
_ 1,.Tniri,·a J o caso.
.zaçao cuz:-, . l 1· . l . 1·
· e· . - - de niane ira e ara e e irera. enranc o cont ltus entre a
ornu rii·c ,·it·-sc
. ,.rcrn ,·ci·l),-' 1]· e não vt·rbal, de n1odu a prc,-c1lir a1nbi~uidades .., ou dis-
] 1ngu:-i.g · · · 1 · · l · · ·
~ ' . (: funcLtincnral, pnnc1pa 1nenrc na pranc1 e o ps1corcrapeuta 1m-
torç< ,e~, . 1 - 1 ·t ·1·
. . , ·,n 1 rcLtpi:1 sc~ual Ljlll'. ,Hill a nao <. essl· nst )11zou pur co 1nph:ro seus
. 1
c1antt e •r ... .._cxu:1is. ·:1z -se ram b l.'111
. ncct·ss:1na . . a rca 1·1za1.,: -ao 1. le h"t.'LlllL:nrc
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Lo pruft ss1ona, 1 plHS 1nu1us estr.1rcgus que tunC1o-
au roc[·1 nc,1
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1~t' • rri ,-, 111 ,~ 1 eo(J II i t ,v,'1 sexua l

11;1111 ri )ln alguns pacic, 1tcs podem falhar quando aplicadas a o utros. A
p 1 lStur:1 d< 1 tcrnpcut;1 de\'c ser calibrnda e constantemente m onitorada, de
mod 1 ) :1 pcrn:hcr seu parei na conccitualízaçào cognitivo-sexual. O profis-
s inn:d dcn' 1.Titar Sl'r técnico demais, assumindo uma postura di stante ou
c-.:ccssi,-amcntc íntima, a ponto de sair do seu papel de clínico.
1•:srcr:1-sc lllll' o terapeuta cognitivo-sexual sinta-se apto a falar ade-
tpi,1da l' sinccranwnte sobre os ten1as sexuais sen1 se sentir desconfortável
nu :1ssumir uma atitude jocosa, desrespeitosa ou excessivamente coloquial.
L1m:1 Pl)Stura firn1c, porétn apoiadora, em geral é betn recebida pelos pa-
cientes. ~ lnitos terapeutas apresentatn sentimentos pessoais negativos em
rcbçào ao sexo, e se esses sentimentos não puderem ser manejados ade-
l1uadan1ente ou neutralizados pelo profissional, sugere-se que ele treine
suas habilidades para trabalhar co1n problemas sexuais em supervisão. É
tn1portante que o terapeuta aceite os sentimentos e comportamentos sin-
~ulares do cliente, o que certamente aumentará a confiança no tratamento.
() an1biente do consultório é também fundamental para o estabeleci-
n1cntn de un1 , rínculo terapêutico adequado à terapia cognitiva sexual. Um
espaço con1 ilutninaçào indireta e decoração intimista pode gerar descon-
forto para alguns pacientes abordarem suas questões sexuais. É aconse-
lháYel que o casal sente-se lado a lado, que a cadeira do terapeuta esteja no
1nesn10 nhTl dos pacientes e que a sala seja bem iluminada, com proteção
acústica, e que permita a utilização de recursos de psicoeducação, com
quadros brancos e objetos que possam ser manuseados para o entendi-
tnento das instruçoes técnicas sobre a terapia. Identificar o consultório
con1o O de " terapia sexual" deve ser e,·itado, pois expõe as pessoas que
adentrani O ambiente. Ouu·o cuidado ao qual o terapeuta sexual deve aten-
tar<.· em relação às músicas do an1biente, que deverão ser preferenciahnen-
te neutras.
~Iais um cuidado do terapeuta é quanto às estratégias de u·atamento
Ja terapia cognitiva sexual , posto que devem se adequar às ideologias reli-
giosas e culturais dos pacientes. Para tal, é fundamental expressar a curio-
síd,Hfr ge nuína sobre os pressupostos do cliente e, na medida do possível,
e,·irnr ser crítico ou fazer qualquer julgamento. A discussão do i1npacto
~o bre t:ssas crc-n<.;as 11:1 sexualidade dc,·e sempre srr reali zada a partir de
seu i.nlp:1cto !lt ) funci(Jnamcnto scx t1al L' 11:1 co nceituali z:1çào cognitiva do
p acte nre. .
