Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Livro - Mecânica Dos Fluidos
Livro - Mecânica Dos Fluidos
A mecânica dos fluidos é a parte da Física que estuda o comportamento dos fluidos e
suas leis, se fazendo presente no cotidiano e em diversos ramos da Engenharia. Estas
leis são observadas no escoamento de fluidos, nos esforços em barragens, nas máqui-
nas hidráulicas, na aerodinâmica, na ventilação e em outras utilidades.
A partir desta unidade, o aluno compreenderá os conceitos sobre sistemas e conver-
são de unidades, definição de fluidos, tipos de escoamento, número de Reynolds e
perdas de cargas, dentre outras leis que regem a mecânica dos fluidos e que servem
para um melhor aproveitamento nas suas várias funcionalidades.
Logo, é fundamental para a formação de todas as pessoas que querem trabalhar com
Engenharia entender os conceitos, a aplicação e as características dos fluidos, já que
é um tanto evidente perceber que, na prática, isto é algo crucial para quem quer tra-
balhar na área.
DADOS DO FORNECEDOR
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal.
ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da
área de conhecimento trabalhada.
Sistemas de unidades.......................................................................................................... 13
Sistema CGS...................................................................................................................... 14
Sistema MKS..................................................................................................................... 14
Sistema SI.......................................................................................................................... 15
Definição de fluidos.............................................................................................................. 25
Propriedade dos fluidos.................................................................................................. 26
Reologia dos fluidos......................................................................................................... 27
Lei de Newton: viscosidade absoluta ou dinâmica.................................................... 27
Sintetizando............................................................................................................................ 32
Referências bibliográficas.................................................................................................. 33
Sintetizando............................................................................................................................ 56
Referências bibliográficas.................................................................................................. 57
Navier-Stokes........................................................................................................................ 78
Equação de Navier-Stokes ............................................................................................ 78
Aplicações da equação de Navier-Stokes................................................................... 80
Sintetizando............................................................................................................................ 85
Referências bibliográficas.................................................................................................. 86
Perdas de carga..................................................................................................................... 96
Conceito de perdas de carga......................................................................................... 97
Classificação das perdas de carga............................................................................... 98
Perda de carga distribuída............................................................................................. 99
Experiência de Nikuradse............................................................................................. 103
Condutos industriais...................................................................................................... 105
Perdas de carga localizadas........................................................................................ 105
Sintetizando.......................................................................................................................... 112
Referências bibliográficas................................................................................................ 113
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7893331274938326
Ao meu marido Daniel Silas e aos meus familiares, dos quais tive que me
despojar de tempo de convívio para a composição deste trabalho.
1 INTRODUÇÃO,
DEFINIÇÃO E
CONCEITOS
FUNDAMENTAIS
DOS FLUIDOS
Tópicos de estudo
Sistemas de unidades Definição de fluidos
Sistema CGS Propriedade dos fluidos
Sistema MKS Reologia dos fluidos
Sistema SI Lei de Newton: viscosidade
absoluta ou dinâmica
Estática dos fluidos
Teorema de Stevin Cinemática e dinâmica dos
Lei de Pascal fluidos
Variação da pressão com a Regime ou movimento variado
posição em fluidos compressíveis e permanente
e incompressíveis Escoamento laminar e turbulento
Carga de pressão
Escalas de pressão e unidades
de pressão
Medidores de pressão
Equação manométrica
Sistema CGS
No sistema CGS de unidades de tipologia LMT (comprimento, massa, tem-
po), as unidades base são centímetro, grama e segundo, como se nota na Tabe-
la 1. Na quarta coluna, as unidades CGS são convertidas para unidades em SI.
Por exemplo, 1 cm no sistema CGS equivale a 10 -2 m no sistema SI.
Tempo Segundo s 1s
Sistema MKS
No sistema MKS, as unidades base são metro, quilograma e segundo. Na
Tabela 2, há a conversão das unidades MKS para as unidades em CGS e SI.
Por exemplo, 1 m no sistema MKS equivale a 102 cm no sistema CGS e a 1 m
no sistema SI.
Tempo Segundo s
Sistema SI
Unidades de base do SI
Na atualidade, o SI possui sete unidades de referência para todas as unida-
des do Sistema Internacional. As acepções de cada grandeza, aprovadas pela
CGPM, estão descritas na Tabela 3.
CURIOSIDADE
Na indicação para as grandezas, os símbolos são em itálico, com letras
simples dos alfabetos grego ou latino, e são recomendações. Para as
unidades, os símbolos indicados são obrigatórios.
Massa m Quilograma kg
Temperatura
T Kelvin K
termodinâmica
Quantidade
n Mol mol
de substância
Intensidade
Iv Candela cd
luminosa
Fonte: Inmetro, [s.d.].
Metro elevado à
Número de ondas σ m-1
potência menos um
Quilograma por
Densidade superficial ρA kg/m²
metro quadrado
Metro cúbico
Volume específico vA m³/kg
por quilograma
Concentração
de quantidade C Mol por metro cúbico mol/m³
de substância
Concentração Quilograma
ρ, ɣ kg/m³
mássica por metro cúbico
Candela por
Luminância Lv cd/m²
metro quadrado
Índice de refração n Um 1
Permeabilidade
µr Um 1
relativa
Fonte: Inmetro, [s.d.].
Teorema de Stevin
O teorema de Stevin é um princípio físico, criado pelo matemático, físico e
engenheiro Simon Stevin (1548–1620), que relaciona a variação das pressões
atmosféricas e a dos líquidos. De acordo com ele, e segundo o exposto no livro
Mecânica dos fluidos, escrito por Franco Brunetti e publicado em 2008, a dife-
rença de pressão entre dois pontos de um fluido em repouso é igual ao produto
do peso específico do fluido pela diferença de cotas dos dois pontos.
