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recolonizar o Brasil e revogar o Estatuto de Reino Unido,

transformando o Brasil de volta em colônia de exploração,


HISTÓRIA DE GOIÁS: AULA 2. para solucionar suas dificuldades econômicas, medidas que,
obviamente, seriam combatidas pelas elites econômicas e
políticasbrasileiras.

Ordens vindas de Lisboa promoveram a transferência de


várias repartições governamentais e exigiram o imediato
PERÍODO DO IMPÉRIO (1822-1889) regresso de D. Pedro a Portugal sob o pretexto de completar
sua formação cultural. Os brasileiros perceberam as
intenções das Cortes e passaram a apoiar uma ruptura com
A Revolução do Porto (1820) Portugal.
Em 1820 um movimento revolucionário liberal explodiu em
Portugal e depôs o governo local que era chefiado pelo Os protestos se avolumavam. A radicalização das Cortes
comandante militar inglês, Lord Beresford. unia, no Brasil, aqueles que achavam que o país poderia
continuar ligado a Portugal, desde que mantivesse sua
Os rebeldes do Porto decidiram convocar as Cortes, autonomia e seu status de Reino Unido, e aqueles que
Assembléia encarregada de elaborar uma Constituição para defendiam o rompimento total, absoluto e definitivo.
Portugal pondo fim ao regime absolutista.
As abastadas camadas sociais urbanas e rurais procuraram
Dentre as principais determinações dos rebeldes estavam envolver D. Pedro, para que ele aceitasse a idéia de realizar
as seguintes: a emancipação definitiva sem trauma, isto é, sem conflitos
armados que envolvessem a participação das camadas
a volta imediata de D. João VI para Portugal; populares.

que ele aceitasse previamente a Constituição, pondo fim ao Em 09 de janeiro de 1822, foi levado ao príncipe regente um
absolutismo monárquico; abaixo- assinado com 8.000 assinaturas de aristocratas e
representantes do comércio. O documento pedia sua
que a sede das Cortes (Assembleia Legislativa) fosse em permanência no Brasil e lhe oferecia a possibilidade de reinar
Lisboa. sobre um império na América. Esse episódio passou à
história com o nome de Dia do Fico, pois D. Pedro teria dito:
Temendo perder o trono de Portugal, D. João VI acatou “Como é para o bom de todos e felicidade geral da nação,
as determinações. Partiu de volta a Lisboa em abril de 1821 estou pronto, diga ao povo que eu fico”.
deixando no trono seu filho D. Pedro, como príncipe regente
do Brasil. A decisão de ficar no Brasil, contrariando decisões das
Cortes, provocou a reação das tropas portuguesas
Esse retorno de D. João VI a Portugal ativou o comandadas pelo tenente- coronel Jorge de Avilez. Na
movimento de independência do Brasil e provocou mobilização do povo contra as tropas de Avilez destacou-se
agitações políticas em quase todas as capitanias do país, o Clube de Resistência, recém-criado no Rio de Janeiro,
inclusive em Goiás, onde o houve o movimento separatista Jorge de Avilez e seus comandados foram expulsos do Brasil em
do Norte. fevereiro de 1822.

Como reação ao Fico, os ministros portugueses no Brasil


pediram demissão. D. Pedro formou então um novo
A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL ministério, no qual se destacou José Bonifácio pela sua ação
em prol da independência.

O novo ministério simbolizava a liderança da aristocracia. Dele


O objetivo das Cortes de Lisboa era manter um governo saíram algumas determinações que encaminhavam o Brasil
liberal e constitucional em Portugal conjugado com para a firmação desua independência. Em maio de 1822 foi
antigas práticas do Mercantilismo. Por exemplo, queriam decretado que nenhuma lei vinda de Portugal seria aceita
no Brasil sem o Cumpra-se do príncipe regente. No mesmo Bartolomeu Marques, José Rodrigues Jardim e pelo Capitão
mês D. Pedro recebeu da maçonaria a Câmara do Rio de Felipe Antônio Cardoso.
Janeiro o título de Protetor e Defensor Perpétuo do Brasil.
O golpe eclodiria em 14 de agosto de 1821, mas fracassou em
Em Junho, acatando a iniciativa dos liberais radicais função da prisão dos principais líderes. O grupo contava
liderados por Gonçalves Ledo, D. Pedro assinou a com seis membros, sendo três militares e três religiosos e
convocação de uma Assembléia Constituinte. José foram todos expulsos da capital. A ação repressora do capitão-
Bonifácio, que era contra a convocação, terminou por general Manuel Inácio de Sampaio conseguiu desarticular o
aceitá-la, mas insistiu na idéia de que a eleição fosse pelo voto movimento que, embora frustrado, revela-nos a difusão das
censitário, o que tiraria do povo o direito de eleger idéias liberais na Capitania e a tentativa consciente de
representantes. elementos da elite local de enfeixar em suas mãos o controle
da região, afastando o domínio português.
Em agosto, foi assinado um decreto que considerava
inimigas todas as tropas portuguesas que desembarcassem no Enquanto ocupou o poder em Goiás, o capitão Sampaio
Brasil. convocou eleições, em virtude do desenrolar dos
acontecimentos políticos no Rio de Janeiro e na metrópole. O
pleito destinava-se a eleger os representantes goianos nas
Cortes de Lisboa, sendo eleitos o Ouvidor Joaquim Teotônio
A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL Segurado, pela Comarca do Norte e o Padre Silva e Sousa, pela
Comarca do Sul.

