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DETERMINAÇÃO DA ESTRUTURA DO PASSIVO

WELLINGTON TROGLIO
REVISÃO ESTRUTURA DO ATIVO

ESTRUTURA DO ATIVO – INVESTIMENTOS (anual)


Giro - Ativo EMPRESA A EMPRESA B
Estoque de Materiais 50.000 --
( - ) Fornecedores 14.000 33.000
Estoque de Produtos Acabados 74.000 125.000
Clientes 95.000 75.000
Soma 205.000 167.000
Ativo Fixo    
Imóveis - Fábrica 30.000 --
Equipamentos - Fábrica 40.000 --
Equipamentos - Adm/Vendas 25.000 25.000
Soma 95.000 25.000
TOTAL 300.000 192.000
LUCRO 40.000 30.000
REVISÃO ESTRUTURA DO ATIVO

1) Determine o retorno do investimento (ROI ou ROA ou RA);

2) Qual o valor percentual do ativo que está investido em giro das empresas A e B?;

3) Supondo uma margem de contribuição (MgC) de 70.000 e 50.000 para as


empresas A e B respectivamente, calcule o grau de alavancagem operacional para
as empresas citadas acima.

4) Caso a empresa A aumente em 20% suas vendas, qual a projeção de aumento


percentual em seu lucro? Qual seu valor em reais?
REVISÃO ESTRUTURA DO ATIVO

1) ROAA = 13,33% a.a ROAB = 15,63% a.a

2) GA = 68,33% GB = 86,98%

3) GAOA = 1,75 GAOB = 1,67

4) Lucro = aumento de 35% Lucro = 54.000


INTRODUÇÃO

Estrutura do Ativo Estrutura do Passivo

Onde Investir? Com qual recursos?


INTRODUÇÃO

 Determinação da Estrutura do Ativo (Empresa, Unidades de Negócio, Linhas


de Produto)

 Determinação da Estrutura do Passivo (Financiamentos, Patrimônio Líquido)

Ativo Passivo

Capital de Giro Capital de Terceiros

Ativo Fixo Capital Próprio


INTRODUÇÃO

Como complemento natural da determinação da estrutura do ativo, qualquer


projeto de investimento requer a decisão de financiamento, ou seja, quais serão
as fontes de recursos a serem buscadas que efetivarão o investimento proposto.

A decisão de financiamento determina a estrutura do passivo.

Cabe à Controladoria monitorar a estrutura do passivo, pois esta quando


adequada, permite gerar resultados econômicos satisfatórios que impactam no
valor da empresa.
DEFINIÇÃO

Define-se a estrutura do passivo como a participação relativa dos diversos tipos de


fonte de capital remuneradas que estão sendo utilizadas para financiar os
investimentos da empresa.

A estrutura do passivo também é denominada de estrutura de capital.

Dentro da estrutura do passivo se consideram apenas os passivos de


financiamentos, ou passivos financeiros.

Passivos Capital Próprio


Financeiros e de Terceiros
EXEMPLO
Empresa A Empresa B
Valor - $ Participação % Valor - $ Participação %
Financiamentos 100.000 10% 250.000 25%
Debêntures 250.000 25% 350.000 35%
Ações Preferenciais 300.000 30% 150.000 15%
Ações Ordinárias 350.000 35% 250.000 25%
Total 1.000.000 100% 1.000.000 100%

Empresa A (Em %) Empresa B (Em %)


Capital dos Fontes Fontes
Capital dos
Acionistas Externas Externas
Acionistas
65 35 60
40
PARÂMETROS NORTEADORES DA ESTRUTURA DO PASSIVO

Os principais parâmetros norteadores da estrutura do passivo são: grau de


aversão ao risco; dilema liquidez x rentabilidade e mensuração do endividamento.

Grau de Aversão ao Risco


As empresas são de propriedades de pessoas e administradas por pessoas que
têm comportamentos específicos, que se refletem nas várias atividades
empresariais dentro dos diversos modelos decisórios.

O risco pode ser definido como probabilidade de perda em relação a resultados


esperados.

O risco em questão é o financeiro, que se refere à possibilidade de a empresa não


gerar lucros operacionais suficientes para honrar suas dívidas.
PARÂMETROS NORTEADORES DA ESTRUTURA DO PASSIVO

O grau de aversão ao risco indica como a empresa vê o risco financeiro, que é


evidenciado na sua estrutura de capital (estrutura de passivo).