Ao considerar todas as forças atuantes em um prisma ideal no interior de
um líquido em repouso, é preciso ter a vertical como no Diagrama 1, retirado do
livro Manual de hidráulica, escrito por Azevedo Neto em 2015.
p1 . A
h
y.h.A
x
F
p2 . A
z
Fonte: NETO, 2015, p. 39. (Adaptado).
∑Fy = 0
Portanto:
(p1 . A) + (ɣ . h . A) – (p2 . A) = 0
Em que ɣ é o peso específico do líquido. Sendo assim, simplificando a equação:
p – p = ɣ .h 2 1
Lei de Pascal
A lei ou princípio de Pascal foi produzida pelo físico e matemático francês
Blaise Pascal (1623–1662). A lei está presente em dispositivos que transmi-
tem e ampliam uma força através da pressão em um fluido; alguns exemplos
são prensas hidráulicas, freios hidráulicos, sistemas de amortecedores e ele-
vadores hidráulicos.
100 N
1 1 2
2 A = 5 cm²
3 3
4 4
(a) (b)
Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 21. (Adaptado).
Em que:
ρ = massa específica;
p = pressão absoluta;
R = constante cujo valor depende do gás;
T = temperatura absoluta (escala absoluta é a escala Kelvin e K = °C + 273).
Para o ar, R ≅ 287 m²/s² K.
Na mudança do estado de um processo, a equação básica é:
p1 p2 T
= 1
ρ2 ρ1 T2
Carga de pressão
Conforme teorema de Stevin, pressão e altura mantêm uma relação cons-
tante para um mesmo fluido. Na carga de pressão, a altura h é multiplicada
pelo peso específico do fluido:
p = h.ɣ
Medidores de pressão
Os tipos de medidores de pressão são:
Barômetro: a pressão atmosférica é medida pelo barômetro, que utiliza mer-
cúrio, dado que seu peso específico é elevado para desenvolver um pequeno h;
DICA
Como a pressão atmosférica padrão é muito utilizada, é importante saber
que: Patm = 760 mmHg = 10.330 kgf/m² = 101,3 kPa.
A A h2
h1
Fluido manométrico
(a) (b)
Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 27. (Adaptado).
DIAGRAMA 4. MANÔMETRO
ɣA
PA
ɣB
PB
h1
ɣM h4
h3
h2
PA ɣ1 ɣ4
ɣ6
PB
h6
h1
h4
h3
h5
h2 ɣ3
ɣ5
ɣ2
PA
PB
+ h1 - h6
+ h4
- h3 - h5
+ h2
Definição de fluidos
Como dito antes, o fluido é uma substância sem forma própria, capaz de
se moldar a um recipiente. Na comparação de fluido com o sólido, percebe-se
que estes últimos são mais flexíveis, como visto no Diagrama 6, extraído do
livro de Brunetti.
Superfície livre
Fluidos
Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 1. (Adaptado).
Em que:
m = massa;
V = volume.
E as unidades são:
Sistema SI: ρ = kg/m³;
Sistema MKS: ρ = utm/m³;
Sistema CGS: ρ = g/cm³.
Peso específico (ɣ) – peso de fluido por unidade de volume:
G
ɣ= V
Em que:
G = peso;
V = volume.
E as unidades são:
EXPLICANDO
Viscosidade é a propriedade que indica uma maior ou a menor dificuldade
de escoamento do fluido.
NC
(1) NC = nível constante
(2)
NC t1
t2 Nível variado
Reservatório de grandes (regime variado)
dimensões (regime t3
permanente)
t1
(a) (b) t3
t2
Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 67. (Adaptado).
(2)
(1)
(1) Água
(2) Líquido colorido
(3) Tubo de vidro (diâmetro D)
(4) Filete de líquido colorido
(5) Válvula para regulagem da velocidade (v)
(3)
(4)
(5)
Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 68. (Adaptado).
ASSISTA
No vídeo Experimento de Reynolds, é possível ver melhor
os processos de escoamento aqui relatados, sintetizan-
do bem como se dá o experimento de Reynolds, de uma
maneira bastante prática.
2 BALANÇO GLOBAL
DE MASSA E ENERGIA,
ENERGIA MECÂNICA
E QUANTIDADE DE
MOVIMENTO
Tópicos de estudo
Balanço global de massa e Balanço global de quantidade
energia e balanço de energia de movimento
mecânica Equação da quantidade de
Vazão: velocidade média da movimento
seção Forças atuantes em superfícies
Equação da continuidade para sólidas em movimento
regime permanente Diversas entradas e saídas em
Tipos de energias mecânicas regime permanente
associadas a um fluido
Equação de Bernoulli
Equação da energia e presença
de uma máquina
Potência da máquina
Teorema de Torricelli
A
γ
t=0
S t
Figura 1. Fluido em movimento em uma seção de área A. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 72. (Adaptado).
Q = V = sA
t t
Considerando-se que s = v.
t
Onde s é o espaço (m), v é a velocidade (m/s) e t é o tempo (s). Logo, a vazão
será:
Q = vA
dA
Figura 2. Definição da velocidade média na seção. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 73. (Adaptado).
Q= ∫A
v dA
Q= ∫ A
v dA = vmA
vm =
1
A ∫ A
v dA
Qm2
A2
m
A1
Qm1
Figura 3. Escoamento de um fluido por um tubo de corrente. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 75. (Adaptado).