Em 03 de novembro de 1821, novas eleições escolheram


Restava apenas oficialização da emancipação definitiva, e uma junta de governo provisório para Goiás, presidida pelo
isso aconteceu no dia 7 de setembro de 1822, quando D. próprio Capitão Sampaio e composta por membros de uma
Pedro, encontrando- se em São Paulo, recebeu cartas das oposição moderada, liderada por José Rodrigues Jardim e
Cortes insistindo em seu regresso a Portugal e ameaçando o pelo Padre Luiz Gonzaga de Camargo Fleury.
Brasil com o envio de tropas. Ao ler as cartas o príncipe
decidiu-se pelo rompimento definitivo. Estava finalmente Uma vez disperso o grupo radical, que tentara, sem
oficializada a independência política do Brasil. O Estado sucesso, a deposição de Sampaio, a oposição ao governador
Brasileiro, criado em 1822, foi montado sobre a velha português passa a se expressar através do grupo dos
estrutura conservadora, agroexportadora, escravista e moderados. “Basicamente, o que o diferenciava do grupo
dependente dos mercados e do capital internacionais. Era anterior era o fato de nunca ter a iniciativa em relação à
um império escravista, bem ao seu gosto da aristocracia. independência, limitando-se a agir conforme a situação
evoluía no Rio de Janeiro. Tinha como objetivo obter o
comando da Província e mantê-la unida, segundo
orientação regencial”, no dizer de Maria do Espírito Santo
REFLEXOS DA INDEPENDÊNCIA EM GOIÁS Rosa Cavalcante.

Mais bem articulado politicamente e com o apoio da


classe proprietária de Vila Boa e Meia Ponte, o grupo
Em Goiás as incertezas que antecederam a independência, moderado logrou a derrubada do governador Sampaio e a
aliadas ao contexto político-econômico local, permitiram o eleição da nova junta provisória, em 08 de abril de 1822.
desenvolvimento de dois importantes movimentos, um na
capital, Vila Boa, e o outro no norteda Capitania. Vislumbra-se aqui, o início de um longo processo de
consolidação da elite no poder local em Goiás, cujo
Em Vila Boa, centro político-administrativo da Capitania, desdobramento será a formação das oligarquias que
um grupo bastante restrito, mas historicamente exercerão o mando político com a instalação da República
significativo, ligado ao clero e às forças militares, intentou Federativa, em 1989, e o advento do coronelismo.
a derrubada do governador, capitão-general Manuel Ignácio
de Sampaio, português que governou Goiás entre 1820 e 1822.
O “grupo de radicais” era liderado pelo Padre Luís
banido de Vila Boa e ficou proibido de se aproximar de uma
O MOVIMENTO SEPARATISTA DO NORTE DE GOIÁS (1821- distância de 50 léguas (300 km) da capital.
1823)
No município de Cavalcante, o Padre Francisco Joaquim
Coelho de Matos assumiu a liderança do movimento
independentista (do Brasil) e refugiou-se no interior da
Em 1821, houve a primeira tentativa oficial de criação do que capitania. O Pe. Francisco Joaquim soube catalisar o
hoje é o estado do Tocantins. O movimento iniciou-se na sentimento de abandono da população local e procurou
cidade de Cavalcante. O mais proeminente líder do apoioda elite pecuarista da região.
movimento separatista foi o ouvidor Joaquim Teotônio
Segurado, que já manifestara preocupação com o O movimento rebelde começou em Cavalcante, no dia
desenvolvimento do norte goiano antes mesmo de se 14 de setembro de 1821. Nesse dia, depois de uma tensa
instalar na região. Teotônio Segurado, entre 1804 e 1809, reunião, que durou horas e prosseguiu noite adentro, foi
fora ouvidor de toda a Capitania de Goiás e, quando em escolhido o Ouvidor da Comarca do Norte, Joaquim Teotônio
1809, o território goiano foi dividido em duas comarcas, por Segurado, para presidente da junta de governoprovisório.
D. João VI, ele tornou-se ouvidor da comarca do norte.
Teotônio declarou a Comarca do Norte (o que corresponde
ao atual estado do Tocantins) independente da comarca do
sul (atual estado de Goiás). DESUNIÃO LEVA AO FRACASSO DO MOVIMENTO

É importante destacar que Teotônio Segurado não era


propriamente um defensor da causa da independência
brasileira, diferenciando-se, portanto do “grupo de Desde o seu início o movimento separatista mostrou-se
radicais”, liderados pelo Padre Luíz Bartolomeu Marques, dividido:
originário de Vila Boa (leia o manifesto reproduzido abaixo).
Oouvidor defendia a manutenção do vínculo com as Cortes PORTUGUESES BRASILEIROS
De um lado o Ouvidor De outro, o grupo do Pe. Luiz
de Lisboa, sendo inclusive, eleito representante goiano para Teotônio Segurado e seus Bartolomeu e do Cap. Felipe
aquela assembléia, cuja função seria elaborar uma correligionários, a maioria Antônio, formado por
Constituição comum para todos os territórios ligados à portugueses de nascimento, brasileirosnatos, que além de
Coroa Portuguesa. que defendiam um governo advogarem a divisão da
independente para a capitania de Goiás,defendiam
comarca do norte mas a independência do Brasil em
queriam manter o Brasil unido relação a Portugal.
a Portugal.
O PASSO A PASSO DA REBELIÃO
Em outubro de 1821, atendendo à maioria das lideranças
regionais,Teotônio transferiu o novo governo para Arraias,
fazendo surgir forte oposição dos representantes de
O movimento separatista do norte representou uma Cavalcante. Teotônio permaneceu à frente da Junta de
continuidade da fracassada tentativa de derrubada do Governo independente do Norte entre 14 de setembro de
Governador de Goiás, o português capitão-general Manuel 1821 e janeiro de 1822, quando rumou para Portugal,
Inácio de Sampaio ocorrida na capital, Vila Boa de Goiás. representandoGoiás nas Cortes.