Quanto mais a empresa se vale de fontes externas de capital, menos aversão ao


risco ela tem. E, consequentemente, as empresas que mais se valem de fontes de
capital próprio (acionista) evidenciam maior grau de aversão ao risco financeiro.

As empresas com menor grau de aversão ao risco financeiro são ditas mais
arrojadas na sua estrutura de capital, e as com maior grau de aversão ao risco são
consideradas financeiramente conservadoras.
PARÂMETROS NORTEADORES DA ESTRUTURA DO PASSIVO

O Dilema Liquidez X Rentabilidade


A busca de uma ótima estrutura de capital parte do pressuposto de que é possível
ter lucros maiores quando se obtém a maior quantidade de fontes baratas de
capital. Quanto menor o custo das fontes de capital, mais lucros a empresa pode
obter.

Nesse pressuposto, há uma ideia inicial de buscar fontes externas de capital,


desde que a um custo menor que as fontes dos acionistas (rentabilidade do
negócio).

Denominamos liquidez a condição que a empresa tem de honrar todos seus


compromissos financeiros.
PARÂMETROS NORTEADORES DA ESTRUTURA DO PASSIVO

Portanto, na busca da maior rentabilidade pelo uso intensivo de fontes externas


de capital, a empresa pode se ver, no horizonte futuro, com possibilidade de
perda parcial ou total de liquidez.

Esta é uma das gestões prioritárias da área financeira das empresas.

Mensuração do endividamento
A visão tradicional de finanças (abordagem ortodoxa) encara os fornecedores de
fontes externas de capital (financiamentos e debêntures) como capitais de
terceiros, pois seus detentores não fazem parte da firma.

O valor das fontes dos acionistas, considerados fornecedores internos de capital, é


denominado de capital próprio.
PARÂMETROS NORTEADORES DA ESTRUTURA DO PASSIVO

Denomina-se risco financeiro a possibilidade de a empresa não se responsabilizar,


temporária ou definitivamente, pelos pagamentos das parcelas do principal e dos
juros contratuais.

Portanto, os financiadores externos de capital têm um risco de não receber em


devolução o capital emprestado e seus juros.

Os financiadores externos adotam como referência básica para medir o risco


financeiro de cada empresa, além do potencial de geração operacional de lucros,
o grau de endividamento atual e futuro.
PARÂMETROS NORTEADORES DA ESTRUTURA DO PASSIVO

O grau de endividamento é a relação percentual entre o total das fontes de capital


de terceiros em relação ao total das fontes de capital próprio.

Quanto maior o grau de endividamento da empresa, maior o risco financeiro da


empresa.

O grau de endividamento também mostra uma relação de garantia, pois evidencia


qual proporção do negócio os acionistas estão financiando em relação ao capital
de terceiros.

Quanto mais investem no próprio negócio, mais indicações há de confiança no


empreendimento e de que eles estão dispostos a assumir riscos operacionais.
GRAU DE ENDIVIDAMENTO

  𝐶𝑇 GE = Grau de Endividamento
𝐺𝐸=
𝐶𝑃 CT = Capital de Terceiros
CP = Capital Próprio

EXEMPLO DE GRAU DE ENDIVIDAMENTO

Fontes de Capital Estrutura A Estrutura B Estrutura C


Capital de Terceiros ------ 500.000 750.000
Capital Próprio 1.000.000 500.000 250.000
Total das Fontes 1.000.000 1.000.000 1.000.000
Grau de Endiv. (GE) ---- 1,0 3,0
ESTRUTURA FINANCEIRA E RENTABILIDADES (ROE X ROI)

A rentabilidade geral da empresa decorre da rentabilidade do ativo (resultado


operacional).

A rentabilidade do capital próprio depende de quanto de juros se tem que pagar


para os empréstimos.

Portanto, empresas do mesmo setor podem ter a mesma rentabilidade do ativo,


mas obterem rentabilidade diferentes para o capital próprio, decorrente de sua
estrutura financeira e da taxa de juros do capital de terceiros.

Vejamos o exemplo a seguir, com três estruturas financeiras diferentes, mas com a
mesma rentabilidade operacional.
ESTRUTURA FINANCEIRA E RENTABILIDADES (ROE X ROI)
ALAVANCAGEM FINANCEIRA

Alavancagem Financeira significa a possibilidade dos acionistas obterem maiores


lucros para suas ações, com o uso mais intensivo de capitais de terceiros
(empréstimos).