CG
z G = mg
PHR
Ec = - mv
2
2
Já energia de pressão (Epr) corresponde ao trabalho potencial das forças de
pressão que atuam no escoamento do fluido. Agora, examine a Figura 5, que
ilustra um tubo de corrente.
dt
p dV
A
F = pA
E = mgz + mv +
2
2
∫ v
pdV
Equação de Bernoulli
A equação de Bernoulli descreve o comportamento de um fluido em movi-
mento no interior de um tubo. Essa equação decorre da aplicação da equação
de Euler aos fluidos sujeitos à ação da gravidade em regime permanente.
CURIOSIDADE
Daniel Bernoulli (1700–1782) foi um matemático suíço e é lembrado princi-
palmente por suas aplicações da Matemática à Mecânica, especialmente
no que diz respeito à Mecânica dos Fluidos.
A 1 A ’1
ds1 A2
A ’2
ds2
Z1 Z2
Plano de referência
Figura 6. Líquido com peso específico ɣ escoando em tubo de corrente. Fonte: NETO, 2015, p. 64. (Adaptado).
Ec = 1 ⋅ m2 ⋅ v22 - 1 ⋅ m1 ⋅ v12 = mv
2
2 2 2
1 ⋅ ɣ 2 2
⋅ V ⋅ (v2 - v1) = V ⋅ (p1 - p2) + ɣ ⋅ V ⋅ (Z1 - Z2)
2 g
Logo:
2 2
v1 p1 v p2
- + Z1 = 2 + + Z2 = constante
2g ɣ 2g ɣ
Esta é a equação de Bernoulli, uma vez que permite relacionar cotas, ve-
locidades e pressões entre duas seções do escoamento do fluido. Isto ocorre
porque o teorema de Bernoulli expressa o princípio da conservação da energia.
Em relação ao significado dos termos da equação de Bernoulli, tem-se:
mgz E
z= = p = energia potencial por unidade de peso ou energia potencial
mg G
de uma partícula de peso unitário.
v2 = mv2 = mv2 = Ec
2g 2mg 2G G = energia cinética por unidade de peso ou energia
cinética de uma partícula de peso unitário.
p pV pV E
= = = pr = energia de pressão por unidade de peso ou ener-
ɣ ɣV G G
gia de pressão da partícula de peso unitário.
Nota-se então que a equação expressa que, ao penetrar uma partícula de peso
unitário associada às energias de entrada, uma partícula de peso unitário associada
às energias de saída deverá sair, mantendo, assim, a energia constante no volume
entre a entrada e saída.
p
Ademais, é possível perceber que a carga de pressão foi definida como h = ɣ .
Sendo assim, a energia de pressão por unidade de peso é a própria carga de pressão.
Logo, z é a carga potencial e v² / 2g é a carga da velocidade ou carga cinética.
Substituindo-se a palavra "carga" pela expressão "energia por unidade de peso”
obtém-se:
H= v2 = p + z
2g ɣ em que H é a energia total por unidade de peso em
uma seção. Sendo assim, a equação de Bernoulli pode ser escrita simboli-
camente por:
H1 = H2
(2)
(1)
M
H2
H1
Figura 7. Máquina entre as seções do tubo de corrente. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 91. (Adaptado).
2 2
v1 p v p
+ 1 + Z1 + HM = 2 + 2 + Z
2g ɣ 2g ɣ 2
Potência da máquina
Define-se potência como trabalho por unidade de tempo, sendo
o trabalho uma energia mecânica. Logo, potência consiste em qual-
quer energia mecânica por unidade de tempo e é representada pelo
símbolo N. Sendo assim:
energia mecânica
N=
tempo
Ou:
energia mecânica peso
N= ⋅
peso tempo
Define-se energia por unidade de peso como carga, e peso por unidade de
tempo como a vazão em peso:
N = carga ⋅ QG
Ou:
N = ɣQ ⋅ carga
Sendo assim, para calcular a potência referente ao fluido, tem-se:
N = ɣQH
B
Perdas
NB Potência da bomba
Eixo da bomba ou disponível no
eixo da bomba
Motor
Gerador
Figura 8. Potência de uma bomba e de uma turbina. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 93. (Adaptado).
EXPLICANDO
O rendimento de uma turbina é definido como a relação entre a potência
da turbina e a potência cedida pelo fluido.
Teorema de Torricelli
Evangelista Torricelli (1608–1647) foi um matemático e físico italiano,
que contribuiu para as áreas de Matemática, Física, Mecânica, Hidráulica,
Astronomia e Arquitetura. Torricelli frequentou os cursos de Matemática
e Filosofia na escola jesuíta, onde destacou-se com seus conhecimentos
matemáticos. Com a finalidade de aprimorar os seus conhecimentos, foi a
Roma para estudar na escola dirigida por Benedetto Castelli, um excelen-
te matemático e engenheiro hidráulico e grande amigo de Galileu Galilei.
Castelli reconheceu Torricelli por sua genialidade na Matemática convidan-
do-o para ser o seu secretário.
Em 1641, Torricelli fi xou residência na casa de Galileu para ser o seu as-
sistente. Em 1642, Galileu faleceu e, em seu lugar, o Grande Duque Ferdi-
nando II da Toscana o nomeou matemático e filósofo. Torricelli permane-
ceu na Florença, morando no palácio Médici até a sua morte, com inúmeras
contribuições para a ciência e muitas outras contribuições aos matemáticos
durante seus estudos em mecânica.
Para a Mecânica dos Fluidos, o teorema de Torricelli estuda o fl uxo de
determinado líquido contido em um recipiente, ou seja, ao depositar certo
líquido em um recipiente, o líquido sairá por um pequeno orifício localizado
na parte inferior do recipiente devido à ação da gravidade.
A N.A.
