Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Manual de Manobras - 2a Edição
Manual de Manobras - 2a Edição
2016
2ª Edição
ÍNDICE
Capítulo 01 – Apresentação e Histórico
1.1 – Introdução
1.2 – Histórico
Capítulo 02 –
2.1 – Características
2.2 – Mastreação
2.3 – Cestos das Gáveas
2.4 – Vergas
2.5 – Aparelho Fixo
2.6 – Aparelho de laborar
2.7 – Cabrestante
2.8 – Guincho Jarvis
2.9 – Velame
2.10 – Mesas de malaguetas
Capítulo 03 –
3.1 – Regras de Segurança para o pessoal que trabalha nos mastros
Capítulo 04 –
4.1 – Ação Propulsora do Vento
4.2 – Braceio das vergas
4.3 – Forças relevantes à manobra
4.4 – Estabilidade do Navio à Vela
Anexos:
A – Poema do Navio
CAPÍTULO 1
APRESENTAÇÃO E HISTÓRICO
APRESENTAÇÃO
O presente manual pretende ser uma fonte de consulta, para o pessoal que serve a bordo
do Navio Veleiro “Cisne Branco”, assim como para quem se interesse por navios a vela, com
armação em galera.
O conteúdo do manual é fruto da experiência adquirida pelo grupo de recebimento do
Navio em embarques realizados em navios a vela de Marinhas amigas, durante a realização das
provas de mar do próprio navio, no Mar do Norte e ao sul de Portugal, navegando junto com a
tripulação profissional contratada pelo Estaleiro Damen; pelas tripulações que ao longo de
várias comissões realizadas desde seu recebimento até os dias de hoje; e do estudo do material
contido em livros e manuais que versam sobre navios veleiros.
Os conhecimentos sobre o “Cisne Branco” não devem se esgotar nesta edição do
manual, pois, ao longo de sua vida, novos conhecimentos serão adquiridos e deverão ser
acrescentados.
Durante a participação do Navio em regatas, é comum se visitar outros navios veleiros
para se observar seus ajustes de cabos e velas. Essas observações geram estudos a bordo quanto
a possibilidade de se otimizar o uso do velame a fim de se obter um incremento de
performance, porém, sem prejuízo da física estrutural de sustentação da mastreação e da
estabilidade.
É muito importante ter em mente que, genericamente, todos os navios à vela, com
armação em galera, reagem e manobram de uma mesma maneira. No entanto, cada navio
guarda peculiaridades, inerentes a sua construção e, em face disso, é prematuro dizer que as
manobras e recomendações constantes nesse manual sejam definitivas ou, ainda, que sejam as
melhores para o “Cisne Branco”, cabendo às futuras tripulações continuarem observando e
pondo em cheque tudo que aqui está escrito, mas sem jamais comprometerem a segurança.
A mastreação do navio é extremamente complexa, pois cada cabo, moitão, manilha,
olhal, etc... foi projetado, estaticamente, para trabalhar em determinada posição ou em
determinado sentido, mas quando introduzimos a dinâmica no aparelho, muitas interferências
são reveladas e uma infinidade de ajustes, regulagens e mudanças necessitam ser
implementadas. Muitas modificações podem ser realizadas facilmente, porém existem algumas
situações que necessitam ser detalhadas e estudadas para não causar problemas estruturais e
consequentemente riscos pessoais.
1-1
HISTÓRICO
O Navio Veleiro "CISNE BRANCO" é um veleiro de grande porte (Tall Ship)
pertencente à Marinha do Brasil. Foi construído em Amsterdã, Holanda, pelo Estaleiro Damen.
Teve sua quilha batida em 09 de novembro de 1998, tendo sido lançado ao mar e batizado em
04 de agosto de 1999, entregue à Marinha do Brasil em 04 de fevereiro de 2000 e incorporado
a armada em 09 de março de 2000. Realizou sua viagem inaugural, a travessia comemorativa
dos “500 anos de Descobrimento do Brasil”, cruzando o Atlântico da mesma forma que o fez
Pedro Alvares Cabral em 1500. O projeto do "CISNE BRANCO" inspira-se nos desenhos dos
últimos "Clippers" construídos no final do século XIX. O “Cisne Branco” tem dois navios
irmão, um chamado “Stad Amsterdam”, de bandeira holandesa, lançado ao mar no ano 2000 e
outro chamado “Shabab Oman II”, de bandeira do Sultanato de Omã, lançado ao mar no ano de
2014.
A construção do navio ocorreu em tempo recorde (um ano e três meses) e teve, como
principal propósito, permitir ao Brasil participar com um navio de propulsão à vela, da
histórica travessia comemorativa dos 500 anos de seu descobrimento. O Navio tem as tarefas
ser empregado em atividades de representação, nacionais e internacionais e contribuir para a
melhor formação marinheira, dos futuros oficiais e praças da Marinha do Brasil.
O nome do Navio decorre de um verso da música “Cisne Branco”, abaixo descrito,
canção símbolo da Marinha do Brasil, sendo chamada de “Canção do Marinheiro”
1-2
O “Cisne Branco” é o terceiro navio da Marinha do Brasil a ostentar esse nome. O
primeiro foi um veleiro de 79 pés de comprimento, construído em madeira; possuía dois
mastros e era tripulado com 20 homens; realizou apenas uma viagem de instrução com
Guardas-Marinha, no ano de 1979. O segundo navio a ostentar o nome, foi um veleiro de 83
pés de comprimento, com mastro e casco construídos em alumínio. Este veleiro substituiu o
primeiro e realizou viagens de instrução com Guardas-marinha, nos anos de 1980 a 1986,
quando passou à Escola Naval, para servir como veleiro de instrução, até o seu
descomissionamento no ano seguinte.
1-3
CAPÍTULO 2
CARACTERÍSTICAS
2.1 – CARACTERÍSTICAS
O “Cisne Branco” é um Navio Veleiro armado em “Galera”. Possui um total de três
mastros, divididos em três seções cada um. Ainda há o gurupés, cujo prolongamento é
chamado de pau da giba.
O Navio possui as seguintes características principais:
Comprimento Total 76,00 m
Comprimento entre
53,93 m
perpendiculares
Boca 10,50 m
Pontal 4,80 m
Casco (estrutura) aço
Calado 04,80 m
Deslocamento 1038 ton.
Altura do Mastro Grande 46,40 m
Armação Galera
Área Vélica (máxima) 2195 m2
Ferros 02 (dois) ferros tipo “patente” com 900 Kg cada um
06 (seis) quartéis de 27,5m a BE e 07 (sete) de
Amarras
27,5m a BB. O peso da amarra é de 5.500 Kg.
Um Motor Diesel (Caterpillar) 746 KW a 1800 RPM
Propulsão Auxiliar
8 cilindros em V / 4 tempos
Eixo 01, com comprimento de 8,08 m
01 com 4 pás e passo controlado, com diâmetro de
Hélice
1,65 m
01, localizado na proa. Hélice de 0.98 m de
Bowthruster diâmetro, com passo fixo e rotação máx. de 650 rpm.
Potência de 300kW. Motor hidráulico.
02 MCA – Caterpillar – 440 V AC, trifásico 60 Hz,
Geradores 6 cilindros em linha, 170 KW / 213 KVA
01 DGE – Caterpillar - 400 V AC, trifásico 60Hz, 4
2-1
cilindros em linha 65 KW / 81 KVA
15 velas redondas
09 velas de estai (4 na proa e 5 entre mastros)
Velas 01 vela ré (com carangueja e retranca)
06 velas auxiliares
01 vela de capa (mal tempo)
Velocidade máxima à vela
17,5 nós
(projeto)
Velocidade máxima à máquina 11,0 nós
Comandante Capitão-de-Mar-e-Guerra
Oficialidade 10
Guarnição 42
Tripulação em treinamento 31
2.2 MASTREAÇÃO
Mastaréu da Gávea:
Feito em alumínio Alustar
Guinda: 14.34 m
2-2
Peso: 671 kg
Mastaréu do Joanete
Feito em alumínio Alustar
Guinda: 16.18 m
Peso: 581 kg
Mastaréu do Velacho:
Feito em alumínio Alustar
Guinda: 14.34 m
Peso: 671 kg
Mastaréu do Joanete:
Feito em alumínio Alustar
Guinda: 13 m
Peso: 415 kg
2-3
Mastaréu da Gata
Feito em alumínio Alustar
Guinda: 11.62 m
Peso: 401 kg
Este mastro, em muitos veleiros se chama Mezena, porém, a diferença entre se chamar
Mezena ou Gata é a utilização de uma vela, que aqui não se utiliza, chamada “Escandalosa”,
que é envergada por sobre a carangueja até o Mastaréu da Sobre Gata.
2.2.4 GURUPÉS
Localizado na caverna 31, tendo sua base localizada no convés 2.
Possui duas seções:
Gurupés
Feito em aço 480 Mpa
Guinda: 12.34 m
Peso: 431 kg
Pau da Giba
Feito em alumínio Alustar.
2-4
uniões dos mastros reais e mastaréus. As estruturas das plataformas servem de base para os
espalha cabos, que funcionam como guias para os brandais.
Nos navios a vela mais antigos também serviam de local para o serviço dos vigias,
possuindo uma estrutura bem maior, guarnecidas de balaustradas.
2.4 VERGAS
O Navio possui um total de 15 (quinze) vergas redondas. Além das vergas, o Navio
possui uma retranca e uma carangueja, ambas da Vela Ré. As vergas do Navio e a carangueja
são confeccionadas em alumínio. A retranca da vela ré foi fabricada em aço.
As vergas das velas redondas possuem dois vergueiros na parte superior, sendo o de
vante utilizado para o efetivo envergue das velas, onde são confeccionados os botões e também
são fixadas as bichas, usadas para ferrar as velas. O vergueiro de ré serve de apoio para o
pessoal que sai nas vergas e, juntamente com os cabos de aço das linhas de vida, fixado na
parte superior das vergas, servem para atar os cintos de segurança de quem trabalha nas
mesmas.
As vergas da gávea baixa e da gávea alta, assim como do velacho baixo e do velacho
alto, foram projetadas para suprir algumas dificuldades existentes nos antigos navios a vela,
onde as gáveas se assemelhavam a vela da gata do Navio Veleiro “Cisne Branco”. Eram velas
de grandes dimensões e possuíam várias forras de rizo, pois servem como velas para mau
tempo. A partição das gáveas em duas, alta e baixa, reduziu o tamanho das velas e com isso
tornou a manobra de reduzir os panos, em situações de emergência, mais rápidas e mais
seguras.
2-5
2.4.1.2 VERGA DA GÁVEA BAIXA
É uma verga fixa.
Guinda: 18.33 m
Peso: 417 kg
2-6
2.4.2.1 VERGA DO TRAQUETE
É uma verga fixa.