Esse movimento foi liderado pelo Padre Luiz Bartolomeu


Marques e pelo Capitão Felipe Antônio Cardoso, dois
entusiastas defensores da independência do Brasil. Ambos O AFASTAMENTO DE TEOTÔNIO SEGURADO
lideraram em 14 de agosto de 1821 movimento golpista que
pretendia derrubar o capitão-general.

Descoberta a conspiração, Manuel Inácio Sampaio mandou Três meses após o início do movimento e da criação da
prender todos os líderes. O Capitão Felipe Antônio foi Província da Palma, Segurado deixou a presidência da junta
aprisionado em Arraias, o Padre Luiz Bartolomeu Marques foi provisória e embarcou para Lisboa, ele havia sido eleito
como deputado constituinte para participar da elaboração
da Constituinte convocada pelos rebeldes do Porto, que D. Pedro I, acatando pedido de seu ministro e conselheiro
puseram fim a monarquia absolutista em Portugal. José Bonifácio, desaprovou o movimento separatista e
ordenou a reunificação. O Padre Luiz Gonzaga de Camargo
A saída de Teotônio gerou o fortalecimento do grupo dos Fleury, representante do governo do sul, foi enviado à
brasileiros natos, liderados pelo Pe. Luiz Bartolomeu e o Cap. região com o propósito de promover a reunificação da
Felipe Antônio, o que desagradou bastante D. Pedro I, e seu província. Camargo Fleury conseguiu, pois, em 24 de abril de
Ministro Plenipotenciário José Bonifácio de Andrada e Silva, 1823, dissolver o governo de Natividade, o que lhe valeu o
o Patriarca da Independência. título de “pacificador do norte”.

Um ofício de José Bonifácio, em nome do imperador D.


Pedro I, datado de 23 de junho de 1823, sepultou
DUPLO GOVERNO definitivamente o movimento ao condenar a instalação de um
governo ao norte, uma vez que considerava “a dita
instalação contrária às Leis que proíbem multiplicidade
de governos em uma só província”. O mesmo ofício
Com a saída de Segurado o movimento se dividiu ainda mais. recomendava o restabelecimento da unidade provincial, no
que foi atendido.
Em Cavalcante, Febrônio José Vieira Sodré governava como
sucessor de Teotônio Segurado. Em Natividade o tenente- Encerrava-se, naquele momento, o movimento separatista
coronel Pio Pinto Cerqueira passou agovernar com o apoio do norte de Goiás, valendo citar, porém, a lição de Maria
de vários militares, inclusive do Cap. Felipe Antônio. do Espírito Santo RosaCavalcante que, no seu livro O Discurso
Observa-se que o governo independente instalou-se Autonomista do Tocantins, diz: “Muito embora o Governo
primeiramente em Cavalcante, passando por Arraias e, Independente do Norte tenha arrefecido em meio às querelas políticas
depois, por Natividade/Cavalcante, com a duplicidade de de interesse conflitantes das lideranças doNorte e do Centro-sul de
Goiás, o projeto de autonomia política doTocantins foi retomado
governadores. Tal fato revela graves divergências entre as
por outras gerações em dois momentos politicamente
lideranças dos arraiais que encamparam a causa separatista, significativos: de 1956 a 1960 e nos anos 1980, nãoexcluindo falas
todos disputando a hegemonia política na região. As isoladas que se manifestaram por meio da imprensa local.”
divisões internas facilitaram sobremaneira a ação
repressora do governo do sul de Goiás. Portanto, apesar de vencido nos primeiros tempos do
Brasil independente, a causa separatista permaneceu no
espírito do povo nortense, revelando-se duradoura e
persistente, o que resultou na Criação do estado do Tocantins,
A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL E O FIM DO MOVIMENTO pela Constituição promulgada em 1988.
SEPARATISTA

A PRECÁRIA SITUAÇÃO DO NORTE


Em 07 de setembro de 1822, D. Pedro I declarou a
independência do Brasil. O cap. Felipe Antônio e o Ten. Coronel
Pio Pinto Cerqueira ficaram eufóricos e acreditaram que o
movimento separatista seria fortalecido. Chegaram a Em 1823, o Cel. Cunha Matos, militar enviado ao Norte
enviar à capital o deputado provincial goiano Tenente para reconduzi-lo a união com o Sul, documenta em seus
Bernardino de Sena, para tentar oficializar a separação de inscritos a indolência do povo e decadência dos arraiais
Goiás e a criação da Província da Palma (com a sublevados: “Cavalcante é quase nada,.....aqui falta tudo, a fome é
independência as capitanias passaram a se chamar terrível.....dizem que nas Arraias, Conceição, Flores e Natividade, ainda
províncias), mas, o capitão-general Manuel Inácio Sampaio, é pior ”.
governador de Goiás, fez valer o seu prestígio político junto
a José Bonifácio de Andrada e Silva, Ministro e principal
conselheiro de D. Pedro I, para impedir que a separação se
concretizasse.
O OFICIALISMO POLÍTICO • José Rodrigues Jardim (1831-37)
• Pe. Luiz Gonzaga Camargo Fleury (1837-39)
• José de Assis Mascarenhas (1839-45)
A Constituição de 1824, outorgada por D. Pedro I criou no Brasil
Com a instalação do segundo reinado, a partir de 1840, houve
uma estrutura de poder extremamente centralizadora. O
a volta do oficialismo político, mas começou a se formar as
estado era unitário, o que corresponde à formação de um só
bases do coronelismo político, que seria marca registrada da
centro de exercício do poder estatal, em toda a extensão do
República velha, com a criação da guarda nacional
território nacional.

