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Soldagem
Marco Antonio Suñer Arrabal Marco Antonio Suñer Arrabal
Mario Sergio Della Roverys Coseglio Mario Sergio Della Roverys Coseglio
DADOS DO FORNECEDOR
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal.
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Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da
área de conhecimento trabalhada.
Sumário
Transferência metálica........................................................................................................ 40
Tipos de transferência metálica ................................................................................... 41
Estabilidade nos processos de soldagem.................................................................... 42
Sintetizando............................................................................................................................ 44
Referências bibliográficas.................................................................................................. 45
Sumário
Fontes elétricas..................................................................................................................... 49
Fontes para soldagem a arco......................................................................................... 49
Fontes para soldagem por resistência......................................................................... 59
Fontes para soldagem por eletroescória..................................................................... 62
Fontes químicas..................................................................................................................... 63
Soldagem a gás oxicombustível.................................................................................... 63
Soldagem aluminotérmica.............................................................................................. 65
Sintetizando............................................................................................................................ 77
Referências bibliográficas.................................................................................................. 78
Sumário
Automação da soldagem..................................................................................................... 93
Fundamentos..................................................................................................................... 93
Equipamentos.................................................................................................................... 96
Programação de robôs para soldagem...................................................................... 102
Aplicações industriais................................................................................................... 103
Exercícios........................................................................................................................ 103
Sintetizando.......................................................................................................................... 105
Referências bibliográficas................................................................................................ 106
Sumário
Sintetizando.......................................................................................................................... 136
Referências bibliográficas................................................................................................ 137
Apresentação
SOLDAGEM 9
O autor
Dedico este livro inicialmente a Deus, pois sem Ele não seria possível seguir
com paz e serenidade esta jornada. Também dedico à minha querida,
amada e dedicada esposa Silvana, pelo incentivo, paciência e amor de
todas as horas.
SOLDAGEM 10
O autor
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/0954724731562843
Dedico este livro a você, aluno. Que através dele eu possa despertar sua
curiosidade e incentivar a busca contínua pelo conhecimento técnico e
desenvolvimento pessoal e profissional.
SOLDAGEM 11
UNIDADE
1 SOLDAGEM A ARCO
ELÉTRICO
Objetivos da unidade
Conhecer a história da soldagem a arco elétrico e da soldagem em geral;
VIDEOAULA
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Tópicos de estudo
Soldagem a arco elétrico Transferência metálica
Fundamentos da soldagem Tipos de transferência metálica
Estabilidade nos processos de
O arco elétrico aplicado à soldagem
soldagem
Coluna de plasma
Abertura e manutenção
Jato de plasma
SOLDAGEM 13
Soldagem a arco elétrico
A evidência mais antiga de soldagem pode ser encontrada durante a Ida-
de do Bronze (de 3000 a.C. a 1200 a.C.), quando pequenas caixas de ouro
eram fabricadas por soldagem sob pressão. Os egípcios e outras civilizações
antigas da região do Mediterrâneo usavam a soldagem para confeccionar es-
padas, machados, escudos e outras armas de ferro, durante a Idade do Ferro
(de 500 a.C. a 332 a.C.).
A soldagem deu um salto durante a Idade Média (de 476 d.C. a 1453), quan-
do os ferreiros a utilizavam para produzir tudo, desde ferramentas agrícolas
até armas. Os ferreiros criavam ferramentas e armas em ferro, aquecendo
o metal e martelando-o no formato desejado. A Idade Média trouxe a sol-
dagem forjada e o desenvolvimento da arte da ferraria. Para criar a união
entre os metais, os ferreiros utilizavam a técnica de martelar repetidamente
o metal quente.
A indústria surgiu e continuou a crescer durante os séculos vindouros, mas
foi no século XIX (de 1801 a 1900) que a soldagem foi desenvolvida como a
conhecemos atualmente. Foi neste século que a soldagem a arco elétrico foi
inventada. Várias formas de soldagem a arco foram desenvolvidas no início
do século XIX. O químico inglês Sir Humphry Davy (1778 – 1829) foi o primeiro
a utilizar eletrodos para produzir um arco elétrico, no ano de 1801. O químico
inglês Edmund Davy (1785 – 1857), seu primo, melhorou essa descoberta em
1836, quando descobriu o acetileno, um gás utilizado até hoje na soldagem
para criar uma chama aberta.
ASSISTA VEJA +
Todos os processos de soldagem, inclusive a soldagem a Clique aqui
arco elétrico, possuem riscos químicos e físicos prejudiciais
à saúde. Neste vídeo da FUNDACENTRO, podemos conhecer
estes riscos e as melhores maneiras de evitá-los.
SOLDAGEM 14
inventaram, em 1881 (e garantiram patentes em 1885, na Inglaterra, e em
1887 nos Estados Unidos), uma máquina de solda a arco elétrico com eletro-
do de carbono.
A soldagem a arco elétrico passou por mais melhorias quando, em 1890,
o inventor estadunidense Charles L. Coffin (1865 – 1901) desenvolveu um
eletrodo de metal para substituir o eletrodo de carbono. Dez anos depois,
foram introduzidos eletrodos revestidos com uma camada argilosa (cal),
para produzir um arco mais estável.
Em 1904, o inventor inglês Arthur Percy Strohmenger (1876 – 1943) e o
empresário sueco Oscar Kjellberg (1870 – 1931), fundador da empresa ESAB,
lançaram na Inglaterra o primeiro eletrodo de metal revestido do mundo,
que fornecia um arco elétrico mais estável ainda. Em 1905, o físico bielor-
russo Vladimir Mitkevich (1872 – 1951) propôs a utilização do arco elétrico
trifásico para soldagem.
Os avanços continuaram, e a soldagem por corrente alternada (CA)
foi inventada em 1919, pelo inventor estadunidense Claude Joseph Holslag
(1885 – 1945), mas não se tornou popular até a década de 1930, quando o
eletrodo de revestimento pesado foi difundido.
O advento da Primeira Guerra Mundial causou um grande aumento no
uso dos processos de soldagem, com as várias potências militares tentando
determinar qual dos vários novos processos seria o melhor. Em 1920, os
ingleses usavam principalmente a soldagem a arco elétrico e até realizaram
a construção do primeiro navio do mundo com o casco totalmente soldado,
o Fullagar. A soldagem a arco elétrico também foi aplicada pela primeira vez
em aeronaves durante a guerra, quando algumas fuselagens de aviões ale-
mãs foram construídas utilizando esse processo.
Ainda na década de 1920, mais precisamente em 1927, a primeira ponte
rodoviária soldada do mundo, a Maurzyce Bridge foi projetada pelo enge-
nheiro polonês Stefan Bryła (1886 – 1943), da Universidade de Tecnologia de
Łwów, e construída em 1928, sobre o rio Słudwia, perto de Łowicz, na Polô-
nia. O inventor holandês Paul Christiaan Van Der Willigen, em 1945, adicio-
nou grandes quantidades de pó de ferro aos eletrodos do tipo celulósico ou
rutílico, para melhorar seu desempenho. Dessa forma, nasceu o eletrodo
de alto rendimento.
SOLDAGEM 15
EXPLICANDO
Existem três tipos de revestimentos para eletrodos: os do tipo básico,
que possuem calcita ou cálcio em sua composição; os do tipo celu-
lósico, que possuem mais de 12% de matéria orgânica combustível
(celulose) em sua composição; e os eletrodos do tipo rutílico, que
possuem alto teor de óxido de rutílio (titânio) em sua composição.
Fundamentos da soldagem
Atualmente, com o advento da Indústria 4.0 (o uso de tecnologias para co-
nectar o mundo físico ao digital), a soldagem a arco elétrico passou a ser indis-
pensável a um grande número de indústrias. É um processo de custo reduzido,
de fácil e rápida utilização, que oferece resultados perfeitos e é aplicável a pra-
ticamente todos os metais. O processo de soldagem a arco elétrico consiste na
aplicação de calor intenso, derretendo o metal na união entre as duas peças e
causando a fusão (diretamente ou, mais comumente, com um metal interme-
diário de adição fundido).
Após o resfriamento e a solidificação, a união metalúrgica é realizada.
Como esta união é uma mistura de metais, a soldagem final tem potencialmen-
te as mesmas propriedades de resistência que o metal de
base das peças que a originou. Isso contrasta nitidamen-
te com os processos de união sem fusão (ou seja, soldas
frias, brasagem etc.), em que as propriedades mecâ-
nicas e físicas dos materiais de base não podem ser
duplicadas na junção.
Na soldagem a arco elétrico, o calor intenso ne-
cessário para derreter o metal é produzido por um
arco formado entre a peça e o eletrodo (vareta ou fio),
SOLDAGEM 16
que é manual ou mecanicamente guiado ao longo da junta soldada. O eletrodo
pode ser uma haste, com o propósito de simplesmente transportar a corrente
entre a ponta e o trabalho, ou pode ser uma vareta ou arame especialmente
preparado para não apenas conduzir a corrente, mas também derreter e forne-
cer metal de adição à junção (Figura 1). A maioria das soldagens na fabricação
de produtos de aço utilizam o segundo tipo de eletrodo (arame).
Revestimento
Vareta (alma)
Atmosfera protetora
Escória solidificada
Metal de solda
Metal de solda
Metal de base
Poça de fusão
O circuito básico da soldagem a arco elétrico (Figura 2) pode ser realizado com
a eletricidade em corrente contínua (CC), a mais utilizada, com o eletrodo positivo
ou negativo, ou com corrente alternada (CA). A escolha da corrente e da polarida-
de depende do processo, do tipo de eletrodo, da atmosfera do arco e do metal a
ser soldado. Assim, uma fonte de energia CA ou CC, equipada com os controles
necessários, é conectada por um cabo terra à peça e por um cabo do eletrodo ao
porta-eletrodo, que faz o contato elétrico com o eletrodo de soldagem.
