Você está na página 1de 14

ANA MAE

VIDA & OBRA


ANA MAE TAVARES BASTOS BARBOSA

Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 17 de julho de


1936.
Arte-educadora brasileira.
Considerada a pioneira em arte-educação.
Autora da sistematização da Proposta Triangular.
TRAJETÓRIA
• Criada em Pernambuco desde menina. Graduada em Direito pela Universidade Federal
de Pernambuco em 1960.
• Principal referência no Brasil para o ensino da Arte nas escolas. Foi a primeira brasileira
com doutorado em Arte-educação, defendido em 1977, na Universidade de Boston. Foi
diretora do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP).
• Em 1972 solicitou bolsa à Capes para fazer mestrado em Connecticut, e lhe responderam
que não reconheciam a Arte-educação como área de pesquisa.
• Primeira
pesquisadora a sistematizar o ensino de Arte em museus, durante sua gestão
como diretora do MAC. Atualmente está aposentada da pós-graduação em Arte-
educação da Escola de Comunicações e Artes (ECA), da Universidade de São Paulo
(USP).
• Autora de diversos livros e artigos fundamentais para o estudo nesta área.
O QUE É?

Proposta
Triangular
PROPOSTA TRIANGULAR
Em 1987 Mae desenvolveu, com apoio em sua Proposta Triangular ou
Abordagem Triangular, o primeiro programa educativo do gênero, à
frente do MAC-USP.
A Abordagem possui influência das Escuelas Al Aire Libre mexicanas,
do Critical Studies inglês e do Discipline-Based Arts Education
(DBAE) americano. Ainda é a base da maioria dos programas em arte-
educação no Brasil, principalmente depois de ter sido referência nos
Parâmetros curriculares nacionais de Arte dos Ensinos Fundamental e
Médio brasileiros.
A PROPOSTA TRIANGULAR CONSISTE EM TRÊS ABORDAGENS PARA SE CONSTRUIR CONHECIMENTOS EM ARTE:

Contextualização histórica (conhecer a sua


contextualização histórica);
Fazer artístico (fazer arte);
Apreciação artística (saber ler uma obra de
arte).
ABORDAGEM TRIANGULAR: UMA TEORIA PARA O ENSINO DE ARTES

A arte, como disciplina no ensino básico brasileiro, permeou ao longo da história diferentes
nomenclaturas e fases conceituais, abarcando diversos desdobramentos metodológicos frente
ao ensino/aprendizagem. No período modernista, propunha-se a inclinação ao espontaneísmo, à
expressividade como algo sem referências diretas às imagens da História da Arte. A imagem
era negligenciada e as relações emocionais prevaleciam sobre os exercícios e experiências
artísticas realizadas em prol da expressividade “pura” do educando, em que se primava pela
“originalidade”. Já no Pós-modernismo, Ana Mae Barbosa, percebendo o contexto modernista
de recusa ao ensino crítico e reflexivo, inicia o processo de sistematização da Abordagem
Triangular, que se ancora sobre o Ler, Fazer e Contextualizar, pressupondo um pensamento
articulado, no qual o contexto do educando é tomado com relevância frente ao conteúdo
ensinado. Dessa forma, a Abordagem Triangular torna-se, concretamente, de teoria a indicações
para possíveis caminhos metodológicos. Assim, como conhecimento e cultura ela instaurou
reflexões epistemológicas ao criticar as concepções modernistas de educação em arte.
SOBRE A DEMOCRATIZAÇÃO DO CONHECIMENTO EM
ARTE
Ana Mae, refletindo sobre a democratização do conhecimento em arte vinculado a uma
educação descontextualizada, percebeu a relevância de conhecer o processo histórico do
ensino no Brasil e no mundo para intervir no mesmo conscientemente.
Com base em seus estudos, Barbosa, no final da década de 1980, por meio de reflexões
sobre o contexto modernista e seguindo os ensinamentos de Paulo Freire de recusa à
colonização hegemônica, sistematizou, a partir de vivências no Festival de Campos do
Jordão (São Paulo, Brasil, 1983), um posicionamento teórico-metodológico, conhecido
como Metodologia Triangular, Proposta Triangular, ou ainda Abordagem Triangular.
Barbosa, em seu livro A imagem no ensino da arte (2014), relata sobre o festival, onde já
se objetivava ir além das imagens canonizadas da História da Arte percebendo-se a
iconografia presente na sociedade e rompendo assim com a questão de virgindade
expressiva.
O QUE ANA MAE PROPÕE:

A Abordagem Triangular se refere à melhoria do ensino de arte, tendo por base um


trabalho pedagógico integrador, em que o fazer artístico, a análise ou leitura de
imagens (compreendendo o campo de sentido da arte) e a contextualização
interagem ao desenvolvimento crítico, reflexivo e dialógico do estudante em uma
dinâmica contextual sociocultural.
Dos anos de 1990 em diante, avançou-se nas reflexões sobre arte e seu ensino
principalmente na educação básica. Há, nesse contexto, uma busca incessante por
novas metodologias e abordagens de ensino e aprendizagem de arte nas escolas, que
visam à construção do conhecimento, da percepção, da imaginação e da capacidade
crítica e inventiva não somente do estudante, mas sobretudo do professor.
MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA
Quando Ana Mae foi diretora do Museu de Arte Contemporânea
da Universidade de São Paulo (MAC-USP, foi lá que
desenvolveu e colocou em prática, a sua Abordagem Triangular,
nesse momento ainda com a nomenclatura de Metodologia
Triangular. Mais tarde, devido a problemas semânticos (que
geraram problemáticas conceituais), inicia-se a utilização das
denominações Proposta Triangular e Abordagem Triangular.
Entre estas, Barbosa elege Abordagem Triangular (Barbosa,
2010:11).
A ABORDAGEM TRIANGULAR
Metodologia é uma concepção que deve ser desenvolvida pelo
professor. Não exige uma estrutura rígida ou uma “receita prévia”.
No entanto, devido à terminologia, a Abordagem Triangular foi vista
inicialmente como um indicador metodológico. Assim, é preciso
salientar que a Abordagem não se trata de um modelo ou método,
mas corresponde aos modos como se aprende, e que, por
metodologia, entende-se o que cada professor realiza como ação em
suas aulas e práticas de ensino e não como vinculação teórica — até
porque vinculações teóricas mudam, são mescladas e alteradas de
acordo com o contexto no qual estamos.
REFERÊNCIAS

Barbosa, Ana Mae (2014) A imagem no ensino da arte:


anos 1980 e novos tempos. 9. ed. São Paulo: Perspectiva.

Machado, Regina Stela (2010) “Sobre mapas e bússolas:


apontamentos a respeito da abordagem triangular.” In:
Barbosa, Ana Mae; Cunha, Fernanda Pereira da (Org.). A
abordagem triangular no ensino das artes e culturas visuais.
São Paulo: Cortez.
(MACHADO, 2010:79).

“A Abordagem Triangular não serve para quem quer


um manual, nem tem caráter prescritivo. Requer o
espírito livre, a disciplina investigativa e a
disposição corajosa para perceber o que se anuncia
ao longo dos passos no caminho”

Você também pode gostar