B
N.A. pa
h A2, v2, p2
1 (Vena contracta)
Q a
2
Q
A1, v1, p1 A b
(no orifício)
Corte BB Vista AA B
v22
Z1 - Z2 =
2g
A2 v2
θ2
F = Qm Δv (2’)
(2)
dm2
dt
v2
-v1
A1
(1’) Δv
v1 (1)
θ1 dm1
Figura 10. Variação da quantidade de movimento. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 122. (Adaptado).
n2
nlat plat
-p2A2n2
(2)
t
(1) dAlat
n1
-p1A1n1 G
Figura 11. Forças componentes da resultante. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 123. (Adaptado).
Conforme ilustra a Figura 11, o fluido entre as seções (1) e (2) está sujeito a
forças de contato normais, tangenciais e à força de campo causada pelo campo
→
de gravidade G. As forças relacionadas às pressões nessas seções são p1A1 e
p2 A 2, em módulo. Já as forças que agem no fluido nas seções são:
F’S n2
(2)
-p2A2n2
(1)
n1
G
-p1A1n1
Figura 12. Força resultante que age no fluido entre as seções. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 123. (Adaptado).
Logo:
→ → → → →
F = F's + (-p1A1n1) + (-p2 A 2n2) + G
Ou:
→ → → → → →
Qm(v2 - v1) = F's - p1A1n1 - p2 A 2n2 + G
Utiliza-se essa equação em casos nos quais o fluido está em contato com
uma superfície sólida na superfície lateral entre (1) e (2). Na prática, é de inte-
resse determinar a força que o fluido aplica na superfície sólida com a qual está
em contato entre as seções (1) e (2).
Sendo que F's representa a força resultante da superfície sólida no fluido,
então, pela terceira lei de Newton ou princípio da ação e reação, a força F's será:
→ →
Fs = -F's
Substituindo os valores na equação, tem-se:
→ → → → → →
Fs = -[p1A1n1 + p2 A 2n2 + Qm(v2 - v1)] + G
u2
A1
vlabs u1 (2)
(1) vs
Inercial
Sabe-se que:
→ → →
vabs = u + vs
→ →
Onde vabs é a velocidade absoluta em relação ao sistema inercial; vs é a velo-
cidade de arrastamento ou velocidade da origem do sistema de referência fixo
→
na superfície sólida; e u é a velocidade relativa ou velocidade em relação ao
sistema de referência móvel.
A vazão do jato lançada pelo bocal será:
Qm = ρA1v1
A superfície sólida, por conta do movimento, não é atingida por essa vazão.
Portanto, considera-se uma vazão aparente, sendo:
Qm = ρA1 (vabs - vs) = ρA1u1
ap 1
Para o caso do movimento relativo, tem-se:
→ → →
Fs = Qm (u1 - u2)
ap
(1s) v1s
(1e)
p1s
(p1e) v1s
(2e) (2s)
p2e v2s
v2s p2s
vn pn s
e
(ne)
pn (ns)
e
vn s
Figura 14. Sistema genérico com diversas entradas e saídas. Fonte: BRUNETTI, 2008, 130. (Adaptado).
h ~= 0 B
v1
(1)
60O
v3
B
60O
(2)
v2 x
Figura 15. Barco: sistema de propulsão. Fonte: BRUNETTI, 2008, 131. (Adaptado).
Como a força de propulsão deu negativa, indica que foi adotado o sentido
contrário ao eixo x.
3 BALANÇO
DIFERENCIAL
DE MASSAS,
QUANTIDADE DE
MOVIMENTO E
EQUAÇÃO DE
NAVIER-STOKES
Tópicos de estudo
Balanço diferencial de massas Navier-Stokes
e quantidade de movimento Equação de Navier-Stokes
Sistemas de coordenadas Aplicações da equação de
Cinemática da partícula: coor- Navier-Stokes
denadas cartesianas
Coordenadas cilíndricas
Linha de corrente
Variação das grandezas
Movimento de uma partícula
fluida
Dilatação volumétrica
Equação da continuidade na
forma diferencial
Equação fundamental do
movimento de uma partícula de
fluido ideal
Sistemas de coordenadas
Utiliza-se o sistema de coordenadas no plano cartesiano para especificar
pontos num determinado espaço com dimensões.
m
Δm
Δm
P
V
Δm0
ΔV
ΔV0 ΔV
Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 275. (Adaptado).
Δm
ρm =
ΔV
lim Δm ≅ ΔVlim Δm dm
ΔV → ΔV0 → ΔV =
ΔV ΔV dV
0
EXPLICANDO
Trajetória é o lugar geométrico dos pontos ocupados por uma partícula
com o passar do tempo.
dP dyey
dxex
ez r + dr P
r
ex
O ey y
x
Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 276.
→ → → →
r = P – 0 = xex + yey + zez = vetor posição
→ → → →
dr = dP = d(P – 0) = dxex + dyey + dzez = deslocamento elementar
→ dP d(P – 0) dx → dy → dz → → → →
v= = = ex + ey + e = vxex + vyey + vzez
dt dt dt dt dt z
Portanto:
dx
vx =
dt
dy
vy =
dt
dz
vz =
dt
→
→ d²P dv dvx → dvy → dvz → d²x → d²y → d²z → → → →
a= = = e + e + e = e + e + e = axex + ayey + azez
dt² dt dt x dt y dt z dt² x dt² y dt² z
Logo:
dvx d²x
ax= =
dt dt²
dvy d²y
ay= =
dt dt²
dvz d²z
az= =
dt dt²
Coordenadas cilíndricas
Utiliza-se o sistema de coordenadas cilíndricas para simplificar os estudos
sobre integração múltipla. O sistema é composto por um subsistema polar na
base de um cilindro circular.
z
P1
P dz
dr
rd0
z
O
ez e0
O r
M er
x
Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 277.
