Você está na página 1de 75

Profª Dra Rejane Veiga Oliveira Johann

O EXAME DO ESTADO MENTAL

Área Perceptiva: consciência, orientação, atenção,


sensopercepção.

Área Intelectiva: memória, inteligência, linguagem,


pensamento.

Área Afetiva: afeto

Área Conativa: conduta (vontade).


1
CONSCIÊNCIA

É a parte do aparelho psíquico que possibilita o


conhecimento próprio e do ambiente, o entendimento e a
reflexão. A consciência capta as condições do meio
ambiente tais como: tempo, lugar, situação geral e
pessoal de compreender perguntas e refletir sobre elas, ou
então a capacidade de atenção, percepção e memória,
através das quais o indivíduo pode estabelecer contato
com o mundo externo.

2
A) Ausência da Consciência: Quando a vida somática
prossegue, sem que seja possível reconhecer algum sinal
da vida psíquica.
Ex: Coma profundo

B) Diminuição da consciência: Quando a vida psíquica


só se manifesta de forma primitiva, simplificada,
superficial e mediante dificuldade.

Obnubilação: Os estímulos externos devem ser


exageradamente fortes para que possam deflagrar
reações, o pensamento flui lentamente e se prende a
representações isoladas, de modo que não é possível ter
uma visão de muitas relações, sem que, portanto, se
chegue a uma percepção errônea delirante da situação.

3
Sonolência: Se o doente se movimentar pouco e for
necessário sacudí-lo como um adormecido.

Torpor: Se os estímulos mais fortes apenas provocarem


no doente reações muito primitivas (como gemer,
movimentos de defesa).

Coma: Falta total de consciência.

C) Estados de Alteração da Consciência: Ocorre


quando nós repentinamente deixamos de compreender e
não conseguimos mais ter empatia com o que faz e deixa
de fazer uma pessoa, que ainda há pouco tempo era
alguém cuja fala, pensamento e expressão emocional
podíamos entender.

4
Confusão Mental: Perde-se a relação entre os processos
psíquicos, no pensamento, na memória e na percepção,
sem que ocorram ilusões de sentido e representações
delirantes.

Delírios: São estados confusionais ligados a alucinações


e idéias delirantes.

Estados Crepusculares: Parecem estar voltados para


dentro e a ligação com o mundo externo parece perdida.
Praticamente não respondem a perguntas. Podem
apresentar grande excitação ou estupor total.

5
D) Lucidez: Há ausência de qualquer perturbação da
consciência. Condições mínimas para lucidez:
manutenção da orientação, capacidade de recordação dos
acontecimentos mais importantes, capacidade de pensar
corretamente em muitos domínios e de reagir a
perguntas, um estado de humor relativamente estável e
um comportamento social que não desperta a atenção
pela sua extravagância.

6
Êxtase: O indivíduo perde todo o contato com o mundo
sensível e experimenta um profundo sentimento de
beatitude, por encontrar-se absorvido na contemplação
mística.

Transitivismo: Sente-se transformado em outra pessoa


(desaparecimento da relação entre o corpo e os objetos do
meio exterior).

Possessão: Alteração da consciência do eu caracterizado


pelo fato de o indivíduo sentir-se possuído por entidades
sobrenaturais (espíritos ou pelo demônio).

7
ORIENTAÇÃO

Processo pelo qual apreendemos o ambiente e


nos situamos em relação a ele. Depende principalmente
da atenção, da consciência, da percepção, da memória e
do juízo.

8
Alterações da Orientação

Auto-psíquica (ou do mundo interno)


* Consciência da situação (Qual sua situação no
momento?);
* Consciência da enfermidade;
*Noção da própria realidade e da personalidade.

Alo-psíquica (ou do mundo externo)


* No tempo (dia, mês e ano);
* No espaço (lugar onde se encontra).

9
ATENÇÃO

A atenção é considerada um processo psicológico


consciente, que consiste em concentrar a atividade
psíquica sobre o estímulo que a solicita, para fixar,
definir e selecionar as percepções, as representações, os
conceitos e elaborar o raciocínio. O estímulo pode ser
uma sensação, uma percepção, uma representação, um
afeto ou um desejo, consequentemente, pode ser oriundo
do meio interno ou externo.

10
Tenacidade: manter a atenção orientada de forma
permanente em determinado sentido.
Vigilância: possibilidade de desviar a atenção para um
novo objeto.
Alterações da Atenção
Distração: É uma incapacidade quase completa de fixar a
atenção.

Disprosexia: É a lentidão e debilidade da atenção.

Paraprosexia: É um fenômeno paradoxal. Consiste na


diminuição da intensidade e clareza das demais
percepções, quando a atenção está dirigida para um só
objeto, pelo esforço da vontade.
11
Aprosexia: É a falta absoluta da atenção. Ela se
manifesta de modo passageiro ou permanente e decorre
da acentuada deficiência intelectual ou de inibição
cortical. Deve-se a fatores traumáticos, afetivos e tóxicos,
o que difere da ausência de atenção, visto que esta se dá
por falta de interesse ou por não querer prestar atenção.

Hiperprosexia: É o aumento quantitativo da atenção, no


qual observa-se uma superatividade da atenção
espontânea, caracterizando-se por uma extrema labilidade
da atenção, levando o indivíduo a atender
simultaneamente as mais variadas impressões sensoriais
sem fixar atenção sobre um determinado objeto.

12
SENSOPERCEPÇÃO

SENSAÇÃO é o fenômeno psíquico elementar que


resulta da ação da luz, do som, do calor, etc, sobre os
órgãos dos sentidos.

