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Ana O.

Relevância da Histeria para a Psicanálise de Freud


Ana O.
Relevância da Histeria para a Psicanálise de Freud

Freud reconhece que o tratamento de Bertha


Pappenheim (nome real de Anna O.), realizado
por Breuer, deu início à Psicanálise, entendida
esta como o trabalho de fazer a histérica falar
sobre o que já foi esquecido.
A talking cure, conforme foi apelidada pela
própria Bertha, faz parte do trabalho da
Psicanálise.
Como envolve vencer “resistências” (fazer
falar), a Psicanálise entende-se, então, como o
trabalho de fazer falar.
Ana O.
Relevância da Histeria para a Psicanálise de Freud

Vários filósofos, investigadores, médicos,


padres, entre outros, se debruçaram sobre a
histeria, enquadrando-a na loucura e no pecado.
Mas foram Freud e Charcot que, no séc. XIX,
através da sua dedicação ao estudo desta
patologia, avançaram com a ideia de que a
histeria seria provocada por um trauma.
Freud foi mais além, considerando que a
histeria se originava a partir de um trauma de
conotação sexual.
Ana O.
Relevância da Histeria para a Psicanálise de Freud

Os métodos psicanalíticos desenvolvidos por


Freud, assim como a própria Psicanálise,
aplicada a vários domínios, vão influenciar todas
a ciências sociais e humanas. Com conceitos
inéditos, como o inconsciente, o Homem passa
a ser um enigma para si próprio.
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O histérico pode ser muito sugestionável,
idealizando os sintomas. Isto pode significar que
a doença é “intencional e involuntária” ao
mesmo tempo; há alguma intenção, ainda que
inconsciente, mas a pessoa não se consegue
libertar de tal voluntariamente. O traço
prevalente no histérico é o histrionismo, que,
do latim, significa teatralidade. Assim, o
histrionismo do histérico é carregado de
exagero, como se estivesse a fingir os sintomas
que apresenta.
Ana O.
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Freud passou a trabalhar com Charcot e foi a


partir dos estudos feitos entre eles que a histeria
se tornou o centro das atenções, na época.
Entretanto, Freud conhece Breuer e, através
deste, tem acesso ao caso de Ana O..
A partir daqui, os dois desenvolvem textos de
grande importância para a Psicanálise e para o
estudo da Histeria, em particular.
Ana O.
Relevância da Histeria para a Psicanálise de Freud

Uma pequena parte da vida e obra de Freud

1856
- Em 6 de maio nasce Sigmund Freud, o fundador da
psicanálise e autor da obra A Interpretação dos Sonhos, na
cidade Freiberg, Morávia (hoje Pribor), na actual República
Checa, então parte do Império Austríaco.
- Filho de Jacob Freud, e de Amalia Nathanson, sua terceira
esposa, é registado com o nome Schlomo Sigismund.
- Aos 22 anos ele muda o prenome para Sigmund. Segundo
o costume de certas famílias judaicas, ele teria recebido
também um segundo prenome: Schlomo.
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Uma pequena parte da vida e obra de Freud

1860
- A família se instala em Viena.
1865
- Entrada de Sigmund no Gymnasium (escola secundária), com um
ano de antecedência.

1873
- Aprovado, brilhantemente, nos exames de conclusão dos estudos
secundários, Freud ingressa na Universidade de Viena para
estudar medicina. Forma-se oito anos depois.
- Freud descobre o anti-semitismo. Lê Goethe.
- Nasce o psiquiatra e psicanalista húngaro Sandor Ferenczi, que
virá a ser o discípulo preferido de Freud e também o clínico mais
talentoso da história do freudismo.
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Uma pequena parte da vida e obra de Freud

1874
- Publicação por Brücke das suas conferências sobre fisiologia, no
espírito fisicalista de Helmholtz e do seu grupo.

1875
- Freud viaja a Manchester, onde encontra o meio-irmão Philipp e a
sobrinha Pauline.
- Nasce o psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica Carl
Gustav Jung. Fundador da escola de psicoterapia, especialista em
psicoses e interessado pelo orientalismo, a sua obra será tão
abundante quanto a de Freud.
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Uma pequena parte da vida e obra de Freud

1876
- Freud desenvolve trabalhos em neurologia e fisiologia. Pesquisas em
Trieste sobre as glândulas sexuais das enguias.
- Entra para o laboratório de Brücke para estudar o sistema nervoso dos
peixes.
- Acompanha seu curso sobre a fisiologia da voz e da linguagem.
- Assiste também em Viena às aulas de Brentano, curso de filosofia
obrigatório para os estudantes de medicina (teórico do conceito de
consciência).