Fonte
CA ou CC
Cabo do eletrodo
Porta eletrodos
Eletrodo
Arco
Cabo terra
Peça
Figura 2. Circuito básico da soldagem a arco elétrico. Fonte: FORTES; VAZ, 2005, p. 30.
SOLDAGEM 17
O arco elétrico é criado através do espaço entre ambos, em que o circuito ener-
gizado e a ponta do eletrodo tocam a peça e são afastados, ainda que mantendo
contato próximo. O arco elétrico produz uma temperatura de cerca de 3533 ºC
(6500 °F) na ponta do eletrodo. Esse calor derrete o metal de base e o eletrodo,
produzindo uma poça de metal fundido por vezes chamada de cratera. A cratera
se solidifica atrás do eletrodo à medida que é movimentada ao longo da junção
soldada. O resultado é uma fusão com o metal de base.
Soldar metais requer mais do que a ação de movimentar um eletrodo ao longo
de uma peça. Os metais em altas temperaturas tendem a reagir quimicamente
com elementos ambientais, tais como o oxigênio e o nitrogênio. Quando o metal
na poça de fusão entra em contato com o ar do ambiente, formam-se óxidos e
nitratos que destroem a resistência e a tenacidade da união soldada. Portanto,
muitos processos de soldagem a arco elétrico fornecem alguns meios de cobrir o
arco e a poça de fusão com uma proteção de gás, vapor ou escória.
Essa proteção é chamada de atmosfera protetora, e evita ou minimiza o
contato do metal fundido com o ar. A proteção também
pode melhorar a solda, como é o caso do fluxo granu-
lar, que efetivamente adiciona desoxidantes à solda. A
Figura 3 mostra a proteção do arco de soldagem e da
poça de fusão com um eletrodo de vareta revesti-
OBJETOS DE
do. O revestimento extrudado na vareta do metal APRENDIZAGEM
Clique aqui
de enchimento (eletrodo) fornece uma atmosfera
protetora no ponto de contato, enquanto a escória
protege a solda do ar.
Atmosfera protetora
Metal de solda
Metal de base
SOLDAGEM 18
O arco elétrico aplicado à soldagem
O arco elétrico em si é um fenômeno muito complexo. O entendimento pro-
fundo da física do arco é de pouco valor para o soldador, mas o conhecimento das
características gerais pode ser muito útil para o engenheiro. Arco elétrico é um tipo
de descarga elétrica que ocorre entre eletrodos quando uma tensão suficiente é
aplicada através de um espaço, fazendo com que o gás se decomponha ou ionize.
Normalmente, o gás é um isolante, mas, uma vez ionizado, torna-se condutor
de eletricidade. A ionização ocorre quando os átomos do gás perdem elétrons liga-
dos, que então ficam livres para se deslocar independentemente no gás, para pro-
duzir uma corrente elétrica. Esses elétrons livres captam energia do campo elétrico
produzido pela tensão aplicada e colidem com outros átomos de gás. Isso permite
que o processo de ionização aumente, resultando no chamado efeito avalanche.
Uma vez que o gás é altamente ionizado, torna-se relativamente fácil para os
elétrons fluírem, e, sob certas condições, um arco elétrico estável pode ser forma-
do. O gás ionizado é formado por elétrons livres que fluem em uma direção e íons
positivos que fluem em outra direção. As colisões com átomos, principalmente os
neutros, produzem um enorme aquecimento resistivo no gás, de modo que, em
certo sentido, o arco elétrico se torna um grande resistor.
O calor extremo também mantém o processo de ionização. A radiação eletro-
magnética é emitida devido às altas temperaturas, resultando no brilho caracte-
rístico do arco elétrico. Além dos comprimentos de ondas visíveis, são emitidas
grandes quantidades de comprimentos de ondas invisíveis, no infravermelho e
no ultravioleta. O gás brilhante ionizado que compõe o arco elétrico é frequen-
temente chamado de plasma. Para que o arco elétrico seja mantido, a fonte de
alimentação deve fornecer alta corrente e baixa tensão, exigidas pelo arco elétrico.
A utilidade do arco elétrico na soldagem é produzir calor extremo, sob condi-
ções estáveis, capaz de fundir a maioria dos metais e formar a poça de fusão. As
temperaturas do arco elétrico variam de 4727 °C a 29727 °C (5000 K a 30000 K).
A temperatura de um arco elétrico é maior no centro, pois as partes externas do
arco perdem calor para o ambiente, devido à convecção, condução e radiação. A
principal contribuição do calor para os eletrodos de soldagem não se deve às tem-
peraturas extremamente altas do arco, mas sim aos intensos processos dissipati-
vos de energia nos pontos de contato do arco elétrico com os eletrodos.
SOLDAGEM 19
Nos processos que utilizam eletrodos consumíveis, o arco elétrico contém
partículas fundidas de metal de adição, que derretem do eletrodo e percorrem
o arco até a poça de fusão. Como será discutido mais adiante, o tamanho, for-
ma e maneira com que as partículas de metal fundido percorrem o arco elétrico
são conhecidos como modos de transferência do metal. Isso é de particular
interesse no processo GMAW (Gas Metal Arc Welding), mais conhecido como sol-
dagem MIG/MAG (Metal Inert Gas e Metal Active Gas, respectivamente), e não é
considerado importante nos outros processos de soldagem a arco elétrico.
A transferência de metal de adição através do arco elétrico resulta inevitavel-
mente na ejeção de algumas partículas fundidas do arco ou da poça de fusão,
que podem aderir à peça. À esta situação damos o nome de respingo, e é uma
preocupação frequente em relação à qualidade. Os processos GTAW (Gas Shiel-
ded Tungsten Arc Welding, também conhecido como soldagem TIG ou Tungsten
Inert Gas) e PAW (Plasma Arc Welding, conhecido como soldagem a plasma), que
envolvem a entrega de metal de adição diretamente à poça de fusão (não através
do arco elétrico), não são suscetíveis a respingos.
O arco elétrico possui alta eficiência na transformação da energia elétrica
em térmica, por isso ele é amplamente utilizado na soldagem. Com base nessa
eficiência, afirmamos que o calor gerado no arco elétrico pode ser estimado, a
partir de seus parâmetros elétricos, pela seguinte equação:
Q=V·I·t (1)
Em que: Q = energia térmica gerada, em Joule (J); V = queda de tensão no arco,
em Volt (V); I = corrente elétrica no arco, em Ampère (A); t = tempo de operação,
em segundos (s).
O arco elétrico gera calor e também radiação eletromagnética de alta inten-
sidade, nas faixas do infravermelho, luz visível e ultravioleta, necessitando, por-
tanto, de proteção visual com filtros apropriados para seu manuseio.
Coluna de plasma
As tensões do arco elétrico estão relacionadas principalmente aos seus
comprimentos. Os comprimentos de arco mais longos produzem tensões mais
altas, e arcos mais curtos produzem tensões mais baixas. Como mostrado na
Figura 4, que ilustra a maneira como a tensão (potencial) varia através do arco,
SOLDAGEM 20
uma quantidade significativa da distribuição de tensão ou queda através do
arco está próxima ao ânodo e ao cátodo. Essas regiões são conhecidas como
“espaço da queda anódica”, no eletrodo positivo (no caso da figura, a peça de
trabalho ou ânodo), e “espaço da queda catódica”, no eletrodo negativo (no
caso da figura, o eletrodo de solda ou cátodo).
-
Cátodo
Total
Potencial axial
0
Distância
axial
+ Ânodo
queda catódica
queda anódica
Coluna de
Espaço da
Espaço da
plasma
Espaços de
contração
Figura 4. Distribuição esquemática de potencial em um arco e suas regiões. Fonte: JENNEY; O’BRIEN, 2001, p. 70.
SOLDAGEM 21
Essas regiões de queda anódica e catódica são extremamente estreitas e, por-
tanto, seu efeito não é revelado nos diagramas térmicos dos arcos. No entanto,
desempenham um papel crítico na fusão no ânodo e no cátodo, razão pela qual
a temperatura do arco sozinha não é a chave para explicar o arco como uma
fonte de calor eficaz para a soldagem.
O arco elétrico é uma impedância ao fluxo de corrente, assim como a todos
os condutores normais de eletricidade. A impedância específica é inversamente
proporcional à densidade dos portadores de carga e sua mobilidade, com a im-
pedância total dependendo da distribuição radial e axial da densidade da por-
tadora. A impedância da coluna de plasma é uma função da temperatura, mas
geralmente não depende dela nas regiões do arco próximas aos seus terminais.
A energia elétrica dissipada em cada um dos três espaços, ou regiões do
arco, é o produto do fluxo de corrente e do potencial em toda a região. A cor-
rente e o potencial em cada região (que são referidas como “espaço da queda
catódica”, “espaço da queda da coluna de plasma” e “espaço da queda anódica”)
resultam na dissipação de energia no arco de acordo com a seguinte equação:
P = I(Vc + Vp + Va) (2)
Em que: P = potência total dissipada no arco, em Watt (W); I = corrente elé-
trica, em Ampère (A); Vc = tensão do cátodo, em Volt (V); Vp = tensão do plasma,
em Volt (V); Va = tensão do ânodo, em Volt (V).
Abertura e manutenção
Não é possível criar um arco elétrico entre o eletrodo e a peça de trabalho apenas
conectando-os em um circuito de soldagem. Isso ocorre porque a corrente necessita
de uma passagem ionizada para fluir através da folga (espaço entre o eletrodo e a
peça). Assim, o arco elétrico de soldagem precisa ser aberto. Existem dois métodos co-
mumente utilizados para abrir o arco elétrico nos processos de soldagem, sendo eles:
• O método de abertura por toque, que é utilizado em todos os processos co-
muns de soldagem;
• O método de abertura por campo elétrico, que tem predileção em opera-
ções de soldagem automática e nos processos em que o eletrodo tem a tendência
de formar inclusão no metal de solda, como na soldagem TIG (GTAW), ou quando o
eletrodo (fio) permanece dentro da tocha ou porta-eletrodo.
