Trabalho de Lingustica III Cstelo Edurdo Abula 2024

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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Faculdade de Ciências de Educação


Curso de Licenciatura em Ensino de Português
Trabalho de Língua Portuguesa III

Tema: Mudança do Português em Moçambique

Nome de Estudante: Castelo Eduardo Abula Ausse


Código de Estudante: 96230186
Mandimba, Março de 2024
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Faculdade de Ciências de Educação
Curso de Licenciatura em Ensino de Português
Trabalho de Trabalho de Língua Portuguesa III

Tema: Mudança do Português em Moçambique

O presente trabalho é da cadeira


de Língua Portuguesa III, a ser
submetido na UnISCED, para fins
avaliativos sob orientação de.
Tutor: D Nhatuve

Nome de Estudante: Castelo Eduardo Abula Ausse


Código de Estudante: 96230186
Mandimba, Março de 2024
Indice
Conteúdo Pag.

1. Introdução .................................................................................................................................. 3

1.1. Objectivo: ........................................................................................................................... 3

2. Desenvolvimento teórico ........................................................................................................... 4

2.1. Estudo de Caso ................................................................................................................... 5

2.1.1. Variação fonético-fonológica ......................................................................................... 5

2.1.2. Variação morfológica ..................................................................................................... 6

2.1.3. Variação Sintáctica ......................................................................................................... 7

2.1.4. Variação semântica ......................................................................................................... 7

2.1.5. Variação lexical .............................................................................................................. 8

3. Conclusão .................................................................................................................................. 9

4. Referencia Bibliográfica .......................................................................................................... 10


1. Introdução

O presente trabalho é da disciplina de Linguística III, trabalho este que tem como intuito
de abordar acerca da Mudança do Português em Moçambique. Por tanto Moçambique, um país de
extensa área geográfica, é habitado por muitos grupos étnicos que se comunicam diariamente em
mais de vinte línguas, a maioria delas provenientes da família das línguas bantu, entre as quais
constam línguas como o macua, chimaconde, tsonga, copi, nhanja e sena. Estas constituem o
grupo das principais línguas usadas pela maioria da população dessa área geográfica. A maioria
destas línguas são internacionais, quer dizer, são faladas também em países vizinhos de
Moçambique. Para a sua materialização recorremos algumas obras contundentes a Linguística,
que estão apresentadas na referência bibliográfica do trabalho. E o trabalho está dividido em
títulos e subtítulos e seguintes objectivos:

1.1. Objectivo:

 Descrever sobre as Mudança do Português em Moçambique, e


 Discutir aspectos de mudança na fonética, na sintaxe e no léxico.
1.2.Metodologia

Para a elaboração do presente trabalho recorremos a várias obras bibliográficas em busca do


assunto pertinente sobre as Mudança do Português em Moçambique.

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2. Desenvolvimento teórico

Contextualização:

De acordo Faria, Isabel, et al (2004), Moçambique é um caso típico de um país africano


linguisticamente heterogéneo, onde coexistem diversas línguas, nomeadamente, línguas
autóctones, de raiz bantu, faladas pela maioria da população, português, diversas línguas
estrangeiras e ainda outras línguas de emigrantes oriundos do continente asiático e/ou seus
descendentes.

Dada a dificuldade habitual em estabelecer fronteiras linguísticas e os agrupamentos dialectais, a


identificação das línguas autóctones revela-se uma tarefa complexa. um monumental estudo
comparativo das línguas bantu, integrou as línguas faladas no território moçambicano em 4 zonas
linguísticas, nomeadamente, Faria, Isabel, et al (2004), afirma que:

 ZONA G:2, com o grupo linguístico G. 40, composto pelo Swahili3;


 ZONA P, com os grupos P.20 (Yao), composto pelas línguas Yao (P. 21), Makonde (P.
23) 4, Mabiha/Mavia (P. 25) e o grupo linguístico P. 30 (Makua), com as línguas Makua
(P. 31), Lomwe (P. 32), Ngulu/ W. Makua (P33) Cuabo/ Cuambo (P. 34);
 ZONA N, com o grupo linguístico N. 30 ( Nyanja), com as línguas Nyanja (N. 31a),
Cewa (N. 31 b), Mananja (N. 31c) e o grupo linguístico N. 40 (Senga-Sena), composto
pelas línguas Nsenga (N. 41)5 Kunda (N. 42), Nyungwe (N. 43), Sena (N. 44), Ruwe (N.
45), Podzo (N. 46);
 ZONA S, com o grupo linguístico S. 10 (Família Shona), com as línguas Korekore (S. 11),
Zezuru (S. 12) 6, Manyika (S. 13a), Tebe (S. 13b), Ndau (S. 15), o grupo linguístico S. 50
(Tswa-Ronga), com as línguas Tswa (S. 51), Gwamba (S. 52), Tsonga (S. 53), Ronga (S.
54) e o grupo linguístico S. 60 (Chopi), de que fazem parte as línguas Chopi/Lenge (S. 61)
e Tonga/Shengwe (S. 62).