→ dP dr → dθ → dz → → → →
v= = e +r e + e = vrer + vθeθ + vzez
dt dt r dt θ dt z
Portanto:
dr
vr =
dt
dθ
vθ = r
dt
dz
vz =
dt
→ dv
a =
dt
Sendo assim:
dvr v²θ
ar= =
dt r
dvθ vrvθ
aθ= =
dt r
dvz d²z
az= =
dt dt²
Linha de corrente
Linha de corrente é a linha tangente aos vetores da velocidade nos pontos
de aplicação, num certo instante, representada pela expressão:
→
dP Λ v = 0
→ → →
dP = dxex + dyey + dzez
→ → → →
v = vxex + vyey + vzez
→ → →
ex ey ez
→ →
dP Λ v = dx dy dz = (vz dy – vydz) ex + (vxdz – vzdx) e→y + (vydx – vxdy) e→z
vx vy vz
Portanto:
dy dz
vzdy – vydz = 0 → =
vy vz
dx dz
vxdz – vzdx = 0 → =
vx vz
dx dz
vydx – vxdy = 0 → =
vx vy
CURIOSIDADE
Joseph Louis Lagrange (1736-1813) foi um matemático italiano que desen-
volveu o método de Lagrange. Esse método permite encontrar máximos e
mínimos de uma função de uma ou mais variáveis.
z
A (xA, yA, zA, t0)
P (x, y, z, t)
rA rP
0
y
X
z
P1 (x1, y1, z1)
Instante t1
r1 r2
x
Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 281.
∂vx
vx + dy
∂y
∂vy
vy + dy
∂y
dy
∂vy
vy + dx
∂x
vy dx
x
vx ∂vx
vx + dx
∂x
Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 284.
дvx
= taxa de variação de vx na direção de x
дx
дvy
= taxa de variação de vy na direção de y
дy
дvy
= taxa de variação de vy na direção de x
дx
Vxdt
Vydt
Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 284.
∂vy
dydt
∂y
y
∂vx
dxdt
∂X
∂Vx
y ∂y
dydt
dβ
∂Vy
dxdt
∂x
dα
x
Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 285.
дvy
da = dt
дx
дvx
dβ = dt
дx
дvy дvx
da – dβ = + dt
дx дy
A rotação será:
∂vx
y dydt
∂y
dβ
∂vy
dxdt
∂x
dα
x
Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 285.
da + dβ 1
1
=
2 ( дvy
дx
–
дvx
дy ) dt
Ω =
2 (
1 дvy
дx
–
дvx
дy )
Dilatação volumétrica
O termo 𝜕v x / 𝜕x refere-se à deformação linear na direção de x, e 𝜕v y / 𝜕y e 𝜕vz
/ 𝜕z refere-se respectivamente à direção de y e de z.
y y
dx δx
∂vx
Vx vx + dx
∂x
x x
dx dx (1 + δx)
Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 286.
Logo:
dvx δx dvx
δx = dt e =
dx dt dx
t + dt
z t
dz (1 + δz)
dz
dV
dV0
dy dy (1 + δy)
dx
dx (1 + δx)
y
x
Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 287.
Δ = δx + δy + δ z
ou:
Δ dvx dvy dvy → →
= + + ∇ x v = div v
dt dx dy dz
→
Conclui-se que div v pode ser interpretado como a velocidade de dilatação
volumétrica.
z dt
dm = ρdV
dm = (ρ + dρ) dV (1 + Δ)
y
x
Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 287.
Logo, considera-se:
ρdV = (ρ + dρ)dV(1 + Δ)
ρ = ρ + ρΔ + dρ + dρ Δ
dρ ∆
+ρ =0
dt dt
Sendo assim:
dρ →
+ ρ div v = 0
dt
→ → →
div ρv = ρ div v + v · grad ρ
Substituindo a equação:
dρ → →
+ ρ div v – v · grad ρ = 0
dt
Pela equação:
dρ dρ dρ →
= + v · ∇ρ = + v · grad ρ
dt dt dt
Temos:
dρ →
+ div ρv = 0
dt
adm
fdm
Figura 1. Equação de Euler. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 289.
→
A Figura 1 ilustra as forças de campo indicadas por f dm, ou para o campo
→
da gravidade indicadas por g dm. A força de pressão em um ponto qualquer
→
em uma determinada superfície será representada por -pn da. Sendo assim,
tem-se que:
∫v ∫ApndA = ∫vadm
→ → →
fdm –
Logo:
Ou: → 1
→
a=f– grad p
ρ
dρ →
= ρ div v = 0
dt
E a equação de estado:
ρ = f(p,T)
Ou seja: дU → дU → дU →
ex ey + = – gez
дx дy дz
→ 1
a = grad U – grad p
ρ
( ) =0
→ p
a = 0 → grad U –
ρ
Assim:
( U – ρ )e + дyд ( U – ρ )e + дz ( U – ρ )e = 0
д p → p → д p →
y
дx x z
Portanto:
p p
(U – ρ ) = 0
д p – gz – = c te (x)
→ U – = c te (x) →
дx ρ ρ
1
– gz – = c te (z)
ρ
p + yz = c te
Navier-Stokes
Claude Louis Marie Henri Navier (1785-1836) foi um físico, matemático e en-
genheiro francês que realizou inúmeras contribuições para a engenharia. Ele,
por exemplo, auxiliou na construção de várias pontes em Paris. Navier formu-
lou a teoria da elasticidade geral, tornando-a disponível para a construção civil.