Possui na parte inferior o pau do cutelo e seus aparelhos de força. O pau do cutelo do
traquete possui dois aparelhos, que trabalham fazendo fixo na verga do traquete, um para
disparar o pau do cutelo e outro para recolhê-lo. No pau do cutelo da verga do traquete gurnem
a adriça da varredoura do traquete e as escotas do cutelo do velacho.
Guinda: 22.01 m
Peso: 684 kg
2-7
2.4.3.1 VERGA DA SECA
É uma verga fixa.
O nome “seca” provem dos antigos navios com armação em galera, cuja vela dessa
verga não era caçada e por vezes deixava de ser envergada, permanecendo apenas para manter
a estrutura das demais vergas do mastro da gata.
Guinda: 17.09 m
Peso: 355 kg
2-8
2.4.3.6 CARANGUEJA DA VELA RÉ
Sua boca de lobo faz fixo no mastro real da gata.
Guinda: 11.79 m
2-9
de alumínio, caso haja interferência, o desgaste poderá danificar definitivamente o mastaréu,
além de propiciar a rompimento de cordões dos amantes.
Ao se carregar uma vela, as vergas móveis devem ser arriadas, de modo a aliviar o
esforço sobre o mastro, posicionando-as em um ponto apropriado para suportá-las. Como regra
geral de boa marinharia, “primeiro arria-se a verga e depois se carrega o pano”.
O braceio pelo redondo é a situação em que o Navio apresenta a maior boca, causando
algumas restrições às manobras em águas restritas e em atracações e desatracações. Ao ser
definido um local de atracação deve ser verificado a presença de obstáculos no cais, tais como
guindastes e navios, para definir o bordo em que as vergas devam ser braceadas. Normalmente
o navio atraca com as vergas braceadas quatro quartas para um dos bordos.
Quando navegando, mesmo com as velas carregadas e ferradas, o arvoredo do Navio
apresenta uma área vélica considerável, sendo submetido a esforços razoáveis, principalmente
quando o vento refresca. Por isso as vergas devem ser orientadas (braceadas) de forma a
reduzir a área vélica quando a direção do vento aparente for originada no setor de proa do
Navio.
2 - 10
INTERFERÊNCIAS
A complexidade do arvoredo faz surgir algumas interferências entre cabos, moitões e
partes do aparelho fixo e de laborar do Navio. Tais interferências restringem algumas
manobras, pois podem causar avarias no aparelho e por isso devem-se adotar limites físicos
para o braceio e para as manobras.
Para exemplificar, os braços das vergas do grande podem prender no lais das vergas da
seca e da gata, quando braceadas, por bordos diferentes. Se for necessário bracear um mastro
de cada vez, devido a falta de pessoal para a manobra, a manobra deve começar com as vergas
do mastro da gata e depois realizar a manobra com o grande.
LIMITES
Ao longo do recebimento do Navio e, durante as provas de mar foi verificado que existe
uma diferença entre o limite dos ângulos de braceio das diversas vergas dos mastros. Apesar
dos desenhos e planos não serem claros, ou seja, não especificarem os ângulos de projeto,
notou-se uma diferença entre o braceio dos desenhos e o braceio conseguido após o ajuste final
da mastreação e do aparelho de laborar do Navio.
Foram realizadas medidas em diversas situações e foram determinados pela construtora
da mastreação e pelo construtor do navio, que os dados abaixo relacionados, que dizem
respeito ao ângulo formado pelo plano vertical que contém a linha de centro do navio, no eixo
longitudinal, a contar da proa do navio, até o plano vertical que contém a linha de centro das
vergas (figura 2-1).
MASTRO TRAQUETE
VERGA ÂNGULO OBS
TRAQUETE 33,5º
VELACHO BAIXO 33º
VELACHO ALTO 33º
JOANETE DE PROA 32º
SOBREJOANETE DE PROA 32º
MASTRO GRANDE
VERGA ÂNGULO OBS
GRANDE 37,8º Sem interferências
2 - 11
36,6º Em emergência
FIGURA 2-1
2 - 12
2.5 APARELHO FIXO
O aparelho fixo do Navio é composto de um conjunto de cabos e peças de poleame,
ligados diretamente aos mastros, mastaréus, vergas, gurupés, etc. São responsáveis por
sustentarem a mastreação e as peças que nela trabalham dos esforços provenientes do vento, do
movimento do mar e do Navio e do próprio peso da mastreação.
Compõem o aparelho fixo do Navio: os estais, os brandais, os ovéns, os cupês, os
patarrazes e os cabrestos.
Os brandais são cabos de aço, pouco flexíveis, cobertos com merlim alcatroado, para
protegê-los. Servem para aguentar os esforços exercidos pelos mastros e mastaréus, para ambos
os bordos e, também, para ré, compondo junto com os estais e ovéns o estaiamento da
mastreação.
O ajuste de tensão dos brandais é conseguido por meio de macacos esticadores,
localizados nas extremidades inferiores dos cabos. Nos navios antigos a função dos macacos
esticadores era desempenhada por bigotas.
Os estais são cabos de aço, pouco flexíveis e muito resistentes. Servem para aguentar
para vante toda a mastreação e, também, para envergar velas de estai de proa e entre mastros.
Os estais do velacho, da gávea e da gata, são dobrados, face a necessidade de suportar os
mastros reais e por envergarem as velas latinas de mau tempo.
O ajuste de tensão dos estais é conseguido por meio de macacos esticadores,
localizados nas extremidades inferiores dos cabos.
Os estais de proa ou estais do gurupés, fazem fixo nos mastros e mastaréus do mastro
traquete, retornam através de roldanas existentes no pau da giba e no gurupés e tem os chicotes
fixo ao talhamar, ligados aos respectivos macacos esticadores. Exceto pelo estai do velacho, os
demais passam por peças de passagem no pau de pica-peixe.
O gurupés tem um estaiamento próprio. É uma parte importante no contexto da
mastreação, pois serve de base para os estais e consequentemente para o estaiamento dos
demais mastros, sua estrutura suporta grande parte do esforço feito para ré nos mastros.
A quebra ou qualquer tipo de avaria no conjunto do gurupés pode impedir o uso da
propulsão a vela.
O ajuste dos cabrestos, contra-cabresto, patarrazes, contra-patarrazes e estais que
trabalham no gurupés é uma rotina de extrema importância. O pau da giba, por ser
confeccionado em alumínio, necessita de um tensionamento mais cuidadoso em virtude da sua
flexibilidade.
2 - 13
O pica-peixe é uma peça de aço que faz fixo no gurupés e possui uma série de cabos
que lhe dão a sustentação e a firmeza necessária para que possa servir de guia para os estais do
gurupés.
O gurupés e seu aparelho fixo devem ser motivo de muita atenção, principalmente em
manobras de atracação e desatracação ou quando manobrando próximo a embarcações que
possam colidir com ele. As manobras de reboque pela proa do navio devem ser muito restritas,
pois existe a possibilidade do cabo de reboque cruzar a proa e forçar o cabresto ou pau de pica-
peixe, o que pode causar avarias para a mastreação do navio.
Para manter a segurança do pessoal que guarnece o gurupés, existem redes de
segurança, estribos e linhas de vida ao longo de todo o gurupés e pau da giba.
Outro cuidado a ser observado, abrange a possibilidade das velas de estai de proa,
quando carregadas e não ferradas, formarem bolsas de água, do mar ou da chuva, o que pode
aumentar o esforço sobre o gurupés, podendo causar alguma avaria. Por isso é de suma
importância que essas velas quando não estiverem sendo utilizadas avalie-se o estado do mar,
pois, no caso de estarem se formando esses bolsões, deve-se no mínimo abafar as velas.
OS BRAÇOS
São cabos de laborar que fazem fixo, por meio de amantilhos de cabo de aço, nas laises
das vergas. Servem para possibilitar a rotação das vergas no plano horizontal, dando a
orientação necessária para a mareação dos panos redondos.
2 - 14
Os braços trabalham em conjunto. Para a realização de um movimento de rotação
horizontal com as vergas é necessário alar o braço de um bordo e folgar o braço do bordo
oposto, simultaneamente.
Como as vergas de cada mastro trabalham em conjunto, o braceio das vergas de cada
mastro deve ser feito em conjunto, o que exige um número razoável de pessoal para o
guarnecimento de todos os braços do mastro. O bordo para onde se deseja bracear (o bordo que
for alado) precisa de um número maior de pessoas do que o bordo do braço a ser folgado.
Os braços do mastro traquete (figura 2-2) é composto por cinco pares de braços, distribuídos
pelas cinco vergas. Os braços do sobrejoanete de proa e do joanete de proa fazem fixo nos
laises de suas respectivas vergas, retornam pelo mastro grande e tem o chicote para a manobra
amarrado nas mesas de malaguetas do tombadilho.
Figura 2-2
Os braços do velacho alto, velacho baixo e traquete, possuem a peculiaridade de
trabalharem no guincho Jarvis do traquete. Os sistemas dos braços dessas vergas funcionam de
duas formas, manualmente ou por meio de manobra com o guincho Jarvis. O seio do cabo de
aço do aparelho do braço labora por um moitão fixo ao amantilho do braço, preso no lais da
verga. Uma das extremidades do cabo de aço do braço, após passar pelos seus retornos, vai
trabalhar nos tambores do guincho Jarvis. Ao outro chicote é adicionado um aparelho de
laborar, com cabo de polipropileno, que faz fixo na verga de sécia, tendo o chicote de manobra
amarrado na mesa de malaguetas do convés principal a ré, o que possibilita o seu ajuste e
manobra manualmente.
2 - 15
Os braços do mastro grande podem ser observados na figura 2-3. O conjunto é
composto por seis pares de braços, distribuídos pelas seis vergas. Os braços do sobrinho, sobre
joanete do grande e joanete do grande fazem fixo nas laises de suas respectivas vergas,
retornam pelo mastro da gata e tem o chicote para a manobra amarrado nas mesas de
malaguetas do tombadilho.
Figura 2-3
Os braços da gávea alta, gávea baixa e grande, trabalham no guincho Jarvis do grande.
Os sistemas dos braços dessas vergas funcionam de duas formas: manualmente ou através de
manobra com o guincho Jarvis. O seio do cabo de aço do aparelho do braço labora por um
moitão fixo ao amantilho do braço, preso no lais da verga. Uma das extremidades do cabo de
aço do braço, após passar pelos seus retornos, vai trabalhar nos tambores do guincho Jarvis. Ao
outro chicote é adicionado um aparelho de força com cabo de polipropileno, que faz fixo na
verga de sécia, tendo o chicote de manobra amarrado na mesa de malaguetas do tombadilho a
ré, o que possibilita o seu ajuste e manobra manualmente.