O fundamento da alavancagem financeira é que os juros são custos fixos,


permitindo assim o fenômeno alavancagem.

Como sempre, no dilema risco x retorno, todo fenômeno de alavancagem,


baseado em custos fixos, tem sua contrapartida negativa, que é o risco.

Portanto, a alavancagem financeira traz consigo o risco financeiro.


Relacionamento entre a Estrutura do Passivo e Alavancagem Financeira

Alavancagem Maiores ganhos e


Financeira maiores riscos

Estrutura Exemplo de Custo/Renda


Tipo de
Decorrente do
do Passivo Tipo de Passivo Renda
Passivo do Exemplo

Capital de Renda Fixa


Financiamentos Juros
Terceiros (Custo Fixo)
Alavancagem
Financeira

Capital Capital Renda


Dividendos
Próprio Social Variável
CUSTO DE CAPITAL, ESTRUTURA DO PASSIVO E VALOR DA EMPRESA

A abordagem tradicional sugere que a empresa, através de uma ótima estrutura


de capital, pode aumentar seu valor com o uso adequado do efeito alavancagem.

Quanto mais alavancagem ocorrer, maior será o grau de endividamento e


consequentemente, maior será o risco financeiro.

A abordagem tradicional centra-se na questão de minimizar o custo médio de


capital da empresa, e define o valor da empresa como sendo o valor de mercado
de suas fontes de capital (capital de terceiros e capital próprio, ou seja,
empréstimos e ações).
CUSTO DE CAPITAL, ESTRUTURA DO PASSIVO E VALOR DA EMPRESA

Equações para trabalhar a estrutura de capital:

  𝐽𝑢𝑟𝑜𝑠 𝐾𝑖=𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜
  𝑑𝑒 𝑎𝑙𝑎𝑣𝑎𝑛𝑐𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑜𝑢 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑒𝑚𝑝𝑟 é 𝑠𝑡𝑖𝑚𝑜𝑠
𝐾𝑖=
𝐶𝑇

  𝐿 . 𝐿𝑖𝑞 .
𝐾𝑒= 𝐾𝑒=𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜
  𝑑𝑜 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑝𝑟 ó 𝑝𝑟𝑖𝑜 𝑜𝑢 𝑒𝑥𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑜𝑠 𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑖𝑠𝑡𝑎𝑠
𝑃 . 𝐿𝑖𝑞 .

  𝐿 . 𝑂𝑝.
𝐾𝑜= 𝐾𝑜=𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜
  𝑚é 𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎
𝑉𝐸

𝑉𝐸=𝐶𝑃+𝐶𝑇
  𝑉𝐸=𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟
  𝑑𝑎 𝐸𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎
EXEMPLO – Custo e Estrutura de Capital e Valor da Empresa

Uma empresa tem a seguinte carteira de empréstimos:


Emp. 1 – R$ 10.000,00 a 11% a.a.
Emp. 2 – R$ 20.000,00 a 10% a.a.
Emp. 3 – R$ 20.000,00 a 9% a.a.

O Lucro Operacional está estimado em R$ 15.400,00 e o valor da empresa em


R$ 120.0000,00. Pede-se:

a) O custo médio de capital de terceiros (Ki);


b) O custo médio de capital dos acionistas (Ke);
c) O custo médio de capital da empresa(Ko).
EXEMPLOS – Custo e Estrutura de Capital e Valor da Empresa

SOLUÇÃO
 
𝐾𝑖=
𝐽𝑢𝑟𝑜𝑠 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙
  ×𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠=𝐽𝑢𝑟𝑜𝑠
a) Ki =? 𝐶𝑇

Empréstimos Cálculos Juros


Emp. 1 10.000 x 11% 1.100
Emp. 2 20.000 x 10% 2.000
Emp. 3 20.000 x 9% 1.800
TOTAL 50.000 4.900

  4.900
𝐾𝑖= → 𝑲𝒊=𝟗 , 𝟖 %  𝒂 . 𝒂 .
50.000
 
HP-12C
(f) (REG) 11 (Ent) 10.000 (+) 10 (Ent) 20.000 (+) 9 (Ent) 20.000 (+) (g) ( w)
Resp: 9,8 % a.a.
EXEMPLOS – Custo e Estrutura de Capital e Valor da Empresa

