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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

MINISTÉRIO PÚBLICO
PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA
DEPARTAMENTO ESPECIALIZADO PARA ÁREA CRIMINAL

TERMOS DE REFERÊNCIA DO II SEMINÁRIO SOBRE


CIBERCRIMINALIDADE

Introdução

As tecnologias de informação e comunicação (TICs) e a internet oferecem às


crianças e adolescentes um olhar amplo e extenso do mundo que as rodeia
e, quando utilizados com moderação e cuidado trazem pontos positivos, de
contrário, podem vir a causar sérios riscos aos mesmos, tornando-se uma
ameaça ao serem utilizados como meio de comunicação.

As crianças e adolescentes, por não possuírem experiências e lucidez dos


perigos e ameaças que as cercam, acabam sendo descuidadas expondo
informações, conteúdos e até mesmo conversas com pessoas desconhecidas,
e facilmente aliciadas e induzidas à practica de comportamentos desviantes.

Nesta perspectiva, é importante se estar sempre atento aos conteúdos e


aplicativos a que crianças e adolescentes acedem na internet porquanto, são
alvos fáceis para aqueles que a utilizam para cometer actos ilícitos,
principalmente delitos relacionados à exploração e pornografia infantil e
abuso sexual de menores, e noutra prática de crimes hediondos, como por
exemplo massacres em estabelecimentos de ensino.

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Acresce que, a Internet disponibiliza uma diversidade de funções, entre os
quais, aplicativos das mais variadas finalidades como redes sociais e salas
de ‘’bate papo ‘’on line propiciam aos criminosos oportunidades para
interagir não só com adultos, mas também com crianças e adolescentes. E,
existem mecanismos ocultos que podem não estar ao alcance do
monitoramento do usuário ou seja dos pais ou responsáveis pela criança,
impondo-se a necessidade de garantir e acrescentar os seus direitos
constitucionalmente consagrados.

A Constituição da República de Moçambique estabelece que todas as


crianças têm direito à protecção da família, da sociedade e do Estado, tendo
em vista o seu desenvolvimento integral. Moçambique ratificou diversos
instrumentos internacionais, nomeadamente, a Convenção das Nações
Unidas sobre os Direitos das Crianças, Protocolo Facultativo relativo a
Venda de Crianças, Prostituição Infantil, e Pornografia Infantil, visando
garantir maior protecção dos seus direitos.

Com aprovação do novo Código Penal em 2019, o legislador tipificou uma


série de actos visando o combate à pornografia de menores, a utilização de
menores em pornografia, produção, venda, distribuição de pornografia
infantil bem como criminalizou a aquisição e a posse de tal material.

Entretanto, as condutas ilícitas praticadas na internet contra crianças e


adolescentes podem ocorrer através de diversos modos tais como através
exploração e abuso sexual on line, pornografia infantil, pedofilia,
cyberbullying, sexting, grooming, stalking, impondo-se a delineamento de
estratégias conjuntas com vista à vigilância preventiva de sites que são
acedidos por crianças e adolescentes, bem como a monitorização de
conteúdos relacionadas com a exploração sexual de crianças no ciberespaço.

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Não menos importante é a violência contra as mulheres. A violência contra
as mulheres através da internet também conhecida como violência digital ou
virtual, refere-se a qualquer forma de violência, assédio, intimidação,
perseguição que ocorre através de meios digitais como redes sociais,
aplicativos de mensagens, email entre outros.

Segundo as estatísticas mais recentes de 2023, registaram-se de forma


cumulativa um total de 8.376 processos contra 8.350 do ano anterior,
sendo que na sua maioria as mulheres são vítimas de violência doméstica,
que pode ser física, patrimonial, sexual, moral e psicológica, devidamente
elencada na Lei n.º 29/2009, de 29 de Setembro que conta com
instrumentos apropriados para o seu combate.

Paralelemente, ao acima referido as redes sociais são um autêntico exemplo


de como o direito digital e a protecção de dados entram em jogo na luta
contra a violência de que é vitima a mulher. As mulheres devem estar
conscientes do risco dos contactos on line e das ferramentas disponíveis
para proteger a sua privacidade.

