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Contexto Histórico
. A política externa como matéria acadêmica tem raízes fortes no domínio mais
amplo das ciências políticas, concentrando-se em todo o espectro da arena das políticas
públicas domésticas, tendo surgido, no caso dos Estados Unidos, pouco depois da
Segunda guerra Mundial, sendo impregnada pelo realismo de Hans Morgenthau, que veio
a dominar tanto o estudo quanto a prática de política exterior durante a Guerra Fria,
ligando o conceito de poder ao de interesse nacional.
Durante esse periodo surge o behaviorismo, que proclama que a s ciências sociais
tem que aspirar ser mais científicas emulando as metodologias das ciências naturais. Tal
abordagem científica teve um impacto tanto nas políticas públicas quanto na perspectiva
realista do estudo de política externa, impactando mais profundamente as políticas
públicas que deixaram o caráter essencialmente de empreendimento normativo e
idiográfico para gerar e testar hipóteses de modo a formular generalizações empíricas,
que fez surgir um período breve, mas intenso do estudo comparado de política externa.
Já no realismo o impacto foi mais suave, não se afastando de seus postulados, mas apenas
modificando suas metodologias.
O realismo divide-se em Neorealismo, que deu às estruturas do sistema
internacional um papel exclusivamente explicativo, e Realismo Neoclássico, que manteve
a centralidade do conceito de poder e rejeitou a exclusão dos fatores internos na
explicação da política externa.
Conclui-se esta parte referindo-se ao que seriam os conceitos de explanandum
(objeto de análise, ou no vernáculo neopositivista, a variável dependente), que foca no
processo de formulação ou tomada de decisão, e explanans (fatores explicativos, ou
variável independente), que traça uma clara distinção entre processos e política.
O papel dos atores e estruturas nas abordagens de “processo” para a política externa
Os autores citam Valerie Hudson e usam os conceitos por ela formulados para
esclarecer que “o explanandum da Analise de Política Externa inclui o processo e
resultantes da tomada de decisão humana com referência ou tendo consequências
conhecidas para entidades estrangeiras” (Hudson, 2005)
A noção aqui é essencialmente que o objeto de análise, a política externa, é uma
questão de o que o tomador de decisão está pensando ou fazendo, seu comportamento
intencional. O que ele está disposto a fazer está tomando parte no dinâmico e complexo
processo de tomada de decisão e formulação de política externa em nome do |Estado.
Portanto, esse processo como um todo é o que deve ser estudado e explicado. Os
explanans da APE são aqueles fatores que influenciam a tomada de decisões de política
externa e os tomadores de decisão de política externa.
O ponto central é o papel que o Estado desempenha na abordagem que foca no
processo de tomada de decisão. Os estados não são concebidos como atores unitários,
mas sim como uma estrutura institucional dentro da qual, e em nome do qual, tomadores
de decisão agem.
O papel que os atores e estruturas desempenham no processo de tomada de decisão
de política externa tem uma tendência claramente discernível aqui: esse tipo de
abordagem tende a favorecer níveis de estrutura de análise, definidos em sua forma mais
simples em termos de nível individual, nível estadual e nível internacional de explicação
(Neack 2003), com variantes adicionais incluindo um nível de tomada de decisão em
grupo, bem como uma incorporando cultura e identidade nacional. Os atores dominando
os níveis mais baixos de análise (níveis individual e em grupo) e as estruturas dominam
os estágios onde os níveis de análise se tornam mais gerais e abstratos (níveis estadual,
cultural e internacional).
O papel dos atores e estruturas nas abordagens de “política” para a política externa
Realismo
Abordagem político-burocrática
Novo Liberalismo
Conclusão
O objetivo da discussão acima foi dar uma visão geral de como os estudiosos da
política externa tentaram lidar com os muitos atores e estruturas que existem no mundo
real em que a política externa é feita e que, portanto, de uma forma ou de outra, estão
envolvidos na formação e busca de tais políticas.
Como já vimos, alguns estudiosos dão primazia ao papel dos atores em tais
explicações, enquanto outros, embora igualmente tentando explicar políticas específicas,
apostam na importância primordial dos fatores estruturais para explicar tais ações. Um
terceiro grupo, com foco nos processos de tomada de decisão e não nas políticas, lança
muito mais longe, incorporando atores e estruturas na forma de níveis de estrutura de
análise. Assim, enquanto estudiosos que pretendem explicar políticas podem praticar uma
lógica de inclusão e exclusão, de privilegiar atores ou estruturas, aqueles que se
concentram em processos de tomada de decisão tomam o rumo oposto de incluir todos os
possíveis fatores que podem desempenhar um papel no processo decisório. atividade geral
de tomada de decisões de política externa. Os dois primeiros grupos também diferem em
termos de aplicação de um procedimento analítico de cima para baixo ou de baixo para
cima, no sentido de que as explicações estruturais geralmente assumem a primeira forma,
enquanto as explicações baseadas no ator ocupam a segunda. Este não é o caso dos
estudiosos que explicam os processos de tomada de decisão, para os quais esse problema
parece não existir, na medida em que cada nível de análise é tratado separadamente e por
seus próprios méritos de maneira "bastante direta".