Desta forma, os presidentes de província e os principais


cargos administrativos eram indicados diretamente pelo PANORAMA ADMINISTRATIVO, POLÍTICO, CULTURAL DE
imperador, a partir da capital, o Rio de Janeiro. Muitas GOIÁS DURANTE O IMPÉRIO
vezes eram pessoas que nem sequer conheciam a província
o que gerava descontentamento das elites locais, que
queriam usufruir o poder. Essa prática era conhecida
como oficialismo político. As condições sócio-econômicas do Brasil imperial não
possibilitaram uma ação satisfatória em Goiás, durante o
Esse descontentamento iria desaguar em um novo século XIX. A política goiana, por outra parte, era dirigida
movimento rebelde, em 1831. por Presidentes indicados pelo poder imperial.

Somente no fim do império em referência, começou a


adquirir feições próprias. Coexistiu no aspecto cultural um
A ABDICAÇÃO DE D. PEDRO E A REVOLTA DE 1831 verdadeiro vazio.

Em 07 de abril de 1831, após uma demorada crise política,


CULTURA
que se arrastou por quase dois anos, D. Pedro I, abdicou do
trono em favor de seu filho, D. Pedro II, que tinha apenas
quatro anos de idade, na época.
• 1830 - Matutina Meiapontense (primeiro jornal)
A Abdicação ocasionou o surgimento das Regências (1831-
• 1806-74 – José Joaquim da Veiga Vale (artista
1840), aprofundando ainda mais as divergências políticas e
barroco)
mergulhando o país no caos. Rebeliões explodiram de norte
• 1846 – Liceu de Goiás (Educação de referência)
a sul do país, como a Revolução Farroupilha, no Rio Grande
do Sul, a Cabanagem, no Pará, a Balaiada, no Maranhão e a
Sabinada, na Bahia.
POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO
Em Goiás, a elites locais se insurgiram contra o oficialismo
político etambém houve rebelião. O movimento liderado
por militares e membros do clero, explodiu em13 de agostou
de 1831 e depôs o Governador, português de nascimento, Em Goiás os presidentes exerciam grande influência na vida
Miguel Lino de Moraes, bem como todos os portugueses política. Eram eles de livre escolha do poder central, sem
ocupantes de cargos públicos em Goiás. vínculos familiares à terra, descontentando os políticos locais.
Condicionado por uma série de fatores, como falta de
meios de transporte e comunicação, grandes distâncias,
descasos administrativos, desequilíbrio entre receita e
3 GOIANOS NO PODER
despesa, ausência de um produto econômico básico, Goiás
teve vida medíocre no transcorrer do século XIX. Não
participou do surto desenvolvimentista do Brasil,
embrionário a partir da década de 50 e em aceleramento REPÚBLICA VELHA (1889-1930)
depois dos anos 70.

Nas últimas décadas do século XIX, grupos locais


manifestaram-se insatisfeitos com a administração e Quando a monarquia caiu, alguns grupos políticos
responsabilizaram os Presidentes “estrangeiros” pelo formaram um governo provisório formado por: Joaquim
grande atraso de Goiás e passaram a lutar pelo nascimento Xavier Guimarães Natal, que era o seu Presidente; José
de uma consciência política. Sob pretexto de afastar o Joaquim de Souza e Major Eugênio Augusto de Melo.
“oficialismo político” e partidos políticos – Liberal (1878) e Com o decorrer do tempo, consolidou-se a seguinte
Conservador – (1882). Os jornais Tribuna Livre, Publicados composição política em Goiás.
Goiano, Comércio, Goyaz, foram propulsores destas idéias e
interesses. A conseqüência de tais movimentos foi a • Partido Republicano de Goiás, liderado pelos Bulhões;
fortificação de grupos políticos locais, lançando as bases • Partido Católico de Goiás, controlado pelo Cônego
oligárquicas goianas. Ignácio Xavier da Silva.
• Partido Republicano Federal, liderado por
Goiás acompanhou os movimentos liberais, que sedifundiam Sebastião Fleury Curado.
no Brasil durante o século XIX. A abolição não afetou a vida • Partido Republicano Federal de Goiás, criado por
econômica da Província. A transformação do regime José Xavier deAlmeida.
monárquico em republicano ocorreu sem grandes • Partido Democrático, comandado pelos Bulhões e
dificuldades. Os Bulhões dirigentes do partido Liberal após Caiado.
o 15de Novembro, apoiados pelos republicanos, tornaram-
se os donos do poder em Goiás. Nessa fase o que ocorria era uma disputa pelo poder
entre as grandes famílias, refletindo o poder dos coronéis
também em Goiás. Três líderes exerceram um maior
controle político sobre essa engrenagem “coronelista”:
PERÍODO REPUBLICANO (1889...) José Leopoldo de Bulhões, José Xavier de Almeida e Antônio
Ramos Caiado.

CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES DO PERÍODO


O CORONELISMO EM GOIÁS CORONELÍSTICO

Os aspectos da história política de Goiás desenvolveu, Ocorreu grande descentralização do poder;


como no Brasil, particularidades republicanas, podendo ser Poder maior regional: localismo.
dividida sua história política em:

OS BULHÕES (BULHONISMO/1889-1912)
REPÚBLICA VELHA (1889-1930)

• Era Pedro Ludovico (1930-1945) Os Bulhões comandaram a política goiana no período de


• República Populista (1945-1964) 1870-1900. O chefe desta família era Félix de Bulhões.
• República Militar (1964-1985) Pouco antes da abolição ele surpreendia a todos fazendo
• Período da redemocratização (1985?) discursos abolicionistas. Ele defendia a abolição da
escravatura pois Goiás não dependia mais da mão-de-obra
escrava. A elite apoiava a abolição, pois no século XIX o
número de escravos era pequeno e a pecuária já havia se
fundado. Rocha Lima, do grupo político “xavierista” adotou uma
política de tolerância mínima com a sonegação fiscal,
prática comum à elite pecuarista goiana daquela época, o
que provocou a fúria de inúmeros epoderosos criadores de
PONTOS IMPORTANTES: gado.