Os dados do Recenseamento Geral da População e Habitação de 1997 revelam que o


conhecimento da língua portuguesa se circunscreve a uma parte reduzida da população de
Moçambique. O português é conhecido como língua materna por 6.0% e usado como língua
falada com mais frequência apenas por 9.0%, embora 39.0% dos inquiridos tenham declarado que
o sabiam falar. A maioria destes falantes localiza-se em zonas urbanas, pertence ao sexo

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masculino e é jovem. Com efeito, de acordo com os dados do Recenseamento Geral da População
e Habitação de 1997, nas zonas urbanas, a maioria sabe falar a língua portuguesa (72.0%),
contrariamente às zonas rurais, onde a maioria não sabe falar a língua portuguesa (73.0%).
(FARIA, ISABEL, et al 2004).

2.1.Estudo de Caso

Contextualização:

A mudança que se observa numa língua no decorrer do tempo está em paralelo com a
mudança dos conceitos de vida de uma sociedade, na mudança das artes, da filosofia e da ciência
e, até, na mudança da própria natureza.

Essa evolução temporal, essa mudança diacrónica ou histórica é um dos aspectos mais evidentes
da variação inerente à qualquer língua. Mas também a língua vária no espaço, razão por que o
português apresenta as variedades nacionais de Portugal e do Brasil, países em que é considerado
língua nacional, e as de Angola, Moçambique, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e
Timor, em que foi adoptado como língua oficial.

Tendo em conta, que a língua vária de acordo com o espaço, no caso de Moçambique não
ultrapassa as barreiras, as mudanças vão de acordo com os grupos étnicos de acordoo
mencionado pelo Faria, Isabel, et al (2004):

2.1.1. Variação fonético-fonológica

Para Matos (2010), É uma característica das diferenças na pronunciação de palavras que variam
de língua para língua, de variedade para variedade. Pode ainda ser causada por influências de
outras línguas, ainda que deva considerar que “os valores fonológicos são abstracções que se
originam das relações que os sons físicos mantêm dentro do sistema da língua”

No caso de Moçambique muitas formas de variação fonético-fonológica no português são


resultado da influência das línguas maternas de origem bantu espalhadas um pouco pelo país. É
através da variação fonética que percebemos se o falante nasceu no norte ou no sul do país.
Vejamos algumas variações fonéticas encontradas nas províncias de Nampula, Cabo Delgado,
Niassa e Zambézia todas localizadas a norte de Moçambique locais onde predomina a língua
makhuwa. (MATOS, 2010).

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Faria, Isabel, et al (2004), Troca da consoante sonora pela consoante surda:

 A troca de [d] por [t] : dedo= [teto]; dado=[tato]


 A troca de [b] por [p]: bebé, bebe = [pepe]; banana =[panana]; bater =[pater]
 Troca de [g] por [k]: galo [kalo]; golo [kolo]; pingar [bikari]

Inserção de uma vogal que desfaz a sílaba complexa

 Exemplos: a) fazer= [fazeri]; b) lavar= [lavari]; c) pagar [pacari]

2.1.2. Variação morfológica

De acordo com cunha, C., e Cintra, L. (2006), A Morfologia é uma disciplina que descreve e
analisa a estrutura interna das palavras e os processos morfológicos da variação e de formação das
palavras. Podemos destacar alguns exemplos de variação morfossintáctica no PM. O primeiro
caso é o que vemos em (21). Falta de concordância.

“Rituais religiosoϕ só conheço um.” (PM) b) “Rituais religiosos só conhecem um.” (PE) A
diferença que se observa nestas duas frases é a falta de concordância no PM se compararmos com
o PE. O importante a reter é que esta variação está inerente à normapadrão. Sabe-se que a fala
pode variar segundo a idade, o grau de escolaridade, as redes sociais, o local de residência, etc.
Este fenômeno não acontece somente em Moçambique, pois estudos de Scherre e Naro (1998,
p.1) mostram que “diferentemente do português de Portugal, o português vernacular do Brasil
apresenta variação sistemática nos processos de concordância de número, exibindo variantes
explícitas e variantes zero (0) de plural em elementos verbais e nominais.” As preposições
destacadas são usadas de forma diferente no PM se compararmos com o PE, que é entendido como a
Norma-Padrão:

As preposições

 Chegou cedo na escola.” vs “Chegou cedo à escola.” (PE)


 O pai volta em casa às sete.” vs “O pai volta para casa às sete.” (PE)
 Visitei no museu de História Natural.” vs “Visitei o museu de História Natural.” (PE)
 Frequenta na escola primária.” vs “Frequenta a escola primária.” (PE).

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2.1.3. Variação Sintáctica

Para além da variação morfológica que vimos em 3.1.2, o PM apresenta variação a nível
sintáctico. Pesquisas de Dias (1991, 2005b; 2009b) mostram que há vários casos de variação se
compararmos com o PE. Vejamos alguns exemplos de Gonçalves (2005b, p.55).