SOLDAGEM 22
No primeiro método, o eletrodo é colocado em contato com a peça e, em
seguida, é separado para criar um espaço muito pequeno. Tocar o eletrodo na
peça causará um curto-circuito, resultando em forte fluxo de corrente que,
por sua vez, leva ao aquecimento, a fusão parcial e até a uma leve evaporação
do metal na ponta do eletrodo. Há dois métodos de abertura por toque utili-
zados atualmente: a abertura linear e a lateral. Todos esses eventos, durante
a abertura do arco elétrico, acontecem em um curto intervalo de tempo, ge-
ralmente em poucos segundos.
O aquecimento do eletrodo produz alguns elétrons livres devido à ioniza-
ção térmica. Além disso, a dissociação de vapores metálicos (devido ao menor
potencial de ionização dos vapores metálicos dos gases atmosféricos) tam-
bém produz partículas carregadas (elétrons e íons carregados positivamen-
te). Ao puxar o eletrodo para fora da peça, o fluxo de corrente é iniciado atra-
vés dessas partículas carregadas e, por um momento, o arco é desenvolvido.
Para utilizar o calor do arco elétrico para fins de soldagem, é necessário que,
após a abertura do arco, ele seja mantido e estabilizado.
Já no segundo método, um campo elétrico de alta intensidade (107 V) é
aplicado entre o eletrodo e a peça, para que os elétrons sejam liberados
pela emissão do campo eletromagnético do cátodo (Figura 5). O desenvol-
vimento de um campo elétrico de alta intensidade leva à ejeção dos elétrons
nos pontos catódicos.
Eletrodo
Elétrons
Fonte de
emitidos Alta DDP
energia
Peça
Figura 5. Abertura do arco elétrico pelo método de abertura por campo elétrico.
SOLDAGEM 23
Quando os elétrons livres estão disponíveis no espaço entre os arcos elétricos,
a diferença de potencial (ou DDP, a diferença na quantidade de energia que os
portadores de carga têm entre dois pontos de um circuito elétrico) normal entre
o eletrodo e a peça garante o fluxo de partículas carregadas para manter um arco
elétrico de soldagem estável. Esse método é comumente utilizado nos processos
de soldagem mecanizados, como no arco de plasma (PAW) e na soldagem TIG
(GTAW), na qual o contato direto entre o eletrodo e a peça não é o preferido.
Uma vez estabelecido o arco elétrico estável, com equilíbrio térmico adequado,
o próximo passo é mantê-lo, para que soldas de qualidade consistente possam
ser realizadas. Normalmente, não é difícil manter um arco elétrico estável, se ele
disparar momentaneamente. Enquanto milhares de Volts podem ser necessários
para a abertura do arco elétrico na soldagem TIG (GTAW), pode ser necessário ape-
nas dezenas ou, no máximo, centenas de Volts para realizar a reabertura.
A manutenção do arco elétrico ao se soldar com uma fonte de energia de cor-
rente alternada (CA) é um problema, visto que o arco se extingue a cada meio ciclo
quando a corrente é zero (0), ou seja, se extingue 100 vezes por segundo, com uma
fonte de energia normal de 50 Hertz. Para a reabertura, a tensão necessária deve
estar disponível no momento em que a corrente for zero (0). Isso é alcançado ao
mantermos as ondas da corrente e da tensão fora de fase, utilizando uma fonte
de energia com um baixo fator de potência operacional (da ordem de 0,3), sendo
o fator de potência de um transformador de solda dado pela razão entre a tensão
do arco e a tensão do circuito aberto (OCV), demonstrado pela seguinte equação:
Tensão do arco
Fator de potência =
Tensão do circuito aberto
ou seja,
Varc
∅= (3)
Vocv
Para essas condições, quase toda tensão do circuito aberto (Vocv) está dispo-
nível para reabrir o arco elétrico enquanto a corrente for zero (0). Essa condição
é mostrada na Figura 6 (sendo Vg = tensão disponível para abertura do arco; ϕ
= fator de potência; V t = tensão do transformador sem carga; Va = tensão do
arco; I = transiente da corrente) pelos transientes de energia e de tensão do
arco elétrico (Varc).
SOLDAGEM 24
I
Vg Vt
Va
Tempo
Figura 6. Transientes do arco e da fonte de energia em soldagem CA. Fonte: HOULDCROFT, 1979, p. 20.
O fator de potência operacional (ϕ) de uma fonte de energia pode ser aprimo-
rado, mantendo a facilidade de reabertura, apenas utilizando os meios auxiliares
de manutenção ou de reabertura do arco, como um oscilador de alta frequência
de alta tensão, que pode ser usado para fornecer um pulso de alta tensão na
instância apropriada. Se esse método for utilizado para manter o arco elétrico,
o fator de potência da fonte de energia de corrente alternada (CA) poderá ser
aumentado, reduzindo a tensão do circuito aberto (Vocv).
Esses métodos são normalmente adotados para a soldagem TIG (GTAW),
e usam uma fonte de energia de corrente alternada (CA). A situação pode ser
melhorada ainda mais com o uso de um eletrodo de tungstênio toriado, com
melhor propriedade de emissão de elétrons. Da mesma forma, na soldagem
MMA (manual a arco elétrico ou, em inglês, Shielded Metal Arc Welding – SMAW),
os revestimentos dos eletrodos com menor potencial de ionização ajudam na
fácil reabertura do arco de soldagem.
EXPLICANDO
O eletrodo de tungstênio toriado contêm tório, um material radioativo
de baixo nível, que emite principalmente partículas alfa (α), bem como
alguma radiação beta (β) e gama (γ). O tório aumenta as qualidades
de emissão de elétrons do eletrodo, o que melhora o início do arco e
permite uma maior capacidade de transporte da corrente.
SOLDAGEM 25
Na soldagem a arco com corrente contínua (CC), a manutenção do arco é
mais fácil e é realizada apenas no momento do curto-circuito entre o eletrodo
e a peça, quando o arco elétrico é extinto. No entanto, esse problema é resol-
vido ao serem fornecidas características dinâmicas de Volt-Ampère adequa-
das à fonte de energia. Aqui, novamente, os eletrodos revestidos com baixo
potencial de ionização ou com melhor emissividade podem ajudar na fácil
abertura e manutenção do arco elétrico de soldagem.
Jato de plasma
As correntes elétricas que fluem através dos condutores elétricos geram
campos magnéticos que produzem forças, conhecidas como Forças de Lo-
rentz (FL), cuja magnitude por unidade de volume é dada, sendo FL = força de
Lorentz (ou força magnética), em Coulomb (C); J⃗ = densidade da corrente, em
Joule/m2 (J/m2); e B⃗ = indução magnética, em Weber/m2 (Wb/m2), como mostra
a equação:
FL = J⃗ · B⃗ (4)
SOLDAGEM 26
Inicialmente, tomemos como base um arco elétrico cilíndrico, ou seja, com
seção transversal constante (Figura 7). Nesse caso, a densidade da corrente é
estritamente axial, ou seja, J⃗ = Jzûz, em que o z subscrito se refere ao compo-
nente na direção z, e u é o vetor da unidade na direção z. O campo magnético
resultante do fluxo de corrente está na direção azimutal, ou seja, B⃗ = B θûθ, em
que o subíndice θ se refere aos componentes nessa direção.
( dR
dz
=0 (
z
Figura 7. Cilindro do arco.
SOLDAGEM 27
Integrando a pressão ambiente, descrita como p ∞ e expressa em Pascal
(Pa) na expressão da equação 7, podemos apontar a distribuição da pressão
radial como:
μI2 [1-(r)2]
p(r) - p∞= (0 < r < R) (8)
4π2R 2R
SOLDAGEM 28
A densidade da corrente radial pode estar relacionada à mudança axial no
dR
raio do arco (ou seja, ), considerando a simetria com Jr = (r = 0) = 0, como:
z
ldR
Jr = r (12)
πR3dz
A força de Lorentz possui componentes nas direções r e z, sendo:
μ(l)2 μ(l)2 r2dR
J⃗ · B⃗ = rûr + ûz (13)
2πR 2 2πR 2 Rdz
A força do corpo e, portanto, o fluxo não são mais livres de ondulações,
assim como a circulação é transmitida ao fluido (Figura 8). Podemos enxergar
essa relação de ondulação pela equação:
(l)2 dR r
∇ · ( J⃗ · B⃗) = μ ûθ (14)
πR 2
dz R
dR
>0
dz
SOLDAGEM 29
r
SOLDAGEM 30
O componente axial da força de Lorentz também produz uma força axial
líquida no plasma, no canal de corrente em expansão. Essa força total é ava-
liada integrando a expressão da equação 13 e sendo R1 e R = raio do arco na
entrada e na saída da região, em metro (m); e L(R 2) = coordenada axial corres-
pondente ao raio R 2 , em metro (m), para obter:
L(R )R μI2 R2
∫dz(J2· B) ∫ 2πrdr = 1n ûz (15)
o4π R1
A força resultante (Fz) desempenha um papel essencial na análise e pode
ser expressa como a magnitude da força independentemente da variação
precisa de R com z, conforme podemos ver na expressão:
μI2 R2
Fz = 1n ûz (16)
4π R1
A combinação da força axial líquida e dos efeitos rotacionais produz o pa-
drão de fluxo real do jato de plasma, mostrado esquematicamente
na Figura 11. Assim, sabemos que todos os resultados foram deri- OBJETOS DE
APRENDIZAGEM
vados para uma distribuição de densidade uniforme da corrente, Clique aqui
EXEMPLIFICANDO
O jato de plasma é criado quando um arco elétrico de soldagem de corrente
contínua, de alta amperagem, é atingido entre os dois eletrodos (cátodo e
ânodo). O termo plasma, nesse caso, refere-se a um gás muito quente, em
estado eletricamente ionizado (parcialmente). É importante lembrar que o jato de
plasma é um dos principais fenômenos físicos da soldagem, e que seu sentido,
na soldagem convencional, se dá do cátodo (eletrodo) para o ânodo (peça).