1878
- Conhece Josef Breuer.
- Estudos de neuropsiquiatria infantil.
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Uma pequena parte da vida e obra de Freud

1879
- Freud frequenta os cursos de psiquiatria de Theodor Meynert.
- Nasce o psiquiatra e psicanalista inglês Ernest Jones, de grande
importância para a história política do freudismo. Será o fundador
da psicanálise na Grã-Bretanha e criador do Comité Secreto, círculo
formado por discípulos de Freud para discussões de temas ligados
à psicanálise. Pioneiro da historiografia psicanalítica e da tradução
inglesa da obra freudiana. Terá uma longa correspondência de 671
cartas com Freud. Fará um grande trabalho de implantação das
ideias freudianas no Canadá e nos EUA.
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Uma pequena parte da vida e obra de Freud
1880
- Breuer inicia o tratamento de Bertha Pappenheim, que, sob o
pseudônimo de Anna O., será também a primeira paciente histérica
de Freud.
- Por iniciativa do filósofo e helenista Theodor Gomperz, que
coordena a edição alemã de John Stuart Mill, Freud traduz quatro
ensaios deste autor sobre a questão operária, a emancipação das
mulheres, o socialismo e Platão.
1881
- Freud conclui o curso de medicina.
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Uma pequena parte da vida e obra de Freud

1882
- É criada uma cátedra de clínica de doenças nervosas, da qual o
médico e fisiologista francês Jean Martin Charcot é o titular. A
neurologia passa assim a ser reconhecida como uma disciplina
autónoma pela primeira vez. Charcot, ligado à história da histeria,
da hipnose e das origens da psicanálise, é o último grande
representante da psiquiatria dinâmica.
- Freud conhece a sua futura esposa, Martha Bernays, da família
de um comentador da Poética de Aristóteles, Jacob Bernays,
interessado sobretudo na reconstituição dos textos antigos sobre a
catarse.
- Breuer fala com Freud sobre o caso de Anna O.

1883
- Freud ingressa no serviço de psiquiatria de Meynert.
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Uma pequena parte da vida e obra de Freud

Em 1885, Freud obteve uma bolsa de estudos graças à qual pôde


realizar um dos seus sonhos: ir a Paris. Queria muito encontrar-se
com Jean Martin Charcot, cujas experiências sobre a Histeria o
fascinavam.
Charcot não se mostrou interessado nem pelos cortes histológicos
que Freud lhe levou, como prova de seus trabalhos, nem pelo relato
do tratamento de Ana O., cujos elementos clínicos principais o seu
amigo Breuer lhe tinha comunicado, a partir de 1882.
Charcot quase não se interessava pela terapêutica, preocupando-se
em descrever e classificar os fenómenos para tentar explicá-los de
forma racional. Porém, esta primeira permanência na França
marcou o início da grande aventura científica que levaria Freud à
invenção da Psicanálise.
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Uma pequena parte da vida e obra de Freud

1887
- Conhece Fliess.
- Pratica hipnose.
- Reside na França, em Nancy, para trabalhar com Bernheim.

1888
- Publica a tradução das “Leçons sur lês maldadies du système
nerveux”, de Charcot.

1889
- Freud inicia estudos com hipnose e publica a tradução de “De la
suggestion et de sés applications à la thérapeutique”, de H.
Bernheim.
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Uma pequena parte da vida e obra de Freud

1890
- Escreve “Tratamento psíquico (ou mental)”.
- Pratica com seus pacientes o método catártico.

1891
- Instala o seu consultório na Berggasse, em Viena. Freud ficaria ali
por quase cinquenta anos, até a sua partida para a Inglaterra.

1892
- Freud elabora o método das associações livres.
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Uma pequena parte da vida e obra de Freud

1893
- Início da correspondência entre Freud e Wilhelm Fliess, seu amigo
íntimo e médico voltado a estudos relacionados à sexualidade. A
correspondência entre eles terá uma enorme importância no
desenvolvimento de teoria psicanalítica de Freud.
- Redação, com Breuer, a “Comunicação preliminar” aos “Estudos
sobre a histeria”.
- Artigo necrológico sobre Charcot, que faleceu em 16 de agosto
deste ano.
- Publicação em francês, na “Revue Neurologique”, do artigo
“Alguns pontos para um estudo comparativo da paralisia motoras
orgânicas e histéricas”.
- Descoberta dos conceitos de defesa e recalcamento ou repressão.
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Uma pequena parte da vida e obra de Freud
1894
- Publica “As psiconeuroses de defesa” e sua tradução das “leçons
du mardi”, de Charcot.
- Rompimento com Breuer.
- Descoberta do conceito de transferência.
1895
- Freud faz a primeira interpretação de um sonho seu: "A injeção de
Irma", que parece ser a encenação de um romance familiar das
origens e da história da psicanálise.
- Publica originalmente em francês “Obsessões e fobias”.
- Nasce em Dezembro seu quinto filho, Anna Freud, a filha mais
velha, que se tornará psicanalista e fundará sua própria corrente.
Se tornará uma célebre psicanalista de crianças.
- Concepção do “Projecto para uma psicologia científica”.
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Uma pequena parte da vida e obra de Freud