Por volta de 1826, ele estabeleceu o módulo de elasticidade como uma pro-
priedade dos materiais. Navier passou a ser considerado como o pai da análise
estrutural. As suas maiores contribuições foram as suas equações elaboradas
ao lado de Stokes, essenciais para a mecânica dos fluidos.
George Gabriel Stokes (1819-1903) foi um físico e matemático irlandês com
contribuições na dinâmica de fluidos, na óptica e física matemática. Por volta
de 1842, publicou os seus estudos sobre o movimento de fluidos incompressí-
veis e, um tempo depois, as teorias do atrito interno e do fluido em movimento.
Em 1851, desenvolveu a Lei de Stokes que se refere ao estudo do movimento de
partículas esféricas pequenas em velocidade baixa.
A equação de Navier-Stokes foi desenvolvida em conjunto, e é utilizada nos
diversos ramos da engenharia. A equação diferencial descreve o movimento do
fluido, sendo ele um fluido ideal onde a viscosidade é nula, e considera que a
aceleração é proporcional da derivada da pressão interna.
Equação de Navier-Stokes
A equação de Euler é uma forma da equação da quantidade de movimento
restrita a aplicações em que não haja viscosidade. Para as aplicações com flui-
dos reais, consideram-se os efeitos que produzem tensões de cisalhamento
proporcionais às velocidades relativas entre as partículas do fluido.
Pela lei da viscosidade, de Newton, o escorregamento entre as partículas
ocasiona o aparecimento das tensões de cisalhamento. No movimento das par-
tículas dos fluidos, nota-se que o deslizamento pode ser devido à rotação, de-
→ → 1 →
a =f - grad p + v ∇2v
ρ
∂2 1 ∂ 1 ∂2 ∂2
∇2 = + + +
∂r2 r ∂r r2 ∂θ2 ∂z2
Considera-se que:
• Para o fluido ideal v = 0;
→ →
• Escoamento irrotacional em que rot v = 0, sendo ∇² v = 0;
→ → →
• No campo da gravidade f = g = -ge z.
Em coordenadas cartesianas, a equação de Navier-Stokes resulta em:
∂vx
∂t
+ vx
∂vx
∂x
+ vy
∂vx
∂y
+ vz
∂vx
∂z
=-
1
ρ
∂p
∂x
+v ( ∂2vx
∂x 2
+
∂2vx
∂y 2
+
∂2vx
∂y 2 )
∂vy
∂t
+ vx
∂vy
∂x
+ vy
∂vy
∂y
+ vz
∂vy
∂z
=-
1
ρ
∂p
∂y
+v
( ∂2vy
∂x 2
+
∂2vy
∂y 2
+
∂2vy
∂z 2 )
∂vz
∂t
+ vx
∂vz
∂x
+ vy
∂vz
∂y
+ vz
∂vz
∂z
-g = -
1
ρ
∂p
∂z
+v
( ∂2vz
∂x 2
+
∂2vz
∂y 2
+
∂2vz
∂y 2 )
MECÂNICA DOS FLUIDOS 79
=
1 ∂ρ
ρ ∂r
+v ( ∂2vr
∂r2
+
1
r
∂vr
∂r
+
1 ∂2vr
r2 ∂θ 2
+
∂2vr
∂z2
-
2
r2
∂vθ
∂θ
-
vr
r2
)
∂vθ ∂vθ vθ ∂vθ ∂vθ vrvθ
+ vr + + vz -
∂t ∂r r ∂θ ∂z r
1 ∂ρ
( ∂ vθ 1 ∂vθ 1 ∂ vθ ∂ vθ 2 ∂vr vθ
)
2 2 2
= - +v + + + - -
ρ r∂θ ∂r2 r ∂r r2 ∂θ 2 ∂z 2 r2 ∂θ r2
= -g -
1 ∂ρ
ρ ∂z
+v ( ∂2vz
∂r2
+
1
r
∂vz
∂r
+
r2
1 ∂2vz ∂2vz
+
∂θ 2 ∂z 2
)
Vmáx
2h
x
Figura 2. Tipo de escoamento: placas fixas. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 314. (Adaptado).
vx = f(z)
∂p
= 0 → p = c te (y)
∂y
∂p
+ ρg = 0 → p = - ρgz + f(x) ou p + ρgz = f(x)
∂z
∂p*
p + ρgz = p* e é função de x
∂x
∂vx
vx = f(z), logo: =0
∂x
dp* ∂2vx
=μ
dx ∂z2
dp* ∂2vx
vx = f(z), portanto, =μ
dx ∂z 2
d 2vx
β=μ
dz 2
dp*
β=
dx
Ou: d vx β
= z + C1
dz μ
Ou:
βz 2
vx = + C1z + C2
2μ
p* = βx + C3
{
βh 2 βh 2
0= + C1 h + C2
C2 =
2μ 2μ
→
βh 2 C1 = 0
0= - C1 h + C2
2μ
βh2 2μvmáx
vmáx = - →β =-
2μ h2
Logo:
( )
2μvmáx z2 2μvmáx h2 z2
vx = - + → vx = vmáx 1-
h2 2μ h2 2μ h2
p* = βx + C3
2μvmáx
p* = - x + C3
h2
EXPLICANDO
Define-se escoamento de Poiseuille com base no sistema de Navier-
Stokes para fluidos em canais retos infinitos.
z
v0
h
x
Figura 3. Tipo de escoamento: placa fixa e em movimento. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 315.
dp
=0
dx
d 2vx
μ =0
dz 2
Ou:
dvx
= C1 → vx = C1 z + C2
dz
z = 0 → v x = 0 → C2 = 0
E para:
v0
z = h → vx = v0 → v0 = C1h → C1 =
h
Sendo assim: v0
vx = z
h
Z V0
EXPLICANDO
Define-se escoamento de Couette como escoamento do fluido entre duas
placas paralelas, sendo a placa inferior estacionária e a superior em
movimento constante na direção x.