SOLDAGEM 31
Característica estática do arco elétrico
A característica estática do arco elétrico é a relação entre os valores médios
de tensão (V) e corrente (I), para um valor fixo do comprimento do arco elétrico,
sendo inalteradas outras características do processo (MODENESI, 2012). Essa
relação, também conhecida como característica estática Volt-Ampère do
arco elétrico, tem sua forma típica mostrada no Gráfico 1. Conforme a corrente
aumenta, até cerca de 100 A, a tensão do arco diminui. Desse modo, o fluxo do
arco se amplia enquanto a temperatura aumenta, diminuindo a tensão. Para
manter a estabilidade do arco elétrico, sua tensão e corrente devem ter uma
correlação definida.
60
50
Tensão (V)
40
30
20
10 100 1000 10000
Corrente (A)
SOLDAGEM 32
Diz-se que essa parte do arco elétrico possui uma característica de platô,
ou tensão-corrente (V × I) plana. Com o aumento adicional da corrente do
arco elétrico além de 1000 A, praticamente não há expansão do fluxo do arco
e, portanto, a densidade da corrente aumenta e a tensão também. Diz-se que
esta parte do arco elétrico possui uma característica positiva ou crescente de
tensão-corrente. Além disso, é evidente que a característica da tensão estáti-
ca de um arco na faixa viável sobe ligeiramente e de forma natural.
DICA
Saiba a diferença: tensão elétrica é a diferença de potencial (DDP)
elétrico de dois pontos, medida em Volts; e corrente elétrica é o fluxo de
elétrons que circula em um condutor, quando há DDP (ou seja, tensão),
sendo medida em Ampères.
Fontes de energia
As fontes de energia atuais incorporam características estáticas de saída,
projetadas para otimizar o desempenho do arco elétrico para um determina-
do processo de soldagem. Com base nas características estáticas, fontes de
energia podem ser classificadas em duas categorias: as fontes de energia de
tensão constante (CV) e fontes de energia de corrente constante (CI).
A fonte de energia de tensão constante (Gráfico 2) não possui, verdadei-
ramente, uma saída de tensão constante, apesar do nome. Na realidade, ela
possui uma inclinação ligeiramente descendente ou negativa, devido à resis-
tência e a indutância elétrica interna, suficiente, no circuito de soldagem, para
causar uma queda menor nas características de tensão-corrente da saída.
SOLDAGEM 33
GRÁFICO 2. CARACTERÍSTICAS ESTÁTICAS DA FONTE DE ENERGIA
DE TENSÃO CONSTANTE
Ponto de operação
Tensão (V)
ΔV
ΔA
Corrente (A)
Fonte: SAUNDERS, 1997, p. 8.
SOLDAGEM 34
GRÁFICO 3. CARACTERÍSTICAS ESTÁTICAS DA FONTE DE ENERGIA
DE CORRENTE CONSTANTE
Tensão (V)
Ponto de operação
ΔV
ΔA
Corrente (A)
Fonte: SAUNDERS, 1997, p. 8.
SOLDAGEM 35
As principais funções das fontes de energia são: produzir calor suficiente
para fundir a junta e gerar uma transferência estável do metal pelo arco. Como
os processos de soldagem requerem uma corrente alta (50 a 300 A) em tensão
relativamente baixa (10 a 50 V), a alimentação de alta tensão (230 ou 400 V)
deve ser reduzida por um transformador. Assim, existem cinco tipos de fonte
de energia utilizados em soldagem:
• Transformador de corrente alternada (CA);
• Retificador de corrente contínua (CC);
• Retificador-transformador de corrente alternada/corrente contínua
(CA/CC);
• Gerador de corrente contínua (CC);
• Inversor.
Os transformadores são dispositivos elétricos utilizados para diminuir ou
aumentar a tensão através de um campo magnético, sem alterar a frequência.
Na soldagem a arco elétrico, os transformadores são utilizados em equipamen-
tos de corrente alternada (CA) para alterar a corrente da rede elétrica pública
em uma corrente de baixa tensão e alta amperagem no circuito secundário.
Uma combinação de derivações primárias e/ou secundárias no transformador
é comumente utilizada para fornecer um ajuste maior da corrente de solda-
gem, bem como o ajuste da tensão secundária.
Embora, geralmente, a soldagem seja realizada com fontes de energia por
corrente alternada (CA), a maioria das soldagens industriais é realizada com
equipamentos que produzem arco elétrico por corrente contínua (CC). A ener-
gia CA da rede pública, que opera o equipamento
de solda, deve ser alterada (retificada) para a cor-
rente contínua do arco elétrico. Esse processo
é realizado com um dispositivo eletrônico
chamado retificador de corrente contínua,
sendo os diodos de silício (Figura 12) os mais
utilizados atualmente. A função de um dispositi-
vo retificador de corrente contínua é a de transformar
a corrente alternada em corrente continua pulsante,
visto que no semiciclo negativo da corrente alternada,
o diodo fará a função de uma chave aberta.
SOLDAGEM 36
+ +
+ + + +
- -
Diodo retificador
SOLDAGEM 37
Os circuitos do inversor controlam a potência de saída utilizando o princípio
de controle da razão de tempo (TRC – Time-Ratio Control), também conhecido
como modulação de largura de pulso (PWM – Pulse Width Modulation), que é a
regulação dos tempos de ativação e desativação dos interruptores para con-
trolar a saída. Os semicondutores do inversor de soldagem atuam como inter-
ruptores, ligando e conduzindo ou desligando e bloqueando. A função de ligar
e desligar é chamada, por vezes, de operação no modo de comutação.
Tipos de controle
Os tipos de controle utilizados nas fontes de energia estão vinculados dire-
tamente aos equipamentos de soldagem, podendo ser, por exemplo:
• Circuito primário derivado;
• Reator saturável;
• Tiristor;
• Inversor transistorizado.
A fonte de energia com controle por circuito primário derivado (Figura
13) é a mais simples, por ser a escolha ideal e mais robusta para os trabalhos
de soldagem MIG/MAG (GMAW), mas possui algumas limitações técnicas. Por
exemplo, se houver etapas insuficientes de soldagem, pode ser impossível
ajustar a condição ideal, e as flutuações de suprimento de energia afetarão a
potência de saída. Os circuitos derivados são conectados à bobina secundária
em diferentes configurações, permitindo que o operador ajuste a tensão nor-
mal à exigida pelo dispositivo.
Derivados
0V
Circuito primário
360V
380V
400V
420V
440V
Circuito secundário
SOLDAGEM 38
A fonte de energia com controle por reator saturável (Figura 14) é o contro-
le elétrico que utiliza um circuito de corrente contínua de baixa voltagem e bai-
xa amperagem para alterar as características magnéticas efetivas dos núcleos
dos reatores. O controle remoto da saída da fonte de energia é relativamente
fácil com esse tipo de circuito de controle, normalmente requerendo menos
manutenção do que os controles mecânicos convencionais.
Ic
Entrada
CC
Entreferro Entreferro
Transformador
Eletrodo
Circuito
primário Iw
CA Peça
Ic = Corrente de controle
Iw = Corrente de soldagem
Figura 14. Fonte de energia com controle por reator saturável. Fonte: JENNEY; O’BRIEN, 2001, p. 24.
SOLDAGEM 39
Ânodo Cátodo
Porta
Ânodo Cátodo
Porta
Figura 15. Tiristor típico e seu símbolo. Fonte: JENNEY; O’BRIEN, 2001, p. 8.
A fonte de energia com controle por inversor (Figura 16) oferece todas as
vantagens do tiristor, mas com alto desempenho, menor peso, maior economia
de energia e melhor eficiência. O inversor é essencialmente um bloco de potên-
cia que pode ser controlado, geralmente através de um software, para fornecer
as características estáticas e dinâmicas necessárias para o processo de
soldagem selecionado. Portanto, a maioria dos inversores oferece capa-
cidade de múltiplos processos. Além disso, a resposta dos inversores
modernos abre as possibilidades de pulsação de alta fre-
quência, conforme exigido pelo MIG pulsado (GMAW-P) OBJETOS DE
APRENDIZAGEM
e pelo retorno dinâmico, para controlar a transferência Clique aqui
Ponte Ponte
retificadora retificadora
de entrada Inversor Transformador de saída Indutor
1Φ ou 3Φ +
Primário
-
Circuito de
controle do
inversor
Figura 16. Diagrama simplificado do inversor. Fonte: JENNEY; O’BRIEN, 2001, p. 13.
SOLDAGEM 40
Transferência metálica
A dinâmica da transferência metálica é o resultado de um equilíbrio de for-
ças que atua sobre as gotículas de metal. Essas forças dependem de condições
operacionais específicas (corrente da soldagem, tensão do arco, diâmetro do
eletrodo/fio, atmosfera protetora, etc.), sendo o equilíbrio das forças em uma
gotícula dado pela equação:
Fg + Fd + Fe = Fs + Fv (17)
As diversas forças envolvidas nesse processo são:
• Força gravitacional (Fg): a gravidade é uma força de desprendimento, quan-
do o eletrodo é apontado para baixo (como na soldagem manual), e uma força de
retenção, quando é apontado para cima (como na soldagem suspensa);
• Força aerodinâmica – arrasto (F d): devido ao fluxo de gás ao redor da
gota, ajuda a separar a gota da ponta do eletrodo. A magnitude dessa força
pode ser afetada pela quantidade de fluxo de gás no MIG/MAG (GMAW) ou,
em certa medida, pela quantidade dos gases produzidos a partir dos reves-
timentos no MMA (SMAW). Dependendo do tipo de transferência de metal, o
jato de plasma também pode complementar o arrasto na gota;
• Força eletromagnética (F e): quando a corrente elétrica é conduzida por
um condutor cônico, como o arco de soldagem, nele atuam forças axiais que
são direcionadas da menor para a maior seção transversal. Isso resulta no
ajuste do jato de plasma, desde que a corrente tenha magnitude suficiente.
