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Hospital Central de Maputo

Departamento de Ortopedia

Fraturas do Astrágalo

Hamilton Joaquim Nhamussua Saide


Residente Ortopedia e Traumatologia 2º ano
Tutor: Dr. Artur Machava
Maputo, 29 de Novembro de 2018
Conteúdo
• Introdução
• Anatomia
• Mecanismos de Fraturas
• Sinais e sintomas
• Diagnostico imagiológico
• Fraturas da cabeça
• Fraturas do colo
• Fraturas do corpo
• Fraturas do processo lateral
• Fraturas do processo posterior
• Fraturas transcondral
• Extrusão do corpo/Fraturas expostas
• Complicações
• Conclusão
• Bibliografia
Introdução
• Os termos astrágalo e talo vem da fabricação do dados antes de
cristo, tálus em Latim tornozelo, e astrágalos em Grego tornozelo.

• Fraturas do astrágalo são raras resultam de traumatismos de alta


energia como colisão de veículos e quedas de alturas.

• Descrita 1ª vez por Fabricius de Hilden em 1608, num paciente com


fractura luxação tratado com talectomia.

• Em 1818 Astley Cooper descreveu a historia natural de luxações do


tálus.
• Em 1848 James Syme recomendou amputação transtibial para
pacientes com fractura luxação.

• Em 1919 Anderson descreveu a grande ocorrência destas fraturas em


pilotos de pequenas aeronaves.

• Em 1970 Hawkins desenvolveu a classificação para as fracturas do


colo do tálus, e suas complicações.

• Lesões do astrágalos são importantes devido ao facto deste osso


constituir ligação entre articulação subtalar, transversa tarsal e do
tornozelo.
• E como tal tem um papel muito importante nos movimentos do pé e
na marcha deformidades podem levar a incapacidades.

• Essas fraturas apresentam um padrão muito variado, sendo


necessária uma abordagem individualizada para cada localização da
fratura.

• Constituem 2% das fraturas do membro inferior, 5-7% das lesões do


pé, 1% de todas fraturas
Anatomia
• O segundo maior osso do tarso com 5 superfícies articulares, todas
com função de suporte de peso.

• Totalmente desprovido de inserções musculares e tendinosas,


somente capsulares e ligamentares, 70% coberto de cartilagem.

• Dividido em 3 partes corpo, colo e cabeça.


Vascularização
Suprimento extraosseo
Intraósseo
Mecanismos de Fraturas
Sinais e sintomas
• Dor local

• Incapacidade de marcha

• Lesões dos tecidos moles

• Eventualmente síndrome compartimental do pé.

• Lesão neurovascular
Diagnostico imagiológico
• Radiografia
Incidência de Canale

Incidência para sindesmose com a perna rotação interna 15% útil para
avaliar as fraturas maleolares associadas

• TAC
• RMN
• Cintigrafia
Fraturas da cabeça do Tálus

• 5-10% do total de fraturas do tálus

• Trauma axial com pé em flexão plantar ou por compressão na borda


anterior da tíbia

• Associada a lesões do mediopé e instabilidade do complexo


triarticular
• TAC essencial para conduta

• Tratamento
• Sem desvio gesso suropodalico por 4 a 6 semanas sem carga

• Com desvio RAFI abordagem anteromedial

• Mobilizar o pé a partir da 2 semana e não pisar por 10-12 semanas.

• Se desvio importante determinar o tamanho do fragmento


• Fragmentos muito pequenos parafusos de Herbert ou de microfragmentos

• Fixações com fios de Kirschner são instáveis e não permitem mobilização precoce

• No pós operatório imobilização provisoria por 10 a 12 semanas sem pisar


Fraturas do colo do tálus
• 50% das lesões do tálus, conhecida como fratura do aviador.

• Altas taxas de osteonecrose se associada a luxações

• Muito associada a fratura do maléolo medial em 50% dos casos.

• 15-25% da fraturas são expostas ou com necrose da pele.


Classificação de Hawkins
• Tratamento
-Depende do grau de desvio (redução anatómica das superfícies
articulares)

Tipo I gesso gesso suropodalico com pé em leve equino por 8-


12semanas 6 semanas sem pisar, se optar por tratamento cirúrgico (‘’lag
screw’’ por via posterolateral percutâneo).

Desvios maior que 2 mm indicativo de cirurgia, pós operatório não


pisar por 8 semanas e radiografias seriadas

Evita-se artrodese primaria

Se osteonecrose sem carga por 12 semanas


-Tipo II redução fechada (tração no antepe forcando a flexão plantar,
para permitir o encaixe do fragmento distal sob anestesia geral com
intensificador) o critério para redução 5mm de desvio e 5graus de
angulação.

Se redução bem sucedida transfixação com fios de kirschner ou


parafusos canulados.

Pós operatório imobilização suropodalica não movimentar por 2


semanas, não pisar 10-12 semanas
- Tipo III e IV
Redução fechada contraindicada

Redução aberta de urgência por acesso duplo ou com osteotomia


do maléolo medial.