Bos kcY (201 5) realizou um csl udo com pancrn es sohrc questões re-
· J • · ) ,, r·,-,}i1:riosid·1de tH) 1nocess< > t<:rap2-urico. A aurora concluiu
1;1e1onauas c<. 111 ,. '" b · '
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,pc ·c 111 1 11l. 1d 1 " , di1 : .
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n:lig tosa s, pon: 111 outros s·'t , · . .· • I . . I . . .
· '<> 111,11s 11g1t o s. Sa >n lidar r<>tn tss<> pode lavo
rl'cl'r , > c urso dei I rat·a1 ncnt 1. . I . .
. _ . . _ o,< {'.S( l' tJlll' () terapeuta l'l'Sj)<:lll' (J S pac1c.11ll'S l.'
s,uh:i !'--l' p<>stc 1cmar l)r<>ftssi -, 1 . I . , . .
· · <>11,1 111l'ntc <1tantl' t ,ll.1utlo tpt<: e l111111 ;1111c· parn
dl'S,
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- l 1 sexual, l>l'm cotn(J a rdaçao . de
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cotn pesso·ts
,. • '·
cl"'--,'lcon
• lo com sua oncntaçao
· ~ scxua1. (,a· 1)e · ao te -
rapcut·a
.
ter conl1 '--·c·1·111•-
1
•11t·( > so
'--
• b rc as crenças rc 11g1osas
· ·· c1l' seus pacientes,
·
aceitar· c entenc.1°1·
· ' · 11··n1.1·taçoes
'-- · ·ts - l.JUC porventura possam ·uif1uc11c1ar · seu
trabalho.
l)a mesma forma, c1ucstôcs morais precisam ser considt.:rnc.las con1
cuidado. As crenças do terapeuta não podem ser uma variável intcrvt.:nien-
te, devendo ser evitadas discussôes baseadas em certo e errado. 12 muito
con1um, por exemplo, os pacientes buscarem no terapeuta "pertnissão"
para atos que desejam realizar, em uma estratégia de corresponsabilização,
ou seja, de cu1nplicidade nas atitudes. Portanto, mais uma vez, un1a discus-
são funcional do comportamento pretendido parece mais útil do ponto
de vista terapêutico. Reformular crenças sexuais que vão de encontro a
ideologias vigentes pode levar o terapeuta a sofrer pressões sociais do
ponto de vista do paciente. É importante que o terapeuta, ao se deparar
com algumas dessas situações, tenha tnuita cautela para não sofrer rótulos
e vir a ser desqualificado em seu trabalho e em sua vida.
()uando o paciente com queixa sexual já passou por diversos outros
profissionais antes de chegar ao p~icólogo especializado em ~exualidade,
ele chega frequentemente desmouvado, descrente e apreensivo. () tera-
peuta, nesse rnornento,_deve então sinalizar que o pro~l~tna sexual do
cliente pode estar relac1on~do com_seus p~ocessos cogn1t1vos ou suas e(
estraté ias co n1portan1enta.1s, e que isso sera estudado de fonna s1stetnáti-
g "ÍO de uma conceitualizaçào cognitivo-sexual individualizada. ()
ca, por 1ne . - . . ,
. . , que O cliente sinta-se ainparado e protegido, pois recebera utn
O l)jCtlVO e
. específ1co 11ara seu problema.
tratamento - . . .
i'~111 uito cornun1 o paciente senur-sc n1onvado en1 saber c.iue pode
. . , , . e conlJJrecnder atnplatnentt.: seu cotnportan1ento durant~ o tra-
tntt.:rp1 rta1 , . - . . .
. r.ss't estrategta taz parte do procl'sso na terapia cogntt1vo-cotn-
tan1enr.o. , ·,. ·' . . .
. r·-
ll l' dt: certa maneira, b\Yorecc o enga1amenro du paciente
portan1cn , , . , . ,
. ·tudos sobre as cv1<.knc1a s d o plano de trnrarnl'l1to (I)ubson &
seguntlo t.:s , . , . . .
