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Análise do poema de

Miguel Torga
A UM NEGRILHO
1. Análise do título do poema
• - Miguel Torga dedica a poesia a uma
árvore: um negrilho

Árvore de grande porte que dá madeira escura

Na terra natal de Miguel Torga, S. Martinho de Anta (Vila Real), há


um negrilho que é considerado como o ex libris da freguesia.

Símbolo importante para a região, merece


a dedicatória do poema.
2. Sujeito poético Poeta

1. “Na terra onde eu nasci há um só poeta”

Miguel Torga, nascido em 1907 , em S. Martinho de Anta, Vila Real


de Trás-os-Montes
Negrilho

Sujeito Poético Poeta=Inspirador


do sujeito poético

“Os meus versos são folhas dos seus ramos”


3.Relação entre o sujeito lírico e o
poeta
1. Relação de dependência do sujeito poético em relação ao poeta:
“Esse poeta és tu, mestre…Tu, gigante a sonhar…
2. Identificação ao nível de inspiração poética: O Negrilho é mestre
e fonte de inspiração poética: “ Os meus versos são folhas dos seus
ramos”

3. Cumplicidade, intimidade e confidencialidade: “Quando chego de


longe e conversamos é ele que me revela o mundo visitado.”

4. Sentimento de admiração do sujeito poético pelo poeta por este


simbolizar a harmonia da natureza: “…mestre de inquietação serena…
que harmonizas…”
4. Características do “Poeta” - Negrilho

1. “Bosque suspenso”, isto é, o negrilho é uma árvore de grande porte e de


Copa abundante.

2. “ Onde os pássaros e o tempo fazem ninhos”. O negrilho da terra de


Miguel Torga é uma árvore muito antiga e ao mesmo tempo é um espaço
protector e acolhedor.

3. É o único poeta da terra.

4. Como poeta, esta árvore adquire um estatuto humano com voz


(“conversamos”),com olhos (“ É nos seus olhos que se vê pousada”),
com sabedoria (“É ele que me revela o mundo visitado”), com
capacidade de harmonização das forças naturais (“Que harmonizas o
vento…” e como sonhador (“gigante a sonhar”)
Divisão do poema
O poema divide-se em duas partes. Cada estrofe corresponde a uma
parte. Esta divisão torna-se notória pela alteração da pessoa
verbal.
1. Assim, na primeira estrofe, predomina a terceira pessoa verbal.
Aqui, o sujeito poético pretende sublinhar as características
excepcionais desta árvore e a sua relação com o negrilho. A
utilização de um discurso m terceira pessoa, revela um
determinado distanciamento em relação ao negrilho.
2. A mudança da pessoa verbal de “ele” para “tu” mostra a
intensidade e o envolvimento afectivo do sujeito poético com este
“poeta”. Além disso, a utilização da segunda pessoa verbal é
sinal de um discurso muito mais retórico e laudatório, propício a
revelar o carácter excepcional daquela árvore.
Recursos
• Como já foi referido, neste poema o negrilho cantado por Miguel Torga
adquire um estatuto humano (Personificação). Estas qualidades atribuídas
a uma árvore tornam-se importantes para relação sujeito poético-poeta. Ao
mesmo tempo, sublinha a singularidade desta árvore.
• O negrilho é identificado metafórica e hiperbolicamente como “um bosque
suspenso”. Mais uma vez, o sujeito poético pretende realçar o carácter
único desta árvore.
• São quatro as apóstrofes utilizadas pelo sujeito poético:”Mestre da
inquietação serena (repare-se na antítese), imortal avena ,gigante a sonhar,
bosque suspenso”. Cada apóstrofe tem um significado particular: a 1ª,
aponta para um ideal de harmonia e serenidade; a 2ª, manifesta a
simplicidade poética e a relação da poesia com a natureza; a 3ª, o sonho
humano de integração na ordem cósmica; a 4ª, aponte para o carácter
protector da árvore.
• A repetição do “tu” revela o carácter retórico e laudatório desta parte do
poema.
Inserção da poesia na obra poética de Miguel Torga

1. Sabemos que a utilização do pseudónimo de Torga” deriva de uma


paixão intensa de Adolfo… à terra transmontana com a qual se identifica.

2. Um dos temas mais frequentes da poesia torguiana é a concepção da


natureza - terra como mãe criadora, protectora, harmonizadora. A poesia
“A um negrilho” enquadra-se perfeitamente nesta temática. A árvore
funciona como parte de um todo que é a Natureza. O poema que
analisamos revela que a natureza é fonte de inspiração poética (v.4),
fonte de simplicidade, harmonia e serenidade (v.8-10).

3. O poema analisado contém uma lição profunda: o respeito, a veneração,


o amor que a Natureza, tão maltratada nos dias de hoje, merece por
parte de cada um de nós.

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