PERCEPÇÃO é o ato pelo qual tomamos conhecimento


de um objeto do meio exterior, considerado como real,
isto é como existente fora da própria atividade
perceptiva.

13
Alterações da Sensopercepção

Hiperestesia: Aumento da intensidade das sensações.


Observa-se aumento da sensibilidade aos vários
estímulos sensoriais nos estados de elevação da
atividade pessoal.

Hipoestesia: Diminuição da sensibilidade aos estímulos


sensoriais. Coincide com a diminuição dos reflexos
tendinosos, elevação da sensibilidade fisiológica e
lentidão dos processos psíquicos.

Anestesia Histérica: Perda da sensibilidade. Esta perda


na maioria dos casos não é completa, mas seletiva,
obedecendo sempre à ação de fatores afetivos.
14
Analgesia: Perda da sensibilidade à dor, com a
conservação de outras formas de sensibilidade: tátil,
térmica e discriminatória.

Agnosia: É a incapacidade de reconhecer e interpretar o


significado das impressões sensoriais.
 Agnosia Visual: Incapacidade de reconhecer e
interpretar o significado das impressões visuais.

 Agnosia Tátil: Incapacidade de reconhecer objetos


mediante o sentido do tato, apesar da sensibilidade se
encontrar conservada no fundamental.

 Agnosia Auditiva: O paciente houve ruídos, porém


não os pode identificar; não os compreende.
15
Ilusões: É a percepção deformada de um objeto real e
presente.

Alucinações: Percepções sensoriais enganosas que não


estão associadas com estímulos reais externos. É a
percepção sem objeto.

 Alucinação Visual: O paciente crê ver objetos que


não existem. Uma variação das alucinações visuais é
descrita por Bleuler com o nome de Extracampina, na
qual o doente vê objetos que se encontram fora de seu
campo visual. Ex.: “Vejo uma serpente atrás de mim”.
São próprios dos esquizofrênicos.

16
 Alucinação Auditiva: O paciente ouve ruídos ou sons
elementares ou complexos.

 Alucinação Gustativa e Olfativa: Geralmente sua


presença é simultânea, assim o paciente pode sentir
cheiro de podre e gosto estranho na comida.

 Alucinação Tátil: Falsa percepção tátil. Muito


comum em toxicomanias.

 Alucinação Cenestésica: Compreendem aquelas


dirigidas à sensibilidade interna que regem a enervação
dos órgãos e vísceras.

17
 Alucinação Cinestésica: O paciente crê efetuar um
movimento, sente-se erguido ou assinala que lhe estão
levantando. São mais freqüentes no Delirium-Tremens,
os doentes entre outras coisas, de repente sentem que a
cadeira na qual estão sentados se mexe ou vêem objetos
movimentando-se.

 Pseudo Alucinações: Não é aceita pelo juízo da


realidade, como percepção real do objeto. O paciente dá-
se conta que é anormal o que sente. Parece que há uma
parte do Ego que se mantém intacta e capaz de
reconhecer a realidade.

18
MEMÓRIA

É a função do ego responsável pela fixação,

conservação, evocação e reconhecimento de um estímulo.

19
Alterações da Memória
 Hipermnésia: É o aumento simples da memória. É o
aumento em número e clareza das representações
mnêmicas. Isoladamente não é considerado, é associado a
uma hiperfunção de outras funções.

 Hipomnésia: É a diminuição em número e clareza


das representações mnêmicas. Quando ocorre de forma
global e progressiva devemos supor a presença de um
processo demencial de natureza orgânica.

 Amnésia: É a perda completa da memória por


incapacidade de fixação, de conservação, de evocação.
Pode ser de origem orgânica ou psicógena.

20
 Amnésia de fixação ou anterógrada: A pessoa não
consegue lembrar-se de fatos recentes, repetir
imediatamente após as palavras que lhe são ditas. Não
consegue fixar objetos, embora consiga lembrar com
precisão episódios de sua infância.

 Amnésia de evocação ou retrógrada: É o


desaparecimento de lembranças antigas há muito fixadas
pela memória que não podem ser evocadas ou o são com
muito esforço.

 Amnésia total ou retroanterograda: É uma


combinação das duas anteriores, pois a deterioração
mental é tão grande que a pessoa passa já não poder fixar,
evocar e reconhecer os estímulos.
21
 Amnésia lacunar: Ocorre nas confusões mentais,
quando a memória fica suspensa durante o período do
acontecimento traumático. O paciente só consegue
lembrar tudo antes ou depois do acontecimento
traumático.

 Dismnésias: É quando o paciente esquece alguns


fatos de forma total e absoluta, outros em formas
fragmentárias e outros não o esquece.

 Já visto: O fenômeno do já visto é a impressão de já


ter vivenciado o que na realidade é visto pela primeira
vez.

22
 Nunca visto: O fenômeno do nunca visto é um falso
sentimento de estranheza frente a situações que na
verdade a pessoa já havia experimentado.

 Ilusão de memória ou falsificação retrospectiva: É


a evocação deformada ou com detalhes imaginários, sob
influência afetiva geralmente para confirmar uma
interpretação delirante.

 Alucinação da memória: É a substituição de uma


representação mnêmica, por outra fantástica, ou seja, a
pessoa inventa. É a chamada confabulação.

23
INTELIGÊNCIA

A inteligência é o conjunto de todas as


capacidades, de todos os instrumentos que, em quaisquer
realizações, são utilizáveis para adaptações às tarefas
vitais e que podem ser empregadas com fim determinado.

24
Alterações da inteligência

Deficiência Mental: É uma condição de


desenvolvimento interrompido ou incompleto das
capacidades mentais, manifestando-se pelo
comprometimento das habilidades cognitivas que são
adquiridas ao longo do desenvolvimento na infância e
adolescência.

