Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O Futuro Da Moda
O Futuro Da Moda
CONTEÚDO
Introdução
Novas gerações
Tendências
Moda Sustentável
Moda Tecnológica
Moda personalizada
Possíveis cenários para a moda do futuro
Posfácio
Glossário de termos
Bibliografia
Agradecimentos
O Futuro da Moda
Primeira edição, 2020.
Copyright © LEITE, Daniele.
Email: contato@danieleleite.com
Site: www.danieleleite.com
Capa: Daniele Leite
Foto da capa: Guilherme Estecanella
Publicação independente
CONTEÚDO
INTRODUÇÃO
POSFÁCIO
GLOSSÁRIO DE TERMOS
BIBLIOGRAFIA
SOBRE A AUTORA
AGRADECIMENTOS
Introdução
Estamos vivendo um período de mudanças profundas e disruptivas em que a
tecnologia digital fez com que as informações e as ideias se tornassem fluidas
e acessíveis, tornando o mundo acelerado e volátil, no qual velhos
paradigmas são abandonados dando lugar a novas formas de pensamento e a
novos comportamentos.
Essas mudanças também transformaram a forma como trabalhamos, nos
comunicamos e nos relacionamos. A maneira como compartilhamos ideias,
paixões e valores também mudou, afetando diretamente os nossos hábitos de
consumo, inclusive em relação à moda.
Nas décadas anteriores era aceitável ditar uma moda temporal, pautada na
obsolescência percebida, a fim de produzir de forma massificada e maximizar
o lucro, sem a menor preocupação com a poluição do meio ambiente e
exploração do trabalho de grupos vulneráveis.
Agora, há uma geração de indivíduos muito mais consciente, que valoriza e
clama por produtos eticamente elaborados, feitos com qualidade e
sustentáveis; que deseja saber quem fez e como foi produzido aquilo que
estão adquirindo.
No passado, a maior parte dos consumidores era aficionada por tendências e
marcas. Se uma bela modelo desfilasse usando um vestido feito com pele de
animal, logo, a demanda por esse tipo de roupa aumentaria. A informação
era unidirecional, partia de cima para baixo e um determinado padrão de
consumo era imposto.
Hoje, entretanto, os consumidores estão se tornando co-criadores e
microinfluenciadores da moda: através da internet há um diálogo em tempo
real com as empresas e suas opiniões fazem parte do processo de design.
Além disso, condutas não éticas por parte delas dificilmente permanecem
ocultas, pois nas redes sociais esse tipo de atitude é trazido à tona e
prontamente denunciado. O comportamento deles é influenciado não somente
pelas mudanças tecnológicas como também pelos problemas ambientais
causados por um modelo linear que já não funciona mais e ameaça o bem
estar da humanidade.
Quem são essas novas gerações que vão criar e consumir moda nos
próximos anos é o assunto do primeiro capítulo deste livro.
Já no segundo, veremos quais as tendências de hábitos de consumo e
modelos de negócios que permeiam esse cenário do futuro.
Os capítulos terceiro, quarto e quinto tratam da Moda Sustentável, Moda
Tecnológica e Moda Personalizada, respectivamente.
No último, a discussão gira em torno dos possíveis cenários para a moda no
futuro.
CAPÍTULO 1
Novas
gerações
Novas gerações
Tendências
Tendências
Moda
Sustentável
Moda Sustentável
Moda
Tecnológica
Moda Tecnológica
Impressão 3D
A impressão 3D já começou a ser utilizada no mercado da moda e promete
grandes transformações no setor, pois possibilita a customização em larga
escala e a produção sob demanda, o que significa redução do estoque e
menos desperdício.
Por enquanto, essa tecnologia é mais adequada para materiais duros e com
formas geométricas, de maneira que as impressões têm funcionado melhor
para a produção de acessórios (como joias, óculos, relógios) e calçados. Nike,
Adidas, Under Armour e New Balance são exemplos de marcas que já estão
utilizando essa tecnologia de prototipagem para imprimir calçados para
corrida e solas para chuteiras customizáveis.
Ainda que no momento tecidos impressos em 3D não se comportem da
mesma forma que um tecido têxtil, com mais flexibilidade e adaptabilidade à
forma do corpo, alguns designers inovadores estão conseguindo adaptar
novos materiais para a impressão 3D e criar coleções inteiras.
É o caso da estilista israelense Danit Peleg que desenvolveu uma coleção
de cinco peças produzidas inteiramente com uma impressora 3D caseira,
também temos a estilista canadense Stephania Stefanakou que fundou uma
startup para fazer roupas personalizadas impressas em 3D.