Na verdade, a protecção de dados é crucial na segurança das vítimas da


cibercriminalidade, em especial a que é cometida contras as mulheres e
crianças, sendo que, quando informações pessoais caem em mãos alheias e
erradas, podem ter consequências graves e devastadoras para as vítimas e
famílias.

Entretanto, inexistem dados estatísticos de todos os crimes cometidos


contra as mulheres e crianças com utilização das tecnologias de informação
e comunicação.

De referir que, os governos, e as empresas de tecnologia têm a


responsabilidade de estabelecer um ambiente seguro para todos usuários,
com realce para crianças e adolescentes dada a sua vulnerabilidade,

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adoptando medidas eficazes por forma a assegurar que a privacidade e os
dados pessoais estejam devidamente protegidos.

Não obstante, os esforços empreendidos pelo Governo para reforçar o


quadro legal e combater os malefícios decorrentes do uso da internet,
persistem desafios pelo que, a coordenação e articulação entre autoridades
nacionais, provedores de serviço, organizações da sociedade civil, e parceiros
de cooperação constitui factor indispensável para promoção de investigações
garantindo um combate eficaz destes crimes.

1. Justificativa

O II Seminário faz parte das iniciativas desenvolvidas pela PGR, e consta do


Plano Estratégico do Ministério Público, objectivo especifico - combater a
criminalidade informática atráves da realização de seminários e workshops
com orgãos do Estado, órgãos de justiça criminal, provedores de serviço de
internet, organizações da sociedade civil e demais actores chaves - com
interesse na matéria, com vista a adopção de abordagens abrangentes e
fortalecimento da colaboração interinstitucional.

2. Objectivo Geral

Abordar questões actuais relativas a exploração infantil e abuso sexual de


crianças e adolescentes on line, e , à violência praticada contra a mulher no
mundo virtual.

3. Objectivos Específicos

 Analisar a principal legislação que versa sobre a protecção da criança


e do adolescente, bem como as leis que abordam a criminalidade
informática;

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 Delinear estratégias para melhorar a segurança digital de crianças e
adolescentes na internet;
 Identificar as causas que levam as mulheres a tornarem-se as maiores
vítimas de crimes no ambiente digital;
 Descrever as consequências que um crime com uso de violência na
internet pode causar na vida de uma mulher;:
 Dar a conhecer as políticas públicas de combate à violência contra as
mulheres no mundo digital;
 Propor estratégias de combate aos crimes informáticos praticados
contra as mulheres;
 Estabelecer mecanismos de prevênção, detecção, monitoria e
resolução de crimes praticados no ambiente virtual contra as
crianças, adolescentes e mulheres;
 Reflectir sobre o papel dos provedores de serviço na prevenção e
combate aos crimes praticados no ambiente virtual contra as
crianças, adolescentes e mulheres;
 Analisar os desafios legais e sociais que o Estado enfrenta no combate
à cibercriminalidade no geral;
 Debruçar sobre principais metódos de investigação com destaque para
as técnicas de informação e obtenção da prova digital;
 Reflectir sobre a protecção de dados pessoais;
 Avaliar a implementação das recomendações saídas do I Seminário;
 Reforçar a coordenação interinstitucional entre os diversos
intervenientes nomeadamente, MP, MCTES, SERNIC, INTIC,
academia, provedores de serviço de internet e sociedade civil, na
prevenção e combate `a cibercriminalidade.