Em 1909, catalisando a insatisfação desses pecuaristas que


sentiam perseguidos pelo fisco goiano, Leopoldo de Bulhões
• José Leopoldo de Bulhões Jardim era seu principal aliou-se a Antônio Ramos Caiado, dentre outros, e
líder; desfecharam um golpe, derrubando o governador Rocha
• Félix foi chamado de Castro Alves goiano, pois Lima. Este episódio passou à história com o nome de
queria a abolição da escravatura. Revolução de 1909.
• A lei Áurea não encontrou nenhum negro cativo na
cidade de Goiás. Os Bulhões retomam o poder por pouco tempo, pois, em 1912,
• Foram libertados em Goiás 4.000 escravos, foram defenestrados do poder pela “Política de Salvações”
segundo o historiador Luís Palacin. do Presidente da República Hermes da Fonseca (1910-1914) e
substituídos pela oligarquia dos Caiados, seus antigos aliados.

CRISE DAS CONSTITUIÇÕES


OS CAIADO (CAIADISMO/1912-30)

Constâncio Ribeiro da Maya (do clã Fleury) desenvolve política


anti- bulhônica e adia sucessivamente a reunião da A família Caiado governou Goiás de 1912-1930 período da
Constituinte estadual. República Velha, sendo um tempo marcado pela violência e
fraude, pois o voto eraaberto, manipulado, sendo chamado
Leopoldo de Bulhões reúne a constituinte e promulga a de voto de cabresto. Em Goiás, nadisputa do poder político
“Constituição dos Bulhões” em 01/06/1891. A constituinte é o Coronel reformado Eugênio Jardim, que por ser cunhado
dissolvida pelo 20º Batalhão e nova Constituinte éinstalada dos Caiados, dividiu com eles o mandonismo estadual. Após a
e promulgada nova Constituição em 01/12/1891. sua morte, Antônio Ramos Caiado (Totó Caiado) tornou-se o
verdadeiro chefe político de Goiás.
Após a queda de Deodoro a “Constituição dos Bulhões
f o i oficializada. Seus contemporâneos afirmam que dirigiu Goiás como se
fora umagrande fazenda de sua propriedade.
Interventor Braz Abrantes assume o poder
Somente foi afastado do poder quando o movimento
renovador de 30 tornou-se vitorioso. Em Goiás, seu grande
opositor foi o médico Pedro Ludovico Teixeira.
A REVOLUÇÃO DE 1909

A REVOLUÇÃO DE 1930 EM GOIÁS


Em 1901, José Xavier de Almeida foi eleito Presidente do
estado deGoiás com o apoio de Leopoldo de Bulhões, com o
qual rompeu logo em seguida, ensaiando a criação do que
alguns historiadores goianos chegaram a chamar de
“Xavierismo”, já que Xavier de Almeida conseguiu eleger seu
sucessor, Miguel da Rocha Lima, nas eleições de 1905, NOÇÕES GERAIS
derrotando o candidato dos Bulhões.
das Abóboras (Rio Verde), São Sebastião do Alemão
A Revolução de 1930, embora sem raízes próprias em (Palmeiras), Nazário, Catingueiro Grande (Itauçu), Inhumas,
Goiás, teve uma significação profunda para o Estado. É o Cerrado (Nerópolis), Ribeirão (Guapó), Santo Antônio das
marco de uma nova etapa histórica. Esta transformação Grimpas (Hidrolândia), Pindaibinha (Leopoldo de Bulhões),
não se operou imediatamente no campo social, mas no Vianópolis, Gameleira (Cristianópolis), Urutaí, Goiandira,
campo político. Não foi popular, nem sequer uma Ouvidor, Cumari, Nova Aurora, Boa Vista de Marzagão
revolução de minorias com objetivos sociais. A consciência (Marzagão), Cachoeira Alta, São Sebastião das Bananeiras
social não havia atingido tal ponto e faltava organização de (Goiatuba), Serrania (Mairipotaba), Água Fria (Caçu),
classe. Foi feita por grupos heterogêneos da classe Cachoeira da Fumaça (Cachoeira de Goiás), Santa Rita de
dominante descontente em Minas Gerais e Rio Grande do Sul, Goiás, BomJardim (Bom Jardim de Goiás) e Baliza.
de militantes tenentistas e das classes médias, sem uma
ideologia determinada e coerente, aglutinados por sua Dez novos municípios surgiram então: Planaltina, Orizona, Bela
repulsa à ordem política estabelecida na República Vista, Corumbaíba, Itumbiara, Mineiros, Anicuns, Trindade,
Oligárquica. Cristalina, Pires doRio, Caldas Novas e Buriti Alegre.

A Revolução não provocou muita mudança social, mas sem


dúvida trouxe uma renovação política, com transformações
profundas e decisivas no estilo de governo, que buscou ECONOMIA
decididamente o desenvolvimento. Ocorreu a construção
de Goiânia.