Grandes marcas também já estão inserindo peças impressas em 3D nas suas
criações, como a grife francesa Chanel e a italiana Versace. Profissionais
dessas indústria imaginam que futuramente a impressão 3D será usada junto
com os métodos tradicionais, resultando em criações que refletem o melhor
dos dois processos.
Inteligência Artificial e Big Data Analytics
A Inteligência Artificial (IA) e o Big Data Analytics estão transformando
praticamente todos os setores da economia e na indústria da moda não é
diferente. Aliadas a ferramentas de mídia social, essas duas tecnologias
podem agilizar o processo de design e prever com maior precisão a demanda
por produtos, permitindo assim um melhor planejamento da produção e a
redução do desperdício, que são ocasionados pelos níveis de estoque muito
altos e produtos obsoletos.
Através dessas tecnologias preditivas, cientistas de dados de empresas do
setor da moda coletam e cruzam informações da internet e dos seus próprios
banco de dados sobre o comportamento dos consumidores (preferências,
pesquisas, compras etc.), gerando insights importantes sobre tendências de
consumo e ter uma estimativa de quais itens serão mais vendidos antes
mesmo de serem produzidos. Para os negócios, a produção fica mais ágil e
assertiva; para os consumidores, as opções ficam mais personalizadas.
A marca brasileira Amaro, de moda feminina, é uma das que investe em
tecnologia de análise de dados em todos os seus processos, desde o design e
manufatura das peças até a definição de local para abertura de uma nova loja.
Dessa forma, a empresa consegue customizar seus produtos, prever o número
de peças que provavelmente será vendido em determinado período etc.
A startup americana TrueFit também utiliza big data e aprendizado de
máquina para customizar roupas e sapatos através de uma plataforma de
personalização, em que o cliente fornece especificações das peças que deseja
comprar. Algoritmos calculam forma e tamanho com base nessas
informações, recomendam um tamanho para cada roupa e sugerem outras
peças que porventura possam servir.
Pesquisadores do Facebook desenvolveram um sistema de inteligência
artificial chamado Fashion++, capaz de reconhecer vestuários e fazer
recomendações sobre quais elementos ajustar, colocar ou remover. Para fazer
essas sugestões a ferramenta utiliza um algoritmo de reconhecimento visual.
Apesar de ainda se tratar de uma pesquisa acadêmica, a ideia é que no futuro
ela seja utilizada por assistentes digitais a fim de fornecer conselhos pessoais
de estilo ou compras.
Robótica e Automação
No setor têxtil, faz algum tempo que os robôs vêm sendo utilizados para
automatizar processos como movimentar caixas nas prateleiras do estoque de
lojas. Mais recentemente, passaram a ser utilizados também na fabricação de
roupas.
A empresa norte americana SoftWear Automation desenvolveu máquinas
de costura automatizadas, apelidadas de Sewbots, que utilizam câmeras e
braços robóticos para cortar e costurar tecidos de maneira precisa e rápida.
Dessa forma, um trabalho que era exclusivo dos seres humanos, agora pode
ser executados por esses robôs que são capazes de substituir 17 trabalhadores
humanos e produzir 800 mil camisetas por dia.
Os Sewbots são utilizados pela empresa Tianyuan Garments Company
que produz peças para marcas como Adidas que inclusive também abriu a
Speedfactory, sua primeira fábrica de calçados controlada em grande parte
por robôs.
Essa fabricação automatizada, assim como a IA, também permitirá que as
empresas possam tornar os processos de produção mais rápidos, eficientes e
precisos, reduzindo os riscos de excesso de estoque de roupas, minimizando
assim o desperdício.
Outro papel importante da automação robótica é permitir a fabricação
personalizada em massa, impulsionando a produção sob demanda e levando
a maior customização, de maneira que futuramente, os clientes serão capazes
de personalizar suas roupas, calçados e acessórios para então serem
produzidos em fábricas automatizadas e entregues ao cliente em pouco
tempo.
A utilização de robôs inteligentes de compras nas lojas de roupa de varejo é
outra tendência, como é o caso do robô humanoide Pepper da empresa
Aldebaran, que pode executar uma grande variedade de tarefas e
desempenhar diversas funções como por exemplo, assistente de moda.
O robô Pepper é capaz de reconhecer emoções humanas e adaptar seu
comportamento de acordo com elas, além de acessar dados na internet. Assim
, ele pode atender aos gostos pessoais e pesquisar informações na rede como
o melhor preço de um produto, por exemplo.