'J( )U9). 1 \k1n J1sso, e importante explicar concc1tualn1<.:i1tc
_ .
Dobson, - · 11or
184 • lerapia cognitiva sexual

que é necessá rio esmiuçar dados sobre sua hjstória de ·v ida e sexual. C m
<-j Lits tionamcnto dt:Y<.· ser crucial: o que levou o cliente, naquele momen-
to, a procurar o tratatnento? ()uando se estuda a histó ria d o problema
sex u al, é: possível o bservar l)lle o paciente utiliza estratégias para lidar
com a c.1ucixa, e, en1 geral, a busca do tratamento decorre da falência des -
"ªs estratégias. Logo, é preciso esclarecer e1n pormenores seu impacto
no relac iona1nento e autoesquema sexual.
C) estudo enfatiza também que a postura facial e a imagem do tera-
peuta deverão ser discretas no que se refere a vestimenta, perfume e m a-
c.1uiage1n Uohns, Hargrave, & Newton-Fisher, 2012). Portanto, uma aten-
ção apropriada a esses tópicos pelos terapeutas sexuais se faz importante.
() terapeuta que trabalha co1n sexualidade deve observar situações que
possam dar estímulos ao cliente a fantasiar com ele. Se acontecer qualquer
comunicação do cliente sobre a postura ou imagem do terapeuta, faz-se
importante abordar o assunto e trabalhar com o cliente os objeti,·os da
terapia. É necessário 1nanter em mente que se é o profissional responsável
por ajudar a reconstruir utna história saudável da vida sexual do indi,·í-
cluo ou d o casal. Caso isso ocorra, o terapeuta deve avaliar sua postura e
conduta durante o atendimento e especular se não está alimentando essas
fantasias.
Um aspecto vital a ser apontado no planeja1nento do processo tera-
pc:utico é a necessidade elo terapeuta sexual de ser asserti,-o, bem como de
ser c.:1npático. Essa habilidade do terapeuta deYe ser desenYoh-ida e apri-
morada constante1nente. Faz-se necessário sab er como se colocar no lugar
do outro con1 neutralidade, obserYar e agir diretivam ente co1n a estrutura
m etodológica das sessões e, principalmente, moti,·ar a participação dos
pac ientes no processo. D essa fonna, é prová, ·el se alcançar um b o n 1 prog-
n<', srico na terapia sexual, pois essa postura terapêutica fayorece também a
aplicação Jas técnicas.
( )s pacientes cotn ruagnóstico de transtornos da personalidade co~-
tumam não lidar 1nuito bem com qualquer tipo de ac.·k ersidade, L"specifica-
rnc- nrc aciuclas <.jUe cn\·c ,h-am rejeição, desapro vação ou ahando nn. Crian1
r:ipidanicnre uma relação de de_r_c:ndência e po<.~c m H:r ataques de fúria.
D e ac<>rdo com Sady (2() 1 1), a dtf 1culd,Hk de pactl'ntcs r o n1 transtorno de
pcr~onal idadc se.· car:1crcriza principalmc1~rc pda rcgttlaç:'i< '. t_L~s cn1 o çc"') cs,
c.-:m t~Ul' a vulncra hil icl:ldc crnoci, ,nal C< 111s1s1c cm 11111,~ Sl·ns1hd1~!ade dlTa-
da a l·srímulos sc- n suriais l' l'fll u,n lento rcror110 :in nt\·cl cmon( HUI bas,ll.