Chegada da Ferrovia Goiás


• 1913 – Goiandira, Ipameri e Catalão 1924 –
GOIÁS NO PERÍODO REPUBLICANO (1889...) Vianópolis
• 1930 – Silvânia
• 1931 – Leopoldo de Bulhões1935 – Anápolis
• Aumento da atividade agrícola (arroz, milho e feijão)
• Charqueadas (Catalão, Ipameri e Pires do Rio)

ESTRADA DE FERRO DINAMIZA POVOAMENTO DE GOIÁS

MOVIMENTOS DE CONTESTAÇÃO AO CORONELISMO

A construção da Estrada de Ferro foi o primeiro dinamismo


na urbanização de Goiás. Em 1896 a Estrada de Ferro
Mogiana chegou até Araguari (MG). Em 1909, os trilhos da 1919 – Revolta em São José do Duro (Cel. Abílio Wolney)
Paulista atingiram Barretos (SP). Em 1913 Goiás foi ligado à
Minas Gerais pela E.F. Goiás e pela Rede Mineira de Viação. A Revolta em São José do Duro, conhecida também
Inaugurava-se uma nova etapa na ocupação do Estado. como “Chacina do Duro ou Chacina dos Nove, que
aconteceu em 1918, na cidade de São José do Duro
O expressivo papel das ferrovias na intensificação do – atual região de Dianópolis - TO, foi um exemplo de
povoamento goiano ligou-se a duas ordens principais de combate ao coronelismo pelo Estado. Esse conflito
fatores: de um lado, facilitou o acesso dos produtos goianos iniciou-se depois da intervenção do juiz Celso
aos mercados do litoral; de outro, possibilitou a ocupação Calmon, enviado a mando do Deputado Brasil de
de vastas áreas da região Sul de Goiás, correspondendo à Ramos Caiado, para investigar uma suposta
efetiva ocupação agrícola de parte do território goiano. irregularidade no desenrolamento dos bens de
inventário de uma pessoa chamada Vicente Belém.
Entre 1888 e 1930, o adensamento e a expansão do
povoamento nas porções meridionais de Goiás (Sudeste, Sul e
Sudoeste) evidenciaram-se através da formação de diversos
povoados, como: Santana das Antas (Anápolis), Rio Verde
A Revolta aconteceu em 1918, na cidade de São José Nizinha – e Liberato Ayres Cavalcante. Fonte: Jornal Opção
20/01/2019.
do Duro – atual região de Dianópolis - TO, foi um
exemplo de combate ao coronelismo pelo Estado.
Esse conflito iniciou-se depois da intervenção do juiz
Celso Calmon, enviado a mando do Deputado Brasil O juiz não conseguiu seu objetivo e, dias depois, em
de Ramos Caiado, para investigar uma suposta 21 de dezembro de 1918, ordenou a prisão de sete
irregularidade no desenrolamento dos bens de membros da família do coronel. Em 23 de dezembro,
inventário de uma pessoa chamada Vicente Belém. eles foram procurados pelo oficial de justiça Justino
Pereira Bueno. Acompanhado de soldados, o oficial
executou a ordem de prisão. Cinco pessoas foram
detidas e Antônio Caboclo e Joaquim Ayres
Essa irregularidade no inventário foi provocada por
acabaram mortos. Segundo os policiais, eles
um integrante da família do coronel Abílio Wolney.
resistiram à prisão.
O juiz Celso Calmon saiu diretamente de Goiás, em
julho de 1918, na companhia de 68 soldados para
resolver a questão. Após uma viagem de três meses,
eles chegaram à cidade. Joaquim Ayres era pai de Abílio Wolney. O coronel
depois de saber do acontecimento envolvendo sua
família buscou cerca de 200 homens entre jagunços
e fazendeiros para atacar a vila de São José do Duro.
Os policiais, em contraproposta à medida tomada
por Wolney, prenderam mais seis integrantes da
família do coronel e os amarraram em um tronco
numa praça no centro da cidade, deflagrando o
conflito.

Coronel Abílio Wolney

O juiz, no início de dezembro daquele ano, foi até


a fazenda buracão, que era de propriedade dos
Wolney, para apreender os documentos do
inventário de Vicente Belém.

Praça em Dianópolis tem réplica de tronco onde homens foram


mortos — Foto: Pedro Barbosa/TV Anhanguera. Fonte G1
Goiás.

O juiz Celso Calmon, sabendo da violência que estava


ocorrendo, concluiu o processo sem achar uma
solução e voltou para Goiás na companhia de dez
soldados. Para os soldados que ficaram, a situação
tornou-se dramática, tanto que eles libertaram Ana
Custódia, a irmã de Abílio Wolney, para convencer o
Sobrado, antiga residência de Abílio Wolney, construído em 1902, local
onde os mártires foram sacrificados. Foi demolido em 1951, a pedido irmão a abortar o ataque em troca da liberação dos
dos familiares dos mortos. No local hoje está a casa do prefeito José demais reféns. Porém, o coronel não se comoveu
Salomão Ayres | Foto: Acervo da professora Anisiana Jacobina – com o pedido de sua irmã e decretou o ataque aos
policiais, que perdurou até o dia 18 de janeiro de iniciado na década de 1920 no distrito de Lagolândia,
1919. município de Pirenópolis, no estado de Goiás.

Os policiais, em menor número e acuados em meio


ao tiroteio, assassinaram quase todos os reféns e
começaram a fugir, alguns até se vestiram de mulher
para confundir os jagunços. No final das contas, o
processo do inventário não foi bem concluído e nove
integrantes da família Wolney morreram amarrados Retrato de Benedicta Cypriano Gomes, a Santa Dica
ao tronco.