Essas diferenças dentro da Política Externa apontam para pelo menos dois
problemas importantes. A primeira é comumente referida como o problema da estrutura
da agência, cujas implicações são nitidamente ilustradas na discussão acima: os
acadêmicos que se concentram em explicar as políticas ou vêem os atores como causa
primária de ações políticas, ou dar estruturas a esse papel, e quando ambos estão presentes
(como nas análises de tomada de decisão), eles são essencialmente tratados como fatores
separados, não interagindo uns com os outros. O problema é que é geralmente
reconhecido que na vida real atores e estruturas não existem em tal relação de soma zero,
mas sim que agentes humanos e estruturas sociais são em um sentido fundamental
entidades dinamicamente inter-relacionadas, e que, portanto, não podemos levar em conta
totalmente para o um sem invocar o outro. Nenhuma das abordagens discutidas acima
resolveu esse problema, uma vez que cada um tende a privilegiar atores ou estruturas em
suas explicações, ou os trata separadamente em diferentes níveis de análise.
A opinião do autor é que uma estrutura sintética para analisar a política externa é
viável, mas apenas se o explanandum for definido como um comportamento político
intencional, e não em termos de processo. O segundo passo é o reconhecimento e
aceitação do fato empírico de que todas as ações de política externa, pequenas ou grandes,
estão interligadas na forma de intenções, fatores cognitivos-psicológicos e os vários
fenômenos estruturais que caracterizam as sociedades e seus ambientes e daí as
explicações. de ações reais de política externa devem ser capazes de fornecer contas que,
por definição, não excluem ou privilegiam qualquer um desses tipos de explanans.
O método favorito do autor de conceituar tal estrutura analítica sintética consiste
em uma abordagem tripartite simples para explicar as ações de política externa (o
explanandum) consistindo, respectivamente, em uma dimensão intencional, disposicional
e estrutural de explicação (os explanans).
Essas três dimensões têm de ser vistas como intimamente relacionadas e que
podem ser ligadas num passo-a-passo lógico de maneira a produzir explicações cada vez
mais exaustivas.
O primeiro passo dessa explicação deve focar na relação entre determinada ação
de política externa e a intenção ou objetivos que ela expressa. Esta é uma relação
teleológica, dando-nos as razões específicas, ou objetivos, de um certo empreendimento
político. Este é também um primeiro passo necessário, dada a natureza inerentemente
intencional do explanandum.
Em tal análise, o próximo passo seria traçar o elo entre as dimensões intencional
e disposicional, com vistas a encontrar os fatores psicológicos-cognitivos particulares e
subjacentes que colocaram um ator em particular para ter esta e não aquela preferência
ou intenção. Na análise de tais disposições, o foco principal seria nos valores subjacentes
(ou "sistemas de crenças") que motivam os atores a perseguir certos objetivos, tanto nas
percepções que fazem os atores ver o mundo de maneiras específicas ("visões de
mundo"). É aí que as abordagens cognitiva e psicológica para a explicação da política
externa entram no quadro analítico.
Isso nos deixa com a questão de como os fatores estruturais devem ser
incorporados a essa estrutura, uma vez que eles não estão presentes em nenhuma das duas
primeiras dimensões. Na opinião do autor, fazem-no em termos de uma terceira dimensão
estrutural «mais profunda» e muito poderosa, sempre subjacente e afetando assim as
disposições cognitivas e psicológicas dos indivíduos. Esses fatores estruturais -
domésticos e internacionais, sociais, culturais, econômicos, materiais ou ideacionais - o
fazem de muitas maneiras, mas essencialmente como conseqüência de serem percebidos,
reagidos e levados em conta pelos atores, e é nesse sentido que pode-se dizer que os
fatores estruturais influenciam, condicionam ou afetam de outra forma - seja por
restrições ou por permitir - valores, preferências, humores e atitudes humanas, isto é,
disposições de atores como aqui conceituadas. É também afetando causalmente as
características disposicionais dos agentes da política desta maneira que se pode dizer que
os fatores estruturais - através de seus efeitos nas disposições dos atores (e somente desta
maneira) - também determinam os tipos particulares de intenções que motivam as
políticas.
Se essa abordagem da análise de política externa fornece uma estrutura integrativa
que vincule os tomadores de decisão individuais e as estruturas sociais entre os limites do
estado, isso resolverá o problema da estrutura de agência? Não, não como está, pois
embora combine traços estruturais e de ator (o que é um passo à frente), privilegia as
estruturas sobre os atores, na medida em que os primeiros são vistos como causadores de
efeitos sobre os segundos, mas não os segundos sobre os primeiros. Em suma, trata-se de
uma estrutura logicamente estática, que pode ser usada para explicar ações de política
externa única, mas não uma série de ações desse tipo ao longo do tempo. No entanto, uma
vez que vemos os empreendimentos políticos com releitura também para seus resultados
reais - que podem ser intencionais ou não, extensos ou marginais - um componente
dinâmico entra em cena, em outras palavras, na medida em que esses resultados têm
efeitos subseqüentes ao longo do tempo. tanto as estruturas como os atores que
determinam os empreendimentos de política externa de um determinado estado, temos
um caso de interação mútua entre os dois.
Concluindo, este é apenas um caminho possível, delineado nos mínimos detalhes,
para conceituar uma estrutura integrativa para a análise dos papéis dos atores e estruturas
nas ações de política externa, bem como um modelo dinâmico da relação agência-
estrutura. No entanto, ainda há muito a ser feito para consolidar ainda mais um campo de
estudo que, apesar de alguns anos difíceis na sombra dos desenvolvimentos teóricos
vibrantes e debates dentro da maior disciplina de Relações Internacionais, está agora
pronto para criar mais espaço para si mesmo.