Realidade Aumentada
Aos poucos, os recursos de Realidade Aumentada (RA) estão começando a
transformar a forma como as pessoas consomem moda, proporcionando uma
melhor experiência de compra e atendimento personalizado como por
exemplo, dar ao cliente a possibilidade de testar peças de roupas, fazendo
montagens e combinações.
As aplicações da RA na indústria da moda são várias: espelho digital ou
provador virtual (possibilita ao cliente visualizar uma peça em seu corpo em
uma tela, fazer combinações e trocar, tudo virtualmente); catálogos, vitrines e
lojas virtuais (lojas totalmente virtuais acessadas por aplicativos ou lojas
físicas com telas de RA simulando prateleiras) e customização das roupas (um
aplicativo de RA digitaliza as medidas do corpo e oferece peças precisas de
acordo com o biotipo da pessoa).
Entre as marcas que já utilizam RA para melhorar a experiência dos seus
clientes estão a Gucci, cujo aplicativo permite que seus clientes
experimentem de maneira virtual os tênis de luxo da marca e a Timberland
que em uma campanha de marketing, instalou uma tela onde os usuários
podiam visualizar a sua imagem com as roupas da marca e trocar de peças.
A empresa Trillenium desenvolveu um aplicativo de RA que permite ao
usuário andar por lojas virtuais, visualizando os produtos. Em 2018, a
Amazon registrou a patente de um espelho inteligente, onde o comprador
poderá experimentar roupas de forma virtual, antes de realizar a aquisição.
Wearables, Internet das Coisas e Scanners
Wearables (dispositivos vestíveis) são tecnologias ou computadores
incorporados em roupas e acessórios, equipados com sensores, microchips e
conectados à internet. Entre as principais funções desempenhadas por esses
dispositivos estão: monitoramento de funções fisiológicas e biofeedbacks;
rastreamento e segurança; comunicação e acesso a informações online;
melhoria do conforto e da experiência do usuário etc.
Designers em todo mundo já trabalham com tecidos inteligentes para criar
roupas multifuncionais e interativas, capazes de mudar de cor, regular a
temperatura e funcionar como touchscreen. A companhia chinesa Xiaomi
lançou uma jaqueta com controle de temperatura e totalmente à prova d’água;
e a empresa Sensoria produz peças para atividades físicas (camisetas, top
esportivo, meias) que registram e transmitem para um smartphone
informações como frequência cardíaca, calorias gastas e distância percorrida.
Acessórios smart como pulseiras fitness, visores de realidade aumentada,
relógios, óculos, joias e bonés inteligentes são outros tipos de dispositivos
vestíveis que já estão disponíveis no mercado. Samsung e Apple têm cada
uma os seus próprios modelos de smartbands e smartwatches. A Google já
havia lançado em 2012 o Google Glass - dispositivo semelhante aos óculos e
com várias funcionalidades; a Ford criou um boné inteligente para evitar que
motoristas durmam ao volante; e os anéis inteligentes da rRing da Project
Company têm funcionalidades como realizar pagamentos e abrir fechaduras
eletrônicas.
Através da Internet das Coisas (IoT) qualquer objeto pode se conectar com
outros objetos e/ou pessoas, incluindo os wearables, que interagem
diretamente com o corpo do usuário, possibilitando a conexão com diversos
outros aparelhos e compartilhando dados via Bluetooth ou Wi-Fi. Em breve,
vestuários feitos com e-textiles (tecidos eletrônicos) serão fabricados como
produtos digitais equipados com sensores e etiquetas (QR codes, NFC ou
RFID), permitindo que as pessoas possam verificar a origem do produto, seu
processo de manufatura e recebam informações personalizada etc.
Outra tecnologia que vem sendo cada vez mais utilizada no mundo da
moda é o scanner digital tridimensional (3D) que permite o reconhecimento
de formatos corporais e a padronização de sistemas de medidas, o que seria
uma das soluções para o problema da incompatibilidade entre os produtos de
vestuário e o corpo do consumidor final.
A empresa TG3D Studio sediada em Hong Kong, desenvolveu o
dispositivo Scanatic™, um scanner corporal infravermelho em forma de
vestiário, em que o usuário entra com seu smartphone, ativa o aplicativo e o
aparelho realiza as medições, enviando os dados diretamente para celular
dele. Além disso, a empresa armazenou detalhes de medições para uma
grande variedade de varejistas, incluindo Zara, H&M, Adidas e Nike, com o
objetivo de indicar exatamente qual tamanho o consumidor deve procurar
quando for comprar nessas lojas.