D essa maiwú·a, ao abordar ass111w >S SL·x u:1is, o cuid:td() dC1 tcrapL·uta sexual
Es pec if1cidé1dec- da , - - _
_, pra 1ICd e 11n1ca na l ':': rap1a co gn1t1vd St: / Ué.:l

deverá,. ser
. rcdobra<lo, princ1pa
· 1n1c ntc
- no que tange a(>
,
v1nculu da rc:l acàr>
rcrapeut1ca. ,
() transi-orno de pers, ona 11·dalel parano1·c.1 e requc:r atcnça<>
- e C<Jnce 1-
rua-se ' segundo
, · elt. e M,ea (2013) , como um e< >nJun
Schmi . t<J de <lclJrJ<
, . ;s,
co1no. o. ,de persegtú
. - ciume
çao, -· , e gran d eza, em que a chst()rçao
· - cogrnm.-a··
do. 1nd1v1duo
~ . está , a no esquetna <le d esconr1ança
, ' basead e. - ·
e abus<> c: mr>Clo-
n 'HS 1-.. sses 1ndi ,d . ·
< • -~ , , vi uos sentem-se extremamente manipulados, enganad, >~
e obser~ram o mundo como malevolente, o que dificulta qualquer tipo
de relaciona1nento interpessoal ao longo da vida. Faz-se relevante que rJ
terapeuta sexual tenha uma conduta mais flexível, podendo dem<Jn strar,
dentro da realidade, a dicotomia de pensamentos e ações que surgem nrJ
decorrer do tratamento.
Surgem no consultório também muitas situações nas quais o pacién tt
apresenta disfunção sexual apenas em relações extraconjugais. Nesses ca-
sos, o terapeuta deverá ser cauteloso e evitar triangulação amorosa, dando
ênfase para que o cliente resolva questões relacionadas com seu casamen-
to. Por exemplo, a presença do(a) a1nante no consultório poderá caracteri-
zar a anuência do terapeuta na traição e expô-lo desnecessariamente.
Cabe ao terapeuta cognitivo-sexual estar constantemente atento às
suas reações emocionais diante dos pacientes. O uso da heurística, atalhos
cognitivos facilitadores dos processos de <lecisào, deve ser evitado, e o
profissional precisa estar constantemente atento para evitar a denomina-
da heurística de representatividade (Garb, 1996). Nesta, um julgamento,
quando realizado sobre uma amostra, tende a ser comparado ou gene-
ralizado à população da qual esta é proveniente. Segundo Garb (1996),
tende-se a considerar um simples ato como representativo de um grupo,
,nestno que essa seja uma situação pontual. Nas questões sexuais, repletas
de preconceitos, são con1~ns ~revisões generaliza~as _<le _c omportarne~ros
ue podein afetar a mouvaçao do terapeuta e d1mtnuir as expecrau\·as
~os protocolos de tratan1ento. Na prática, Garb (1996) con1pron)U en1
sua pesquisa que o pessitnismo do p~icólogo afeta consideraYeln1enre os
n:sulrados terapêuücos, podendo -se Cltar o exemplo da tkscrença dos psi-
, l ,,>s no sucesso <lo rrnram<:nto de clientes abusadores sexuais.
co og ·
' Conio veremos no capítulo a seguir, a t·crapia cugniri\'a sexual L' t:s -
. _·,, ]nKnte uma tera11ia que ar<:ndc o casal. Contudo, ncn1 sL ·mpre os
senc 1•'
·
n1e1nl)r< , ·s do casal · > :1mplarnc11tc cornpn >mctid<>s o )tn o r1roCL·,,o
· cst{t1 · · · de
l nuo, . ·' cm algumas
1,tii ç·t . siLUa~·,, cs, um d<>s clicntl'S J1<>tlt· estar na t<:rai)ia n.-,u >
\·crdadeiramcnrc Jn()tivadu a mud:ir. < > proti~sin nal deve tt·r sensib ilidade
t ' ,lt.l pcTtclwr 1ss,, e .1 dnl'1:1r 1) pr«>.1•,1:1111;1 dl' tr:11 anw r1 1,, a l''-i'it'. f;,it,,. 1·,rn aJ.
~ \ l l\U~ :--1111.1,·,\c~. 11 p.h ' ll'llf(' dv st"ll\'("\'l" 11111 ní v1
: I ,·kvad,, d e c·,,nfc JrtCJ ( CJ1iJ
,\ !' ' 1 )h lt't\l11, e' t' pr,·l·isn lJllt' n tl'r:qw111 :1, j1111l,lllll'llll' 0 >1n 1.•l(', avalí,: ,,.., prc', \
, · l', ,n1 r.1s d :1 mud.1n,;;1 c1Hl1p11r1 an H'l11 :il (\Xlíl'k11ska, 2001 ;.

