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Instituto de Economia e Relações Internacionais

Laboratório I
MARTINELLI, Marcelo Terra Bento
Resumo tipo II – Texto:
“How Decision Units Shape Foreign Policy: A Theoretical Framework”, Margaret G.
Hermann
Sobre a autora:
Margaret G. Hermann é professora de Ciência Política na Maxwell Syracuse
University atualmente, ela já ministrou as disciplinas de “Foreign Policy Decision Making,
American Foreign Policy, Comparative Foreign Policy, Psychology and International Politics,
Psychological Approaches to Foreign Policy Decision Making, Research Methods in the
Study of International Relations, Political Leadership Political Psychology, Methods in
Political Psychology e Challenges in Crisis Management” (CURRICULUM VITAE, 2018)
Sua formação também inclui mestrado e doutorado (Ph.D.) em Psicologia, daí seu
envolvimento atual em explorar os efeitos de diferentes tipos de líderes e processos de decisão
no manejo de crises que cruzam fronteiras e limites. Sua metodologia também foi aplicada
para estudar ONGs transnacionais, organizações internacionais e até mesmo executivos
experientes. (MAXWELL, 2018)
Do texto:
Qual o problema central do texto?
Ela pretende abrir a “caixa preta” do Estado para entender a importância do papel de
quem exerce a liderança para a formulação de política externa, ou seja, como as “unidades de
decisão” influenciam esse processo e a própria natureza daquela política.
Qual a tese central da autora?
A autora enfatiza que a classificação das unidades de decisão pode reforçar a
habilidade de analisar os comportamentos dos governos de forma a contabilizar sua conduta
na área de política externa. Ademais, ela elenca três tipos de unidades de decisão que
representam os variados tipos de entidades políticas: líder prestigiado, grupo único e coalizão
de atores autônomos. Além disso, ela expõe que em qualquer governo um indivíduo ou grupo
de indivíduos possuem a prerrogativa de comprometer os recursos da sociedade e, quando
encontram um problema, a autoridade de tomar uma decisão que não pode ser prontamente
revertida. Esse conjunto de atores, ela chama de “unidades de decisão competentes’.
Essa caracterização de três tipos de unidades de decisão objetiva capturar toda a ordem
de atores que aparecem estar envolvidos na formação de política externa entre sistemas
políticos.
iv. Que conceitos a autora enfatiza?
Para adentrar em seu modelo, ela propõe congregar outros “modelos” de processo de
decisão que focam em políticas burocráticas, dinâmicas de grupo, sistemas de aconselhamento
presidencial, políticas governamentais, liderança, coalizões políticas e estratégias para lidar
com oposição doméstica. Pois, ela considera que a maneira como essa literatura lida com
essas maneiras de se explicar como as decisões de política externa são tomadas,
especialmente por considera-las separadamente, não capta a essência da questão. Assim, ela
coloca-se como proponente de um modelo facilitador para os estudiosos explorarem como as
decisões são tomadas não em um, mas em todos tipos de países. Isto é, aspira uma teoria geral
de como as decisões são tomadas.
v. Como estes conceitos são definidos?
A estratégia escolhida pela autora foi identificar as condições teóricas em que cada
conjunto de dinâmicas de decisões é mais provável de ocorrer. Para cada tipo de unidade de
decisão, ela visa explicar as variáveis que levam a um processo em particular em detrimento
de outros. Da mesma maneira, ela posiciona contra um senso comum de que as democracias
ocidentais são vistas como possuindo processos pluralistas enquanto sistemas políticos
autoritários são vistos como altamente coesos e hierarquizados, ainda notando que as políticas
nos países do dito Terceiro Mundo são comumente pensadas como sendo determinadas por
predisposições da personalidade líder predominante. Ela cita alguns trabalhos úteis no sentido
de corroborar com a ruptura desse argumento: Weinstein, 1972; Lincoln and Ferris, 1984;
Vertzberger, 1984; Korany and Dessouki, 1991; Snyder, 1991; Hermann and Kegley, 1995.