Em 2017, a Amazon adquiriu a empresa Body Labs, uma startup de
escaneamento corporal em 3D, com a intenção de melhorar o seu serviço
Prime Wardrobe, que envia aos clientes uma caixa com roupas para
experimentar e devolver os itens que não gostaram. A implementação dessa
tecnologia pode ajudar a Amazon a oferecer aos compradores roupas, sapatos
e acessórios que se encaixem melhor no seu gosto pessoal, possibilitando aos
clientes compras mais assertivas e ajudando a varejista a reduzir os retornos.
A empresa Bodi.me, também de escaneamento corporal 3D, trabalha com
marcas como Forever 21, Ralph Lauren, Empório Armani, Boss e
funciona criando um avatar 3D que ajuda os clientes a encontrarem roupas
perfeitamente ajustadas após a digitalização na loja. Outras empresas no
mesmo setor incluem Styku, Me-Alit e mPort, que lançaram cápsulas de
digitalização em 3D em shoppings da Austrália.
A empresa americana MTailor, de moda masculina, desenvolveu um
serviço de alfaiataria virtual através de um aplicativo que tira as medidas do
cliente com a câmera do celular e entrega a roupa customizada na casa da
pessoa.
Para utilizar adquirir o produto, o usuário deve baixar o aplicativo no
celular e gravar um vídeo, no qual ele deve aparecer de corpo inteiro com
roupas mais justas e dar algumas voltas em frente ao celular.
Em menos de 30 segundos, algoritmos de aprendizado de máquina realizam
as medições em 17 pontos diferentes do corpo que são 20% mais precisas do
que um alfaiate profissional.
Depois, o usuário pode escolher através de um catálogo os modelos de
roupa, tipo de tecido, a cor, estilo de gola, botões, cor da linha e outros
elementos da sua preferência e fazer o pedido.
A vantagem é que o cliente pode comprar peças já ajustadas às medidas do
corpo sem sair de casa, por um preço mais acessível e medições mais precisas
do que o serviço de alfaiataria.
É ideal para os homens que tem medidas fora do padrão e com dificuldade
para comprar roupas que lhes sirvam bem.
CAPÍTULO 5
Moda
Personalizada
Moda personalizada
Além disso, através das redes sociais, big data analytics e inteligência
artificial fica cada vez mais rápido para as empresas detectarem tendências e
produzirem vestuário sob demanda, conforme identificam a preferência dos
consumidores em determinado momento.
O papel dos profissionais da moda também está se adaptando aos avanços
tecnológicos e às mudanças no comportamento da sociedade. Graças às
mídias sociais, consumidores desempenham a função de
microinfluenciadores e a tendência é que se tornem cocriadores junto a
estilistas e designers de moda.
À medida que as plataformas digitais, mídias sociais e dispositivos
tecnológicos se tornem mais responsivos, esses profissionais precisarão de
empatia para compreender as necessidades e anseios dos consumidores - e
não o que eles ou a indústria da moda impõe.
Consultores de imagem e estilo são um bom exemplo disso. Eles estão
utilizando técnicas de Visagismo para descobrirem o que proporciona mais
harmonia à imagem pessoal de seus clientes, considerando o formato do rosto
e expressões. Os consultores também se utilizam de técnicas de Colorimetria
para investigar as cores que mais favorecem a beleza de cada um, que
amenizam imperfeições e se coadunam com suas personalidades. Dessa
forma, possibilitam que as pessoas expressem com mais acurácia o seu estilo
e sua identidade através da imagem, de acordo com os seus objetivos.
Inclusão e diversidade são valores que vêm sendo integrados à moda e tem
sido comum ver nas passarelas, modelos fora dos padrões convencionais -
plus size, idosos, portadores de deficiência, indígenas etc., assim como têm
crescido o número de influenciadores digitais de moda inclusiva - um termo
para a moda dedicada a pessoas portadoras de algum tipo de deficiência -
cujo principal objetivo é simplificar o ato de vestir, levando em conta as
especificidades de cada indivíduo, sem abrir mão do conforto, design e estilo.
Pequenos estilistas autorais também estão ganhando espaço no mercado,
pois produzem localmente e em pequena escala, criações com sua própria
identidade - em oposição ao fast fashion e seus produtos massificados - o que
tem um forte apelo principalmente entre as gerações mais jovens, da qual
fazem parte consumidores mais conscientes que apoiam questões como a
sustentabilidade, movimento slow fashion e a valorizam a autenticidade.
Outros fatores que podem contribuir fortemente para a valorização dos
estilistas autorais é qualidade das suas criações e o aumento do desejo por
vestimentas customizadas. Alguns estilistas e artesãos já trabalham nesse
modelo de negócio, produzindo peças, não para a grande público, mas para
nichos específicos.