Tipos de Deficiência Mental:


Inteligência Limítrofe: Não são considerados
deficientes mentais. Com QI de 70-84. Podem
apresentar dificuldades de comportamento no ambiente
escolar.
25
Deficiência Mental Leve (Debilidade Mental): QI de
50-69, corresponde a uma criança de 9 a 12 anos.
Associado a transtornos de conduta, autismo, epilepsia.

Deficiência Mental Moderado (Oligofrenia


Moderada ou Imbecilidade): QI de 35-49,
corresponde a uma criança de 6 a 9 anos. Associado a
transtornos de conduta, autismo, epilepsia.

Deficiência Mental Grave (Imbecilidade): QI de 20-


34, corresponde a uma criança de 3 a 6 anos. Associado
a déficits motores e sensoriais, epilepsia.

Deficiência Mental Profundo: QI abaixo de 20,


corresponde a uma criança menor de 3 anos. Associado
a déficits motores e sensoriais, epilepsia.
26
LINGUAGEM

A linguagem é uma manifestação psíquica com


uso de regras (língua) e exteriorização sonora através da
fala, um fenômeno psicomotor.

27
Funções da Linguagem
Função Comunicativa: garante a socialização do
indivíduo.

Suporte do Pensamento: pensamento lógico e abstrato.

Instrumento de Expressão: dos estados emocionais, de


vivências internas, subjetivas.

Afirmação do Eu: e de instituição das oposições


eu/mundo, eu/tu, eu/outros.

Dimensão Artística e/ou Lúdica: como elaboração e


expressão do belo, do dramático, do sublime ou do
terrível (poesia, literatura).
28
Alterações da linguagem

Alterações da linguagem secundárias à Lesão


Neuronal Identificável: ocorrem associadas a
acidentes vasculares cerebrais, tumores cerebrais,
malformações arteriovenosas (hemisfério esquerdo).

Afasia: é a perda da linguagem, falada ou escrita, por


incapacidade de compreender e utilizar os símbolos
verbais. Perda da habilidade lingüística que foi
previamente adquirida no desenvolvimento cognitivo
do indivíduo, havendo ausência de incapacidade
motora. Não há perda global e grave da cognição
como um todo.

29
Afasia de Expressão ou de Broca: é uma afasia não
fluente, na qual o indivíduo não consegue falar ou fala
com dificuldade. Nas formas mais leves observa-se o
agramatismo (o indivíduo fala sem observar as
preposições, os tempos verbais, por exemplo, “eu
querer isso”, “eu gostar água”).

Afasia de Compreensão ou de Wernicke: é uma


afasia fluente na qual o indivíduo continua podendo
falar, mas a sua fala é muito defeituosa. Não consegue
compreender a linguagem (falada e escrita) e tem
dificuldades para a repetição.

Afasia Global: é grave, não fluente.

30
Parafasia: são formas mais discretas de déficit de
linguagem. O indivíduo deforma determinadas palavras.
Ex: Fala “cameila” ao invés de “cadeira”. Encontrada no
início dos quadros demenciais.

Agrafia: é a perda por lesão orgânica da linguagem


escrita, sem que haja qualquer déficit motor ou perda
cognitiva global.

Alexia: é a perda de origem neurológica da capacidade


previamente adquirida para a leitura. Ocorre associada às
afasias e às agrafias.

Dislexia: é uma disfunção leve de leitura, encontrada


principalmente em crianças que apresentam dificuldades
diversas no aprendizado da linguagem escrita.
31
Disartria: é a incapacidade de articular corretamente as
palavras, devido a alterações neuronais referentes ao
aparelho fonador. A fala torna-se pastosa, aparentemente
“embriagada”, a articulação das consoantes labiais e
dentais é muito defeituosa, tornando às vezes difícil a
compreensão.

Disfonia: é uma alteração da fala produzida pela


alteração da sonoridade das palavras. A afonia é uma
forma acentuada de disfonia, na qual o indivíduo não
consegue emitir nenhum som ou palavra. É devida a
uma alteração do aparelho fonador.

Disfemia (ou Afemia): é a alteração da linguagem


falada sem qualquer lesão ou disfunção orgânica,
determinada por conflitos e fatores psicogênicos.
32
Gagueira: é um tipo freqüente de disfemia. Dificuldade
ou impossibilidade de pronunciar certas sílabas, no
começo ou ao longo de uma frase, com repetição ou
intercalação de fonemas ou somente trepidação na
elocução. Outro tipo de gagueira é caracterizado por o
paciente não conseguir pronunciar determinada palavra,
manifestando evidente esforço para fazê-lo, acabando
por dizê-la de forma expulsiva ou sibilante e rápida.
(Gaguez tônica).

Dislalia: é uma alteração da linguagem falada que


resulta da deformação, omissão ou substituição dos
fonemas, não havendo alterações identificáveis nos
movimentos dos músculos que participam da articulação
e da emissão das palavras.

33
Logorréia e Taquifasia: na logorréia existe uma
produção aumentada e acelerada (taquifasia) da
linguagem verbal, um fluxo incessante de palavras e
frases, freqüentemente associado a um taquipsiquismo
geral.

Bradifasia: é uma alteração da linguagem oposta à


taquifasia. O paciente fala muito vagarosamente, as
palavras seguem-se umas às outras de forma lenta e
difícil.