1896
- Surge pela primeira vez o termo psicanálise, para nomear um
método específico da psicoterapia.
- No mesmo ano, a correspondência entre Fliess e Freud
apresenta a expressão "aparelho psíquico" e seus três
componentes: consciente, pré-consciente e inconsciente.
- Publicação de “Novos comentários sobre as psiconeuroses de
defesa”.
- Morre o pai de Freud, Jakob Freud.
- Entre 1896 e 1907, Freud viaja à Itália muitas vezes, para passar
suas férias de verão.
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Relevância da Histeria para a Psicanálise de Freud
Uma pequena parte da vida e obra de Freud

Em 1890, consegue convencer o seu amigo Breuer a escrever com


ele uma obra sobre a histeria. A obra conclui com um texto teórico
de Breuer e um outro sobre a psicoterapia da histeria, de Freud,
onde se pode ver o início do que irá separar os dois autores no ano
seguinte: a origem dos sintomas da histeria a partir de trauma de
conotação sexual.
Breuer não concorda com esta teoria. Em “L’ Hérédité et l’Étiologie
dês Névroses”, publicado em francês, em 1896, na “Revue
neurologique”, Freud avança com a sua ideia, apesar de Breuer não
concordar, e afirma: “A experiência de passividade sexual antes da
puberdade: é essa, pois, a etiologia específica da histeria.”
É neste artigo que Freud emprega, pela primeira vez, o termo
“psicanálise”.
Ana O.
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O Caso Ana O. e a sua relevância no estudo da Histeria

Freud teve a oportunidade de acompanhar de perto o


tratamento que Breuer fazia de sua célebre paciente
"Ana O.", caso tido como aquele que marcou o
nascimento da Psicanálise. O seu trabalho em comum
dará lugar à publicação, em 1893, de “Sobre o
mecanismo psíquico dos fenómenos histéricos:
Comunicação preliminar”, que irá abrir caminho para
“Estudos sobre a histeria”. Nele encontra-se já a ideia
freudiana de defesa, para proteger o histérico de uma
representação “insuportável” ou “incompatível”.
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O Caso Ana O. e a sua relevância no estudo da Histeria
Ana O., ou Berta Pappenheim, era uma jovem de 21
anos e com boa capacidade intelectual. De Julho a
Dezembro de 1880, Ana cuidou de seu pai, que padecia
de uma doença pulmonar grave. Passava as noites à
sua cabeceira e dormia um pouco durante a tarde. Ficou
tão extenuada que foi preciso mantê-la afastada de seu
pai. . Nessa época, apresentou acessos de tosse e
períodos de sonolência e inquietação que duravam toda
a tarde. Estes sintomas, entretanto, não chamaram a
atenção da família, nem da própria paciente. Em
Dezembro, acabou por acamar e apresentava uma série
de sintomas: estrabismo, paralisias, contracturas e
zonas de anestesia cutânea.
Ana O.
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O Caso Ana O. e a sua relevância no estudo da Histeria

Por essa altura, Breuer foi chamado para vê-la. A


paciente passou a falar com o seu médico em inglês,
idioma que só ambos conheciam, mas entendia tudo o
que lhe diziam em alemão. À tarde entrava num estado
de sonolência, a que chamava “clouds” (nuvens) e
parecia em transe hipnótico. Breuer visitava-a nessas
ocasiões e ela contava-lhe os seus devaneios. Durante
o longo tratamento que Breuer fazia das perturbações
histérico-orgânicas desta doente, observou que a
paciente murmurava para si própria algumas palavras
incoerentes, durante os estados de sonolência.
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O Caso Ana O. e a sua relevância no estudo da Histeria