O movimento Maker (ou a cultura do faça você mesmo) na moda,
associado à busca do estilo pessoal, está levando algumas pessoas pelo
mundo a criarem as suas próprias roupas tecnológicas e/ou sustentáveis.
Tudo isso, por meio de tutoriais na internet, que os auxiliam na construção
de wearables utilizando plataformas de componentes eletrônicos baseada em
código aberto como Arduino, BeagleBoard ou Raspberry Pi.
Há também tutoriais online para confecção de tecidos biológicos
(Biocouture), tingimento e estamparia de tecidos orgânicos utilizando
bactérias específicas para produzir pigmentos naturais e para Upcycling
(criação de novas modelagens, recortes, formas de costurar) para
confeccionar roupas, bolsas, acessórios.
CAPÍTULO 6
Possíveis
cenários
para a moda
no futuro
Possíveis cenários para a moda do futuro
Atendência para a indústria da moda é que a tecnologia faça com que sua
cadeia produtiva se torne cada vez mais digitalizada e descentralizada,
eliminando a necessidade de ocupar espaço físico com estoques e reduzindo o
deslocamento com transporte de materiais, que inclusive serão mais
ecológicos, tornando todo o processo altamente sustentável.
A distinção entre lojas físicas e on-line tende a desaparecer, com aquelas
passando a funcionar como uma vitrine, com foco em proporcionar
experiências imersivas, cada vez mais interativas e envolventes, através de
assistentes robóticos e humanos, especializados em tornar a vida das pessoas
mais fácil e prazerosa, assim como a utilização de scanner corporal para tirar
as medidas e realidade aumentada para experimentar vestimentas de forma
virtual, tudo através de aplicativos.
As lojas, além de funcionarem como vitrines, terão os eventos
(movimentação, saída de produtos etc) monitorados e capturados por meio da
internet das coisas e analisados por inteligência artificial para aprimorar a
experiência do consumidor. Além disso, será comum o conceito de lojas
temporárias, utilizadas para promover produtos e reforçar marcas.
A maneira como as pessoas farão as suas compras também será diferente,
mas é complexo afirmar qual será exatamente o comportamento dos
consumidores no futuro, já que a conduta deles não é mais linear, uma vez
que realizam diferentes jornadas de compras.
A tendência é que as lojas físicas sejam reconfiguradas como centros de
fabricação e distribuição, equipadas com máquinas automatizadas e robôs
assistentes de venda que oferecerão informações sobre produto disponíveis
dentro da loja física ou virtual e sugestões de moda.
Conforme o tempo avança, todo processo tende a se tornar cada vez mais
tecnológico. Segundo futuristas, é provável que por volta de 2050, em grande
parte das cidades, as redes de fast fashion sejam substituídas por minifábricas
automatizadas onde os clientes poderão personalizar roupas, calçados e
acessórios (escolhendo variados tipos de materiais) que serão produzidos no
próprio local através de uma impressora 3D.
As tecnologias de GPS, IoT e Big Data tornarão todos os envios rastreáveis
em tempo real por fabricantes, fornecedores e clientes, desde o momento da
compra até a entrega e o Blockchain aumentará a eficiência nas transações,
eliminando a necessidade de intermediários, e reduzindo a falsificação de
produtos.
Os centros de distribuição tenderão a funcionar em pequenos depósitos
automatizados instalados em espaços urbanos e acessíveis, aproximando os
clientes e os locais de produção, diminuindo assim a necessidade de
transporte. Tais centros também serão integrados com veículos e drones
autônomos que farão a entrega de produtos comprados online ou na própria
loja.
BioCouture - Projeto liderado pela designer Suzanne Lee que utiliza celulose
bacteriana (obtido através de uma cultura com leveduras, chá verde e açúcar)
para produzir um tecido que imita o couro animal.
CUNHA, Renato. O robô Pepper pode ser o assistente de moda ideal nas
lojas do futuro, Stylourbano, 2017.Disponível em:
<https://www.stylourbano.com.br/o-robo-pepper-pode-ser-o-assistente-de-
moda-ideal-nas-lojas-do-futuro/>. Acesso em:09 abril.2020.
MOREIRA, Eduardo. Adidas tem robô costureiro que produz 800 mil
camisetas por dia. Targethd, 2017.Disponível em:
<https://www.targethd.net/adidas-tem-robo-costureiro-que-produz-800-mil-
camisetas-por-dia/>.Acesso em:08 abril.2020.
Sobre a autora
Daniele Leite de Morais é escritora, professora e consultora de imagem
e estilo.
Ernest Hemingway