1-'. tn 1r~,1:rnd,) d :1 ll'1';1pi:1 rng11i1 iv:.-1 sexual , , terapeuta deve c"tar


St'

.ucnl\ , .1 .1\':tl i:1\·.1 1 1 lllll' 1, p:1ri1·11tl' foz d1 · S<' II prc', prio problema. <)fa) par
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nal descn,·nln'r um:1 Yis;io crí1íc1 dos 1ra1 :1.mc11tos m{tgicos propostos t:m
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p:1r;1 u , ur1..·~,o d1> tLtt:lllll'lllt~. l·'. m t"un(:·H> dis!'>tl, ll~llll"s di1.·ntcs iniciam a
rerapi., crnn 11hjcri,·1,~ l'SJ'l'L·il 11·os, I'' irl·m 111apr11pnados, pnd1..·11do ·Sl' citar
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11wlhl) f':1r s 11a r<:sposra erétil., t<)davia arrc:~c:ntâ, dificuldade de cr,.m __í.Jw -
1.,·. 1<1 (,_' j'llS lllCl pouu, assertiva C<,rn S Uíl\ rarcu ra,.) acarr{:tandr;: / ;'.2.,:-;J:_r.-.r~
st ll· t.tl v ,1 t"t·t i\'1 >. N<:ssL· caso, t'· papel <I<> te rapeuta ajudá Jr; a c~rc:~cie· ".:.'~~
S.l\) l )S fatorl'S lllll' contrihuern rara uma é XCÍtaçà<J sati~fa tr~ria e fYMá r 1 .7:-2.-
/ l.' t' S1.. '\. t1:d l'. assi1n, junto con1 ele, esrahck:ccr n(J \"(JS (Jbjt::ci\·rJc;, p~.r~ r> :::a:2.-

tlll.'tllu, sinalizando <.JUL\ rara alcançar <J objcti v<J primárírJ, será né:ct~~á :-y·J
tr.tb;dhar 111ctas prelitninarcs (Barlow, 1999j.
~abe-se c.1ue nn1itos cli<.:ntcs têm opiniiic:s <:.: ~tere(Jtipadas 'íí;bre r.,~ p-2--
pcis Sl'\.uais tnasculinos e fcn1ininos, e que: íss<J atrapalhará a suge~ti,; de
nu\·i.) s padn')es de con1portarncnto, restringin<l() a respústa sexual. É dé
rcspunsabilidadc do terapeuta estar a atc:ntn a seus " precr.Jnceiro ~:; tm :."t-
bç~'io ao terna e ajudar os pacientes a terem urna Yisào crírjca desse~ papéis
par:1 assin1 poc.krctn assi1nilar novas 1nformações.
<..) desconhecin1c11to da resposta sexual e de como rJcorre Í_J proces -
~o de cxcita~)o l' a tônica nos pacientes disfuncionais e a causa de m L:ico
~l)fritnento. A ignon1ncia em relação aos aspectos fisiológicos e em0ci0-
ruis da ~e\.ualidade pode levar os pacientes a preferir uma solução ap.::.-
re ntetnente cnais sitnples e rápida para seus pro blemas, co mo uma o pção
cirú.r1...,.ica
~
ou 1nedicarnentosa. C) terapeuta deve ter a habilidade de ganhar
,1 confiança do(a) cliente para que ele possa seguir acreditando na terapia.
() trabalho con1 sexualidade é muito reforçador, apresenta res ulcaào ~
c.ipid os e Yetn fascinando cada vez mais psicólogos, que buscam, nas espe-
cializações e nos cursos de formaçào, a capacitaçào para atuar nessa áre~.
Toda\~ª~ a desinformação em relação ao trabalho desse profissional aind~1
raz com que a população, de 1nodo geral, o veja de forma estereo tipada.
0
yue auinenta os risc~s de dist~rções relacionadas com o ~tcn~~nto
clínico e O uso das técnicas especificas dessa abordagem . .-\ ssun. e:: rn.1~ce ::-
quc O prohss io r:al .tique mai_s atento aos as~untos rclati\-os ~1. ética e t c nl1.1
un 1 cuid ,1do n1a1or con1 ~ua unagem profissional e pessoal.

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