Os braços do mastro da gata podem ser observados na figura 2-4. O conjunto é
composto por quatro pares de braços, distribuídos pelas quatro vergas. Todos os braços do
mastro da gata fazem fixo nas laises de suas respectivas vergas, retornam pelo mastro do
grande e tem o chicote para a manobra amarrado nas mesas de malaguetas do tombadilho.
Todas as vergas do mastro da gata são movimentadas manualmente, tendo em vista não haver
espaço físico para a instalação de um guincho Jarvis mais a ré. Destaca-se que os braços desse
mastro são alados no bordo oposto ao dos mastros do traquete e do grande, por isto, quando se
2 - 16
braceiam as vergas, o pessoal que guarnece os braços se posiciona no bordo oposto ao restante
do pessoal dos outros mastros.
As vergas móveis do aparelho do Navio são içadas e arriadas por meio de ostagas e
andrebelos. As vergas móveis mais baixas possuem ostagas e as demais andrebelos. O
funcionamento de ambos, entretanto, é idêntico. Ao se laborar com estes aparelhos deve-se
atentar para que as vergas estejam amarradas pelo redondo, pois de outra forma o cabo de aço
que a sustenta pode danificar os seus moitões de retorno que estão fixados nos mastros.
Figura 2-5
As vergas móveis, quando arriadas no seu ponto mais baixo, são sustentadas por
amantilhos fixos. Estes amantilhos, além das ostagas e andrebelos dão sustentação às vergas,
possibilitando o acesso de pessoal para a realização de fainas nas vergas. Por este motivo, salvo
em situações de emergência, ninguém deve sair em uma verga móvel quando esta não estiver
portando pelos seus amantilhos (arriadas). As vergas fixas dos papafigos (traquete, grande e
seca), possuem amantilhos de laborar que possibilitam a regulagem do alinhamento das vergas.
Já as vergas do velacho baixo e gávea baixa, são reguladas por meio de braçadeiras, que fazem
retorno no velacho alto e gávea alta, respectivamente.
A vela a ré possui uma retranca e uma carangueja (Figura 2-6). A carangueja é
sustentada por dois amantilhos fixos. O posicionamento da carangueja, entretanto, é realizado
por meio da regulagem dos guardins da carangueja. Existem dois guardins (BE e BB). Estes
deverão ser mantidos sempre tesados e posicionados de forma que a carangueja esteja, no
máximo, no mesmo angulo horizontal que a ponta da retranca da vela ré, em relação ao mastro
da gata, podendo em algumas situações estar braceado mais a sotavento, mas jamais a
2 - 17
barlavento. A retranca da vela ré possui dois amantilhos móveis, sendo sempre mantido tesado
o amantilho de barlavento e solecado o de sotavento para não forçar a vela. Para a regulagem
da vela ré existem ainda um par de escotas da vela ré (BE e BB), que servem para ajustarem o
seu ângulo com o plano horizontal para ambos os bordos, e um par de burros da vela ré (BE e
BB) que servem para ajustar o seu ângulo com o plano vertical, porém, tanto os amantilhos
quanto os burros e as escotas têm que estar trabalhando de forma harmônica, pois, caso
contrário eles estarão “competindo” entre si.
Figura 2-16
2.7 CABRESTANTES
O Navio possui 5 cabrestantes, que podem ser movidos por motor hidráulico ou por
força manual, por meio de seis barras. Os cabrestantes possuem a seguinte disposição:
LOCALIZAÇÃO MANOBRA
Manobra com as espias de proa e com as escotas das velas de
Castelo de Proa
estai de proa.
Manobra com todos as ostagas e andrebelos do mastro traquete,
Convés principal BE com as espias do convés principal e com o amantilho e o
aparelho de força do pau de carga
2 - 18
Manobra com todos as ostagas e andrebelos do mastro traquete,
Convés principal BB com as espias do convés principal e com o amantilho e o
aparelho de força do pau de carga
Manobra com todos as ostagas e andrebelos dos mastros grande
Tombadilho a BE e gata, com as espias da popa e com as adriças e carregadeiras
da vela ré
Manobra com todos as ostagas e andrebelos dos mastros grande
Tombadilho a BB e gata, com as espias da popa e com as adriças e carregadeiras
da vela ré
2 - 19
No “Cisne Branco” os guinchos movimentam as vergas do traquete, do velacho baixo e
do velacho alto, no mastro traquete e, as vergas do grande, da gávea baixa e da gávea alta, no
mastro grande, ou seja, as três vergas mais baixas de cada mastro.
O sistema pode ser acionado hidraulicamente, por meio do mesmo pacote hidráulico
que aciona os cabrestantes do Navio, ou manualmente, por meio de manivelas.
Observou-se em várias manobras que quando demandado o uso de um Jarvis
individualmente ele atua com velocidade angular superior a situação em que todos são usados
ao mesmo tempo. Isso é importante ao se considerar o braceio de todas as vergas (as quais atua
o Jarvis) de todos os mastros, pois, a impressão que transparece é que o aparelho hidráulico não
possui potência o suficiente que sustente todos sendo utilizados ao mesmo tempo.
2.9 VELAME
O velame do navio é composto de 15 velas redondas, 09 velas latinas (de estai), 01 vela
latina de carangueja (vela ré), 06 velas auxiliares e 01 vela de capa, totalizando 32 velas.
MASTRO VELA
1 - TRAQUETE
2 - VELACHO BAIXO
3 - VELACHO ALTO
MASTRO TRAQUETE
4 - JOANETE DO VELACHO (OU DE PROA)
5 - SOBRE JOANETE DO VELACHO (OU DE
PROA)
6 - GRANDE
7 - GÁVEA BAIXA
8 - GÁVEA ALTA
MASTRO GRANDE
9 - JOANETE DO GRANDE
10 - SOBRE JOANETE DO GRANDE
11 - SOBRINHO
12 - SECA
MASTRO DA GATA
13 - GATA
2 - 20
14 - SOBRE GATA
15 - SOBRE GATINHA
Figura 2-7
Para cada vela redonda existem diversos cabos que, em conjunto, possibilitam que a
vela seja devidamente mareada, caçada ou carregada. Estes cabos são (figura 2-18):
CABO FUNÇÃO
Tem a função de caçar os punhos das escotas da
vela até a verga inferior. No caso dos papafigos a
ESCOTA
escota serve para trazer os punhos inferiores da
vela (punhos das escotas) para ré.
Apenas para os papafigos. A amura serve para
AMURA trazer os punhos inferiores da vela (punhos das
escotas) para vante.
Tem a função de carregar os punhos das escotas
ESTINGUE
da vela até a verga onde a vela é envergada
Tem a função de carregar a esteira da vela até a
verga onde a vela é envergada. Dependendo do
BRIOL tamanho da vela ela poderá ter de um a três brióis
(“briol de dentro”, “briol do meio” e “briol de
fora”).
Tem a função de carregar as valumas da vela e as
SERGUIDEIRA/ APAGA
testas até a verga onde a vela é envergada. Nos
2 - 21
papafigos são chamadas apagas, nas demais velas
sergideiras.
Tem a função de carregar as valumas da vela e as
TALHA DE LAIS testas até uma posição que permita que a vela seja
risada.
Têm a função de fixar a vela à verga onde ela é
RIZES envergada, diminuindo a sua área vélica (risando
a vela)
Têm a função de fixar a vela à verga onde ela é
BICHA envergada, ferrando a vela. São usadas várias
bichas para ferrar uma vela.
Figura 2-8
VELA
MASTRO
1 - GIBA
2 - BUJARRONA ALTA
MASTRO DO
3 - BUJARRONA BAIXA
TRAQUETE / GURUPÉS
4 - ESTAI DO VELACHO
2 - 22
5 - ESTAI DA GÁVEA
6 - ESTAI DO JOANETE (DO GRANDE)
MASTRO GRANDE
7 - ESTAI DO SOBRE JOANETE (DO
GRANDE)
8 - ESTAI DA GATA
MASTRO DA GATA 9 - ESTAI DA SOBRE GATA
10 - VELA RÉ
Figura 2-9
Para cada vela latina de estai existem diversos cabos que, em conjunto, possibilitam que
a vela seja devidamente mareada, caçada ou carregada. Estes cabos são os seguintes (figura 2-
10):
CABO FUNÇÃO
Tem a função de marear a vela. Devendo ser
ESCOTA caçada a escota de sotavento até que a vela pare
de panejar. Cada vela possui um par de escotas.
Tem a função de içar a vela, colocando-a em uso.
ADRIÇA Deverá ser folgada quando se pretender carregar
o pano.
Tem a função de recolher (carregar) a vela,
CARREGADEIRA retirando-a de uso. Deverá ser folgada quando se
pretende içar (caçar) o pano.
AMURA Tem a função de fixar o punho inferior da vela,
2 - 23
não permitindo que a adriça ice a vela mais do
que o necessário.
BICHA Tem a função de ferrar a vela.
Figura 2-10
Para a vela ré existem cabos diferentes das latinas convencionais (figura 2-11):
CABO FUNÇÃO
Tem a função de içar o punho da pena da vela,
ADRIÇA DO PUNHO DA PENA colocando-a em uso. Deverá ser folgada quando
se pretender carregar o pano.
Tem a função de recolher (carregar) o punho da
CARREGADEIRA DO PUNHO DA
pena da vela, retirando-a de uso. Deverá ser
PENA
folgada quando se pretende içar (caçar) o pano.
Tem a função de levar o punho da escota da vela
até a ponta da retranca, colocando-a em uso.
ADRIÇA DO PUNHO DA ESCOTA
Deverá ser folgada quando se pretender carregar
o pano.
Tem a função de recolher (carregar) o punho da
CARREGADEIRA DO PUNHO DA
escota da vela, retirando-a de uso. Deverá ser
ESCOTA
folgada quando se pretende içar (caçar) o pano.
CARREGADEIRA DO MEIO Tem a função de recolher (carregar) o meio da
2 - 24
vela (pela valuma), retirando-a de uso. Deverá ser
folgada quando se pretende caçar o pano (colocá-
lo em uso).
Tem a função de recolher (carregar) a boca da
CARREGADEIRA DA BOCA vela, retirando-a de uso. Deverá ser folgada
quando se pretende içar (caçar) o pano.
Tem a função de recolher (carregar) a saia da
CARREGADEIRA DA SAIA vela, retirando-a de uso. Deverá ser folgada
quando se pretende içar (caçar) o pano.
Tem a função de marear a vela. Devendo ser
ESCOTAS caçada a escota de barlavento até que a vela pare
de bater. A vela possui um par de escotas.
Tem a função tracionar para baixo a ponta da
BURROS retranca da vela a ré. A vela possui um par de
burros.
Existe um guardim a BE e outro a BB. Têm a
função de orientar a carangueja no plano
GUARDIM
horizontal, permitindo a sua regulagem de acordo
com a posição da retranca da vela ré.
