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Estratégia de Investimentos

Unidade 02 – Fluxo de Caixa Operacional e Fluxo de Caixa do Capital Próprio


Prof. Bruno Moreno de Menezes

FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL (ECONÔMICO) E


FLUXO DE CAIXA DO CAPITAL PRÓPRIO (FINANCEIRO)

ESTRUTURA DO FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL


(ECONÔMICO)
Com todas as informações econômicas sobre o Investimento, o Fluxo de Caixa Operacional
já pode ser montado, como segue:

FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL (ECONÔMICO)

RECEITA
(-) CUSTOS OPERACIONAIS FIXOS
(-) CUSTOS OPERACIONAIS VARIÁVEIS
(=) LUCRO OPERACIONAL
(-) DEPRECIAÇÃO .

(=) LUCRO TRIBUTÁVEL


(-) IMPOSTO DE RENDA .

(=) LUCRO LÍQUIDO


(+) DEPRECIAÇÃO .

(=) FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL


ou
(=) FLUXO DAS RECEITAS LÍQUIDAS

Fluxo de Caixa é uma representação gráfica das entradas e saídas de caixa de uma
alternativa de investimento.

Exemplo: Desenvolver o Fluxo de Caixa do Investimento utilizando os dados abaixo:

Investimento : R$ 50.000,00
Capital de Giro : R$ 10.000,00
Vida Útil : 5 anos (contados a partir do término dos investimentos)
Valor Residual : R$ 15.000,00
Imposto de Renda : 30%

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Receitas : 25.000 (no primeiro ano)
: 40.000 (nos segundo e terceiro anos)
: 50.000 (nos quarto e quinto anos)

Custos Totais : 15.000 (no primeiro ano)


: 22.000 (nos segundo e terceiro anos)
: 20.000 (nos quarto e quinto anos)

Solução:

Cálculo da Depreciação:

Depreciação = 50.000 – 15.000 = 7.000 por ano

FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL (ECONÕMICO)

ANO 0 1 2 3 4 5
(-) INVESTIMENTO -50.000
(-) CAPITAL DE GIRO -10.000
RECEITAS 25.000 40.000 40.000 50.000 50.000
(-) CUSTOS TOTAIS 15.000 22.000 22.000 20.000 20.000
(=) LUCRO OPERAC. 10.000 18.000 18.000 30.000 30.000
(-) DEPRECIAÇÃO 7.000 7.000 7.000 7.000 7.000
(=) LUCRO TRIBUT. 3.000 11.000 11.000 23.000 23.000
(-) IR (30%) 900 3.300 3.300 6.900 6.900
(=) LUCRO LÍQUIDO 2.100 7.700 7.700 16.100 16.100
(+) DEPRECIAÇÃO 7.000 7.000 7.000 7.000 7.000
(+) VALOR RESIDUAL 15.000
(+) CAPITAL DE GIRO 10.000
(=) FL DE CAIXA OPER. (60.000) 9.100 14.700 14.700 23.100 48.100

OBS: O Capital de Giro, que é disponibilizado no início do projeto (saída de caixa), deve
retornar ao final do mesmo (como entrada de caixa), para efeito de análise de investimento.
O valor residual também deve ser considerado como entrada de caixa no final do projeto,
para efeito de análise de investimento.

INFLUÊNCIA DO FINANCIAMENTO NO FLUXO DE CAIXA DO PROJETO

Vimos até agora como é feita a montagem do Fluxo de Caixa de um Projeto sem considerar
os ingressos dos recursos via financiamentos, bem como os pagamentos de juros e

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amortizações. A viabilidade deste Fluxo de Caixa é determinada pela Taxa Mínima de
Atratividade.

O Projeto será viável economicamente se a Rentabilidade ou Valor Líquido exceder a um


mínimo estabelecido (Variável Externa) que faz o balizamento da aceitação ou não do
Projeto. Assim, temos um Projeto onde é avaliada a sua viabilidade intrínseca, isolando-o
das Fontes de Recursos que o financiam. Este tipo de Análise é chamado de “Análise
Interna do Projeto” ou “Análise Econômica”.