Mutismo: pode ser definido como a ausência de


resposta verbal oral por parte do doente. Os fatores
causais associados ao mutismo são muito variáveis,
podendo ser de natureza neurobiológica, psicótica, ou
psicogênica.
34
Mutismo Eletivo ou Seletivo: Freqüente em crianças,
é uma forma psicogênica de mutismo ocasionada por
conflitos interpessoais, principalmente na escola,
dificuldades de relacionamento familiar, frustrações,
medos ou hostilidade não elaborada por meio de uma
comunicação mais clara.

Mutismo Acinético ou Coma Vigil: é um termo


utilizado em neurologia para descrever uma variedade
de estados nos quais há completa não-responsividade
do indivíduo com manutenção dos olhos abertos.

Perseveração e Estereotipia Verbal: Há a repetição


automática de palavras ou trechos de frases, de modo
estereotipado, mecânico e sem sentido.

35
Ecolalia: é a repetição da última ou últimas palavras
que o entrevistador (ou alguém no ambiente) falou ou
dirigiu ao paciente. É um fenômeno quase que
automático, involuntário, que o paciente realiza sem
planejar ou controlar.

Palilalia: é a repetição automática e estereotipada pelo


paciente da última ou últimas palavras que o próprio
paciente emitiu em seu discurso. Ela ocorre de forma
involuntária, sem controle por parte do paciente.

Logoclonia: é o fenômeno próximo à palilalia. A


repetição automática e involuntária é das últimas sílabas
que o paciente pronunciou.

36
Tiques Verbais ou Fonéticos: são produções de
fonemas ou palavras de forma recorrente, imprópria e
irresistível. No tique verbal, o paciente produz, via de
regra, sons guturais, abruptos e epasmódicos.

Coprolalia: é a emissão involuntária e repetitiva de


palavras obscenas, vulgares ou relativas a excrementos.

Verbigeração: é a repetição de forma monótona e sem


sentido comunicativo aparente de palavras, sílabas ou
trechos de frases.

Mussitação: é a produção repetitiva de uma voz muito


baixa, murmurada, em tom monocórdico, sem
significado comunicativo.

37
Glossolalia: é a produção de uma fala gutural, pouco
compreensível, um verdadeiro conglomerado
ininteligível de sons (ou no plano escrito, de letras
ininteligíveis).

Para-Respostas: implica uma alteração tanto no


pensamento como do comportamento verbal mais
amplo. Ex:Pergunta-se ao paciente, por exemplo, “onde
o senhor mora?”, o paciente responde, “o dia está
muito quente...”

Neologismos: são palavras inteiramente novas criadas


pelo paciente ou palavras já existentes que recebem uma
acepção totalmente nova. Comum em pacientes
esquizofrênicos.
38
Estilizações, Rebuscamentos e Maneirimos: Muito
comum em pacientes esquizofrênicos. Indicam a
ocorrência de uma transformação do pensamento e do
comportamento geral, no sentido de adotar posturas e
funcionamentos rígidos e estereotipados, perdendo-se a
adequação e a flexibilidade do comportamento verbal em
relação ao contexto sociocultural em questão.

Jargonofasia ou Esquisofasia: Ocorre nos estados mais


avançados de desorganização esquizofrênica. Também é
conhecida como Salada de Palavras. É uma produção de
palavras e frases sem sentido, um fluxo verbal
desorganizado e caótico. Em casos extremos a linguagem
torna-se completamente incompreensível: Criptolalia no
caso da linguagem falada, e Criptografia no caso da
linguagem escrita.
39
PENSAMENTO

O pensamento se constitui a partir de elementos


sensoriais, que, embora não sejam propriamente
intelectivos, podem fornecer substrato para o processo
de pensar: são as imagens perceptivas e as
representações.
Os elementos constitutivos do pensamento são:
o conceito, o juízo e o raciocínio. O processo de pensar
passa por diferentes dimensões: curso, a forma e o
conteúdo do pensamento.

40
Conceito: é o elemento estrutural básico do pensamento,
nele se exprimem os caracteres essenciais dos objetos e
fenômenos da natureza.

Juízos: formar juízos é o processo que conduz ao


estabelecimento de relações significativas entre os
conceitos básicos.

Raciocínio: é a função que relaciona os juízos. O


processo de raciocínio representa um modo especial de
ligação entre conceitos, de seqüência de juízos, de
encadeamento de conhecimentos, derivando sempre uns
dos outros.

41
Curso do pensamento: é o modo como o pensamento
flui, a sua velocidade e ritmo ao longo do tempo.

Forma do pensamento: é a sua estrutura básica, a sua


“arquitetura”, preenchida pelos mais diversos
conteúdos e interesses do indivíduo.

Conteúdo do pensamento: é aquilo que dá substância


ao pensamento, os seus temas predominantes, o
assunto em si.

42
Alterações do pensamento

Desintegração dos conceitos: Ocorre quando os


conceitos sofrem um processo de perda de seu
significado original. Os conceitos se desfazem e uma
mesma palavra passa a ter significados cada vez
diversos. A idéia de determinado objeto e a palavra
que normalmente a designa passam a não mais
coincidir.

Condensação dos conceitos: Ocorre quando dois ou


mais conceitos são fundidos, o paciente
involuntariamente condensa duas ou mais idéias em
um único conceito que se expressa por uma nova
palavra.
43
Juízo deficiente ou prejudicado: É um tipo de juízo
falso devido ao fato de que a elaboração dos juízos é
prejudicada pela deficiência intelectual, pela pobreza
cognitiva do indivíduo: os conceitos aqui são
inconscientes e o raciocínio é pobre e defeituoso.

Pensamento Mágico: É o tipo de pensamento que fere


frontalmente os princípios da lógica formal e também
não respeita os indicativos e imperativos da realidade.