4 PERDAS DE CARGA
SINGULARES E
DISTRIBUÍDAS;
CAMADA LIMITE E
RUGOSIDADE
Tópicos de estudo
Conceitos gerais: camada limite Perdas de carga
e rugosidade Conceito de perdas de carga
Condutos Classificação das perdas de carga
Diâmetro e raio hidráulico Perda de carga distribuída
Camada limite em uma placa Experiência de Nikuradse
plana Condutos industriais
Camada limite em condutos Perdas de carga localizadas
forçados
Rugosidade
Condutos
Define-se conduto como qualquer estrutura sólida, designada para o trans-
porte de fluidos. Em relação ao comportamento dos fluidos em seu
interior, os condutos são classificados em livres ou forçados:
• Conduto forçado: é quando o fluido escoa pelo
conduto e o preenche totalmente, não apresentando
nenhuma superfície livre e estando em contato com
toda a parede;
• Conduto livre: é quando o fluido em movi-
mento mostra uma superfície livre.
(a) (b)
EXPLICANDO
Define-se raio hidráulico como um parâmetro no dimensionamento de
tubos, dutos, canais e outros componentes relacionados à hidráulica.
Em que:
σ = perímetro molhado ou trecho do perímetro da seção de área A no qual
o fluido está em contato com a parede do conduto.
A = área transversal do escoamento do fluido.
O diâmetro hidráulico (DH) é representado por:
DH = 4RH
a a
a² 4a a
a 4
a
ab 2ab
b ab 2(a + b)
2(a + b) (a + b)
a ab 4ab
ab 2a + b
2a + b 2a + b
a a
a² 3 a 3 a 3
3a
a 4 12 3
Figura 2. Áreas dos condutos. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 165.
Seção ao longe
(1) (2) (3)
V0
B
A
O x
V0
Fluido
livre
Camada
limite ℓ’
ℓ
x
ρv0x v0x
Rex = =
μ v
Logo: 𝓁 = f (Rex).
Considera-se que, para Rex < 5 ∙ 105, as forças viscosas na camada limite são
consideradas, comparativamente, como as da inércia, sendo o escoamento do
tipo laminar, dentro da camada limite.
Quando Rex é superior a esse valor, o escoamento na camada limite passa
a ser turbulento. Considera-se que para um determinado fluido com velocida-
de v 0, a passagem para o escoamento turbulento ocorrerá em uma abscissa
denominada crítica e equivalente ao valor do número de Reynolds de 5 ∙ 105,
também denominado crítico.
ρv0xcr
Recr = = 5 · 105
μ
xcr = 5 · 10 μ
5
pv0
Isso ocorrerá quando o comprimento da placa for maior que xcr. A transição
de camada limite laminar para camada limite turbulenta é observada pelo cres-
cimento de sua espessura, conforme ilustra a Figura 5:
V0
CL laminar
δ
δ
xcr
x Subcamada
limite laminar
Figura 5. Conceito de camada limite e turbulenta. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 166.
Fluido
livre Vmax x
V r
R
X Camada limite
[ ( )]
v = vmáx 1 -
r
R
²
( ) r 1/7
v = vmáx 1-
R
Regime
Diagrama
dinamicamente
variável
estabelecido
δ
Subcamada
CL laminar CL
laminar turbulenta
Figura 7. Escoamento turbulento no conduto. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 167.
ρvD
Re =
μ
Rugosidade
Define-se rugosidade como uma medida das variações do relevo de certa
superfície. Em mecânica dos fluidos, considera-se a rugosidade nos cálculos de
perda de carga em um escoamento. Considera-se também que a rugosidade
de um conduto aumenta com o passar do tempo devido a alguns efeitos, como
sedimentação e corrosão.
Os condutos apresentam asperezas nas paredes internas responsáveis por
influenciar na perda de carga dos fluidos em escoamento. As asperezas não são
uniformes e apresentam uma distribuição aleatória em disposição e em altura.
Suponha-se que a altura uniforme das asperezas seja indicada por ε e deno-
minada de rugosidade uniforme.
Considera-se, neste caso, para fins de estudo, que as perdas no escoamen-
to de fluidos não dependam diretamente de ε, mas, sim, do quociente DH / ε,
que será chamado de rugosidade relativa.
Perdas de carga
Em mecânica dos fluidos, estuda-se a perda de energia pela unidade de peso do
fluido ao longo do escoamento. No comportamento do fluido em condutos, é possível
distinguir dois tipos de perda de carga: perda de carga distribuída e perdas de car-
gas localizadas ou singulares. Estudiosos da área da hidráulica contribuíram para tais
análises referentes ao fluxo do fluido em condutos, como, por exemplo, Nikuradse,
Moody e Rouse, entre outros.
1 atm
Plano de carga efetivo
Linha ener
gética
v21 h∫1-2
2Xg
P2
Υ
Canalização
1
Z1 2
Z2
Plano de referência
Q1 = Q2 V 1 = V2 D1 = D2
(2)
(1)
Ou
v1 A1 = v2 A 2
A1 = A 2
v1 = v2 = c te
Sendo assim, a velocidade deve ser constante em cada trecho para que seja
possível realizar o cálculo da perda de carga distribuída.
P1 P2
γ γ
CP1
(2) CP2
z2
(1)
z1
PHR
H1 = H2 + Hp1,2
Sendo assim:
α1v1² - α2v2² p1 - p2
hf1,2 = + + z1 - z2
2g γ
hf1 = ( p1
γ
+ z1 -
)( p2
γ )
+ z2
p
A soma de γ1 + z1 será chamada de carga piezométrica ou CP.