Essas obras, ela diz, ajudaram a guiar o desenvolvimento de um modelo de
contingência do processo de decisão sobre política externa porque vão contra a suposição de
que certos processos de tomada de decisão são diretamente associados a atributos nacionais
ou à estrutura de um sistema político. Ainda colocam que a natureza da unidade de decisão é
tão provável de variar dentro de um país quanto entre diferentes tipos de nações.
Ela utiliza de algumas ideias para desenvolver sua explicação, sendo elas: problemas
desencadeiam decisões, ocasiões para decisão, a unidade de decisão competente, condições
favorecendo o líder predominante, ou o grupo único ou as coalizões e questões de limite à
determinação da unidade de decisão competente.
vi. Como estes conceitos são relacionados?
Uma das proposições da autora é que há uma variedade de potenciais resultados que
podem resultar do processo decisório. O que ocorre com uma unidade de decisão no processo
decisório pode levar a um arranjo de diferentes tipos de resultados, indicando a necessidade
de rever as decisões finais como se fossem meras resultantes políticas. Assim, em
consonância com a literatura mencionada previamente, reconhece que as dinâmicas de tomada
de decisão não têm impacto direto na política externa. Ela busca desenvolver e articular os
conceitos de modo que reconheça o processo de decisão como uma resposta aos problemas de
política externa e ocasiões para decisão, foque em 3 tipos de unidades de decisão
competentes, define fatores chave que acionam processos decisórios alternativos e interliga
esses processos alternativos a resultados particulares.
vii. Quais são as conclusões da autora?
As unidades de decisão, na categorização proposta, engajam-se na tomada de decisão
de política externa com diferentes fins e destacando diferentes processos. Por exemplo, uma
coalizão com regras não estabelecidas provavelmente irá ter um impasse já que as partes que
compõem a unidade de decisão são menos interessadas em resolver um problema substantivo
do que em obter poder e controle para eles mesmos. Enquanto se a liderança predominante for
relativamente insensível é provável que ela tome medidas mais enérgicas e firmes, ao passo
que, ele ou ela impele para estabelecer uma agenda ou defender uma causa. Por outro lado,
unidades de decisão com líderes orientados por princípios, grupos únicos com forte lealdade
interna e coalizões com regras de decisão têm dinâmicas que sobrepõem pressões externas e
amplamente ditam seus próprios resultados de decisão.
Impasses, compromissos e concordância podem ser ordenados em uma dimensão que
mostra quão representativa a decisão é da extensão de preferências daqueles que compõem a
unidade decisória. Em suma, quando a decisão representa um compromisso ou impasse, ações
de política externa são mais restringidas do que quando uma posição única sobressai.
Impressões:
As conclusões da autora estão de acordo e bem explicadas pela argumentação exposta.
Exceto quanto ao papel das unidades de decisão e fatores externos, pois não fica exatamente
bem definido a interação. Em momentos, ela especifica como cada unidade de decisão lida
com pressões internas e, em outros, ela parece desconsiderar esse fator fora da dinâmica de
decisão. Mesmo quando ela cita o processo em dois níveis (aparentemente em referência à
teoria de Putnam). O corolário gerado por suas colocações promove uma boa análise de atores
intraestatais. Contudo, talvez logo após sua tentativa de abrir a “caixa preta”, ela a fecha e
volta sua atenção para um nível mais doméstico. E em relação às decisões tomadas, ela admite
que as decisões são tomadas por dinâmicas internas, ou seja, as unidades de decisão, como se
isolasse o processo dentro de uma respectiva cúpula.
Referências

CURRICULUM VITAE. Margaret G. Hermann. Maxwell Syracuse University. Acesso em:


14/10/2018. Disponível em: <
https://www.maxwell.syr.edu/uploadedFiles/faculty/psc/Hermann%20Peg%20CV
%20030618.pdf> .
MAXWELL. The school. Margaret Hermann. Acesso em: 14/10/2018. Disponível em:
https://www.maxwell.syr.edu/hermann/ .

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