Pensamento Derreísta: É o tipo de pensamento que se


opõe radicalmente ao pensamento realista, o qual se
submete à lógica e à realidade. O pensamento obedece
à lógica e à realidade só naquilo que interessa ao desejo
do indivíduo, distorcendo a realidade para que ela se
adapte aos seus anseios.
44
Pensamento Concreto ou Concretismo: Não ocorre a
distinção entre uma dimensão abstrata e simbólica e uma
dimensão concreta e imediata dos fatos. O indivíduo não
consegue entender ou utilizar metáforas, o pensamento é
muito “aderido” ao nível sensorial da experiência.

Pensamento Inibido: Ocorre a inibição do raciocínio,


com diminuição da velocidade e do número de conceitos,
juízos e representações que são utilizados no processo de
pensar, tornando-se o pensamento lento, rarefeito, pouco
produtivo na medida em que o tempo flui.

45
Pensamento Vago: As relações conceituais, a formação
dos juízos e a concatenação desses em raciocínios são
caracterizadas pela imprecisão. O paciente expõe um
pensamento muito ambíguo, podendo mesmo parecer
obscuro. Não trata-se de pobreza do pensamento, mas
uma marcante falta de clareza e precisão no raciocínio.

Pensamento Prolixo: O paciente não consegue chegar a


qualquer conclusão sobre o tema de que está tratando, a
não ser após muito tempo e esforço.

Tangencialidade: Um tipo de pensamento prolixo. O


paciente responde às perguntas de forma oblíqua e
irrelevante, não sabendo discriminar o acessório do
essencial. Nunca chegam ao ponto central, ao objetivo
final, ou concluindo algo de substancial.
46
Circunstancialidade: O raciocínio e a digressão do
paciente como “rodando em volta do tema”, sem entrar
nas questões essenciais e decisivas. Por vezes, o paciente
alcança o objetivo de seu raciocínio. Em alguns casos, a
conversa torna-se uma “massa de parênteses e cláusulas
subsidiárias”.

Pensamento Deficitário (ou Oligofrênico): Pensamento


de estrutura pobre e rudimentar. O indivíduo tende ao
raciocínio concreto, os conceitos são escassos e utilizados
em um sentido mais literal do que abstrato ou metafórico.

Pensamento Demencial: O pensamento é pobre, no


entanto tal empobrecimento é desigual. Em certos pontos,
o pensamento demencial pode revelar elaborações mais
ou menos sofisticadas, embora de forma geral seja
imperfeito, irregular, sem unidade ou congruência.

47
Pensamento Confusional: Ocorre devido à turvação da
consciência, um pensamento incoerente, de curso
tortuoso, que impede que o indivíduo aprenda de forma
clara e precisa os estímulos ambientais e possa, assim,
processar seu raciocínio adequadamente.

Pensamento Desagregado: Pensamento radicalmente


incoerente, no qual os conceitos e juízos não se
articulam minimamente de forma lógica. Ocorre uma
mistura aleatória de palavras, que nada comunica ao
interlocutor.

Pensamento Obsessivo: Predominam idéias ou


representações que, apesar de terem um conteúdo
absurdo ou repulsivo para o indivíduo, impõem-se à
consciência de modo persistente e incontrolável.
48
Aceleração do Pensamento: O pensamento flui de
forma muito acelerada, uma idéia se sucedendo à outra
rapidamente.

Lentificação do Pensamento: O pensamento progride


lentamente, de forma dificultosa.

Bloqueio ou Intercepção do Pensamento: Verifica-se


o bloqueio do pensamento quando o paciente ao relatar
algo, no meio de uma conversa, brusca e
repentinamente interrompe seu pensamento, sem
qualquer motivo aparente.

Roubo do Pensamento: Freqüentemente associado ao


bloqueio do pensamento, na qual o indivíduo tem a
nítida sensação de que seu pensamento foi roubado de
sua mente, por uma força ou ente estranho, por uma
máquina, uma antena, etc.
49
Fuga de Idéias: É uma alteração da estrutura do
pensamento secundária a uma acentuada aceleração do
pensamento, onde uma idéia se segue à outra de forma
extremamente rápida, perturbando-se as associações
lógicas entre os juízos e conceitos.

Dissociação do Pensamento: É a desorganização do


pensamento, encontrada em certas formas de
esquizofrenia. Os pensamentos passam progressivamente
a não seguir uma seqüência lógica e bem organizada, os
juízos não se articulam de forma coerente uns com os
outros.

Afrouxamento das Associações: Embora ainda haja


uma concatenação lógica entre idéias, nota-se já um
afrouxamento dos enlaces associativos, as associações
parecem mais livres, não tão bem articuladas.
50
Descarrilamento do Pensamento: O pensamento passa a
extraviar-se de seu curso normal, toma atalhos colaterais,
desvios, pensamentos acessórios, retornando aqui e acolá
ao seu curso original.

Desagregação do Pensamento: Há uma profunda e


radical perda dos enlaces associativos, total perda da
coerência do pensamento. Sobram apenas “pedaços” de
pensamentos, conceitos e idéias fragmentadas, muitas
vezes irreconhecíveis, sem qualquer articulação racional,
sem que se perceba uma linha diretriz e uma finalidade no
ato de pensar.

Delírio: São juízos patologicamente falseados. O delírio é


um erro do ajuizar, que tem origem na doença mental.

51
Delírio de Perseguição: O indivíduo acredita que está
sendo perseguido por pessoas conhecidas ou
desconhecidas, por complôs, por máfias, pelos vizinhos,
pela polícia, pelos pais, pela esposa ou pelo marido, etc.
Estão querendo matá-lo, envenená-lo, prendê-lo no
trabalho ou na escola, desmoralizá-lo, expô-lo ao ridículo
ou mesmo enlouquecê-lo...