BICHA Tem a função de ferrar a vela.
Figura 2-11
2 - 25
2.9.3 VELAS ESPECIAIS
As velas especiais se dividem em velas auxiliares e a vela de capa.
As velas auxiliares são içadas por meio de aparelhos especiais e podem ser utilizadas no
mastro grande ou no traquete. Devido a complexidade para a montagem e desmontagem do
aparelho para a utilização dessas velas, elas só deverão ser empregadas em grandes travessias
onde as condições de vento sejam adequadas (vento constante e de pouca intensidade). Estas
velas são as seguintes: Varredoura, cutelo do velacho e cutelo do joanete, sendo duas unidades
de cada uma delas (figura 2-12).
Figura 2-12
A vela de capa, é envergada na mesma posição da vela ré, quando o Navio pretende
capear com mau tempo (vela 4 na figura 2-12).
As velas auxiliares podem ser usadas da seguinte forma:
a) As seis velas no mastro do traquete sendo três de cada bordo;
b) As seis velas no mastro do grande sendo três de cada bordo;
c) Três velas no mastro do Traquete e três no mastro Grande ambas a barlavento;
OBS.: utiliza-se as velas auxiliares nas opções a) e b) quando o vento relativo varia de
popa até a alheta, por ambos os bordos, e a opção c) quando o vento relativo varia de través até
a alheta.
2 - 26
Figura 2-13
Serão utilizados exemplos para as auxiliares serão as do traquete, por isso serão
referenciadas pela lera T de traquete.
Cabos de laborar das velas:
Varredouras (V)
As varredouras possuem 04 cabos de laborar, são eles:
Adriça externa da varredoura (AEVT) – talinga-se no olhal situado no pau de envergue
do gurutil da vela.
Adriça interna da varredoura (AIVT) – talinga-se no punho interno do gurutil.
Escota (EVT) – talinga-se no punho inferior da vela. Serve para caçar a vela.
Carregadeira (CVT) – talingada no punho da escota. Serve para carregar a vela
2 - 27
Os cutelos do joanete possuem 04 cabos de laborar, são eles:
Adriça (ACJ) – talinga-se no olhal situado no pau de envergue do gurutil da
vela.
Escota (ECJ) – talinga-se no punho inferior interno da vela. Serve para dar
forma a vela.
Amura (AMCJ) – Talinga-se no punho inferior externo da vela. Serve para dar
forma a vela
Carregadeira (CCJ) – talingada no punho da amura. Serve para carregar a vela.
Paus da Varredoura
Situados sobre a Balaustrada a BE e BB dos mastros traquete e grande. Servem de
retorno para as escotas das velas varredouras. O aparelho destes paus é constituído de duas
plumas (movimento horizontal) e um Burro (movimento vertical)
2 - 28
2.9.4.1 VENTOS ATÉ FORÇA 4 (Todo Pano)
Pode-se empregar todo o velame.
2 - 29
manobra, de maneira que o Navio esteja com o arranjo apropriado de velame antes de se
encontrar em determinada condição de vento e não o oposto.
A boa marinharia prevê que as velas mais altas (sobrinho, sobre joanetes, sobre gatinha
e giba) sejam carregadas e ferradas ao entardecer, caso haja possibilidade que o vento refresque
durante a noite, pois durante o período noturno se torna mais difícil a identificação visual
(ainda que seja possível a identificação radar) da aproximação de ventos mais fortes, de
rajadas.
2 - 30
CAPÍTULO 3
REGRAS DE SEGURANÇA PARA O PESSOAL QUE TRABALHA NOS MASTROS
Estão relacionadas abaixo algumas regras básicas, que convém ter sempre presentes,
quando trabalhando nos mastros. Essas regras não limitam ou inibem o surgimento de outras,
conforme a necessidade.
O Oficial de quarto e os contramestres têm por dever garantir a segurança com que o
pessoal trabalha na mastreação, orientando e cobrando, sempre, o cumprimento dessas regras:
1. O pessoal que sobe no mastro não deve portar anéis, pulseiras, relógios, cordões ou
qualquer tipo de adereço, que possa enganchar em algum ponto da mastreação
2. Todos devem utilizar cintos de segurança e, tão logo parem em nas vergas, gáveas
ou enxárcias, devem atar-se a parte fixa mais próxima;
3. Use sempre sapatos de borracha (tênis ou botas) para subir nos mastros. Com
calças compridas, colocar as bainhas das pernas por dentro das meias.
4. Uma das mãos para servir ao navio, a outra para servir a si próprio (uma mão para
o navio e a outra para você);
5. Nunca se segurar a cabos de laborar (brióis, estingues, escotas, ostagas...). Segurar-
se sempre a cabos e partes fixas (estais, estribos, ovens...).
6. Quando as vergas estão braceadas ou quando no mar, subir sempre pela enxárcia de
barlavento.
7. Nas enxárcias, segurar-se sempre aos ovens e nunca aos enfrechates, pois estes
podem partir-se.
8. Nunca apostar corrida, seja subindo ou descendo a mastreação;
9. Quando sair na verga, deslizar um pé ao longo do estribo e depois o outro. Nunca
passar um pé sobre o outro. Segurar-se firmemente no vergueiro do pano, firmando o estribo
para trás enquanto o corpo se apoia na verga;
10. Quando subir ao mastro com ferramentas ou objetos, lembre-se de mantê-los
amarrados com um fiel;
11. Quando se iça ou se arria uma verga, ou quando se braceia, ninguém poderá estar
na verga. Os homens só poderão sair em uma verga quando a ostaga ou a adriça, as escotas, os
estingues e os braços estiverem tesados.
12. Ninguém poderá ficar em pé sobre a verga, a menos que seja dada ordem expressa
para isso, por algum motivo especial;
3 - 1
13. Quando sair na verga, não se segurar as bichas, segurar-se ao vergueiro. Quando
ferrar a vela, não usar as bichas para içar a vela. Içar a vela a mão para cima da verga, e depois
então utilizar as bichas para ferrar o pano.
14. Quando se iça ou arria velas de estai e velas de proa ninguém, deve ficar no
caminho das escotas de sota vento.
15. Quando é necessário manobrar com as duas mãos, é de boa marinharia agüentar-se
a si próprio a um mastro ou a um aparelho fixo.
16. Ninguém deve trabalhar no gurupés a sotavento de uma vela;
17. Parar de emitir com os Radares e transmissores de HF, quando houver pessoas
próximas as antenas desses equipamentos nos mastros.
3 - 2
CAPÍTULO 4
AÇÃO DO VENTO
-1-
esse que corresponde a um vento muito forte (~ 40 nós), a direção do vento aparente
poderá ser muito afastada da do vento verdadeiro.
O desvio do vento aparente em relação ao vento verdadeiro que seria nulo se o
navio estivesse em repouso, é de 8º a 10º à bolina cochada, de 15º a 20º à bolina folgada,
de 25º a 28º com vento de través, de 28º a 20º com o vento aberto, para em seguida
diminuir rapidamente e tornar-se nulo para o vento de popa. Nota-se, assim, que o vento
aparente gira mais devagar que o vento verdadeiro nas cercanias de à bolina, e muito mais
depressa entre um aberto e de popa.
-2-
Em um navio a vela, portanto, a direção do vento aparente difere geralmente de
menos de 2 ½ quartas da do vento verdadeiro.
O vetor AB representa a força do vento atuando sobre a vela AC. Esta força pode
ser decomposta em duas outras, a saber: AC ao longo da vela e AD perpendicular à
mesma.
A força AC, aparte o efeito retardador do atrito do ar contra a vela, pode ser
desprezada; porém AD (perpendicular à vela) representa uma força, menor do que AB,
que é aplicada ao Navio.
A força AD, por sua vez, pode ser decomposta em duas componentes: AE e AF; a
primeira é a maior e age perpendicularmente ao eixo longitudinal do navio (que faz o
navio adernar), enquanto que a última age ao longo do eixo longitudinal e impulsiona o
navio para vante (movimento desejado e estudado para ser maximizado).
Assim, pode-se observar que do vetor (gerador) da força propulsora (AB) atuando
sobre a vela, somente uma pequena parte, AF, é empregada em impulsionar o Navio para
vante, a maior parte, AC, sendo perdida ao longo da vela, e uma grande quantidade, AE,
sendo consumida em tentar forçar o navio para sotavento. A arte consistirá, portanto, em
posicionar as vergas de tal modo que este vetor AF seja o maior possível e reduzir os
efeitos do vetor AE, a fim de manter o Navio mais equilibrado.
-3-
A razão de o Navio progredir na direção AF e não em sua perpendicular, é que a
forma das obras vivas é tal que a água oferece pequena resistência ao seu eixo
longitudinal, enquanto que uma grande resistência é oferecida ao seu eixo transversal.
Depreende-se também, da mesma figura, que se o vento rondasse para ré, ou a proa
se afastasse do vento, então a escota poderia ser folgada, permitindo à vela ficar a um
ângulo maior do eixo longitudinal do Navio; o que privilegiaria a componente AD e, por
consequência, também AF, em detrimento de AC. Nessa situação o Navio estaria com o
“vento pelo través”, quando então, considerando a mesma intensidade do vento, uma força
relativamente maior tornar-se-ia, de fato, disponível para impelir o Navio para vante.
Caso o vento rondasse, ainda, o vento mais para ré, até o navio ficar de “vento em
popa”, poderia, então, inferir-se que a componente útil a impelir o navio para vante seria
ainda maior.
Assim, torna-se aparente que a velocidade do navio (a qual depende da força que o
impele para vante) seria máxima quando navegasse de “vento em popa”.
A realidade, porém, é outra; pois a velocidade do navio em relação ao vento não
foi considerada, isto é, as forças foram consideradas, todas, para um navio em repouso.
Vejamos, então, o que se passa na realidade: quando um navio está navegando de
vento em popa, a 4 nós, com um vento de 10 nós, somente 6 nós do vento estão
efetivamente impelindo-o. O mesmo navio estando com o vento pelo través, os 10 nós do
vento estão efetivamente impelindo-o, embora, toda essa força não seja empregada em
impelir o navio para vante. Mesmo assim, usualmente, o vento dá maior velocidade ao
navio quando este está de través do que quando está de popa para o vento e, admitindo as
condições já descritas, a velocidade através da água seria maior que 4 nós.
Bolinando o vento sobre a vela, a velocidade relativa é aumentada e a vela seria
impelida por um vento superior a 10 nós. Apesar disto a componente de impulsão para
vante é relativamente tão pequena que a velocidade de um navio para barlavento é sempre
a menor, e novamente admitindo as mesmas condições anteriores, seria menor que 4 nós.
Por consequência, a velocidade de um navio é máxima para o navio de través ao vento e
mínima para o navio à bolina. Conquanto essas deduções sejam naturalmente dependentes
da forma do navio, são verdadeiras para a maioria dos modernos navios a vela.