Além disso, quando o condutor que leva a corrente está sob a influência do
seu próprio campo magnético, são desenvolvidas forças radiais de contração,
que produzem pressão dentro do condutor. O efeito combinado dessas for-
ças é a força eletromagnética que atua na gota derretida na borda do eletro-
do, e é referido como efeito de pinça ou efeito de Bennett;
• Força de tensão superfi cial (F s): tende a reter a gota derretida na ponta
do eletrodo e sua magnitude no momento do descolamento da gota sob seu
próprio peso;
• Força de jato de vapor (F v): originada pela evaporação dos
VIDEOAULA
componentes metálicos do eletrodo, na região do acoplamento Clique aqui
SOLDAGEM 41
Dependendo da força líquida que atua sobre a gotícula, à luz da magnitude
da corrente da soldagem, da tensão superficial, da força de arrasto, do papel
da gravidade e do comprimento do arco, é atingido um modo particular de
transferência metálica, que determina a qualidade de fusão da solda.
SOLDAGEM 42
A transferência metálica por aerossol normalmente está associada a al-
tas densidades de corrente, que levam a uma temperatura muito elevada da
gotícula derretida, com consequente redução da tensão superficial. À medida
que a densidade da corrente é elevada, a taxa de crescimento das gotículas
aumenta proporcionalmente ao aumento da temperatura e das forças eletro-
magnéticas (Fe), de forma que um efeito de pinça se torna expressivo a ponto
de superar a tensão superficial.
Com o elevado efeito de pinça, o final do eletrodo fica constrito o tempo todo.
As gotículas são cortadas antes de atingirem o tamanho permitido pela tensão
superficial, e isso resulta na transferência por aerossol. Sendo assim, a depender
da densidade da corrente elétrica, essa transferência metálica possui três está-
gios diferentes: transferências projetadas, de fluxo contínuo e rotativas.
SOLDAGEM 43
• O nível e o tipo da corrente elétrica;
• A tensão elétrica da operação;
• A estabilidade, o comprimento e a formação do arco;
• A velocidade de movimentação da tocha/porta-eletrodo;
• A velocidade de alimentação do metal de adição;
• A composição, o comprimento e o diâmetro do eletrodo;
• A taxa de deposição e penetração adequados;
• A distância do ponto de tomada de corrente à peça,
• O ângulo da tocha/porta-eletrodo em relação à peça;
• O tipo de gás de proteção, de fluxo ou de revestimento.
Existem variáveis específicas para cada processo, como a forma da ponta
do eletrodo e a vazão de gás de proteção no processo TIG (GTAW) ou a es-
pessura da camada de fluxo na soldagem SAS (SAW), e outras que não estão
ligadas diretamente à operação de soldagem, mas ao processo operacional,
como a sequência de deposição de passes, que, ainda assim, têm grande im-
portância nas características finais da peça soldada.
SOLDAGEM 44
Sintetizando
Nesta unidade, realizamos uma introdução sobre o arco elétrico de solda-
gem, abordando de forma clara e concisa assuntos pertinentes à física, química
e metalurgia aplicadas à soldagem a arco elétrico. Apresentamos a história e
os fundamentos mecânicos da soldagem, bem como exploramos detalhada-
mente os componentes desse tipo de soldagem, como a coluna de plasma, e as
técnicas para abertura e manutenção do arco elétrico.
Em seguida, conceituamos o jato de plasma, estudamos as principais fór-
mulas e princípios físicos aplicados na soldagem e demonstramos a força de
Lorentz aplicada a ela. Tratamos, também, da caracterização estática do arco
elétrico e sua relação com a tensão e a corrente elétrica, e comentamos sobre
os tipos de controles utilizados nas fontes de energia, focando naquelas que
são aplicáveis à soldagem a arco elétrico.
Por fim, fundamentamos as forças atuantes essenciais que governam a
transferência metálica na soldagem a arco elétrico, bem como os métodos de
transferência fundamentais, terminando por demonstrar os principais tópicos
envolvidos na estabilidade dos processos de soldagem a arco elétrico.
VIDEOAULA
Clique aqui
SOLDAGEM 45
Referências bibliográficas
FORTES, C.; VAZ, C. T. Apostila de eletrodos revestidos. Minas Gerais: ESAB,
2005.
FORTES, C.; VAZ, C. T. Apostila de soldagem MIG/MAG. Minas Gerais: ESAB,
2005.
HOULDCROFT, P. T. Welding process technology. Londres: Cambridge Univer-
sity Press, 1979.
JENNEY, C. L.; O’BRIEN, A. (Eds.). Welding handbook, vol. 1, 9. ed. Miami: Ame-
rican welding society, 2001.
JENNEY, C. L.; O’BRIEN, A. (Eds.). Welding handbook, vol. 2, 9. ed. Miami: American
welding society, 2001.
MARQUES, P. V.; MODENESI, P. J.; BRACARENSE, A. Q. Soldagem: fundamentos
e tecnologia, 3. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009.
MODENESI, P. J. Introdução à física do arco elétrico: Soldagem I. Belo Hori-
zonte: Editora da UFMG, 2012.
NORRISH, J. Advanced welding processes. Londres: IOP Publishing, 1992.
REIS, R. P.; SCOTTI, A. Fundamentos e prática da soldagem a plasma. São
Paulo: Artliber Editora, 2007.
SAUNDERS, H. L. MIG/MAG welding guide: for gas metal arc welding (GMAW),
3. ed. Ohio: Lincoln Electric, 1997.
SCOTTI, A.; PONOMAREV, V. Soldagem MIG/MAG: melhor entendimento, me-
lhor desempenho. São Paulo: Artliber Editora, 2008.
SOLDAGEM 46
UNIDADE
2 FONTES DE ENERGIA
PARA SOLDAGEM
Estudar dois processos que usam fontes de energia focada: soldagem a laser
e soldagem por feixe de elétrons;
Tópicos de estudo
Fontes de energia para soldagem Fontes de energia focada
Soldagem a laser
Fontes elétricas Soldagem com feixe de elé-
Fontes para soldagem a arco trons
Fontes para soldagem por
resistência Fontes mecânicas e fontes no
Fontes para soldagem por estado sólido
eletroescória Soldagem por fricção
Soldagem por ultrassom
Fontes químicas Soldagem por explosão
Soldagem a gás oxicombustível Soldagem por difusão
Soldagem aluminotérmica
SOLDAGEM 48
Fontes elétricas
Existem diversos processos de soldagem que utilizam fontes elétricas, entre
eles: soldagem a arco, soldagem por resistência e soldagem por eletroescória.
Na soldagem a arco, a fonte de calor para a fusão dos metais é obtida pelo arco
elétrico, enquanto na soldagem por resistência a combinação de calor e pressão
é a força motriz para a união. Na soldagem por eletroescória, o calor é produzido
pela resistência da passagem de corrente por uma camada fundida de escória.
SOLDAGEM 49
(a) (b)
Fonte de energia Ae Aw
Área de contato (A0)
w
Arco
la la
Calor difundido na peça
Figura 1. (a) Fluxo de calor na soldagem a arco. (b) Arco de soldagem. Fonte: MARQUES; MODENESI; BRACARENSE,
2009, p. 1-4. (Adaptado).
SOLDAGEM 50
EXPLICANDO
Um sistema em regime permanente ou em estado estacionário é aquele
cujas propriedades não variam com o tempo. Por outro lado, um sistema
em regime transiente é um estado transitório em que as propriedades
variam com o tempo – em geral, devido a uma perturbação – até que um
novo estado estacionário seja atingido.
SOLDAGEM 51
SOLDAGEM 52
80
A
60
23A
B
40
Tensão (V)
8A
C
25
20
D
0
115
0 50 100 123
150 200
Fonte: MANDAL, 2001, p. 26. (Adaptado). Corrente (A)
Observe, agora, a curva B do Gráfico 1, que tem sua tensão em vazio ajustada
para 50 V. Nesse caso, o mesmo aumento de tensão do exemplo anterior (de 20
para 25 V) provoca uma redução de 23 A na corrente (de 123 A para 100 A), o que
representa uma redução de cerca de 19%, muito maior do que a redução observada
na curva A. Portanto, a curva característica A é preferível pelo soldador, já que as
eventuais flutuações do comprimento do arco que geram variação da tensão (como
na soldagem com eletrodo revestido) não provocam variações significativas na cor-
rente e, consequentemente, na velocidade de fusão do metal de adição. Como resul-
tado, a fusão do metal é praticamente constante.
Note que, quanto maior a inclinação da curva característica na faixa de operação
da soldagem, menor é a variação da corrente para uma mesma flutuação de tensão.
Se nos exemplos anteriores (curva A e B) a corrente for controlada para reduzir a
potência, as inclinações das curvas se tornam maiores (veja as curvas C e D), o que
resulta em um processo de soldagem ainda mais estável.
Em fontes de tensão constante, a tensão fornecida praticamente não
se altera ao longo da faixa de operação. Neste caso, é possível que haja
uma grande variação da corrente sem que a tensão seja afetada de forma
significativa. Esse comportamento pode ser analisado no Gráfico 2. Obser-
ve que um aumento da tensão de 20 V para 25 V (aumento de 25% do ponto
B para o ponto A) gera uma redução de 100 A na corrente (50% de redução).
SOLDAGEM 53
30
A B: Ponto de
operação
20
Tensão (V)
10
0
0 50 100 150 200 250 300 350
Corrente (A)
Fonte: MANDAL, 2001, p. 26. (Adaptado).