Delírio de Referência (de alusão ou autoreferência): O


indivíduo apresenta a tendência dominante a
experimentar fatos cotidianos fortuitos, objetivamente
sem maiores implicações, como referentes a sua pessoa.
Ex: Ao passar pela frente de um bar e observar as pessoas
conversando e rindo, entende que estão falando dele,
rindo dele, dizendo que ele é ladrão, tudo enfim refere-se
a ele.
52
Delírio de Relação: O indivíduo delirante constrói
conexões significativas (delirantes) entre os fatos
normalmente percebidos. Essas conexões novas surgem,
em geral, sem uma motivação compreensível.

Delírio de Influência: O indivíduo vivencia intensamente


que está sendo controlado, comandado ou influenciado por
uma força, pessoa ou entidade externa. Ex: Há uma
máquina (antena, computador, aparelho eletrônico) que
envia raios que controlam seus sentimentos. Um ser
extraterrestre, um demônio ou entidade paranormal,
controla seus sentimentos, suas funções corporais.

Delírio de Grandeza: O indivíduo acredita ser


extremamente especial, dotado de poderes, de uma origem
superior, com um destino espetacular, grande poder e
riqueza.
53
Delírio de Reivindicação (ou Querelância): O
indivíduo, de forma completamente desproporcional em
relação a realidade, afirma ser vítima de terríveis
injustiças e discriminações e, em conseqüência disso,
envolve-se em intermináveis disputas legais, querelas
familiares, processos trabalhistas, etc.

Delírio de Invenção ou Descoberta: O indivíduo,


mesmo completamente leigo na ciência ou área
tecnológica em questão, revela ter descoberto a cura de
uma doença grave, ou ter desenvolvido um aparelho
moderno fantástico, descobertas ou invenções que irão
mudar o mundo.

Delírio de Reforma: O indivíduo se sente destinado a


salvar, reformar, revolucionar ou redimir o mundo ou a
sociedade.
54
Delírio Místico ou Religioso: O indivíduo afirma ser (ou
estar em comunhão permanente com) um novo messias,
um Deus, um santo poderoso.

Delírio de Ciúmes e Delírio de Infidelidade: O


indivíduo percebe-se traído por sua esposa (ou marido),
de forma vil e cruel, afirma que ela tem centenas de
amantes, que o trai com parentes, etc.

Delírio Erótico (erotomania): O indivíduo afirma que


uma pessoa, em geral de destaque social, ou de grande
importância para o paciente, está totalmente apaixonada
por ele e irá abandonar tudo para com ele se casar.

Delírio de Ruína (ou niilista): O indivíduo vive em um


mundo repleto de desgraças, está condenado à miséria, ao
sofrimento, fracasso, etc. Em alguns casos o paciente
acredita estar morto, ou que o mundo inteiro está
destruído e morto.
55
Delírio de Culpa e de Auto-Acusação: O indivíduo
afirma, sem ter uma base real para isso, ser culpado por
tudo de ruim que acontece no mundo e na vida das
pessoas que o cercam, ter cometido um grave crime,
ser uma pessoa indigna, pecaminosa, suja,
irresponsável que deve ser punida por seus pecados.

Delírio de Negação de Órgãos: O indivíduo


experimenta profundas alterações corporais. Relata que
seu corpo está destruído ou morto, que não tem mais
um ou vários órgãos como o coração, o fígado ou o
cérebro, suas veias “estão secas”, não tem mais nem
uma gota de sangue, seu corpo secou, apodreceu.

Delírio Hipocondríaco: O indivíduo crê com


convicção extrema que tem uma doença grave,
incurável, que está contaminado pelo vírus da AIDS,
que irá morrer brevemente em decorrência do câncer.
56
Delírio Cenestopático: O indivíduo afirma que existem
animais (uma cobra, um rato, etc) ou objetos dentro de
seu corpo. Este tipo de delírio baseia-se na interpretação
delirante de sensações corporais vivenciadas pelo
paciente, mas sem temática de doença.

Delírio de Infestação: O indivíduo acredita que seu


corpo (principalmente sua pele ou seus cabelos) está
infestado por pequenos (mas macroscópicos)
organismos. Ex: Há bichinhos em baixo da pele, insetos
nos cabelos....

Delírio Fantástico ou Mitomaníaco: O indivíduo


descreve histórias fantásticas com convicção plena, sem
qualquer crítica.

57
AFETO

A vida afetiva é a dimensão psíquica que dá cor,


brilho e calor a todas as vivências humanas. Sem
afetividade a vida mental torna-se vazia, sem sabor. O
termo afetividade é genérico, compreendendo várias
modalidades de vivências afetivas como o humor, as
emoções e os sentimentos.

58
Alterações da Afetividade
Distimia: O termo designa a alteração básica do humor,
tanto no sentido da inibição quanto no da exaltação. Não
se deve confundir o sintoma distimia com o transtorno
distimia (transtorno depressivo leve e crônico).

Humor triste e Ideação Suicida: Muito freqüentemente


relacionado com o humor depressivo (principalmente
quando acompanhado de desesperança e muita angústia)
ocorrem as idéias relacionadas à morte (gostaria de
morrer para que o sofrimento acabasse), idéias suicidas
(penso em me matar, em acabar com minha vida), planos
suicidas (planejei como iria me matar) atos (comprei
remédios ou veneno, uma corda para me enforcar ou um
revolver) e tentativas de suicídio.

