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Leis que Fundamentam o Sistema Único de Saúde (SUS)

O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo,
garantindo acesso universal e gratuito à saúde para a população brasileira. A criação e o
funcionamento do SUS são baseados em uma série de leis e normas que estabeleceram
seus princípios, diretrizes e estrutura organizacional. Este texto explora detalhadamente as
leis que fundamentam o SUS, desde sua concepção até as regulamentações específicas
que orientam seu funcionamento diário.

Constituição Federal de 1988


A Constituição Federal de 1988 é o marco inicial e fundamental do SUS. Ela estabelece a
saúde como um direito de todos e um dever do Estado, consagrando os princípios de
universalidade, integralidade e equidade na assistência à saúde.

Artigos Relevantes:

Artigo 196: "A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação."

Artigo 198: Estabelece as diretrizes do SUS, que incluem:

Descentralização: Com direção única em cada esfera de governo.


Atendimento Integral: Com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
serviços assistenciais.
Participação da Comunidade: Na formulação, controle e fiscalização das ações e serviços
de saúde.
Lei Orgânica da Saúde - Lei nº 8.080/1990
A Lei nº 8.080/1990, conhecida como Lei Orgânica da Saúde, regulamenta os artigos da
Constituição referentes à saúde e estabelece o funcionamento e a organização do SUS.
Esta lei define a estrutura, os objetivos e os princípios que orientam o sistema de saúde no
Brasil.

Principais Aspectos:

Abrangência: Define as ações e serviços de saúde em todos os níveis de complexidade.


Direitos e Deveres: Estabelece os direitos dos usuários e os deveres dos gestores e
profissionais de saúde.
Financiamento: Determina as fontes de financiamento e os mecanismos de repasse de
recursos.
Organização: Descreve a estrutura do SUS, incluindo a participação das três esferas de
governo (federal, estadual e municipal).
Participação Popular: Institui os conselhos e conferências de saúde como mecanismos de
participação social e controle social.
Lei Complementar nº 141/2012
A Lei Complementar nº 141/2012 regulamenta a Emenda Constitucional nº 29/2000, que
estabeleceu os percentuais mínimos de investimento em saúde pelos entes federativos.
Esta lei é crucial para assegurar o financiamento adequado do SUS.
Principais Aspectos:

Aplicação de Recursos: Define os percentuais mínimos de investimento em saúde para a


União, estados, Distrito Federal e municípios.
Transparência: Estabelece mecanismos de fiscalização, avaliação e controle das despesas
em saúde.
Responsabilidade: Define as responsabilidades dos gestores de saúde em relação ao
planejamento e execução orçamentária.
Lei nº 8.142/1990
A Lei nº 8.142/1990 complementa a Lei nº 8.080/1990 ao regulamentar a participação da
comunidade na gestão do SUS e estabelecer critérios para a transferência de recursos
financeiros entre os entes federativos.

Principais Aspectos:

Participação Social: Estabelece os conselhos de saúde (nas três esferas de governo) e as


conferências de saúde como instâncias de participação popular e controle social.
Transferência de Recursos: Define os critérios para a transferência de recursos do Fundo
Nacional de Saúde para estados e municípios, vinculando-a ao cumprimento de condições
de gestão e planejamento.
Lei nº 12.401/2011
A Lei nº 12.401/2011 altera a Lei nº 8.080/1990 para dispor sobre a assistência terapêutica
e a incorporação de tecnologia no SUS.

Principais Aspectos:

Assistência Terapêutica: Estabelece as condições para a prescrição, dispensação e


financiamento de medicamentos e produtos de interesse para a saúde.
Incorporação de Tecnologias: Cria a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no
SUS (Conitec), responsável pela avaliação e incorporação de novas tecnologias em saúde
no sistema.
Decreto nº 7.508/2011
O Decreto nº 7.508/2011 regulamenta a Lei nº 8.080/1990 e estabelece a organização do
SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa.

Principais Aspectos:

Região de Saúde: Define os critérios para a constituição das Regiões de Saúde, que são
áreas geográficas delimitadas para organização e integração das ações e serviços de
saúde.
Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde: Instrumento que formaliza a integração
das ações e serviços de saúde entre os entes federativos.
Comissão Intergestores Tripartite (CIT): Instância de articulação e negociação entre os
gestores do SUS nas três esferas de governo.
Lei nº 13.097/2015
A Lei nº 13.097/2015 introduz modificações importantes na legislação sanitária, incluindo
aspectos relacionados à participação do capital estrangeiro em empresas de assistência à
saúde.

