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Trabalho elaborado por: Tiago André Bernardino

Cardoso
Breve Introdução:

Os pórticos da Sé Catedral são, das muitas Igrejas existentes na

cidade de Lamego, os mais belos e majestosos. Como toda a arte, os pórticos

têm um significado que apenas se descobre como uma imensa reflexão. Numa

das muitas reflexões elaboradas acerca destes pórticos existe uma à qual se

pode dar uma grande atenção.

Raul de Satúrio Pires, professor da Arte Sacra e Arqueologia,

interpretou o significado das portas ogivais da Sé de Lamego. Esta

interpretação tem características populares devidas à linguagem utilizada e,

sobretudo, à teologia popular.

A porta principal:

A porta principal seria um convite ao exame de consciência, antes de se

entrar na casa do Senhor. Lá encontramos figuras de animais (o porco, o leão,

o tigre, o veado, o bode, a ave de rapina, a pomba, os animais fabulosos, como o

dragão; e grupos obscenos) e figuras de crianças, de quando em quando


trepando por entre a ornamentação estilizada. Os animais representados são

exemplos, citados na Sagrada Escritura, como seres obscenos. Infelizmente

este pórtico como se poderá verificar está muito degradado devido a factores

naturais e a actos de vandalismo.

Pórtico do lado Norte:

Pode-se analisar que em cada pórtico existe três contornos com

diversas imagens (como já se analisou no pórtico principal). Esta porta dá a

entender que se trata da entrada para o inferno, devido as imagens nele

representadas. Assim verifica-se que existem numa faixa, uma diabólica e

apocalíptica cabeça ladeada por caprichosa folhagem, seguidamente estão

presentes línguas de fogo e todos os vegetais têm uma aparência um pouco

voluta. Assim, poder-se-á concluir que esta porta é, efectivamente, uma

imagem do inferno.

Pórtico do lado sul:


Esta porta é totalmente o oposto da porta norte, ou senão vejamos: a

primeira pedra não tem uma cabeça de demónio infernal mas uma criança. As

chamas são substituídas por um par de pombas, olhando-se frontalmente e

bebendo da mesma fonte. Os vegetais deixaram de ser volutosos passando a

apresentar molhos atados de loureiro, como nas faustosas glórias. Com estes

símbolos pode-se concluir que esta porta trata-se de uma representação do

paraíso, vejamos muito sumariamente: observamos meninos como símbolos da

inocência; pombas, imagem de almas justas alimentando-se da Eucaristia;

louros, sinal da glorificação.

Cordeiro Laranjo F.J, Cidade de Lamego – Igreja Catedral. Edição Câmara


Municipal de Lamego. 1990.

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