Ele repetia-lhos e sugeria-lhe que explicasse o que


queriam dizer tais palavras. A doente respondia a estas
sugestões fazendo longas narrativas altamente
emotivas, relacionadas com alguma cena em que a
jovem se encontrava à cabeceira da cama do seu pai.
Quando despertava sentia-se aliviada. Ela própria deu a
estas conversas o nome de “talking cure”(cura pela
palavra) e “chimney sweeping”(limpeza da chaminé).
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O Caso Ana O. e a sua relevância no estudo da Histeria

Em Março, mostrava-se bastante melhor, mas, no dia 5 de Abril, a


notícia da morte do pai causou-lhe um grande choque. Os parentes
esconderam a verdade acerca do estado do pai e ela reagiu muito
mal a isso. Dizia que lhe haviam roubado o seu último olhar e as
suas últimas palavras. Passou 2 dias em estado estuporoso e
recusava-se a falar com os parentes, alegando não entender a sua
língua nativa. Breuer era o único que ela aceitava e reconhecia,
chegando a ter que alimentá-la. Dez dias após, Breuer teve que
viajar e outro médico foi chamado. Ana comportou-se como se não
o visse. O médico tentou fazer-se notado, soprando-lhe o fumo do
cigarro para a cara, ao que a paciente reagiu com uma crise de
raiva e ansiedade.
Ana O.
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O Caso Ana O. e a sua relevância no estudo da Histeria

Quando Breuer regressou, deram início a sessões de


hipnose, nas quais ela falava sobre as visões que a
perturbavam, método que a deixava mais calma e
aliviada. Um dos sintomas apresentados era a
impossibilidade de beber água. Ana O. vivia de sumos e
frutas. Certo dia, durante a hipnose, ela contou a Breuer
sobre o início do seu sintoma: tinha visto o cão da
governanta beber água de um copo, dos que se usavam
na casa. Aquilo incomodou-a, mas ela não falou com a
senhora. Quando saiu do transe hipnótico, pediu um
copo e bebeu normalmente. A partir de então, médico e
paciente passaram a rastrear o início de cada sintoma e,
um a um, eles foram desaparecendo.
Ana O.
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O Caso Ana O. e a sua relevância no estudo da Histeria

Ante a falta de causas orgânicas, Breuer, como era


costume nesses casos, tinha diagnosticado o caso como
histeria. Breuer observara, também que, após as suas
conversas, a doente apresentava grande melhoria de
sintomas, e até parecia totalmente curada, durante
algum tempo. Assemelhava-se a uma espécie de purga
psíquica. Por isso, Breuer baptizou tal procedimento de
"katarsis", termo grego que significa purgar. Seria então
uma “hipnose catártica”.
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O Caso Ana O. e a sua relevância no estudo da Histeria

Em Junho, Ana O. estava assintomática e Breuer deu-


lhe alta. Alguns dias depois, voltou a ficar agitada e foi
internada em um sanatório perto de Constanz, na
Alemanha.
Permaneceu internada de 12 de Julho a 29 de Outubro
de 1882 e tomou altas doses de cloral e morfina para
aplacar as dores de uma suposta neuralgia do trigémeo.
Breuer não voltou a tratar dela.
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O Caso Ana O. e a sua relevância no estudo da Histeria

Freud confessou mais tarde, a Ernest Jones, que "a


pobre doente não se saiu tão bem como se poderia
julgar do relato publicado por Breuer".
Então, por que razão Freud validou o relato do
tratamento de Ana O., se sabia que Breuer não a
curara?
Ana O.
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O Caso Ana O. e a sua relevância no estudo da Histeria

Em Viena, Freud vira como Breuer fazia desaparecer


"os sintomas histéricos", reavivando na paciente "certas
representações imaginativas".
Em Paris, pôde observar como Charcot, mediante a
sugestão de "adequadas representações imaginativas",
conseguia provocar, nos seus pacientes sadios, toda a
espécie de sintomas histéricos.
Ana O.
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O Caso Ana O. e a sua relevância no estudo da Histeria

Charcot já tinha a conclusão, surpreendente naquela


época, de que a natureza íntima da histeria não era
orgânica, mas sim psíquica, e que a histeria era o
resultado de conflitos psíquicos internos, desconhecidos
do próprio doente.
Ana O.
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O Caso Ana O. e a sua relevância no estudo da Histeria
Freud seguiu dedicado ao estudo dos casos relacionados com a
histeria e os estados neuróticos, como associado de Breuer.