-4-
Visando facilitar a compreensão, a figura abaixo procura dar uma noção do efeito
aerodinâmico das velas, a partir do qual empresta o melhor rendimento a um veleiro, nas
diversas direções de incidência do vento.
-5-
-6-
4.2 BRACEIO DAS VERGAS
Admitindo algumas hipóteses simplificadoras, pode-se deduzir algebricamente o
ângulo teórico de braceamento que produz o melhor efeito de propulsão do vento para
dada mareação. Desta forma, encontra-se um ângulo de braceamento igual ao ângulo de
incidência do vento sobre a vela, o que corresponde a orientar as vergas segundo a
bissetriz do ângulo da direção da quilha com a do vento aparente.
Considerando, entretanto, a influência da deriva, da banda, e da curvatura das
velas, pode-se entrever a complexidade teórica do problema, que, todavia, a prática
permite resolver. Nas condições reais, o braceamento que melhor convém a uma dada
mareação, pode-se dizer de um modo geral, é praticamente aquele para o qual se tem
menor necessidade de aguentar o navio com o leme, para o mantê-lo a caminho no rumo
desejado. Para esse braceamento, o ângulo de incidência do vento sobre as velas é sempre
menor que o ângulo teoricamente melhor. A experiência mostra que se obtém a propulsão
máxima, e ao mesmo tempo fraca deriva, orientando-se as vergas, da mareação da bolina à
do largo, de modo que façam um ângulo muito pequeno com o vento aparente: 10º à
bolina cochada, 15º à bolina folgada, 20º com o vento de través ou ao largo. Em outros
termos, quanto mais se aproximam as vergas da posição de braceadas pelo redondo - bem
entendido, sem fazer a vela panejar - mais aumenta a componente de propulsão. Ver tabela
abaixo.
Ângulo da verga em relação ao vento Direção do Vento
10º Bolina cochada
15º Bolina folgada
20º Vento de través ou ao largo
Deve-se observar que, para as velas redondas, as vergas não podem ser orientadas
a menos de 35º da quilha (linha de centro do navio) da verga que mais possa orçar o
Navio, considerando que há outras vergas que têm diferentes interferências que impedem
que se chegue a esse ângulo
-7-
manobra do navio, podem-se reduzi-las a termos mais simples, considerando-se apenas o
efeito do vento sobre as velas e o efeito do leme, como mostrado na figura a seguir.
4.3.5 ATRAVESSAMENTO
“Atravessado” é a posição (também dita de equilíbrio, mas pelo anulamento de
todas as forças) que permite reduzir a velocidade e consequentemente o seguimento do
navio, quando se quer recolher um náufrago, sondar, arriar ou içar um escaler, esperar um
prático, ou qualquer outra razão que justifique uma parada do Navio. Assim, espera-se que
o adestramento do Navio esteja de tal modo bem feito que parar o Navio com o mesmo
atravessado seja mais rápido que tirar os panos.
O balanceamento do velame quando atravessado é tal, que o navio fica
ligeiramente mole, o atravessamento é estável e se mantém a um rumo um pouco mais
arribado que o de bolina, com uma velocidade avante tão pequena que fará nascer, com a
grande deriva, a tendência à orça necessária para contrabalançar o esforço de arribada
devido à ação do vento sobre as velas e as obras-mortas.
Se, ao contrário, o balanceamento do velame, quando atravessado, é tal que o navio
fica arisco, então o navio não encontra em equilíbrio estável; a proa oscilará
continuamente.
As bujarronas, a vela ré e o leme permitirão ao manobrista modificar facilmente a
natureza do atravessamento podendo torná-lo, por meio deles, mole ou arisco, conforme o
fim em vista. Querendo parar por longo tempo e percorrer o mínimo espaço possível,
haverá interesse em tornar o navio ligeiramente arisco folgando as bujarronas e entrando a
-9-
retranca; o navio oscilará, mas se afastará pouco. Querendo manter um rumo estável e
sendo indiferente conservar uma velocidade muito pequena (para preparar, para içar o
escaler, receber o reboque, etc.), adota-se um atravessamento ligeiramente mole; este pode
ser obtido seja entrando as bujarronas, seja solecando a escota da retranca, seja aliviando
um pouco o leme, ou mesmo, utilizando todos esses meios a uma.
- 10 -
4.4 ESTABILIDADE DO NAVIO A VELA
No caso dos veleiros, o valor máximo do braço de endireitamento (ou aqui citado
como adriçamento), e do ângulo em que este ocorre, é de grande importância por
constituir um critério de avaliação da capacidade do navio para se aguentar sob vela.
Consideremos o caso de um navio a vela, com uma curva de estabilidade como na
figura abaixo e que, sob a pressão de um vento firme, toma uma banda de 10º.
- 11 -
pressão no velame, e a área BEF será tudo quanto resta para fazer face a qualquer outra
força inclinadora que apareça uma forte rajada de vento, por exemplo.
A área BEKF é denominada a reserva da estabilidade dinâmica para a banda
constante de 10º e é, portanto, o trabalho mecânico adicional necessário para emborcar o
navio (ou fazer da quilha portaló), quando velejando sob um vento constante e uma banda
de 10º.
Por outro lado, se o navio estivesse aprumado e uma pressão do vento lhe fosse
aplicada subitamente, de modo a produzir uma banda constante, o trabalho realizado pela
pressão do vento até atingir 10º de banda seria representado pela área OABD, enquanto
que o trabalho absorvido pelo momento de adriçamento seria somente OBD. O excesso
do trabalho é utilizado para dar velocidade angular ao navio e este adernaria mais, até um
ângulo representado por NML até que o excesso de trabalho fosse absorvido; isto é, até
que à área BLM se tornasse igual a área ABO. Depois de atingir este ângulo o navio
oscilaria de volta e gradativamente iria amortecendo as oscilações até firmar-se uma banda
constante de 10º.
O caso mais desfavorável é aquele em que o navio está balançando e uma rajada o
atinge no fim do balanço para barlavento; o efeito disto é mostrado na figura seguinte.
Supondo que o navio esteja em um balanço de 10º para barlavento e nessa ocasião
seja atingido por uma rajada, a intensidade do vento sendo tal que, se fosse firme,
produziria uma banda firme de 10º. Até que o navio venha a prumo, o momento de
adriçamento e a pressão do vento atuam no mesmo sentido e o trabalho cumulativo em
imprimir velocidade angular ao navio é representado pela área FEA0. Desde a posição
aprumada até a posição de banda firme o momento de adriçamento atua contra a pressão
do vento, porém esta última excede aquele, de sorte que o trabalho cumulativo total até
aquela posição é representado pela área FEAB0. Depois disto, o momento de adriçamento
sobrepuja e o navio adernará mais até um ângulo NML, até que a área BLM seja igual à
- 12 -
área FEAB0. O navio, então, oscilará de volta e, se o vento continuar firme, irá
gradativamente amortecendo as oscilações até firmar-se a uma banda média de 10º.
- 13 -
CAPÍTULO 5
MANOBRAS BÁSICAS COM O VELAME
5.1 LARGAR/FERRAR/ABAFAR
A faina de largar os panos, sejam eles redondo ou latinos, consiste em retirar a volta das
bichas que as amarram de encontro as vergas, aos mastros ou mastaréus.
Após, portanto a volta das bichas serem retiradas, os panos ficarão sobre os cabos que
os carregam, permanecendo estes sobre volta nas malaguetas. Diz-se, então, que os panos estão
largos sobre os cabos.
Essa manobra é normalmente executada quando se vai caçar os panos.
Mesmo após carregadas, as velas formam “bolsos” devido à posição de seus estingues,
sergideiras e brióis. Estes “bolsos” constituem ainda uma área vélica considerável, podendo
sofrer grande esforço do vento. A manobra de abafar as velas é realizada no intuito de enrolar
de maneira expedita o pano após este ter sido carregado, reduzindo a área velica e
proporcionando ao navio uma navegação ou estadia em um porto mais segura.
A manobra de ferrar as velas é realizada no intuito de enrolar convenientemente o pano
após este ter sido carregado proporcionando ao navio uma melhor apresentação marinheira.
5-2
5.2.1 ARRIANDO UMA VERGA MÓVEL
Inicialmente deve-se bracear o mastro “pelo redondo”, posição em que as vergas
descerão com maior facilidade e se poderá checar melhor o seu alinhamento.
O gajeiro do mastro deverá subir, a fim de observar se a verga está sendo arriada
corretamente e verificar o momento em que a verga atingir sua posição inferior, embora
visualmente seja possível o contramestre, durante a condução da faina, consiga observar do
convés o momento que os amantilhos ficam tesados.
Os estingues, brióis, sergideiras e apagas da vela devem ser folgados, pois à medida em
que a verga for sendo arriada estes cabos serão tesados. Caso algum destes cabos não seja
folgado, a verga tenderá a ser sustentada por ele, tomando assim inclinação para o bordo
contrário.
As escotas da verga superior à que será arriada também devem ser folgadas pois
laboram através de um moitão que se localiza na lais da verga a ser arriada, podendo vir a
sofrer algum esforço desnecessário.
Os braços da verga a ser arriada devem ser guarnecidos, retirando-se a sua folga à
medida em que a verga for sendo arriada, e mantendo-se o alinhamento horizontal da verga.
Quando for dada a ordem para arriar, deve-se iniciar a folgar a ostaga/andrebelo da
verga devagar e sob volta na malagueta correspondente. A manobra estará encerrada quando a
verga atingir sua posição inferior, que será o momento em que os amantilhos desta verga
estiverem completamente tesados, indicando que a verga está portando por eles. Pode-se checar
isto pela falta de tensão na ostaga e pela verificação visual do gajeiro no mastro.
De modo a facilitar a descida e diminuir o atrito entre a troça e o mastro, tem sido
comum o gajeiro passar detergente no trecho em questão.
5-3
Os braços da verga a ser içada devem ser guarnecidos, folgando-se à medida em que a
verga for sendo içada, e mantendo-se o alinhamento horizontal da verga.
Quando for dada a ordem para içar, deve-se iniciar a caçar a ostaga/andrebelo da verga
devagar e preferencialmente, com o auxílio de um cabrestante (exceto o Mastro da Gata). A
manobra estará encerrada quando a verga atingir sua posição superior, o que será verificado
pelo gajeiro. A verga ficará portando pela ostaga/andrebelo e os amantilhos ficarão folgados.
5-4
ostaga/andrebelo, com o auxílio dos cabrestantes (exceto o Mastro da Gata). A medida que a
verga vai sendo içada, devemos realizar as seguintes manobras com os cabos:
Folgar as escotas da vela superior;
Ir folgando os braços da verga;
Ir folgando os brióis, sergideiras e estingues; e
Caçar as escotas até os punhos da vela ficarem cerca de 10cm do lais da verga inferior.