EXPLICANDO
Na soldagem com tensão constante, a elevação da corrente facilita a
fusão do metal em processos cuja transferência do metal do eletrodo
para a poça de fusão ocorre por curto-circuito. É o caso, por exemplo, da
soldagem por arco elétrico com gás de proteção.
SOLDAGEM 54
FONTE
PROCESSO DE SOLDAGEM
CORRENTE TENSÃO
CONSTANTE CONSTANTE
SOLDAGEM 55
Fontes de energia
para soldagem
Rotativa Estática
(geradora) (conversora)
CC CC CA CA CC/CA CC
CI CV CI CI/CV CV CI CI CI CI CI/CV CV
SOLDAGEM 56
Arco
Figura 2. Esquema de uma fonte geradora. Fonte: ASM, 1993, p. 95. (Adaptado).
Transformador
Indutor
Arco
Rede de Retificador
distribuição
(trifásica)
Figura 3. Diagrama esquemático de uma fonte geradora. Fonte: ASM, 1993, p. 95. (Adaptado).
SOLDAGEM 57
Corrente
máxima
Tensão
Corrente
mínima Arco
Corrente
Figura 4. Ajuste da saída da fonte com o uso de bobina móvel. Fonte: MARQUES; MODENESI; BRACARENSE, 2009, p. 71.
(Adaptado).
SOLDAGEM 58
Controle
Figura 5. Diagrama esquemático de uma fonte inversora. Fonte: MARQUES; MODENESI; BRACARENSE, 2009, p. 77.
(Adaptado).
SOLDAGEM 59
Corrente contínua
Água
Temporizador
1
2
3
4
5 Eletrodo
Solda
Eletrodo
0
Transformador
Água
Figura 6. Representação esquemática do processo de soldagem por resistência. Fonte: Shutterstock. Acesso em:
10/06/2020.
SOLDAGEM 60
SOLDAGEM 61
Sendo que:
E = calor gerado na poça de escória (J);
V = tensão (V);
SOLDAGEM 62
Fontes químicas
Alguns processos de soldagem usam a energia gerada por reações químicas
para fundir os metais e formar a solda. Dois tipos de processos que usam esse tipo
de fonte são descritos neste tópico: soldagem a gás oxicombustível e soldagem
aluminotérmica.
Reguladores
Cilindro de
de pressão
acetileno Cilindro de
oxigênio
Mangueiras
Maçarico
Figura 7.Sistema de soldagem oxicombustível. Fonte: MARQUES; MODENESI; BRACARENSE, 2009, p. 163. (Adaptado).
SOLDAGEM 63
SOLDAGEM 64
Temperatura da
Gás Temperatura máxima (°C)
chama neutra (°C)
Metilacetileno-propa-
2900 2600
dieno (estabilizado)
Soldagem aluminotérmica
A soldagem aluminotérmica (thermite welding – TW) utiliza o calor gerado pela
reação entre um óxido metálico e o pó de alumínio para soldar metais. O calor ge-
rado nas reações aluminotérmicas mais comuns (óxido de metal + alumínio → óxido
SOLDAGEM 65
Figura 8. Soldagem aluminotérmica de trilhos de trem. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/06/2020.
SOLDAGEM 66
Laser
Fonte de laser Espelho
Peça
Solda
Figura 9. Representação esquemática da soldagem a laser. Fonte: MARQUES; MODENESI; BRACARENSE, 2009, p. 310.
(Adaptado).
SOLDAGEM 67
Ânodo
Bobina de
focalização
Feixe de
elétrons Sistema de vácuo
Peça
Câmara
de vácuo
Figura 10. Sistema de soldagem com feixe de elétrons. Fonte: MARQUES; MODENESI; BRACARENSE, 2009, p. 314.
(Adaptado).
SOLDAGEM 68
(a)
Rotação rápida de
uma das peças
(b)
Aplicação de
força de compressão
(c)
Forjamento
Figura 11. Solda por atrito. Fonte: ASM, 1993, p. 504. (Adaptado).
Em uma das variantes do processo, conhecida como soldagem por fricção por
arraste contínuo (mostrado na Figura 12), as duas peças a serem unidas são fixadas
no suporte da máquina e uma delas (a peça da esquerda, na imagem) rotaciona em
alta velocidade por meio de um motor enquanto a outra (peça da direita) se aproxi-
ma até encostar na primeira. O atrito gerado pelo contato provoca aquecimento das
superfícies, até que a temperatura de forjamento seja atingida. Nesse ponto, a peça
da esquerda é desacoplada do motor e a força axial de compressão exercida pela
peça da direita é aumentada para obter a solda.
SOLDAGEM 69
Motor
Figura 12. Representação esquemática de um equipamento para soldagem por fricção por arraste contínuo. Fonte:
MARQUES; MODENESI; BRACARENSE, 2009, p. 318. (Adaptado).
Volante
Peças
Castanha
Cilindro hidráulico
Motor
Figura 13. Representação esquemática de um equipamento para soldagem por fricção por inércia.
Fonte: MARQUES; MODENESI; BRACARENSE, 2009, p. 318. (Adaptado).
SOLDAGEM 70
SOLDAGEM 71
Explosivo
Metal de
revestimento Folga
Metal de base
(a)
Frente de detonação
Gases de ex Explosivo
pansão
Ponto de Jato
Interface da
soldagem colisão
(b) ©
Figura 14. Soldagem por explosão para aplicação de revestimento. Fonte: ASM, 1993, p. 588. (Adaptado).
SOLDAGEM 72
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
Figura 15. Principais estágios da soldagem por difusão. Fonte: ASM, 1993, p. 2177. (Adaptado)
SOLDAGEM 73
EXPLICANDO
Uma lacuna é um defeito pontual da estrutura cristalina, que consiste em
um espaço não ocupado por um átomo. Já a posição intersticial se refere
a espaços entre os átomos da rede cristalina que podem ser ocupados por
átomos menores.
Movimento de um
átomo hospedeiro
ou substitucional
Lacuna
Lacuna
(a)
(b)
Figura 16. Difusão por lacunas e difusão intersticial. Fonte: CALLISTER JR.; RETHWISCH, 2012, p. 107. (Adaptado).
SOLDAGEM 74
ΔQd
D = D0exp (- )
RT
Sendo:
D 0 = constante de proporcionalida-
de, que representa o limite superior
do coeficiente de difusão (m2 /g);
ΔQd = energia de ativação para a
difusão ( J/mol);
R = constante dos gases:
8,31 J/(mol ∙ K);
T = temperatura absoluta (K).
Para observar o efeito da tempe-
ratura, a Tabela 3 apresenta alguns
dados para a difusão de carbono no
ferro α e no ferro γ. Note que, para os dois casos, o coeficiente de difusão
aumenta com o aumento da temperatura. Isso indica que a modalidade da es-
pécie difusiva no interior da estrutura do material hospedeiro aumenta com
o aumento da temperatura.
SOLDAGEM 75
SOLDAGEM 76
SOLDAGEM 77
SOLDAGEM 78
3 TENSÕES RESIDUAIS,
DISTORÇÕES E
AUTOMAÇÃO DA
SOLDAGEM
Tópicos de estudo
Tensões residuais e distorções Automação da soldagem
em soldagem Fundamentos
Desenvolvimento de tensões Equipamentos
residuais em soldas Programação de robôs para
Consequências das tensões soldagem
residuais Aplicações industriais
Distorções Exercícios
Controle das tensões residuais
e distorção
Exercícios
SOLDAGEM 80
A B
Barra não
(a)
deformada
A B B’
Expansão
(b)
térmica
δ
L T
SOLDAGEM 81
A B
Barra não
(a)
deformada
A B B’
Expansão
(b)
térmica
L δT
A B B’
(c) Retorno F
L δP
A B
(d) F’ F
Figura 2. Forças de reação em uma barra fixa nas duas extremidades. A) Barra não deformada fixa nas extremidades A e B;
B) Deformação livre de B para B’; C) Contração da barra δP; D) As forças de reação F’ e F impedem a expansão da barra.
SOLDAGEM 82
Então:
F = -AEα(∆T)
SOLDAGEM 83
1 2 3 1 2 3
F
200 E
100
Tensão (MPa)
A D
0
C
-100
-200
B
SOLDAGEM 84
Barra Cordão
central de solda
1 2 3
σ>0 σ>0
(tração) (tração)
0 x 0 x
σ<0 σ<0
(compressão) (compressão)
(a) (b)
Figura 4. Comparação das tensões internas do modelo de três barras e em um cordão de solda por fusão.
Fonte: MARQUES; MODENESI; BRACARENSE, 2009, p. 116.
SOLDAGEM 85
SOLDAGEM 86
EXPLICANDO
Algumas ligas ferrosas e o titânio apresentam um limite de resistência à
fadiga ou limite de durabilidade que corresponde à tensão abaixo da qual
o material não falha por fadiga, independentemente do número de ciclos.
Para a maioria das ligas não ferrosas (alumínio, cobre, por exemplo), a
resistência à fadiga é especificada por um nível de tensão em que a falha
ocorre para um dado número de ciclos.
(b)
(c)
(f)
Contorno
(a) Posição
intersticial
de grão
(e)
(d)
Figura 5. Presença de hidrogênio na microestrutura. Fonte: KIRCHHEIM; PUNDT, 2014, p. 2656. (Adaptado).
SOLDAGEM 87
Grão do
metal/liga
Agente
corrosivo
Tensão
da tração
Figura 6. Corrosão sob tensão. Fonte: ITAKURA; KABURAKI; ARAKAWA, 2005, n.p. (Adaptado).