Com a adoção de um PHR, conforme ilustra a Figura 10, a carga piezomé-
trica será a distância, em cada seção, do PHR até o nível superior do líquido no
piezômetro. Caso sejam instalados ao longo das seções 1 e 2 alguns piezôme-
tros, será indicada em cada um a carga piezométrica na seção.
p αv²
+z+ =H
γ 2g
x
n2
Δx P2
V2
P1 (2) Área A
V1
n1 perímetro σ
z2
G
α z1 (1)
PHR
Figura 11. Conduto: equação da quantidade de movimento. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 172.
F⃗'s = -τσ△x
Ou:
-τσ△x = (p2 - p1)A + γA△x sen α
Sendo que:
△x sen α = z2 - z1
Logo:
τσ△x = (p1 - p2)A + γA(z1 - z2)
Lembrando que: A
σ = RH
Portanto:
τΔx
γRH
=
( p1
γ )(
+ z1 -
p2
γ
+ z2
)
Logo:
hf1,2 =
4τΔx
γDH
=
( p1
γ )(
+ z1 -
p2
γ
+ z2
)
Conclui-se que a linha piezométrica é uma reta, pois γ, τ, RH são constantes,
p
logo: kx = γ , que é a equação de uma reta.
Posto isso, é possível afirmar que a perda de carga distribuída é diretamen-
te proporcional ao comprimento representado por Δx = L do conduto e inversa-
mente proporcional ao diâmetro hidráulico. Já a dedução da equação da perda
de carga distribuída por análise dimensional será dada por:
L v²
hf = f
DH 2g
f=f
( Re,
DH
E )
Nesse experimento, Nikuradse inseriu na parte interna de diversos condutos
areia de granulosidade uniforme e fixou os valores de DH , L, ε, ρ e µ no dispositivo,
conforme ilustra a Figura 12.
NC
p1 p2
v
ρ, μ DH
ε
L Válvula para
Rugosidade
controle da
uniforme
vazão
log f x
(DH/ ε)l
I A
IV V
II
B
(1)
C
(2)
III (DH/ ε)n
y
2000 2400 log Re
Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 174.
Aqui, I equivale a Re < 2000. Percebe-se que nesse trecho o diagrama é uma
reta, sendo f função de Re, com apenas uma única reta para todos os Dh / ε
testados. As forças consideradas viscosas são grandes e movem as partículas
segundo trajetórias retas paralelas, não sendo afetadas pelas asperezas da pa-
rede do conduto. Logo, tem-se que:
64
f=
Re
Já II equivale a 2000 < Re < 2400, que se refere à transição entre laminar e
turbulento. Para Re > 2400, o regime é turbulento no conduto, mas, junto à pa-
rede, subsiste a subcamada limite, em que o movimento é laminar. A espessura
δ da subcamada é função do número de Reynolds. Sendo assim, dada a rugo-
sidade ε do conduto, tem-se que: caso δ > ε, a subcamada cobre as asperezas,
e, com o movimento laminar em seu interior, as asperezas não influenciam nas
perdas; se δ < ε, as asperezas penetram no núcleo do escoamento turbulento
e influenciam nas perdas.
Em III, para todas as curvas em que Dh / ε é grande, o trecho inicial coincide
com a curva III inferior. Considera-se que quanto menor o número de Reynolds,
mais espessa é a subcamada e mais ela cobre as asperezas.
Condutos industriais
A experiência de Nikuradse baseia-se no fato de que a rugosidade dos condu-
tos é uniforme ao aplicar artificialmente areia de granulação calibrada em seus
interiores. Todavia, os condutos industriais apresentam uma distribuição alea-
tória de rugosidade, contrariando as condições do experimento de Nikuradse.
Colebrook realizou as experiências de Nikuradse aplicando areia de granula-
ção em condutos industriais, onde verificou que o comportamento experimental
é análogo. Com os resultados obtidos, Colebrook complementa os resultados de
Nikuradse, criando o conceito de rugosidade equivalente K, que corresponde ao
ε do tubo artificial. Importante esclarecer que K é uma rugosidade fictícia unifor-
me, que causa o mesmo efeito da rugosidade real de um tubo industrial.
Já Moody e Rouse construíram um diagrama para tubos reais, conhecido
como diagrama Moody-Rouse.
EXPLICANDO
O diagrama de Moody-Rouse é uma representação gráfica, em escala
duplamente logarítmica, do atrito em função do número de Reynolds e a
rugosidade relativa de determinada tubulação.
ks = Φ
( Re,
A1
A2 )
Considerando que para números de Reynolds elevados o fenômeno passa
a independer das forças viscosas, temos que:
ks = Φ (coeficiente de forma)
v²
singularidade: hs = ks
2g
Leq v²
tubo fictício: hfeq = f
DH 2g
Diâmetro Diâmetro
Curva 90° Curva 90° Curva 90° raio
externo interno Curva 45º
raio longo raio médio curto
tubos PVC tubos PVC
mm mm
40 35 1,4 2 2,6 1
100 90 3,6 4, 1 6 1, 9
110 98 4 4,3 7 2
mm mm
mm mm
60 53 7,8 0,4 21 10
75 67 8 0,5 26 13
85 76 9 0,6 30 15
100 90 10 0,7 34 17
110 98 11 0,9 43 21
mm mm
32 28 10 0,9 2,7 4
200 182 52 6 16 25
300 275 78 9 24 38
Hp = ∑hf + ∑hs
Lreal v² Leq v²
Hp = f +f
DH 2g DH 2g
(Lreal + Leq ) v²
Hp = f
DH 2g