59
Disforia: Trata-se de uma Distimia que se acompanha de
uma tonalidade afetiva desagradável, mal-humorada.

Hipotimia e Hipertimia: Hipotimia refere-se a síndrome


depressiva e Hipertimia refere-se a um humor
patologicamente alterado no sentido da exaltação e da
alegria.

Puerilidade: Se caracteriza por seu aspecto infantil,


simplório, “regredido”. O indivíduo ri ou chora por
motivos banais, sua vida afetiva é superficial, ausente de
afetos profundos, consistentes e duradouros.

Estado de Êxtase: Há uma experiência de beatitude, uma


sensação de dissolução do eu no todo, de
compartilhamento íntimo do estado afetivo interior com o
mundo exterior, muitas vezes com colorido hipertímico e
expansivo.
60
Irritabilidade Patológica: Há uma hiperatividade
desagradável, hostil e, eventualmente, agressiva a
estímulos (mesmo leves) do meio exterior. Qualquer
estímulo é percebido como perturbador e o indivíduo
reage prontamente de forma disfórica. Qualquer ruído
(de crianças, da televisão, de carros, etc), a presença de
muitas pessoas no local, qualquer crítica à pessoa do
doente, enfim, tudo é vivenciado com muita irritação.

Apatia: É A diminuição da excitabilidade emotiva e


afetiva. Os pacientes queixam-se de não poderem sentir
nem alegria, nem tristeza, nem raiva, nem nada...O
indivíduo apesar de saber da importância afetiva que tal
experiência deveria ter para ele, não consegue sentir
nada, torna-se hiporreativo.
61
Hipomodulação do Afeto: É a incapacidade do
paciente de modular a resposta afetiva de acordo com
a situação existencial, indicando rigidez do indivíduo
na sua relação com o mundo.

Inadequação do Afeto ou Paratimia: É a reação


completamente incongruente a situações existenciais
ou a determinados conteúdos ideativos, revelando
desarmonia profunda da vida psíquica (ataxia
intrapsíquica), contradição profunda entre a esfera
ideativa e a afetiva.

Pobreza de Sentimentos e Distanciamento Afetivo:


É a perda progressiva e patológica das vivências
afetivas. Ocorre um empobrecimento relativo à
possibilidade de vivenciar alternâncias e variações
sutis na esfera afetiva. 62
Embotamento Afetivo e Devastação Afetiva: É a perda
profunda de todo tipo de vivência afetiva.`É observável,
constatável pela mímica, postura e atitude do paciente.

Sentimento de Falta de Sentimento: É a vivência de


incapacidade para sentir emoções, experimentada de
forma muito penosa pelo paciente. O problema é
percebido claramente morto ou em um estado de vazio
afetivo.

Anedonia: É a incapacidade total ou parcial de obter e


sentir prazer com determinadas atividades e experiências
da vida, quando antes de adoecer costumava sentir
prazer.

63
Labilidade Afetiva e Incontinência Afetiva: São os
estados nos quais ocorrem mudanças súbitas e
imotivadas do humor, sentimentos ou emoções. O
indivíduo oscila de forma abrupta, rápida e inesperada
de um estado afetivo para outro.

Ambivalência Afetiva: São sentimentos opostos em


relação a um mesmo estímulo ou objeto, sentimentos
que ocorrem de modo absolutamente simultâneo. O
indivíduo sente por uma pessoa ódio e amor, rancor e
carinho ao mesmo tempo.

Neotimia: É a designação para sentimentos e


experiências afetivas inteiramente novas vivenciadas
por pacientes em estado psicótico. São afetos muito
estranhos e bizarros para a própria pessoa que os
experimenta.
64
Medo: A rigor, o medo não é uma reação patológica. O
medo é um estado de progressiva insegurança e angústia,
de impotência e invalidez crescentes, ante a impressão
iminente de que sucederá algo que queríamos evitar e
que progressivamente nos consideramos menos capazes
de fazer. Existem seis fases: 1) Prudência; 2) Cautela; 3)
Alarme; 4) Ansiedade; 5) Pânico (medo intenso); 6)
Terror (medo intensíssimo).

Fobia: São medos determinados psicopatologicamente,


desproporcionais e incompatíveis com as possibilidades
de perigo real oferecidas pelos desencadeantes,
chamados de objetos ou situações fobígenas. No
indivíduo fóbico o contato com os objetos ou situações
fobígenas desencadeia, muito freqüentemente, uma
intensa crise de ansiedade.
65
Fobia Simples: É o medo intenso e desproporcional de
determinados objetos, em geral pequenos animais.
Fobia Social: É o medo de contato e interação social,
principalmente com pessoas pouco familiares ao indivíduo
e em situações nas quais o paciente possa se sentir
examinado ou criticado por tais pessoas.
Agorafobia: É o medo de espaços amplos e de
aglomerações, como estádios, cinemas, supermercados.
Claustrofobia: É o medo de entrar (e ficar preso) em
espaços fechados, como elevadores, salas pequenas, túneis,
etc.
Pânico: É uma reação de medo intenso, de pavor,
relacionada geralmente ao perigo imaginário de morte
iminente, descontrole ou desintegração. Manifesta-se
quase sempre como crises de pânico (crises agudas e
intensas de ansiedade, acompanhadas de medo intenso de
morrer ou -perder o controle e de acentuada descarga
autonômica - taquicardia, sudorese, etc.) 66
VONTADE E PSICOMOTRICIDADE

VONTADE  “é uma dimensão complexa da vida


mental, relacionada intimamente à esfera instintiva e
afetiva, assim como à esfera intelectiva (avaliar, julgar,
analisar, decidir) e ao conjunto de valores, princípios,
hábitos e normas socioculturais do indivíduo”
(Dalgalarrondo, 2000, p. 112).