Quando a verga atingir seu ponto máximo (ponto esse, pré-determinado) a vela já estará
caçada.
5-5
bordo de sotavento. A essa mudança de bordo das velas latinas é denominado saltar as velas de
estai.
Para se saltar as velas de estai, os seguintes cabos devem estar guarnecidos:
Escota de Sotavento;
Escota de Barlavento e;
Carregadeira (para as velas de estai da gata e da gávea, não sendo necessário
igual procedimento para a vela de estai do velacho em virtude da distância entre
esta vela e o estai do mastro real do traquete).
A faina deve transcorrer da seguinte maneira:
Ao iniciar a guinada deve se colocar um homem guarnecendo a escota de sotavento, ou
escota a ser folgada, e os demais homens disponíveis na escota de barlavento (a ser caçada). À
medida que o navio vai guinando ou o vento rondando, de forma a passar a entrar pelo bordo
oposto, a escota de sotavento deve ser folgada e a de barlavento (que passa a ser a de
sotavento) caçada de forma que, ao fim da manobra, o vento esteja entrando pelo bordo oposto
ao do início da manobra, com a vela mareada à sotavento.
Deve-se ter atenção aos movimentos dos moitões ou cadernais alceados e das escotas
por ocasião da virada. Os homens envolvidos na manobra devem se manter à barlavento das
escotas e atentos ao movimento brusco destas, de forma a evitar acidentes.
Eventualmente, pode ser necessário, nas velas de estai da gata e da gávea, à medida que
se paga a escota de sotavento, caçar a carregadeira, de forma a reduzir o atrito entre a vela e o
estai real, pagando a mesma quando a vela encher pelo outro bordo.
5-6
No caso dos mastros grande e traquete, os guinchos Jarvis devem ser guarnecidos por
operadores qualificados.
A faina deve transcorrer da seguinte maneira:
Ao ser dada a ordem de “guarnecer postos de braceio” e se informar o bordo para o
qual se deseja bracear o aparelho, os homens devem ser distribuídos de forma a guarnecer os
cabos supramencionados, posições para folgar cabos que poderão ser tensionados e verificação
de alinhamento de vergas.
Um homem deve ser designado para folgar todos os cabos da mesa de malaguetas do
bordo oposto ao qual se deseja bracear.
O encarregado do mastro deve, após os cabos serem folgados, verificar o
guarnecimento das posições e o pronto das posições para iniciar a manobra.
Ao ser dada a ordem de “Alar Braços”, os homens que guarnecem os braços do bordo
para o qual se deseja bracear (Mastros Traquete a Grande) ou o bordo oposto (Mastro da Gata)
começam a alar os braços simultaneamente e de forma coordenada por um homem responsável
por manter um alinhamento entre as vergas do mastro, sendo os braços do bordo oposto ao que
se ala pagos sob volta. No caso dos mastros Traquete e Grande o ritmo de alada dos braços
deverá seguir o dos braços das vergas inferiores, que estiverem sendo alados pelo guincho
Jarvis, quando este estiver em operação.
No bordo oposto ao do braceio a escota do papafigo deve ser folgada e a amura caçada
de forma a manter a vela mareada. No bordo do braceio caça-se a escota e folga-se a amura.
As abraçadeiras devem ser reguladas de forma a manter o alinhamento vertical entre
vergas inferiores e superiores.
Por ocasião desta manobra, principalmente quando utilizando a força hidráulica do
guincho Jarvis, deve ser dada especial atenção ao correto laborar dos cabos; uma escota, braço
ou qualquer cabo de laborar preso pode causar dano material ou pessoal.
Durante a manobra um homem experiente deve ser mantido prestando atenção
exclusiva ao correto laborar dos cabos e alinhamento e outro homem às mesas de malaguetas
folgando eventuais cabos (brióis, estingues, escotas, apagas, etc.) que venham a estar muito
tesados, de forma a minimizar riscos de avarias.
Ao fim da manobra, estando as vergas alinhadas deverá ser dada a ordem de “Volta aos
Braços” quando os braços deverão, mantidos tesados, ser cunhados às malaguetas.
Ao ser dada a ordem de “Cabos claros a manobra” devem ser retiradas as folgas de
todos os cabos das mesas de malaguetas, marinheirados e cunhados às mesmas.
5-7
5.6 MANOBRA DE VIRAR EM RODA
É a manobra recomendada de mudar de bordo, quando não se pode virar por d’avante.
A manobra de virar em roda faz o Navio cair muito a sotavento, porém é possível realizá-la
com qualquer tipo de vento e tempo. No entanto, deve ser evitada quando o mar estiver muito
duro. O navio arriba até que o vento passe a entrar pelo bordo aposto ao que estava entrando e
posteriormente orça até o rumo desejado.
VIRAR EM RODA
ORDEM DESCRIÇÃO
Vela Ré:
Guarnecer as carregadeiras da vela ré.
Escotas da retranca
Velas Redondas
Estingues, brióis, apagas, escotas e amuras.
Vergas
A SEUS LUGARES PARA VIRAR EM
Braços de barlavento (mastro grande e traquete) e
RODA
sotavento (mastro da gata).
Velas latinas
Escotas das velas.
Os oficiais encarregados dos mastros verificam se o
pessoal está corretamente disposto. O Sr. Mestre faz
uma verificação geral nas estações.
Se o vento estiver fresco, carrega-se também o
OBRAS DA VELA GRANDE E DA
traquete, acrescendo-se as velas de estai que
SECA
estiverem caçadas.
Carregam-se todos os panos que haviam sido dados
CARREGA
obras anteriormente.
OBRAS DA VELA RÉ Pessoal é distribuído para carregar a vela a ré.
Logo que estiver carregada a vela ré ala-se a
CARREGA
retranca para o bordo oposto.
LEME DE ENCONTRO Leme a sotavento.
BRAÇOS DO MASTRO GRANDE E (Ter atenção, pois o mastro da gata é braceado
5-8
DA GATA A BARLAVENTO! invertido, por sotavento)
5-9
manobra, a medida que o estado do mar vá piorando. Considera-se a intensidade de 6 nós para
o vento real, como limite mínimo.
VIRAR POR D’AVANTE
ORDEM DESCRIÇÃO
Vela Ré
Guarnecer a escota e o burro da retranca.
Mastro Grande
Braços do mastro grande a barlavento.
Mastro Traquete
Braços do mastro traquete a barlavento.
A SEUS LUGARES PARA VIRAR
Mastro Gata
POR D’AVANTE
Braços do Mastro Gata a sotavento
Papafigos/Seca
Escotas e as amuras dos papafigos
Velas Latinas de Proa
Escotas das velas de proa. O mestre faz uma
verificação geral nas estações.
OBRAS DA VELA RÉ, Se a vela ré estiver carregada orienta-se antes de
RETRANCA A MEIO começar a manobra.
Leme a barlavento. O leme vai sendo carregado
LEME DE LÓ
lentamente, até atingir 15º.
OBRAS DAS VELAS DE PROA, Quando as velas de proa panejarem e o pano
FOLGA AS ESCOTAS! redondo estiver ligeiramente sobre.
OBRAS DO TRAQUETE,
CARREGA
BRAÇOS DO MASTRO GRANDE E Ala-se os braços do grande e da gata braceando-se
DA GATA, 4 quartas pelo bordo oposto.
A BARLAVENTO, ALA BRAÇOS
OBRAS DA VELA RÉ, Deixa-se a retranca apontada ao vento e a vela ré
CAMBA RETRANCA a panejar.
ALIVIA O LEME O Navio reduzirá a velocidade, podendo parar ou
LEME A MEIO até mesmo cair a ré, situação em que o leme é
5 - 10
LEME DE REVÉS invertido (leme de revés) para que a popa
continue caindo.
Salta as escotas das velas de proa, deixando-as
soltas, para que o navio consiga orçar.
OBRAS DAS VELAS DE ESTAI, Dependendo da quantidade de pessoal disponível
SALTA AS ESCOTAS! e da prática do pessoal, podem-se manter as velas
de proa aquarteladas, até o navio virar, facilitando
a virada de bordo.
Executa-se essa manobra quando os panos de ré
BRAÇOS DO TRAQUETE, A começarem a encher. Ou para maior segurança,
SOTAVENTO, ALA BRAÇOS! quando a proa já estiver passado 3 quartas da
linha do vento.
OBRAS DAS VELAS DE ESTAI,
CAÇA!
CABOS CLAROS!
5 - 11
Dentre as demais manobras, a manobra de atravessar é a mais simples, contudo deve-se
ter muito cuidado com a mastreação, observando-se, sempre, o horizonte, os aguaceiros ou as
rajadas de vento e os obstáculos ao redor.
Com vento fresco, não convém atravessar com joanetes e sobrejoanetes.
Sempre que não houver razão para atravessar com o velacho, deve-se preferir atravessar
com a gávea, pois pela sua disposição, ela aguenta melhor os mastaréus.
ORDEM DESCRIÇÃO
A SEUS LUGARES PARA
ATRAVESSAR
OBRAS DOS PAPAFIGOS, Carrega-se os papafigos para facilitar a manobra e
JOANETES, SOBREJOANETES E os joanetes, sobrejoanetes e sobrinho, por
SOBRINHO. segurança.
CARREGA
BRAÇOS DO GRANDE, Os braços do mastro grande são guarnecidos a
À BARLAVENTO barlavento para alar e a sotavento para folgar.
Ala-se os braços de barlavento até que os panos
fiquem sobre, braceando-se 3 quartas pelo bordo
ALA BRAÇOS
oposto, ou mantendo contrabraceado, conforme o
vento e o segmento do navio.
Leme a barlavento. Carrega-se o leme devagar,
LEME DE LÓ colocando-se todo ao bordo indicado, quando o
navio perder o seguimento.
OBRAS DAS VELAS DE PROA Não é necessário folgar as escotas das velas de
FOLGA ESCOTAS proa se o seguimento do navio for pequeno.
5 - 12
5.8.2 MAREAR O PANO ESTANDO ATRAVESSADO COM A GÁVEA
Esta manobra se dá para se ganhar seguimento e se retomar a velejo.
ORDEM DESCRIÇÃO
OBRAS DA VELA RÉ Se esta estiver caçada.
Muitas vezes não é necessário carregar essa vela,
CARREGA
dependendo da tendência do navio.
OBRAS DAS VELAS DE PROA,
CAÇA
LEME A MEIO
BRAÇOS DO GRANDE,
À SOTAVENTO
Marea-se o pano como estiver o da proa
ALA BRAÇOS
(traquete).
OBRAS DOS PAPAFIGOS, Se estiverem carregadas.