Outro modo de corrosão sob tensão ocorre quando metais são expostos
a ambientes contendo sulfeto de hidrogênio (H2S). Nesse caso, a presença do
enxofre estimula a absorção do hidrogênio pelo metal, e a falha ocorre por
um mecanismo similar à fragilização por hidrogênio. Esse fenômeno, conhe-
cido como corrosão sob tensão na presença de sulfetos (sulfide stress cracking
– SSC), possui alta relevância para a indústria de petróleo e gás, pois muitas
reservas são contaminadas com H2S. Assim como na corrosão sob tensão, a
presença de tensões residuais de tração reduz a tensão necessária para que
ocorra falha por SSC. Para a maioria dos metais suscetíveis, a falha ocorre para
tensões muito abaixo da tensão de escoamento do material.
SOLDAGEM 88
ΔS
ΔL
(a) (b)
SOLDAGEM 89
SOLDAGEM 90
Martelamento do
metal depositado e Método simples, Inadequado para
Martelamento de suas adjacências pode causar materiais de baixa
durante ou após a refino de grão. ductilidade.
soldagem.
Inadequado para
Deformação plástica estruturas com
Eficiente para
da junta soldada geometria complexa
Encruamento tanque esféricos
pela aplicação de devido à dificuldade
e tubulações.
cargas de tração. de aplicar tensões
Mecânico uniformes.
Aplicação de
vibrações na
estrutura para Inadequado para
induzir uma chapas espessas
ressonância de baixa Operação ou estruturas com
Vibração
frequência, o que simples. grandes dimensões.
gera deformação O alívio de tensões
plástica parcial da não é uniforme.
estrutura e alívio de
tensões.
Aquecimento a
600-700 °C (aços Não pode ser
ferríticos) ou 900 °C aplicado em grandes
Muito utilizado
Recozimento para (aços austeníticos), estruturas e é difícil
e bastante
alívio de tensões. seguido de de ser executado em
eficiente.
resfriamento lento. campo. O custo é
Pode ser local ou elevado.
total.
Aquecimento do
Alívio de local da soldagem a Adequado O alívio de tensões é
tensões a baixas 150-200 °C em uma para grandes parcial.
temperaturas. largura total de 60 a estruturas.
130 mm.
SOLDAGEM 91
Exercícios
Na primeira parte da unidade vimos aspectos importantes relacionados
ao desenvolvimento de tensões residuais, suas consequências e formas de
controle. Antes de prosseguirmos para a próxima parte, faça uma pausa e re-
flita sobre os assuntos abordados até aqui. Ao final dessa etapa, você deverá
ser capaz de responder às seguintes questões:
1. O que são tensões residuais e como são desenvolvidas?
2. Quais são as consequências da presença de tensões residuais em peças soldadas?
SOLDAGEM 92
Automação da soldagem
O uso da tecnologia para redução do tempo de produção é uma prática
recorrente na indústria, e a solda-
gem tem um papel importante nes-
se contexto, pois o uso adequado de
sistemas automáticos ou semiauto-
máticos contribui para o aumento da
produtividade e da qualidade. Desse
modo, é importante compreender os
fundamentos da automação em sol-
dagem, bem como os equipamentos
e programação de robôs. Além disso,
destacam-se as aplicações industriais
típicas e tendências para a automação da soldagem.
Fundamentos
A automação da soldagem consiste na execução e controle do processo de
soldagem com o uso de dispositivos mecânicos ou eletrônicos. O objetivo de
automatizar o processo é reduzir custos de produção e aumentar a confiabili-
dade e a qualidade das juntas soldadas.
Os processos de soldagem podem ser classificados segundo o grau de ope-
rações manuais e automáticas necessárias para realizar a união. Uma classifi-
cação adotada pela Sociedade Americana de Soldagem (American Welding So-
ciety – AWS) é apresentada no Quadro 2.
SOLDAGEM 93
Tipo de operação
Operação
Controle
Manual Semiautomático Mecanizado Automático Robotizado
adaptativo
Abertura e
Máquina Máquina
manutenção Soldador Máquina Máquina Máquina
(com sensor) (robô)
do arco
Alimentação
do eletrodo Soldador Máquina Máquina Máquina Máquina Máquina
no arco
Controle do Máquina
calor para Máquina (robô),
Soldador Soldador Máquina Máquina
penetração (com sensor) somente
adequada com sensor
Deslocamento
Máquina Máquina
da tocha ao Soldador Soldador Máquina Máquina
(com sensor) (robô)
longo da junta
Máquina
Guiar o arco Máquina
Máquina (robô)
ao longo da Soldador Soldador Soldador (trajeto pré-
(com sensor) (somente
junta definido)
com sensor)
Manipular a
tocha para Máquina Máquina
Soldador Soldador Soldador Máquina (com sensor) (robô)
direcionar o
arco
Corrigir o Máquina
Não é corrigido
arco para Máquina (robô),
Soldador Soldador Soldador (pode gerar
compensar (com sensor) somente
imperfeições)
desvios com sensor
SOLDAGEM 94
EXEMPLIFICANDO
Os robôs reprogramáveis são exemplos de automação que oferecem
graus elevados de flexibilidade.
Vantagens Limitações
SOLDAGEM 95
Equipamentos
Uma visão geral dos equipamentos utilizados para a soldagem automática
e robotizada dos processos a arco elétrico e por resistência deve ser explorada.
Soldagem automática
Os componentes básicos de um sistema automático de soldagem a arco
elétrico são:
• Fonte de energia;
• Sistema de controle;
• Tocha de soldagem;
• Sistema de rastreamento da junta;
• Sistema de alimentação de arame.
Em soldagem por resistência, a automação do processo se realiza com a adi-
ção de um sistema de indexação em uma máquina convencional. O objetivo des-
se dispositivo é posicionar automaticamente as peças a serem soldadas entre os
eletrodos. Outro modo de automação do processo é o uso de máquinas especiais
SOLDAGEM 96
SOLDAGEM 97
Resfriador
Interface de controle Fonte de
energia para
soldagem
Base
Líder de trabalho Cabo de
interface de
Poder do braço do robô
solda
Figura 8. Principais componentes de um sistema de soldagem robotizada. Fonte: JENNEY; O’BRIEN, 2001, p. 469. (Adaptado).
SOLDAGEM 98
ASSISTA
Um exemplo da capacidade de movimentação no
processo de solda por arco elétrico, muito difundida
na indústria automobilística, pode ser visto no vídeo
Soldagem Robotizada MIG/MAG na Indústria Auto-
mobilística.
SOLDAGEM 99
SOLDAGEM 100
Processo de
soldagem
Controlador
de trajetória
Programação
off-line
Programação Planejador
on-line de tarefas
Movimento
do robô
Figura 9. Forma básica do controle de um sistema robotizado. Fonte: PIRES; LOUREIRO; BOLMSJÖ, 2006, p. 112.
Para que seja possível ajustar a trajetória, o sistema deve ser equipado com
sensores capazes de detectar desvios de posição em relação ao que foi pro-
gramado. É importante notar que, devido à alta temperatura, alta corrente e
luminosidade intensa, sensores especiais devem ser utilizados. Os
sensores mais utilizados com o propósito de detectar a
posição da junta soldada são os sensores óticos a la-
ser. É comum também utilizar parâmetros elétricos
do arco em conjunto com informações do movimento
da tocha para realizar ajustes.
SOLDAGEM 101
SOLDAGEM 102
Aplicações industriais
Quando utilizada de modo adequado, a automação da soldagem propor-
ciona aumento de desempenho para muitas áreas da indústria. O aumento da
produtividade, qualidade e confiabilidade de juntas soldadas são exemplos de
vantagens obtidas com o uso de sistemas automáticos ou robotizados. A in-
dústria automotiva, devido ao alto volume de produção, passou a utilizar robôs
industriais para soldagem a partir da década de 1960, e o seu uso se expandiu
para outras áreas. Outros exemplos que utilizam a automação da soldagem
com resultados satisfatórios são: caldeiraria, estruturas pesadas e soldagem
de produtos tubulares.
Apesar de os robôs industriais estarem presentes na indústria há algumas
décadas, ainda há muitos aspectos que podem ser desenvolvidos, principal-
mente no que diz respeito ao processo de soldagem e uso de sensores inteli-
gentes. Os resultados dos avanços nessas áreas são o aumento da produção,
com menor custo e maior qualidade.
Exercícios
Na segunda parte da unidade foram abordados aspectos relacionados à
automação da soldagem. Agora, reflita sobre o que foi visto até aqui. Ao final
desta etapa, você deverá ser capaz de responder às seguintes questões:
1. Como os processos de soldagem podem ser classificados segundo o tipo
de operação?
2. Quais são as diferenças entre um processo automático e um processo
robotizado de soldagem?
3. Qual a diferença entre automação fixa e automação flexível?
4. Quais são as principais vantagens e limitações da automação do processo
de soldagem?
SOLDAGEM 103
SOLDAGEM 104
SOLDAGEM 105
SOLDAGEM 106
4 NORMAS,
QUALIFICAÇÃO
E CUSTOS EM
SOLDAGEM A ARCO
Tópicos de estudo
Normas e qualificação em Custos em soldagem a arco
soldagem Custos de mão de obra
Normas em soldagem Custos de consumíveis
Qualificação e certificação Custos de energia
Qualidade da solda e inspeção Custos de depreciação
Custos de manutenção
Exemplo
SOLDAGEM 108
SOLDAGEM 109
Internacional
(ISO, IEC, ITU)
Regional ou sub-regional
(CEN, AMN)
Nacional
(ABNT, DIN, JIS, AFNOR)
Associação
(ASTM, API)
Empresarial
SOLDAGEM 110
Normas em soldagem
No caso específico da soldagem, as normas tratam de aspectos importantes
da operação para diferentes tipos de aplicação. Algumas das principais organiza-
ções, que publicam essas normas, e exemplos de códigos e especificações são:
• ASME (Associação Americana de Engenheiros Mecânicos): tem como
exemplo o código ASME para caldeiras e vasos de pressão, o Boiler and Pressure
Vessel Code;
SOLDAGEM 111
SOLDAGEM 112
SOLDAGEM 113
SOLDAGEM 114
SOLDAGEM 115
SOLDAGEM 116
SOLDAGEM 117
Garganta Convexidade
Mordedura
insuficiente excessiva
Perna Falta de
Dobra insuficiente penetração
Figura 2. Perfis incorretos de um cordão de solda. Fonte: MARQUES; MODENESI; BRACARENSE, 2009. (Adaptado).