Santa Dica é assim chamada porque ainda na


adolescência se tornou curandeira e logo depois
O juiz Celso Calmon foi condenado pelo Estado de
profetisa. Para a população local, as curas e profecias
Goiás a um ano de suspensão e mais pagamento de
de Dica eram acreditados como verdadeiros
multa devido à equivocada ordem de prisão dada aos
milagres.
membros da família do coronel. Os policiais que
sobreviveram foram detidos. Por outro lado, o
coronel Abílio Wolney continuou no poder até a sua Após suposta cura milagrosa de uma doença quando
morte aos 85 anos, em 1965. era criança, Santa Dica passou a reunir, em torno de
si, milhares de pessoas atraídas por suas bençãos e
curas milagrosas. Em pouco tempo, comandava
Essa revolta mostrou o choque político entre o legiões de adoradores que seguiam suas ordens com
Estado e os coronéis. Uma boa leitura para quem fiel devoção e em torno de sua casa formou-se um
quiser aprofundar mais sobre esse assunto é o livro povoado. Dica instituiu sistema de uso comum de
de literatura do escritor Bernardo Elis chamado “O solo e aboliu o uso genérico de dinheiro, fazia curas
tronco”, que relata os acontecimentos da Chacina milagrosas, rezava missas e dava conselhos.
dos Nove.
Pregava a igualdade, abolição de impostos, a
distribuição de terras. Para Dica a terra era de
propriedade do Criador e foi feita para todos. Em sua
fazenda não existiam cercas e todos os recursos,
oferendas e colheitas eram revertidos para a
comunidade. Com tal política chegou a reunir cerca
de 15.000 pessoas sendo 1.500 homens capacitados
para o uso das armas e aproximadamente 4.000
eleitores. Seu poder incomodava os coronéis da
região, que viam na Dica uma certa reprodução do
episódio de Canudos, com perdas de trabalhadores
e poder sobre a população.

Capa do livro “O tronco de Bernardo Élis” Porém a fama de Dica espalhou-se pelos sertões
atraindo mais e mais fiéis. Jornais goianos e mineiros
denunciavam como enganação a romaria fervorosa
e pediam providências ao governo contra os
1925 – Benedita Cypriana Gomes (Guerra da Santa Dica) fanáticos “diqueiros”.

Benedicta Cypriano Gomes (Lagolândia, Pirenópolis, Os adoradores da Santa Dica, armados, juravam
Goiás) foi a líder de um movimento social religioso
protegê-la contra qualquer tentativa de prisão. As O sistema coronelístico era a base da política dos
autoridades de Pirenópolis com a polícia municipal governadores. Os coronéis eram grandes latifundiários que
se declaram impotentes contra Dica e seus exerciam o poder local nos municípios brasileiros e
seguidores. Restou ao Governo Estadual, em março controlavam a população local através do “curral eleitoral”
de 1925, mandar um destacamento, cercar o local e e pelo “voto de cabresto”.
prender Dona Dica, iniciando uma grande ofensiva
das forças policiais contra ela e seus seguidores. Ao
final da operação policial, Santa Dica foi presa,
porém sua prisão durou apenas 6 meses, quando foi
libertada devido a pressão popular e principalmente
por falta de provas dos crimes que lhe foram
atribuídos.

Formou exército e foi patenteada com a insígnia de


cabo do exército brasileiro. Comandava tropa de 400
homens, que ficaram sendo conhecidos como "pés
com palha e pés sem palha", pelo motivo de que
sendo a tropa integrada por analfabetos,
confundiam esquerda com direita. Dica então teve a Cartum ironizando o voto de cabresto durante a Republica
ideia de amarrar um pedaço de palha em um dos pés Velha
para poder ensinar-lhes a marchar. Com uma tropa
de 400 homens, aliou-se às tropas estaduais Na República Velha, o resultado das eleições não
comandadas pelo governador Totó Caiado, representava a vontade popular – era a democracia sem
combatendo a Coluna Prestes e também impediu povo – pois a população dos municípios votava em quem o
que a Coluna ingressasse no Triângulo Mineiro. O coronel mandasse e não raramente eram convencidos a isso
exército dos "pés com palha e pés sem palha" através da violência.
participou da Revolução Constitucionalista de 1932
indo guerrear, com 150 homens, em São Paulo de As eleições geralmente eram fraudadas e os votos
onde voltou sem nenhuma baixa direcionados sempre garantiam a eleição ao candidato
governista, que chegava a receber mais de 90% do votos,
dependendo da influência do coronel que o apoiava.

O coronel trocava favores com as oligarquias estaduais, que,


por sua vez, dirigiam os votos para o presidente,
completando, dessa forma, a política dos governadores.
Assim, as famílias se perpetuavam no poder.

Santa Dica e os "pés com palha e pés sem palha"