JOANETES, SOBREJOANETES E
SOBRINHO
CAÇA
OBRAS DA VELA RÉ
CAÇA
CABOS CLAROS
ORDEM DESCRIÇÃO
A SEUS LUGARES PARA
ATRAVESSAR
OBRAS DOS PAPAFIGOS, Carrega-se os papafigos para facilitar a manobra e
JOANETES, SOBRES E SOBRINHO os joanetes, sobres e sobrinho, por segurança.
5 - 13
CARREGA
BRAÇOS DO TRAQUETE, Os braços do Mastro Traquete são guarnecidos à
A BARLAVENTO barlavento para alar e a sotavento para folgar.
Ala-se os braços de barlavento até que os panos
fiquem sobre, amarrando-se 3 quartas pelo bordo
ALA BRAÇOS
oposto, ou mantendo contrabraceado, conforme o
vento e o segmento do navio.
Leme a barlavento. Carrega-se o leme devagar,
LEME DE LÓ colocando-se todo ao bordo indicado, quando o
navio perder o seguimento.
OBRAS DAS VELAS DE PROA Não é necessário folgar as escotas das velas de
FOLGA ESCOTAS proa se o seguimento do navio for pequeno.
ORDEM DESCRIÇÃO
OBRAS DA VELA RÉ Se esta estiver caçada.
Muitas vezes não é necessário carregar essa vela,
CARREGA
dependendo da tendência do navio.
OBRAS DAS VELAS DE PROA,
CAÇA
LEME A MEIO
BRAÇOS DO TRAQUETE,
À SOTAVENTO
ALAR BRAÇOS Marea-se o pano como estiver o do grande.
OBRAS DOS PAPAFIGOS,
JOANETES, SOBREJOANETES E Se estiverem carregadas.
SOBRINHO
5 - 14
CAÇA
OBRAS DA VELA RÉ
CAÇA
CABOS CLAROS
5 - 15
.
5.9.5 SEQUÊNCIA DE FAINAS NAVEGANDO COM VELAS REDONDAS
5 - 16
5.9.6 SEQUÊNCIA DE FAINAS NAVEGANDO A MOTOR OU NAVEGAÇÃO MISTA
SOMENTE COM VELAS LATINAS
5 - 17
CAPÍTULO 6
AVARIAS NO APARELHO
As regras a seguir são orientações de como se deve agir ante uma avaria ou uma faina
de emergência. Essas regras não devem coibir a adoção de outras medidas que possam
solucionar ou reduzir os efeitos decorrentes das avarias, principalmente, em se tratando de
segurança do pessoal e do material.
6 - 1
Arribar o suficiente para o outro braço aguentar o esforço. Se necessário carregar a vela.
SE PARTIR UM PATARRAZ
Meter à popa e carregar o pano para reduzir a velocidade. Passar dois chicotes de uma
espia de aço (ou amarra) pelos escovéns, e manilhá-los ao lais do gurupés, meter o seio no
cabrestante e rondar.
6 - 2
CAPÍTULO 07
TOQUES DE APITO
LAAMII LAAMII LA LA LA LA LA LA LA
3) ACIMA E AFORA
4) DENTRO E ABAIXO
5) ABAFAR O PANO
LAMIIMIIMIIMIIMII
6) PANO REDONDO
LAAMIILALAAMII
LAAMIILALAAMII # LAMILAA
9) PANO LATINO
MI-LALAAMII
MI-LALAAMII # LAMILAA
LAAAMIIILAAAMI
7-1
RAAAAA (3x execução)
RIIIII-RAAAAAA
RIIIII
16) BE
LAA
17) BB
LAA-LAA
18) BRACEAR
MI 1 QUARTA
MII-MI 2 QUARTAS
MII-MII-MI 3 QUARTAS
MII-MII-MII-MI 4 QUARTAS
MII-MII-MII-MI-MI 5 QUARTAS
7-2
23) IÇAR E CAÇAR TODO PANO
LAAMIII-LAAMIII # LAAAMIIILAAAMI # MI MI MI MI MI
MATERIAL
LAAMII
LAAMII # LAAMIILALAAMII MI
LAAMII # MI
LAAMII # LAAMIILALAAMII MI MI
LAAMII # MI MI
7-3
LAAMII # LAAMIILALAAMII MI MI MI
LAAMII # MI MI MI
LAAMII # LAAMIILALAAMII MI MI MI MI
LAAMII # LAAMIILALAAMII MI MI MI MI MI
LAAMII # MI MI MI MI MI
LAAMII # LAAMIILALAAMII MI MI MI MI MI MI
LAAMII # MI MI MI MI MI MI
LA LAAMII
LA LAAMII # LAAMIILALAAMII MI
LA LAAMII # MI
LA LAAMII # LAAMIILALAAMII MI MI
LA LAAMII # MI MI
LA LAAMII # LAAMIILALAAMII MI MI
LA LAAMII # MI MI
7-4
49) VELA JOANETE DE PROA
LA LAAMII # LAAMIILALAAMII MI MI MI MI
LA LAAMII # MI MI MI MI
LA LAAMII # LAAMIILALAAMII MI MI MI MI MI
LA LAAMII # MI MI MI MI MI
LAARAALALAAMII
LAARAALALAAMII # LAAMIILALAAMII MI
LAARAALALAAMII # MI
LAARAALALAAMII # LAAMIILALAAMII MI MI
LAARAALALAAMII # MI MI
LAARAALALAAMII # LAAMIILALAAMII MI MI MI
LAARAALALAAMII # MI MI MI
LAARAALALAAMII # LAAMIILALAAMII MI MI MI MI
LAARAALALAAMII # MI MI MI MI
7-5
LAARAAMIILAAA # MI
LAARAAMIILAAA # MI MI
LAARAAMIILAAA # MI MI MI
LAARAAMIILAAA # MI MI MI MI
LAAMII LA LAAMII # MI
LAAMII LA LAAMII # MI MI
LAAMII LA LAAMII # MI MI MI
LAARAAMIILAAA LAAMII # MI
LAARAAMIILAAA LAAMII # MI MI
LAARAALALAAMII # MIIMIILAA
PESSOAL
72) GERAL
LAAMII LAAMII
RAAARIIIRAAA # RAAARIIIRAAA
LAAMII # RAAARIIIRAAA
7-6
75) ENCARREGADO DO MASTRO TRAQUETE
LA LAAMII # RAAARIIIRAAA
LAARAALALAAMII # RAAARIIIRAAA
LAAMII # RAAARIIIRAAA
LAARAAMIILAAA # RAAARIIIRAAA
LAAMIII # LAMIII MI
LA LAAMIII # LAMIII MI
LAARAALALAAMII # LAMIII MI
LAARAAMIILAAA # LAMIII MI
LAAMII # MILAAA
LALAAMII # MILAAA
LAARAALALAAMII # MILAAA
LAARAAMIILAAA # MILAAA
7-7
LAAMII # MILAAA MILAAA
7-8
CAPÍTULO 8
GLOSSÁRIO DE TERMOS NÁUTICOS
A SER ESCRITURADO
POSTERIORMENTE
8 - 1
CAPÍTULO 9
EMBARCAÇÃO MIÚDA A REMO
O navio possui uma baleeira com propulsão a remo, para dez remadores e um patrão. É
uma embarcação de madeira, com costado trincado. A baleeira é adequada para adestramentos
de remo para Tripulantes em Treinamento.
A manobra para colocar a baleeira na água é realizada com o pau de carga, do mastro
grande. O berço da baleeira fica localizado no convés das embarcações, à bombordo.
A baleeira não faz parte do equipamento de salvatagem do navio.
9.1 DEFINIÇÃO
É toda a embarcação movida pela ação de um ou mais remadores através de remos, e é
composta de patrão e remadores.
9.2 CLASSIFICAÇÃO
As embarcações miúdas a remos podem ser classificadas como:
DE PALAMENTA - constituída de um remador por bancada (Baleeira de Palamenta) e
DE VOGA - constituída de dois remadores por bancada (Escaler de Voga).
9-1
O número máximo de bancadas em uma embarcação miúda a remos são de sete, a saber:
1ª Bancada - Voga
2ª Bancada - Sota-Voga
3ª Bancada - Contra-Voga
4ª Bancada - Meio de Bancada
5ª Bancada - Contra-Proa
6ª Bancada - Sota-Proa
7ª Bancada - Proa
Obs: O nome dos remadores são os mesmos em uma embarcação de voga ou de palamenta. A
numeração das bancadas é feita de ré para vante.
Quando uma embarcação possui um número menor de bancadas, vão-se eliminando,
primeiramente, os remadores das bancadas centrais, como por exemplo:
Em uma embarcação de 6 bancadas, serão eliminados os Meios de Bancada;
Em uma embarcação de 5 bancadas, serão eliminados os Contra-Vogas e os Contra-
Proas e assim sucessivamente.
9-2
Punhos Sobre a Borda - é colocar os punhos dos remos sobre a borda oposta em que os
remadores se encontram, deixando as pás na horizontal, para que os mesmos descansem. Para
desfazer a manobra dá-se a voz de "Disparar Remos".
Punhos Dentro - é colocar os punhos dos remos sob o alcatrate oposto em que os remadores se
encontram, deixando as pás na horizontal, para que os mesmos descansem. Para desfazer a
manobra dá-se a voz de "Punhos Fora".
Obs: Alcatrate - peça de madeira colocada de proa a popa, prendendo-se às extremidades
superiores das cavernas; elas determinam o tosamento da embarcação.
Safar Remos - é prolongar os remos paralelamente ao costado, deixando as pás na horizontal,
para safar os mesmos de algum obstáculo.
Ciar - é remar para trás. Os remadores caem com o corpo para ré da embarcação, trazendo os
punhos dos remos à altura do peito e dando uma inclinação de 45º de vante para ré nas pás dos
remos. Esta vóz pode ser substituída por "Remos a Ré".
Remos N'Água - é mergulhar as pás dos remos na água com as pás na vertical, sustentando-os
pelos punhos para "frear"a embarcação (quebras o seu seguimento).
Remos ao Alto - é levantar os remos retirando-os das forquetas, colocando-os na vertical com
as pás para cima e no sentido longitudinal da embarcação. Esta voz de manobra se destina a
honra de continência a um Oficial General.
Punhos às Cavernas - é levar os punhos dos remos junto a quilha da embarcação, mantendo as
pás na horizontal. Esta manobra serve para substituir "Remos ao Alto", quando os remos
estiverem presos por fiéis ou a embarcação possuir toldo.
Levar Remos - é desfazer a manobra retirando os remos das forquetas, deixando-os na posição
de "Remos Prontos".
Obs: VOGA - é a cadência de remar e se divide em:
Voga larga - dá-se duas remadas em 10 segundos. Utilizada no deslocamento normal
da embarcação.
Meia Voga - dá-se três remadas em 10 segundos.
Voga Picada - dá-se quatro remadas em 10 segundos. Utilizada em competições
(regatas) e serviços de extrema urgência.