SOLUÇÃO
  𝐿𝐿
b) Ke =? 𝐾𝑒=
𝐶𝑃

  10.500
𝐿𝐿=𝐿𝑂𝑃
  − 𝐽𝑢𝑟𝑜𝑠 𝐶𝑃=𝑉𝐸
  −𝐶𝑇 𝐾𝑒=
70.000
𝐿𝐿=15.400
  − 4.900 𝐶𝑃=120.000
  −50.000
𝑲𝒆=𝟏𝟓
  %𝒂 . 𝒂 .
𝐿𝐿=10.500
  𝐶𝑃=70.000
 

SOLUÇÃO
c) Ko =?

  𝐿𝑂𝑃 15.400
𝐾𝑜= → 𝐾𝑜= → 𝑲𝒐 =𝟏𝟐 ,𝟖𝟑 %  𝒂 . 𝒂 .
𝑉𝐸 120.000
ALAVANCAGEM COMBINADA

As empresas possuem seus custos fixos decorrentes da estruturação de seus


ativos para o desempenho de suas atividades operacionais. Esses custos fixos
permitem a alavancagem operacional e representam o risco operacional.

A Alavancagem Financeira parte do pressuposto de que os custos fixos de juros


podem ser utilizados para a maximização do retorno dos acionistas.

A existência na estrutura de financiamento de capital de terceiros permite o


fenômeno da alavancagem financeira para o capital próprio.

A combinação de uma estrutura de ativo com uma estrutura do passivo dá


origem a um grau de alavancagem geral da empresa, que denominamos
alavancagem combinada.
ALAVANCAGEM COMBINADA

O grau de alavancagem combinada é obtido pela multiplicação do grau de


alavancagem operacional pelo grau de alavancagem financeira.

Portanto, o grau de alavancagem combinada determina o grau de risco do


empreendimento naquela combinação de alavancagem escolhida.

Ativo Passivo

Alavancagem Alavancagem
Operacional Financeira

Risco Risco
Operacional Financeiro

Alavancagem Combinada
Risco da Empresa
ALAVANCAGEM COMBINADA – FÓRMULAS

  𝐿𝑂𝑃
𝑅𝑂𝐴= Retorno sobre o ativo
𝐴𝑇

  𝐿𝐿
𝑅𝐶𝑃= Retorno sobre capital próprio
𝐶𝑃

 𝐺𝐴𝑂= 𝑀𝑔𝐶 Grau de Alavancagem Operacional


𝐿𝑂𝑃

  𝐿𝑂𝑃
𝐺𝐴𝐹= Grau de Alavancagem Financeira
𝐿𝐿

𝐺𝐴𝐶=𝐺𝐴𝑂
  × 𝐺𝐴𝐹 Grau de Alavancagem Combinada
ALAVANCAGEM COMBINADA - EXEMPLO
Discriminação Estrutura A Estrutura B
Capital de Terceiros (A) 200.000 400.000
Capital Próprio (B) 300.000 100.000
Ativo Total (C) 500.000 500.00
Receita de Vendas 700.000 700.000
( - ) Custos e Desp. Variáveis 370.000 450.000
( = ) Margem de Contribuição (D) 330.000 250.000
( - ) Custos e Desp. Fixos 270.000 190.000
( = ) Lucro Operacional (E) 60.000 60.000
( - ) Juros (10% a.a.) 20.000 40.000
( = ) Lucro Líq. (desc. IR/CSLL) (F) 40.000 20.000
ROA (E/C) 12% 12%
RCP (F/B) 13,33% 20%
GAO (D/E) 5,5 4,17
GAF (E/F) 1,5 3
GAC (D/F) 8,25 12,5
ALAVANCAGEM COMBINADA - OBSERVAÇÕES

1 - Quanto mais alavancada financeiramente a empresa estiver, ela se beneficiará


de dois aspectos:
• Quando o custo dos empréstimos é menor que o lucro operacional sobre os
ativos;
• Quando há aumento no nível de atividades.

Em contrapartida, quando o custo dos empréstimos forem maiores que o lucro


operacional ou quando ocorrer uma redução no nível de atividade, a empresa
mais alavancada financeiramente irá sofrer mais em relação à sua rentabilidade.

2 – Quanto maior a alavancagem combinada da empresa, maior será o retorno


para seu acionista, desde que respeitadas as regras acima descritas.

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