Entretanto, se for incluído no estudo não só o Fluxo de Caixa do Projeto, mas também o
Fluxo de Caixa dos Financiamentos, passamos a ter a “Análise Externa do Projeto”, ou
“Análise Financeira”. A Análise Financeira do Projeto é a realizada sob a perspectiva do
acionista. Este fluxo representa quanto efetivamente a empresa irá desembolsar de Recursos
Próprios (Recursos do Acionista) e quanto irá “sobrar” no caixa da empresa após o
pagamento dos financiamentos.

O Fluxo de Caixa “Financeiro” de um Projeto de Investimento apresenta dois aspectos que


não são considerados no Fluxo de Caixa “Econômico”.

✓ Despesas Financeiras de Capital: dedutíveis do Lucro Tributável


✓ Amortizações do Financiamento: dedutíveis do Lucro após o IR

No quadro abaixo é mostrado o efeito do financiamento sobre o Fluxo de Caixa do Projeto:

FLUXO DE CAIXA DO CAPITAL PRÓPRIO (FINANCEIRO)

RECEITA
(-) CUSTOS OPERACIONAIS FIXOS
(-) CUSTOS OPERACIONAIS VARIÁVEIS .

(=) LUCRO OPERACIONAL


(-) DEPRECIAÇÃO
(-) DESPESAS FINANCEIRAS DE CAPITAL
(=) LUCRO TRIBUTÁVEL
(-) IMPOSTO DE RENDA .

(=) LUCRO LÍQUIDO


(+) DEPRECIAÇÃO .

(=) FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL


ou
(=) FLUXO DAS RECEITAS LÍQUIDAS
(-) AMORTIZAÇÃO DO FINANCIAMENTO
(=) FLUXO DE CAIXA DO CAPITAL PRÓPRIO

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Exemplo de um Projeto sob o efeito de um Financiamento:

Dado um Projeto com as seguintes características:

✓ Investimento = R$ 1.600,00
✓ Vida útil = 6 anos

O Fluxo de Caixa “Econômico” já está calculado:

Data Fluxo de Caixa


0 -1.600,00 ➔ Investimento
1 350,00
2 400,00
3 500,00 ➔ Fluxo de Caixa Operacional
4 500,00
5 500,00
6 700,00

Financiamento do Projeto:

Valor do Financiamento: R$ 1.000,00


Data de Liberação: data 0
Carência c/ pagamento de juros: 2 anos
Taxa de Juros: 10% aa
Número de Amortizações: 4 pelo SAC
Imposto de Renda: 30%

Planilha do Financiamento do Projeto

Data Liberação Saldo Dev. Juros (10%) Amortização Fluxo do


Financiamento
0 1.000,00 1.000,00 - - 1.000,00
1 - 1.000,00 100,00 - -100,00
2 - 1.000,00 100,00 - -100,00
3 - 750,00 100,00 250,00 -350,00
4 - 500,00 75,00 250,00 -325,00
5 - 250,00 50,00 250,00 -300,00
6 - 0,00 25,00 250,00 -275,00

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Considerando que as Despesas Financeiras de Capital (Juros do Financiamento) são
dedutíveis para efeito do Lucro Tributável, temos de avaliar a economia de Imposto de
Renda gerada por estas Despesas Financeiras.

Economia IR = Efeito Fiscal = Desp. Fin. de Capital (JUROS) x Alíq. de IR

Data Despesas Efeito Fiscal (2)


Financeiras (1) = (1) x 30%
0 - -
1 100,00 30,00
2 100,00 30,00
3 100,00 30,00
4 75,00 22,50
5 50,00 15,00
6 25,00 7,50

Após o cálculo do efeito da economia de IR sobre o Fluxo de Caixa, adiciona-se a este


fluxo resultante o Fluxo do Financiamento para obtermos o Fluxo de Caixa Líquido,
também conhecido como Fluxo de Caixa do Capital Próprio ou Fluxo de Caixa
“Financeiro”.