9-3
CAPITULO 10
AJUSTE DO ESTAIAMENTO
10 - 1
aumentará, fruto do deslocamento do tope do mastro, fato que poderá causar um
desalinhamento nos mastros.
Checar sempre o alinhamento entre os três mastros, para verificar as irregularidades.
Não é recomendado utilizar o gurupés ou o pau da giba como referência, pois esse possui um
pequeno desalinhamento de construção, que pode levar o observador a cometer um erro.
As últimas verificações (survey) feitas pelo projetista do Navio relacionam
pormenorizadamente detalhes deste tipo de ajuste, bem como as tripulações vem mantendo
qualificação não só na confecção de cabos em substituição a avariados quando verificação
neste estaiamento. Conhecimento este que jamais pode ser perdido.
10 - 2
CAPITULO 11
AJUSTES NO VELAME
11.1 – INTRODUÇÃO
Por muitas vezes temos que recorrer a manuais, a fotos antigas, a observações de outros
veleiros em regata ou em velejo para verificar uma determinada mareação do pano e utilização
de seus aparelhos tanto com o Navio atracado quanto no mar.
Assim, não existe situação melhor para poder se testar algum procedimento, desde que
não comprometa a segurança, do que velejando.
Obviamente isso exige conhecimento técnico das forças atuantes no pano e no aparelho
do Navio, porém, só se consegue com o interesse em se testar. E por fim, demanda uma certa
dose de ousadia da parte de seus componentes do mastro sob a autorização do Sr. Comandante
e do Chefe do Convés.
Vela Giba
Quando se está velejando com vento de alheta para ré, as velas latinas têm pouca
influência, pois ficam na sombra do vento das velas redondas. No caso da Giba, porém, como
sua amura é móvel, com ventos nesses quadrantes pode-se içá-la até o tope, de modo que ela
consiga receber um vento mais limpo.
11 - 1
11.? – AJUSTES ESPECIAIS NO MASTRO DO GRANDE???
Vela Gata
Esta vela é muito grande, assim, carrega consigo uma energia muito grande, por isso,
quando o vento trabalhar nela bem tangente ela deve ficar bem caçada, mas quando o vento
entrar no navio bem pela popa, vale a pena folgar os punhos e deixá-la com uma bolsa, mas
esse procedimento só deve ser utilizado se o vento for estável o suficiente para não deixá-la
panejando.
Vela a Ré
Esta é uma vela muito importante no governo do Navio, por isso, não se deve desprezá-
la no que tange a governo. Ela é tão forte que é capaz de guinar o Navio dependendo do estado
do mar e da intensidade dos ventos.
Há um histórico (2015) durante uma regata (Tall Ships Races) que o Navio não tinha
mais orça para cruzar a linha de chegada e foi braceando a vela a ré para barlavento, ocasião na
qual a proa foi “jogada” na linha de chegada e a cruzou finalizando sua participação na regata,
percebeu-se que ela permitiu uma orçada que já estava mais sendo possível com o restante de
pano e do leme.
A vela tem sua estrutura “barriguda”, mas é possível melhorá-la, especialmente na
valuma, regulando a altura da retranca através do amantilho, lembrando que a carangueja é fixa
e não pode ser alterada.
O “leque” com a vela a ré também é possível braceando mais a carangueja que a
retranca, mas jamais o contrário.
11 - 2
Os punhos que braceiam a retranca devem ser sempre reposicionados para facilitar o
braceio, mas quando não houver força o suficiente para bracear, pode-se utilizar a própria força
do vento na vela.
11.5 – OS ANEMÔMETROS
Para um Navio Veleiro esse sensor é tão importante quanto qualquer outro, pois, será
ele que dirá se estamos velejando corretamente ou não.
Existe uma turbulência de ventos causada no Navio depois que o vento incide nas velas
e é completamente diferente para ventos quando incidem pela popa, pelo través e pela
bochecha, assim, é muito raro quando os dois anemômetros estão coincidentes. Pode-se
considerar, portanto, que ventos de proa, o anemômetro de vante é mais confiável e para ventos
de popa o de ré o é, porém, podemos individualizar essa análise se usarmos a indicação do
11 - 3
anemômetro de ré para ajuste do mastro da gata e do de vante para ajustes no mastro do
traquete.
11.6 – CONCLUSÕES
O melhor sensor de bordo são os olhos dos seus componentes, jamais duvide da
capacidade deles de dizer o que é ou o que não é possível fazer, pois, a princípio tudo é
possível.
Muito foi dito, porém, isso não é um assunto acabado. Convido V.Sa. a colocar tudo
que está aqui em cheque e verificar novamente, voltando a editar tantas vezes quantas forem
necessárias, pois, um Navio-Veleiro só o é se estiver velejando.
11 - 4
CAPITULO 12
PROCEDIMENTOS PARA DISPOR AS VELAS SOB CALÇÕES.
Dispor as velas sob calções é umas das formais mais belas de estar atracado a um porto.
Necessitando que algumas observações e cuidados sejam tomados.
O primeiro deles é a atenção que deve se dar ao acompanhamento meteorológico na
área em que o Navio for estar atracado, haja vista que a tripulação é pequena e a maior parte do
tempo está licenciada, reduzindo desta forma o tempo de reação ante uma surpresa
meteorológica que possa comprometer a integridade do velame, do aparelho do Navio e quiçá a
segurança da atracação.
Tudo isso porque mesmo sob calções ainda existe uma área vélica considerável que,
caso um vento sopre de forma intensa e forte, pode causar danos.
Caso se conclua que não há riscos, pode-se dispor o Navio sob calções. Desta forma,
em virtude da diferença de disposição entre bichas, brióis, sergideiras, apagas e as próprias
vergas, cada mastro possui diferenças em como dispor estes cabos para se atingir ao propósito
final de uma excelente apresentação marinheira no porto.
Genericamente, a melhor forma de começar a dispor esta configuração é estando o
navio com as velas caçadas, uma vez que elas não vão estar amarrotadas (situação que as
mesmas se apresentam após desabafadas ou desferradas), porém, isso não é impeditivo.
Recomenda-se, portanto, que para iniciar esta manobra se deixe as velas “caírem”, não estando,
porém, em uso em virtude de não se folgarem os estingues e caçarem as escotas.
MASTRO DO TRAQUETE
MASTRO GRANDE
Grande
Folga-se os brióis de fora e as sergideiras, sendo que estas também podem ser caçadas
para obter um bom aspecto marinheiro; e
Caça-se os brióis de dentro.
Gávea baixa
Folga-se os brióis de fora e as sergideiras, sendo que estas também podem ser caçadas
para obter um bom aspecto marinheiro; e
12 - 1
Caça-se os brióis de dentro.
Gávea alta
Folga-se os brióis de fora e as sergideiras, sendo que estas também podem ser caçadas
para obter um bom aspecto marinheiro; e
Caça-se os brióis de dentro.
Joanete
Devido a grande guinda da vela, deve ser abafada para um melhor aspecto marinheiro.
Sobre joanete
Devido a grande guinda da vela, deve ser abafada para um melhor aspecto marinheiro.
Sobrinho
Devido a grande guinda da vela, deve ser abafada para um melhor aspecto marinheiro.
MASTRO GATA
Utilizam-se militares pelas enxárcias e por sobre as vergas para esticar melhor e dispor
o pano ao longo do mastro.
Seca
Folga-se as sergideiras e brióis de fora.
Caça-se os brióis de dentro.
Gata
Folga-se as sergideiras e brióis de dentro.
Caça-se o briol de fora.
Sobregata
Folga-se as sergideiras e briol.
Utilizam-se bichas entre os brióis.
12 - 2
Sobregatinha
Folga-se as sergideiras e briol.
Utilizam-se bichas entre os brióis.
12 - 3
CAPÍTULO 13
TERMOS EM INGLÊS
A ENFRECHATE – Ratline
ENXÁRCIA – Rigging , Shrouds
ADRIÇA – Halliard, halyard, haulyard, ENXÁRCIA DE BARLAVENTO –
tricing line Wheather Rigging , Wheather Shrouds
AMANTILHO – Topping lift, lift ENXÁRCIA DE GÁVEA – Topmast
AMANTILHO DE LABORAR – Rigging , Topmast Shrouds
Running Lift ESCOTA – Sheet
AMANTILHO FIXO – Standing lift, ESTÁI – Stay
Standing topping lift ESTAI DO VELACHO – Fore
ANDORINHO – Stirrup, Life Line topmast staysail
ARANHA – Crane line ESTÁI DA GÁVEA – Main topmast
staysail
G
E GATA –Mizzen topsail
GÁVEA BAIXA – Main lower-topsail
13 - 1
GÁVEA BAIXA – Main upper-topsail MASTRO DO TRAQUETE –
GIBA – Flying-jib Foremast
GRANDE – Main course
GURUPÉS – Bowsprit, boltsprit
GURUTIL DA VELA- Luff
N
H
O
OSTAGA – Tie, tye, halyard
I OVÉM – Shroud
P
J PAPA-FIGO – Course sail
R
K RETRANCA – Spanker boom
S
L SECA – Crossjack
SERGIDEIRA – leach line, leech line
SOTAVENTO – Leeward
M SOBRE-JOANETE DO TRAQUETE
– Fore Royal
MARINHARIA – Seamanship SOBRE-JOANETE DO GRANDE –
MASTRO DA GATA – Mizzenmast Main royal
MASTRO DO GRANDE – Mainmast SOBRE-GATA – Mizzen topgallant
13 - 2
SOBRE-GATINHA– Mizzen royal
SOBRINHO – Main skysail
V
VELACHO BAIXO – Fore lower-
T topsail
VELACHO ALTO – Fore upper-
TESADO – Taut topsail
TESAR – to set up, to heave tight or RÉ – Spanker
taut, to haul down taut VELAS LATINAS – Fore and Aft
TRAQUETE – Fore course Sails
VELAS REDONDAS – Square Sails
13 - 3
ANEXO A
POEMA DO VELEIRO
O Veleiro ...
Chegamos ao fim, quão longe foi o cruzeiro Por amor travamos este combate
Assim nos conduziu este elegante veleiro Contra os elementos de puro desgaste
Ao porto desejado e a meta final. Que o afundariam num único tranco
Foi dura a luta, ganhamos por teimosia Chegaremos a(o) _(nome do porto)_ e a terra baixemos
Com este valente veleiro que estremecia A luta passada recordaremos
Pela fúria de um forte vendaval. E agora queremos apenas desfrutar.
Então lutamos por ver nosso Navio seguro Ao lutar com o mar temos a vida por um fio
Navio querido, Navio de orgulho Por ter sempre pela proa um vento bravio
Lindo que és nosso Cisne Branco Que ao invés de odiarmos, o amamos ainda mais!!!