Segundo os ensinamentos de Charcot, Freud teve que admitir que a


natureza da histeria era psíquica e que nela as reminiscências
traumáticas inconscientes representavam o papel primordial dos
sintomas;

Com Bernheim, teve que reconhecer a presença de processos


psíquicos, que podiam permanecer ocultos à consciência;

E, finalmente, com Breuer, chegara às bases da sua teoria do


recalcamento e da censura.
Ana O.
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O Caso Ana O. e a sua relevância no estudo da Histeria

Principalmente nas experiências das sugestões pós-


hipnóticas de Bernheim, Freud encontra a base da sua
teoria do inconsciente dinâmico. Foi numa destas
sessões com Bernheim que, "pressionando com a mão
a cabeça do paciente era possível a suspensão da
amnésia hipnótica", teria origem a implantação da
técnica psicanalítica da associação livre.
Ana O.
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O Caso Ana O. e a sua relevância no estudo da Histeria

O que Breuer evitou dizer a Freud que, depois de dar


alta a Ana O., e estando prestes a viajar com a sua
esposa para as férias de verão, foi chamado com
urgência a sua da paciente. Encontrou-a muito agitada,
contorcendo-se com dores abdominais. Indagada sobre
o que lhe passava, Ana respondeu: “...agora é o filho de
Dr. Breuer que está chegando”.
Assustado, Breuer retirou-se e entregou o caso a um
colega. O facto abalou-o tanto que, numa carta a
Auguste Forel, ele diz: “...jurei nesta época que não
voltaria a passar por tal provação...”.
Ana O.
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O Caso Ana O. e a sua relevância no estudo da Histeria

Sempre que tais pacientes o procuravam, ele


encaminhava-os para Freud. Mesmo assim, Breuer
continuou a se interessar pela histeria e costumava
discutir estes casos com Freud. A colaboração entre
eles deu origem à “Comunicação Preliminar”, anterior
aos “Estudos”onde os autores dizem, entre outras
coisas, que os histéricos sofrem, principalmente, de
reminiscências.
Ana O.
Relevância da Histeria para a Psicanálise de Freud
Certa vez, 10 anos após o caso Ana O., Breuer chamou
Freud para examinar uma paciente sua. Tratava-se de uma
jovem, virgem, que apresentava vómitos, amenorréia,
obstipação intestinal, abdómen timpânico e distendido. A
família contou que 4 meses atrás, uma das irmãs da paciente
tinha casado. Freud compreendeu que a rapariga, por inveja
da irmã, reagira mediante uma identificação com a sua
situação de casada e fizera uma pseudociese (gravidez
psicológica). Entusiasmado com o seu próprio diagnóstico,
Freud disse a Breuer: “Estamos diante de uma gravidez
histérica!”. A reacção do seu colega mais velho foi
surpreendente: pegou no chapéu e na bengala e retirou-se da
casa, sem se despedir.
Era demais para o Dr. Breuer, a situação repetira-se. Também
ele sofria de reminiscências.
Ana O.
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Conclusão
Com a descoberta da Psicanálise, Freud inaugura um
novo discurso, cujo objectivo é emprestar um estatuto
científico à psicologia.
Na realidade, ele introduziu uma ruptura radical, tanto
com aquilo que mais tarde seria chamada de ciências
humanas, como com o que, até à altura, constituía o
centro da reflexão filosófica, ou seja, a relação do
Homem com o mundo.
Ana O.
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Conclusão
Em Fevereiro de 1923, Freud descobriu, do lado direito de seu palato,
um pequeno tumor, que devia ser logo extirpado. A doença não impedia
Freud de prosseguir com suas actividades.
Em 21 de Setembro de 1939, pegou na mão do seu médico, Max Schur,
e recordou-lhe: “Você prometeu não me abandonar quando chegasse a
hora. Agora, tudo é só uma tortura sem sentido.” Consultada, Anna quis
adiar o instante fatal, mas Schur insistiu e ela aceitou a decisão. Por três
vezes, ela deu a Freud uma injecção de três centigramas de morfina.
A 23 de Setembro, às três horas da manhã, depois de dois dias de
coma, Freud morreu tranquilamente.
Ana O.
Relevância da Histeria para a Psicanálise de Freud
Referências Bibliográficas
• Freud, S.; Breuer, J. Etudes sur l'hystérie.. - France : Presses
Universitaires de France, 1996 13ª ed

• Freud, Sigmund. Obras Completas. trad. por Luis Lopez-Ballesteros


y de Torres. - 3ª ed. - Madrid : Biblioteca Nueva, 1973

• Jones, Ernest. La vie et l’oeuvre de Sigmund Freud. Paris : Presses


Universitaires de France, 1992

• www.nyfreudian.org

• Mannoni, O. Introdução à Psicanálise. Mem Martins : Publicações


Europa América, 1968

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