Se fratura cominuta procedimentos de salvação.

Resultados reservados pseudo artrose 12% dos casos, necrose


avascular 70-100% e artrose pós traumática em 60-70%
Fratura do corpo
• 13-23 % do total

• Há acometimento da superfície articular superior, comprometimento


da faceta posterior a nível subtalar

• Incidência de osteonecrose igual as fraturas do colo

• Alta incidência de osteoartrose subtalar.

• Sem desvio 25% com osteonecrose com desvio aumenta para 50%

• TAC útil
• Classificações (Boyd and Knight) não tem relação com o prognostico
• Tratamento
• Sem desvio imobilização suropodalica por 8-12 semanas sem carga

• Se desvio redução fechada tração longitudinal, flexão plantar do tornozelo e o


calcâneo forçado anteriormente

• Se desvio >2mm RAFI

• Vias de acesso similares ao colo


Fraturas do processo posterior
• Corresponde a 25% da superfície articular posterior

• Inversão do tornozelo e o processo talofibular ligamento o processo


lateral ou por equino forçado e compressão direta

• Diagnostico difícil suspeitar se 1 paciente com diagnostico de entorse


não melhora em 6 semanas.
• Distinguir do osso trígono em 8% da população uni ou bilateral

• Por vezes necessário TAC RMN ou cintigrafia

• As lesões cronicas podem se manifestar como entorses de repetição


• Tratamento

• Fraturas agudas bota gessada por 4 a 6 semanas, se sintomas após 4 a 6


meses recessão cirúrgica do fragmento.

• Seguida de mobilização precoce e carga na 3ª semana

• Sem desvio ou com desvio mínimo, ou com pouco envolvimento subtalar


gesso abaixo do joelho por 6 semanas.

• Cirúrgico se fragmento largo ou grande envolvimento subtalar, se fragmento


muito pequeno e dor cronica excisão.

• RAFI só em casos de grandes fragmentos


Fratura do processo lateral
• Fratura do snowboarder dorsiflexão e rotação externa.

• Raramente diagnosticadas, passa despercebida muitas vezes e tratada


como entorse.

• Rx flexão plantar de 30graus e inversão de 45graus

• TAC muito útil


• Descrito 3 tipos por Hawkins
• Tratamento
-Tipo I
• Gesso por 6 semanas, 3-4 semanas sem carga

-Tipo II

• Debridamento se fragmentos desviados

-Tipo III
tratadas conservadoramente

• Se não houver consolidação excisão


Fraturas osteocondral

• Se fragmento pequeno excisão por via artroscópica

• Se fragmento relativamente grande RAFI


Extrusão do tálus/Fraturas expostas
• Não há consenso

• Só esta contraindicada a reimplantação se contaminação importante


ou cominuição importante

• Transfixação e fixação externa.

• Se não reimplantado fixação externa, para posterior procedimento de


salvação
Complicações
• Consolidação viciosa

• Atraso de consolidação

• Pseudoartrose

• Infecção

• Necrose avascular
Conclusão
• Fraturas do colo e do corpo RAFI de emergência

• Tratamento conservador
- Fraturas do processo lateral ou posterior

- Fratura do corpo ou domo sem desvio e fraturas do colo Hawkins tipo I.

• Tratamento cirúrgico
- Fraturas do processo posterior e lateral com fragmentos largos.

- Fraturas do processo posterior com limitação da flexão do hallux


indicativo de RAFI

- Fragmentos muito pequenos ou cominuto excisão se dor ou desconforto


- Fraturas do corpo

- Fratura osteocondral se fragmento grande indicativo.

- Fracturas do colo Hawkins Tipo II, III e IV.


Bibliografia
• Ruedi Thomas P.,Buckley Richard E., Moran Christopher G. (2003) Principios de la AO en el tratamiento de las
fraturas. 1ª ed. Barcelona: Masson

• Rockwood CA, Green DP, Buccholz RW, et al (2016) Rockwood and Green Fractures in Adults. 8th ed.
Philadelphia, New York: LippincottRaven

• Herbert Sizinio, Barros Filho Tarcisio E.P, et al (2009) Ortopedia e Traumatologia Princípios e Pratica, 4ª
edição, Porto Alegre, Artmed

• White Timoty O, Mackenzie Samuel P, Gray Alasdair J, (2016) McRae’s Orthopaedic Trauma and Emergency
Fracture Managment, 3rd edition, Toronto: Elsevier

• Greenspan, Adam: Radiologia Ortopédica uma abordagem pratica, 2005, 4ª edição, Rio de Janeiro, ed.
Guanabara koogan

• Staheli, Lynn: Ortopedia Pediátrica na pratica, 2008, 2 edição, Porto Alegre, ed Artmed

• Canale, S. Terry, et al: Campbell Cirurgia Ortopédica, 2017, 12ª edição, vol. 3, ed Elsevier
• Muito Obrigado pela atenção dispensada.

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