SOLDAGEM 118
SOLDAGEM 119
Fusão incompleta
Figura 3. Representação esquemática da fusão incompleta. Fonte: American Welding Society, 2001, p. 553. (Adaptado).
SOLDAGEM 120
Falta de penetração
Figura 4. Representação esquemática da penetração incompleta ou falta de penetração da solda. Fonte: MARQUES;
MODENESI; BRACARENSE, 2009, p. 106. (Adaptado).
SOLDAGEM 121
CURIOSIDADE
A presença de hidrogênio no metal pode acelerar a propagação de uma
trinca e provocar a fratura do material. Esse fenômeno é conhecido como
fragilização por hidrogênio (hydrogen embrittlement – HE).
3
5 4
7
6
8
Figura 5. Representação esquemática de trincas em uma solda. Fonte: MARQUES; MODENESI; BRACARENSE, 2009, p.
107. (Adaptado).
• (1): cratera;
• (2): trinca transversal na zona fundida:
• (3): trinca transversal na zona termicamente afetada do metal de base:
• (4): trinca longitudinal na zona fundida:
• (5): trinca longitudinal no metal de base:
• (6): trinca sob o cordão:
• (7): trinca na linha de fusão:
• (8): trinca na raiz da solda.
SOLDAGEM 122
EXPLICANDO
Em soldagem, a zona termicamente afetada (ZTA) é a região do metal de
base próxima do cordão de solda, que tem a microestrutura e proprieda-
des alteradas devido ao calor intenso introduzido pela soldagem.
SOLDAGEM 123
Descontinuidades estruturais
Processo de soldagem
Fusão Penetração
Porosidade Inclusões Mordedura Trinca
incompleta incompleta
Soldagem por
resistência a ponto
X X X X - X
Soldagem
oxi-combustível X X X X X X
(oxigênio e acetileno)
Soldagem a laser X - X X - X
Em que:
• CTS = custo total da soldagem (R$);
• CMO = custo de mão de obra (R$);
• CCO = custo de consumíveis (R$);
• CEN = custo de energia (R$);
• CMN = custo de manutenção (R$);
SOLDAGEM 124
Em que:
• CMO = custo de mão de obra (R$);
• cMO = custo unitário de mão de obra (R$/h);
• tSO = tempo de soldagem (h).
O tempo de soldagem é o tempo necessário para que o soldador ou ope-
rador realize todas as atividades necessárias para completar a soldagem. Pode
ser obtido pela expressão (3):
t AR
tSO = (3)
κSO
Em que:
• tSO = tempo de soldagem (h);
• t AR = tempo de arco aberto (h);
• κSO = fator de ocupação do soldador ou operador (0 < κSO < 1).
O tempo de arco aberto corresponde ao tempo em que o soldador, ou
operador, está efetivamente depositando metal na junta, sendo, portanto, um
valor menor do que o tempo de soldagem. É obtido por:
L
t AR = (4)
v SO
Em que:
• t AR = tempo de arco aberto (min);
• L = comprimento da solda (cm);
• vSO = velocidade da soldagem (cm/min).
SOLDAGEM 125
Em que:
• t AR = tempo de arco aberto (min);
• mDM = massa do metal depositado (kg);
• Q MD = vazão mássica do metal (kg/min).
Nesse caso, a vazão mássica do metal é obtida por:
Em que:
• Q MD = vazão mássica do metal (kg/min);
• ρ = massa específica do metal (kg/cm³);
• vSO= velocidade da soldagem (cm/min);
• A MD= área da seção transversal do metal de deposição (cm²).
A diferença entre o tempo de arco e o tempo de soldagem é o tempo neces-
sário para preparar a junta, trocar o eletrodo, retirar a escória, inspecionar a
solda, entre outros ajustes. Na equação (3), essa diferença é computada pelo
fator de ocupação do soldador (κSO), que varia no intervalo 0 < κSO < 1. O valor
κSO = 1 indica que o soldador ou operador utiliza todo o tempo disponível para
efetivamente soldar as peças. Para a maioria dos casos, no entanto, κSO < 1.
A Tabela 1 mostra valores típicos de fator de ocupação, em que o valor de κSO está
associado com o método da soldagem. Note que o fator aumenta quando o processo
é automático, pois as perdas que reduzem o desempenho da soldagem são reduzidas:
SOLDAGEM 126
Em que:
• tSO = tempo de soldagem (h);
• t AR = tempo de arco aberto (h);
• tNA = tempo das atividades que não correspondem ao tempo de arco aber-
to (h).
DICA
O método explícito para obtenção do tempo de soldagem, embora mais
trabalhoso, permite que o tempo da operação seja visualizado com mais
detalhes, o que facilita ajustes para aumento de produtividade.
Custos de consumíveis
O custo de consumíveis é obtido pela soma dos custos do metal de adição,
do fluxo e do gás de proteção, como indicado na expressão:
Em que:
SOLDAGEM 127
Em que:
• CMD = custo do metal depositado (R$);
• mMD = massa do metal depositado (kg);
• cET = custo unitário do eletrodo (R$/kg).
• A massa do metal depositado pode ser obtida por:
mMD = A ∙ L ∙ ρ (10)
Em que:
• mMD = massa do metal depositado (kg);
• A SO= área da seção transversal da junta (cm²);
• L = comprimento da solda (cm);
• ρ = massa específica do metal depositado (kg/cm³).
A massa específica de algumas ligas metálicas é mostrada na Tabela 2:
SOLDAGEM 128
Em que:
• CMA = custo do metal de adição (R$);
• CMD = custo do metal depositado (R$);
• κDP = eficiência da deposição.
A eficiência da deposição depende do tipo de processo, como mostrado na
Tabela 3:
Processo κDP
Soldagem o arco elétrico com proteção gasosa (GMAW – Gas Metal Arc
0,85 a 0,97
Welding
Welding)
Em que:
• CFL = custo do fluxo (R$);
• mMD = massa do metal depositado (kg);
• κFL = razão de consumo do fluxo;
• cFL = custo unitário do fluxo (R$/kg).
SOLDAGEM 129
mFL
κFL = (13)
mMD
O custo dos gases de proteção, quando aplicado, pode ser obtido a partir
da vazão do gás e do tempo de arco aberto, conforme indicado a seguir:
Em que:
• CGP = custo do gás de proteção (R$);
• QGP = vazão do gás de proteção (m³/h);
• t AR = tempo de arco aberto (h);
• cGP = custo unitário do gás de proteção (R$/m³).
Custos de energia
O custo de energia elétrica pode ser estimado como sendo o custo ne-
cessário para manter o arco aberto durante a operação. Pode ser obtido pela
seguinte expressão:
cEL ∙ PS ∙ t AR
CEL = (15)
κEL
Em que:
• cEL = custo unitário da energia elétrica (R$/kWh);
• PS = potência elétrica de saída (kW);
• t AR = tempo de arco aberto (h);
• κEL = eficiência elétrica do equipamento.
A potência elétrica de saída é obtida pelo produto entre a tensão E e a
corrente de soldagem iSO:
PS = E ∙ iSO (16)
SOLDAGEM 130
CURIOSIDADE
O valor residual equivale ao valor do equipamento no final de sua vida útil,
levando em consideração o desgaste e, em alguns casos, a obsolescên-
cia. No Brasil, o prazo de vida útil e a taxa anual de depreciação de equi-
pamentos são fixados pela Receita Federal.
Custos de manutenção
O custo de manutenção é obtido pelo produto entre o custo médio de
manutenção e o tempo de operação do equipamento:
CMN = cMN ∙ tOP (18)
Em que:
• CMN= custo de manutenção (R$);
• cMN= custo médio de manutenção (R$/h);
• tOP= tempo de operação (h).
Exemplo
Para exemplificar o uso do modelo de custo apresentado nos tópicos ante-
riores, suponha que seja necessário determinar o custo de soldagem de duas
chapas de aço cuja junta é mostrada na Figura 6:
SOLDAGEM 131
Item Dimensão
A 3 mm
B 3 mm
c
C 10 mm
a
θ 60°
b
Figura 6. Geometria da junta soldada.
Considere que as chapas são unidas pelo processo de soldagem com arco
submerso (SAW), representado de forma esquemática na Figura 7:
Silo de fluxo
Arame eletrodo
Cabos
Direção de soldagem
Fonte
de energia
Peça de trabalho
(b)
Gota
Arame eletrodo
Arco elétrico Escória Escória solidificada
Fluxo
granular
Metal de solda
Metal de base
Poça de soldagem
Figura 7. Representação esquemática da soldagem por arco submerso, em que: (a) mostra a visão geral do processo e
(b) o detalhe da solda. Fonte: KOU, 2003, p. 24. (Adaptado).
SOLDAGEM 132
A1 A2
A3
c-a
c
a
SOLDAGEM 133
Item Valor
Velocidade de soldagem (v
( SO) 40 cm/min
(κSO)
Fator de ocupação do soldador (κ 0,83
(L)
Comprimento da solda (L) 100 cm
Número de passe 1
Tensão 30 V
(cET)
Custo unitário do arame (c R$ 5,00/kg
(cFL)
Custo unitário do fluxo (c R$ 3,00/kg
( EL)
Custo unitário da energia elétrica (c R$ 0,25/kWh
SOLDAGEM 134
Custo de energia R$
cEL ∙ PS ∙ t AR 0,25 kWh ∙ (300 ∙ 30) ∙ 10 -3 kW ∙ 0,0417 h
CEL = = = R$ 0,12
κEL 0,8
Custo total
SOLDAGEM 135
SOLDAGEM 136
SOLDAGEM 137