Principais Aspectos:

Capital Estrangeiro: Permite a participação de capital estrangeiro em empresas de


assistência à saúde no Brasil, com a intenção de atrair investimentos e melhorar a
infraestrutura e a qualidade dos serviços de saúde.
Portarias e Normas Operacionais
Além das leis, o SUS é regido por uma série de portarias e normas operacionais que
detalham aspectos específicos da gestão e operação dos serviços de saúde. Entre as mais
relevantes estão as Normas Operacionais Básicas (NOB) e as Normas Operacionais da
Assistência à Saúde (NOAS).

Normas Operacionais Básicas (NOB):

NOB 91: Primeira norma operacional que estabeleceu critérios para a descentralização e a
transferência de recursos.
NOB 93: Reforçou a descentralização e a municipalização da saúde.
NOB 96: Introduziu o Piso da Atenção Básica (PAB), definindo valores per capita para o
financiamento da atenção básica.
Normas Operacionais da Assistência à Saúde (NOAS):

NOAS 2001 e 2002: Ampliaram os critérios de descentralização e regionalização,


promovendo a integração das ações de saúde e a constituição de redes de atenção.
Lei nº 13.979/2020
A Lei nº 13.979/2020 foi aprovada em resposta à pandemia de COVID-19, estabelecendo
medidas emergenciais para o enfrentamento da emergência de saúde pública.

Principais Aspectos:

Medidas de Enfrentamento: Define medidas como isolamento, quarentena, realização


compulsória de exames, vacinação e tratamentos.
Flexibilização de Regras: Permite a dispensa de licitação para a aquisição de bens e
serviços necessários ao enfrentamento da emergência.
Lei nº 14.124/2021
A Lei nº 14.124/2021 dispõe sobre a adoção de medidas excepcionais e temporárias para
aquisição de vacinas, insumos e serviços relacionados à vacinação contra a COVID-19.

Principais Aspectos:

Compra de Vacinas: Facilita a aquisição de vacinas e insumos relacionados à vacinação.


Parcerias: Autoriza parcerias com entidades privadas e internacionais para a
implementação de campanhas de vacinação.
Políticas Nacionais de Saúde
Além das leis e portarias, o SUS é orientado por diversas políticas nacionais de saúde que
estabelecem diretrizes e estratégias para áreas específicas de atenção à saúde.
Política Nacional de Atenção Básica (PNAB)
A PNAB define as diretrizes para a organização da atenção básica no SUS, que é a porta
de entrada preferencial para o sistema.

Principais Aspectos:

Atenção Integral: Promove a atenção integral à saúde, com foco na promoção, prevenção,
tratamento e reabilitação.
Estratégia Saúde da Família (ESF): Prioriza a Estratégia Saúde da Família como modelo de
atenção básica, com equipes multiprofissionais atuando em territórios definidos.
Política Nacional de Humanização (PNH)
A PNH visa humanizar o atendimento no SUS, garantindo a dignidade, o respeito e a
participação dos usuários e profissionais de saúde.

Principais Aspectos:

Ambiência: Melhoria dos ambientes de saúde para torná-los mais acolhedores e


humanizados.
Gestão Participativa: Incentivo à gestão participativa e ao protagonismo dos trabalhadores e
usuários na construção dos serviços de saúde.
Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF)
A PNAF orienta a organização e a execução das ações de assistência farmacêutica no
SUS, desde a aquisição até a dispensação de medicamentos.

Principais Aspectos:

Acesso a Medicamentos: Garantia de acesso a medicamentos essenciais, seguros, eficazes


e de qualidade.
Uso Racional de Medicamentos: Promoção do uso racional de medicamentos, com ações
educativas e de monitoramento.
Política Nacional de Saúde Mental (PNSM)
A PNSM estabelece as diretrizes para a organização da atenção à saúde mental no SUS,
promovendo a desinstitucionalização e a reintegração social dos usuários.

Principais Aspectos:

Rede de Atenção Psicossocial (RAPS): Estruturação de uma rede de atenção psicossocial


que inclui CAPS, serviços residenciais terapêuticos, entre outros.
Direitos Humanos: Respeito aos direitos humanos e combate ao estigma e à discriminação
associados aos transtornos mentais.
Conclusão
As leis que fundamentam o SUS são essenciais para garantir o direito à saúde para todos
os brasileiros. A Constituição Federal de 1988, a Lei nº 8.080/1990, a Lei nº 8.142/1990,
entre outras, estabelecem os princípios e diretrizes que orientam o sistema. Além dessas,
portarias, normas operacionais e políticas nacionais específicas detalham e
operacionalizam as diretrizes gerais, assegurando a estrutura e o funcionamento do SUS
em suas diversas áreas de atuação.
A implementação eficaz dessas leis e políticas exige constante atualização e adaptação às
novas realidades e desafios, como visto durante a pandemia de COVID-19. A participação
social e o controle social são fundamentais para garantir a transparência e a equidade no
acesso aos serviços de saúde, promovendo um sistema de saúde cada vez mais inclusivo e
eficiente.

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