ATO VOLITIVO  Fase da intenção ou propósito


 Fase de deliberação
 Fase de decisão propriamente dita
 Fase de execução
67
ATOS IMPULSIVOS E ATOS COMPULSIVOS

ATO IMPULSIVO  Realizado sem uma fase prévia de


intenção, deliberação e decisão.
 Realizado, de modo geral, de
forma egosintônica; não é contrário aos valores morais e
desejos de quem os pratica.
 Geralmente é associado à
impulsos patológicos, de natureza inconsciente, ou a
incapacidade de tolerância à frustração e necessária
adaptação à realidade objetiva.

68
ATO COMPULSIVO  vivência freqüente de
desconforto subjetivo por parte do indivíduo que realiza o
ato compulsivo.
 é egodistônico, contrário aos
valores morais e anseios de quem os sofre.
 ocorre uma tentativa de
“resistir” (ou adiar) a realização do ato compulsivo.
 sensação de alívio ao realizar
o ato compulsivo, alívio que em seguida acaba com o
retorno do desconforto e com a urgência de realizar
novamente o ato.
 ocorrem freqüentemente
associados a idéias obsessivas muito desagradáveis, na
tentativa de “neutralizar” tais pensamentos.

69
IMPULSOS E COMPULSÕES PATOLÒGICAS

 Agressivas auto ou heterodestrutivas:


- Automutilação  auto lesão voluntária.
- Frangofilia  destruição de objetos que circundam o
indivíduo.
- Piromania  atear fogo a objetos, prédios...
- Impulso e ato suicida.
 Relacionados à ingestão de drogas ou alimentos:
- Dipsomania  impulso periódico para ingestão de
grandes quantidades de álcool.
- Bulimia  impulso irresistível a ingerir rapidamente
grande quantidade de alimentos.
- Potomania  compulsão a beber água ou outros
líquidos, sem que haja sede exagerada.
- Polidipsia  compulsão a beber água ou outros
líquidos, havendo sede exagerada, geralmente causada
por alterações metabólicas do organismo.
70
 Relacionados ao desejo e ao comportamento sexual:
- Fetichismo  é o impulso ou desejo sexual
concentrado ou exclusivamente relacionado a partes da
vestimenta ou do corpo da pessoa desejada.
- Exibicionismo  é o impulso de mostrar os órgãos
genitais, geralmente contra vontade da pessoa que
observa.
- Voyeurismo  é o impulso de obter prazer pela
observação visual de uma pessoa que está tendo uma
relação sexual, ou simplesmente está nua ou se despindo.
- Pedofilia  desejo sexual por crianças
- Gerontofilia  desejo sexual por pessoas muito mais
velhas que o indivíduo.
- Zoofilia (ou bestialismo)  desejo sexual dirigido a
animais.

71
- Necrofilia (ou vampirismo)  desejo e atividade sexual
com cadáveres.
- Coprofilia  busca de prazer com uso de excrementos
no ato sexual.
- Ninfomania  desejo sexual quantitativamente muito
aumentado na mulher
- Satiríase  desejo sexual em nível extremamente
aumentado no homem.
OUTROS IMPULSOS E COMPULSÕES
- Poriomania  é o impulso e comportamento de andar a
esmo, viajar, “desaparecer de casa”, “ganhar o mundo”.
- Cleptomania (ou roubo patológico)  é o ato impulsivo
ou compulsivo de roubar, precedido geralmente de
intensa ansiedade e apreensão que apenas se alivia
quando o indivíduo realiza o roubo.

72
- Compulsão a comprar  sente necessidade premente de
comprar objetos, roupas, livros, CDs, etc.
ALTERAÇÕES DA VONTADE

- Hipobulia/Abulia  Diminuição ou até abolição da


atividade volitiva. Ex; O indivíduo refere que não tem
vontade para nada, sente-se muito desanimado, sem
forças, sem “pique”.
- Negativismo  é a oposição do indivíduo às
solicitações do meio ambiente.
- Sitiofobia  é a recusa sistemática de alimentos,
geralmente associada a quadros delirantes persecutórios
ou depressivos graves.
- Obediência automática  o indivíduo obedece
automaticamente como um robô teleguiado.
73
ALTERAÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE

- Agitação psicomotora  aceleração e exaltação de


toda atividade motora do indivíduo.
- Lentificação psicomotora (inibição psicomotora) 
estado acentuado e profundo de lentificação
psicomotora, com ausência de respostas motoras
adequadas, sem que haja paralisias ou déficit motor
primário.
- Estupor  é a perda de toda atividade espontânea, que
atinge o indivíduo globalmente na vigência de um nível
de consciência aparentemente preservado e da
capacidade sensitivo-motora para reagir ao ambiente.
- Catalepsia  é um acentuado exagero do tônus
postural, com grande redução da mobilidade passiva dos
vários segmentos corporais e com hipertonia muscular
global de tipo plástico.
74
- Cataplexia  é a perda abrupta do tônus muscular,
geralmente acompanhada de queda ao chão.
- Estereotipas motoras  são repetições automáticas e
uniformes de determinado ato motor complexo,
geralmente indicando marcante perda do controle
voluntário sobre a esfera motora.
- Maneirismo  é um tipo de estereotipia motora
caracterizada por movimentos bizarros e repetitivos,
geralmente complexos, que perseguem um certo
objetivo, mesmo que esdrúxulo.
- Tiques  são atos coordenados, repetitivos, resultantes
de contrações súbitas, breves e intermitentes.
- Conversão  há o surgimento abrupto de sintomas
físicos (paralisias, anestesias, parestesias, cegueira, etc)
de origem psicogênica.

75

Você também pode gostar