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4. Resultados Esperados

 Analisada a principal legislação que versa sobre a protecção da


criança e do adolescente bem como as leis que abordam a
criminalidade informática;
 Delineadas estratégias visando a melhoria da segurança digital de
crianças e adolescentes na internet;
 Identificadas as causas que levam as mulheres a tornarem-se as
maiores vítimas de crimes no ambiente digital;
 Divulgadas as estratégias e políticas públicas de combate à violência
contra as mulheres no mundo digital;
 Estabelecidos mecanismos de prevenção, detecção, monitoria e
resolução de crimes praticados no ambiente virtual contra as crianças
e mulheres;
 Definidos os papéis dos provedores de serviço na prevenção e combate
aos crimes praticados no ambiente virtual contra as crianças e
mulheres;
 Divulgada a importância da protecção de dados pessoais;
 Avaliada a implementação das recomendações saídas do I Seminário;
 Reforçada a coordenação interinstitucional entre os diversos
intervenientes nomeadamente, MP, MCTES, SERNIC, INTIC,
Academia, provedores de serviço de internet e sociedade civil, na
prevençao e combate `a cibercriminalidade.

5. Participantes

O seminário contará com a participação de Magistrados do Ministério


Público e Judiciais, investigadores do SERNIC, quadros do MCTES, INTIC,
CSIRT, CIUEM, Academia, provedores de serviço de internet, representantes
de organizações não governamentais que intervém na proteção dos direitos
das crianças e mulheres e parceiros de cooperação como ilustra a tabela que
se segue:

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N/O INSTITUIÇÃO N˚ DE PARTICIPANTES OBSERVAÇÕES

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1 PGR 20
2 Tribunal Supremo 10
3 SERNIC 10
4 MJACR 2
5 MCTES 3
6 MGCAS 2
7 INTERPOL 1
8 Gabinete de 1
atendimento à
família e criança
9 INTIC 3
10 INCM 2
11 INAGE 1
12 CIUEM 2
13 AMPETIC 2
14 CSIRT 2
15 Operadoras de 3
telecomunicaçoes
16 OAM 1
17 Observatório das 1
mulheres
18 UNODC
19 Save the children 1
20 Linha fala criança 1
21 ROSC 1
22 UNICEF 1
23 REDE CAME 1
24 FSDmoc 1
25 G.Comunicação 1
26 Secretariado 2
27 Equipe de apoio 4
Total 80

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6. Duração, Data e Local
O seminário terá a duração de um (1) dia útil, e decorrerá no Hotel Avenida
no dia 24 de Maio de 2024.

7. Temas Propostos

Painel Temas Oradores Moderadores

I – Exploração Tema 1: Estrategias


infantil e de proteção de UNDOC
abuso sexual menores online;
de crianças no Tema 2: INAGE
ciberespaço Ferramentas
existentes para
detecção de CIUEM
situações de
exploração infantil
e abuso sexual on-
line;
Tema 3: Estratégias
para melhorar a
segurança digital de INCM
crianças e
adolescentes na
internet.
II – A violência Tema 1: A violência
contra às virtual contra à PGR

mulheres no mulher; TS
mundo digital Tema 2: O papel da
sociedade civil na
prevenção e
combate a violência
contra as mulheres Sociedade Civil

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na internet. (FSDmoc)
Tema 3: A resposta
das instituições de
justiça criminal UNODC

III – Painel – Tema 1: A


Reforço do importância de uma PGR
quadro legal Lei de Protecção de
como dados pessoais. MJACR

estratégia Tema 2:
para melhorar Perspectivas para o INTIC
a segurança reforço do quadro
digital. legal.

8. Organização
A organização do evento estará sob responsabilidade do Departamento
Especializado para Área Criminal (DEAC) em coordenação com os Gabinete
de Cibercrime, da Digníssima PGR, do Dignissimo Secretário-Geral e o de
Informação e Comunicação da PGR.

9. Designação da Acção

 II Seminário Sobre Cibercriminalidade

10. Lema

 Desafios Enfrentados pelo Ministério Público na Prevenção e


Combate a Violência contra Mulher e Criança no Ciberespaço

11. Equipe de organização e apoio

 Comunicação (Emmanuel Zaqueu);

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 Secretariado (Portugal Moises e Camilia Mahomed);

 Mestre de Cerimónia (Ana Roque);

 Equipe de Apoio (Ofélia Monjane, Carmélia Sevene, e Felizarda


Salomão).

12. Financiamento

O seminário será financiado pelo Escritório das Nações Unidas Contra a


Droga e Crime - UNODC

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