Desvios ao PE

 “Eles elogiaram a uma pessoa.” (PM) vs “Eles elogiaram uma pessoa.” (PE)
 “Elogiaram-lhe muito.” (PM) vs “Elogiaram-na muito.” (PE)

Os exemplos de Gonçalves provêm de um corpus oral, fato que nos leva a crer que há diferenças
entre a escrita e a fala. O que acontece em muitos casos é a transferência da fala para a escrita,
fato que leva ao distanciamento em relação à norma-padrão. Vejamos outros exemplos de
Gonçalves (2001b, p.986):

 “Recebi ϕ telefonema”(PM) vs “Recebi um telefonema.”(PE)


 “Todas ϕ pessoas chegaram” (PM) vs “Todas as pessoas chegaram”(PE)

2.1.4. Variação semântica

De acordo com Faria, Isabel, et al (2004), A semântica é o estudo do significado de palavras e da


interpretação de frases. O significado pode variar segundo variáveis: linguísticas, geográficas e
sociais. Por exemplo, uma única palavra pode ter significados diferentes em duas comunidades
linguísticas.

Por exemplo, as unidades lexicais chapa e camisola têm


significados diferentes dependendo do lugar geográfico. A unidade
lexical chapa, 39 para além dos significados conhecidos na LP
significa “transporte semicolectivo de passageiros.” (FARIA,
ISABEL, et al, 2004).

A palavra camisola, no PB significa “vestimenta feminino usada para dormir” enquanto no PM,
camisola é “vestimenta de malha de lã ou algodão com mangas compridas que é usada para se
proteger do frio.”

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2.1.5. Variação lexical

Conforme Mateus, et All, (2003), Para um único referente podem existir várias palavras. Por
exemplo: as palavras candonga (na Guiné-Bissau e Angola), chapa-100 (em Moçambique), van
(no Brasil), tocatoca (na Guiné-Bissau), busão (no Brasil) referem-se ao nome do transporte de
passageiros.

No futebol moçambicano, os termos trave, gandula, bandeirinha, grama e escanteio são


designados baliza, panha-bolas, fiscal de linha, relva e canto respectivamente. Por outro lado,
uma unidade lexical pode ter vários significados. Por exemplo: O jogo de brincadeira das crianças
“neca”, no PM refere-se a “amarelinha” no PB. Estas variações lexicais são causadas por razões
culturais, sociais e geográficas. As crianças brincam do mesmo jeito, as regras são iguais e o que
muda é simplesmente o nome. Mas também há variação lexical na fala de jovens e dultos. Os
jovens tendem a criar um léxico específico. (MATEUS, Et ALL, 2003):

Exemplos:

 “E aí malta, tá-se bem?” (E aí colegas, estão bem?)


 “Oi pessoal, mbora-lá tchilar para não nholar!” (Amigos, vamos divertir para não
ficarmosisolados)
 “Tcheca-lá antes de bazarmos. Esse gai-gai pode tchunar as cenas e ficarmos a mbunhar!”

Cunha, C., e Cintra, L. (2006), refere que:

Toda língua constantemente sofre alteração, e formularia factores condicionantes sobre a


transição de um estado de língua para um estado imediatamente sucessivo, A mudança linguística
é um fenómeno inevitável em qualquer que seja a língua. Muitos tradicionalistas utilizaram a via
da padronização para reter e neutralizar qualquer tipo de variação. Em algumas línguas (como é o
caso de francês), há instituições que vigiam e controlam qualquer tipo de variação e mudança.

Muitos linguistas corroboram a opinião de que o PM é uma variante específica do português,


adaptada com base nas culturas africanas, com manifestações de numerosas influências das
línguas bantu.

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3. Conclusão

De acordo com as leituras feitas e em buscas face ao tema que aborda acerca as mudanças de
Mudança do Português em Moçambique, conclui-se que: quanto aos aspectos de mudança
fonético-fonológica no português são resultado da influência das línguas maternas de origem
bantu espalhadas um pouco pelo país. É através da variação fonética que percebemos se o falante
nasceu no norte ou no sul do país.

Quanto ao aspecto de mudança semântico, a semântica é o estudo do significado de palavras e da


interpretação de frases. O significado pode variar segundo variáveis linguísticas, geográficas e
sociais. E Quanto ao aspecto de mudança variações lexicais são causadas por razões culturais,
sociais e geográficas. As crianças brincam do mesmo jeito, as regras são iguais e o que muda é
simplesmente o nome. Mas também há variação lexical na fala de jovens e dultos. Os jovens
tendem a criar um léxico específico.

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4. Referencia Bibliográfica

FARIA, Isabel Hub; et al.: (2004): introdução a linguística geral e portuguesa, Caminho, serie
Linguísticas, Lisboa.

MATEUS Maria Helena Mira, et All, (2003): Gramática de linga portuguesa, editorial, Caminho,
s.a Lisboa, 7a edição.

MATOS João Carlos, (2010): Gramática moderna da língua portuguesa, Conceição editorial e
gráfica, editoram escolar, Lisboa.

CUNHA, C., e CINTRA, L. (2006), Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Sá


da Costa.

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