MOVIMENTO TENENTISTA
Morreu Dica aos 9 de novembro de 1970 em Goiânia
e foi sepultada, conforme seu desejo, debaixo de
uma gameleira em frente à sua casa em Lagolândia.
Os tenentes, na verdade, o jovem oficialato, protestavam
contra o abandono em que se encontrava o exército,
1924-27 - Coluna Prestes (Tenentismo)
desaparelhado e sem recursos. O governo só lhes atribuía
missões humilhantes como depor oligarquias contrárias ao
poder central. Eram os jagunços do governo, no dizer deles.
A POLÍTICA DOS GOVERNADORES E O CORONELISMO
Esses jovens, devido a I Guerra Mundial, sofreram
influências nacionalistas e industrialistas. Eles queriam
moralizar a vida pública, acabar com a corrupção. Pregavam
o voto secreto e a reforma do ensino, mas achavam que o As pessoas possuíam um misto de admiração e temor pelos
povo “despreparado e ignorante” devia ser dirigido pelos tenentes. Isso se dava em função dos boatos espalhados
“mais capazes”. Eram ferrenhamente contrários as às pelos coronéis da oligarquia Caiado, que governavam Goiás
oligarquias estaduais que mantinham de pé a chamada na época. Eles diziam que ostenentes eram revoltosos cruéis,
política dos governadores. que não respeitavam mulheres solteiras nem casadas; que
eram ateus e comunistas, que queimavam igrejas, etc, etc... O
O objetivo declarado pelos tenentes para o seu movimento que não era verdade. A prova disso é que quando a Coluna
rebelde era percorrer o interior do país conscientizando Prestes passou por Porto Nacional os comandantes dos
as pessoas da necessidade de acabar com esse pacto rebeldes ficaram hospedados no convento das freiras
oligárquico. Para eles o pior entrave ao desenvolvimento dominicanas, onde até chegaram a imprimir um jornal, “O
nacional era o coronelismo, a base de sustentação da Política Libertador”, que na verdade continha um resumo do
dos Governadores. Portanto, eram ferrenhamente contrários manifesto da idéias tenentistas.
ao coronelismo.

A PASSAGEM DA COLUNA PRESTES POR GOIÁS


1ª. REVOLTA TENENTISTA – OS 18 DO FORTE OU
REVOLTA DO FORTE DE COPACABANA (05/07/1922)

A Coluna Prestes, considerada a terceira revolta tenentista,


começou a se formar em Santo Ângelo (RS) mas oficialmente
O objetivo era derrubar o Presidente Epitácio Pessoa nasceu em Alegrete(RS) onde se juntou com a Coluna Paulista,
A revolta foi brutalmente reprimida de onde partiu para percorrer mais de 25.000 km,
atravessando 11 estados brasileiros, depois de um ligeiro
Apenas dois tenentes sobreviveram: Eduardo Gomes e desvio pelo território paraguaio.
SiqueiraCampos

2ª. REVOLTA TENENTISTA – LEVANTE DE SÃO PAULO


(05/07/1924)

Em 05/07/1924, aniversário de 2 anos da primeira revolta,


novamente os tenentes pegaram em armas para derrubar o
governo, sob o comando do general Isidoro Dias Lopes, com
o apoio de Antônio Siqueira Campos e Juarez Távora e
conseguiram controlar a capital paulista por 23 dias.
Conseguiram o apoio de outros 5 estados: PE, RS, PA, AM e SE.
Mais uma vez as tropas federais bombardearam os quartéis Caminhos percorridos pela Coluna Prestes.
e os revoltosos paulistas fugiram para o Sul, onde se
juntaram ao grupo comandado pelo capitão Luís Carlos Nessas andanças a coluna atravessou o estado de Goiás,
Prestes, formando a famosa Coluna Prestes. entre setembro e outubro de 1925, passando por várias
cidades, dentre elas, Mineiros, Planaltina, Arraias,
Natividade, Porto Nacional, Tocantínia e Pedro Afonso,
desviando em seguida para o Maranhão. No retorno da
3ª. REVOLTA TENENTISTA – A COLUNA PRESTES (1924- coluna do nordeste em direção ao centro-oeste, via estado
1927) da Bahia, ainda passaram pelo município de Dianópolis, no
norte, atravessando até Mineiros, no sudoeste goiano, e se
embrenhando no Mato Grosso. 55. 10.5654/actageo2014.0004.0016.

Formada por um núcleo fixo de 300 militares, comandados CASAL, Aires do - "COROGRAFIA BRASILICA", Apud Bruno,
pelo capitão Luís Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança, Ernani Silva - op. cit., pg. 66). Revista Oeste, ano II,
em alguns momentos a coluna chegou a agregar em suas novembro de 1943, p.369, Goiânia: Ed. UCG, 1983. Ed. Fac-
fileiras mais de 1.500 homens. Travou mais de 100 similar.
combates com as tropas federais, que solicitaram até a ajuda
do cangaceiro Lampião, mas não foi derrotada. Também não CD do DOSSIÊ DE GOIÁS –2005.
conseguiu vencer as tropas governamentais. Dispersou depois
de dois anos e meio de lutas, já durante o governo de CHAUL, Nars Nagib Fayad. CAMINHOS DE GOIÁS: DA
Washington Luís. Esse foi o maior esforço militar CONSTRUÇÃO DA DECADÊNCIA AOS LIMITES DA
empreendido até então no Brasil para a derrubada de um MODERNIDADE. Goiânia: Ed. da UFG.
governo.
HENRIQUES, Raimundo Paulo Barros. O FUTURO
Os tenentes conseguiram parcialmente seu objetivo; AMEAÇADO DO CERRADO BRASILEIRO. Ciência Hoje, v. 33,
sensibilizar a população para a mudança. O movimento n. 195, jul. 2003.
tenentista preparou as bases para a revolução de 1930, que
acabaria com a República do Café-com-leite, dando início à LEITÃO, José Carlos. TOCANTINS: EU TAMBÉM CRIEI.
Era Vargas no Brasil. JLC/Brasil. Brasília (DF). 2000. www.ufg.com.br
www.ueg.com.br

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Árabes: sírios e libaneses (dispersaram pelo estado de Renata Kerllen; MALHEIROS, Roberto. ANÁLISES
Goiás – Goiânia, Anápolis, Catalão, dentre outras cidades), DE TIPOS DE RELEVO E SOLOS PROPÍCIOS À
Alemães (Colônia de Uvá – Cidade de Goiás) Italianos (Nova OCORRÊNCIA DE RHINODRILUS MOTUCU RIGHI
Veneza) EM MUNICÍPIOS GOIANOS SEGUNDO RELATOS
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