Fluxo de Caixa “Econômico” e Fluxo de Caixa “Financeiro”

Data Fluxo de Caixa Fluxo do Efeito Fluxo de Caixa


ECONÔMICO (1) Financiamento (2) Fiscal (3) FINANCEIRO
(Capital Próprio)
0 -1.600,00 1.000,00 -600,00
1 350,00 -100,00 30,00 280,00
2 400,00 -100,00 30,00 330,00
3 500,00 -350,00 30,00 180,00
4 500,00 -325,00 22,50 197,50
5 500,00 -300,00 15,00 215,00
6 700,00 -275,00 7,50 432,50

Considerando que os Recursos Próprios da empresa custam 16% aa pode-se calcular a Taxa
Mínima de Atratividade (TMA):

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TMA = (1.000,00 x 10% )+ (600,00 x 16%) = 12,25% aa


1.600,00

Quadro Resumo

Fluxo de Caixa Fluxo de Caixa Fluxo de Caixa


“Econômico” + do Financiamento = “Financeiro”
(c/ Ef. Fiscal)
Taxa Interna de Custo do Taxa de Retorno
Retorno - TIR Financiamento do Capital Próprio
(c/ Ef. Fiscal)

18,52% 10,00% 38,42%

A Rentabilidade do investimento avaliada pela Taxa Interna de Retorno (assunto do


capítulo seguinte) via “Fluxo de Caixa Econômico” é de 18,52% aa.

Como a Taxa Interna de Retorno é maior que a Taxa Mínima de Atratividade podemos
concluir que o Projeto é “Viável Economicamente”, pois 18,52% > 12,25%

Comparando agora a Taxa de Retorno do Capital Próprio com o Custo dos Recursos
Próprios concluímos que o projeto é “Viável Financeiramente”, pois 38,42% > 16,00%

ALAVANCAGEM FINANCEIRA DE UM PROJETO

No exemplo mostrado acima observamos que a Rentabilidade do Projeto medida pela Taxa
Interna de Retorno (“Avaliação Econômica”) é inferior à Taxa de Retorno do Capital
Próprio (“Avaliação Financeira”). Isto sempre acontece quando o Projeto é financiado a um
custo inferior à sua rentabilidade intrínseca (“Avaliação Econômica”). Este efeito
observado se chama “Alavancagem Financeira”. É de se esperar, portanto, que quanto
maior a parcela de financiamento em relação ao investimento total, maior será a
Rentabilidade do capital Próprio (Return on Equity). Entretanto, à medida que aumenta a
parcela de financiamento de um projeto, aumenta também o risco financeiro, ou seja, a
possibilidade de, em uma eventualidade, o projeto não dispor de fundos suficientes para
liquidar os compromissos do financiamento.

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A relação Recursos de Terceiros


Recursos Próprios

define o risco financeiro, ou o “Grau de Alavancagem”

Quanto maior esta relação, maior a rentabilidade do Capital Próprio, mas também maior o
Risco envolvido no Projeto.

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BIBLIOGRAFIA
BERTUCCI, Luiz Alberto. Administração Financeira. Apostila. Belo Horizonte: PUC
Minas 2001.
CAMPOS, Breno de. Finanças I e Análise de Investimentos. Belo Horizonte: Apostila
FDC, 2003, 101 pg.
MENEZES, Guilherme Monteiro de, SANTOS, Raquel Maria Gherard dos, ANTÔNIO,
Vânia Barroso de. Matemática Financeira para cursos em EAD. Belo Horizonte: Apostila
PUC Minas, 2014, 212 pg.
SAMANEZ, Carlos Patrício. Matemática Financeira – Aplicações à Análise de
Investimentos. 2 ed. São Paulo: Makron Books, 1999.
VIEIRA SOBRINHO, José Dutra. Matemática Financeira. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2000
WESTON, J.F. e BRIGHAM, E. F. Fundamentos da Administração Financeira. 10ª
Edição. São Paulo: Makron Books, 2000.
ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de Caixa - uma decisão de planejamento e controle
financeiro. Rio Grande do Sul: D. C. Luzzatto, 1986.

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